Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meus amores!
Obrigada pelos comentários e visualizações!!!
Só posto por vocês!
~Bells na capa~



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— Caramba! Essa doeu! — Exclamou Jimmy Fields, materializando-se bem perto do poste de luz fraca. Seus olhos verdes não brilhavam tanto como de costume, mas seus dentes branquíssimos abertos em um sorriso, sim.

Abri os braços.

— Ei, anjo da guarda? E sua função me proteger! Você se lembra disso? — Perguntei, em tom de protesto.

— Você soube se defender, Bells. — Ele imitou meu “momento de libertação” e logo depois caiu na gargalhada.

Olhei para meus braços avermelhados e doloridos e os ergui na altura de seus olhos, para que ele desconfiasse do que eu havia passado.

— Opa. — Ele arregalou seus olhos — Eu devia ter aparecido antes, mas... Gelo resolve. — Ele deu seu sorriso normal: cheio de malícia, claro.

— Ah, por favor! — Peguei minha jaqueta de couro no chão que Harry havia jogado para fora do carro e escondi meus braços, caso meu pai me interrogasse sobre os hematomas. — Afinal, não era isso que eu pretendia fazer com aquele esquisitão. E, você leu o bilhete, não é?

Ele fez uma careta.

— É esquisitão. Mas como você sabe...

— Você apenas apareceu para se certificar de que estou bem. — O interrompi, falando sua frase habitual.

— Bells, vou te contar, você mandou bem chutando o...

— Só fique por perto — o interrompi outra vez — Quando esse panaca estiver perto de mim. — Pedi.

— Tudo bem, senhorita. Afinal, não tenho mais nenhum lugar para ir.

Isso me deixou com uma pulga atrás da orelha.

— Ei, onde você fica quando não está hum... Seguindo-me?

Ele continuou sorrindo e ergueu o braço, olhando as horas.

— Dez e quarenta e três. Posso te mostrar onde fico, se você quiser.

— Já passou do meu horário de chegar em casa. — coloquei minhas mãos na cabeça, apavorada.

Ele riu e puxou meu braço, de forma delicada, querendo me levar a algum lugar.

— Relaxa! Seu pai está esparramado na cama dele, roncando e com a TV de LCD ligada.

Suspirei.

— Bem... Ele pode acordar.

Ele parou de me puxar e mordeu o lábio superior.

— Veja bem, Belatriz, você me faz milhares de perguntas e bom, sim, eu respondo. Mas essa resposta... A minha resposta — ele hesitou — Será diferente.

Assenti.

— Tudo bem, vamos lá!

Tirei meu cabelo do rosto e comecei a andar pelo lado no qual Jimmy estava me puxando.

X X X

A noite estava escura e, ventava muito. E enquanto caminhávamos sozinhos e calados, recebíamos fortes lufadas do vendo, que vinha destemidamente do mar.

A lua estava alta no céu  e quando sua luz se refletia no negro horizonte do mar, eu sentia diversas sensações boas se sacudindo dentro de mim, como se eu as sentisse todas juntas, de uma só vez. Felicidade e empolgação estavam nessa grande bagunça de sensações. E, quando o vento forte jogava meu cabelo pra trás e acabava com os fios lisos que eu havia alisado mais cedo, eu já sentia medo. Não medo por ter um cara morto ao meu lado e sorrindo para mim como um Deus Grego e nem por estar numa rodovia mal movimentada “falando sozinha”.

Era pelo otário do Harry Blunt e seu ataque conturbado de “não quero ir embora”. Não é o melhor jeito de tratar uma dama esfregando-a no carro e deixando-a cheia de hematomas nos braços. Bom, claro que um homem pode esfregar uma mulher em um carro, mas com intenções diferentes, se é que você me entende. E, acho que o esmalte preto que eu estava usando meu deixou um pouco vadia, — não, é claro que não sou vadia — como se eu estivesse dizendo “Olá, meu nome é Belatriz Keaton. Venha se esfregar no carro comigo”. Ou talvez eu esteja ficando muito paranoica. Com certeza ele fez aquilo porque é louco. Afina, qual é? Meu esmalte, ou meu jeans, ou sei lá o que, nada teve culpa disso.

E o que mais me incomodou foi o fato daquele otário agir daquela maneira. Poxa, não precisava ter agido de modo agressivo e cheio de fúria, Ele não foi nem um pouco cavalheiro me deixando cheia de hematomas no braço. E acho que não foi capaz de perceber que as pessoas têm sentimentos, poxa. Em momento algum, um cara que não tem um pingo de intimidade comigo pode vir me cumprimentando com socos no ombro e dizendo “e aí, minha chapa, vamos jogar ovos nos nerds”?

Tipo, qual é?

Sério, o que ele fez foi muito sem noção. O que tinha na cabeça aquela hora?

E, o que, afinal, ele tem na cabeça? Minhocas corroendo seu cérebro?

Andamos por cerca de umas duas horas beira-mar. E a cada passo que eu dava, eu evitava pensar em meu pai. Tudo bem, eu tenho dezesseis anos e é estranho eu ficar andando em uma rodovia abandonada no meio da madrugada com um fantasma, mas, dói apenas de imaginar, se ele estiver acordado, e aí, serei uma menina morta.

— Está chegando? — Perguntei com a voz trêmula, agachando-me para massagear meus pés, cansados. Sabe, a vida inteira eu fui sedentária. Não costumo caminhar duas horas diretas no meio da madrugada. E, principalmente, com um anjo.

Jimmy cruzou os braços em seu peito malhadão e revirou os olhos.

Agachada, levantei olhar para ele e vi que ele estava sorrindo maliciosa para mim, como de costume. E claro, fiquei nervosa.

Sabe, não é todo dia em que um cara sorri pra mim com um sorriso hipnotizante de tirar o fôlego.

— Ah, por favor! — Suspirei — Cala a boca! A culpa não é minha se sou curiosa.

Vendo minha expressão revoltada, Jimmy estendeu a mão, me ajudando, para que pudéssemos continuar nossa caminhada noturna. E conforme íamos andando, saímos da estrada mal movimentada e fomos parar em um bairro super movimentado. E, acredite, fomos parar em uma colina — acho que foi por isso que cansei tanto — do tipo, um bairro de classe média alta. Lá em cima eu conseguia ver a ferocidade do mar quando suas ondas chicoteavam bravamente as pedras. E, como pequenos vagalumes, bem lá embaixo, a rodovia NY-22 estava cheia de faróis de carros acesos, seguindo em direção indiana.

— Jimmy, eu estou muito, muito ferrada mesmo.

— Como você disse, você é muito curiosa — sua voz era dinâmica, como se ele achasse graça de tudo — e uma das vantagens de estar morto, é que eu nunca canso.

— Bom, eu não queria estar na sua pele — grunhi, caminhando vagarosamente na calçada, tentando encontrar motivos para saber o certo sobre que diabos estávamos fazendo ali.

— É aqui. — Jimmy disse com uma voz animada. Ele puxou toda minha atenção, ele estava encostado no poste de luz, olhando para casa da frente. Seus olhos verdes brilhavam.

Olhei a construção bem a nossa frente.

Grades pontudas estavam bem a nossa frente, separando a rua de um imenso gramado, com flores tropicais em toda a parte. A casa estava escura e os reflexos dos refletores dos postes batiam diretamente nas portas de vidro do segundo andar que tinha conexões com quatro sacadas. A luz da lua batia na casa branca e a deixava prateada, como se não existissem habitantes ali.

— O que é isso? — Perguntei, apatetada.

Seus olhos verdes ficaram sérios.

Estremeci.

— Minha casa.


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