Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 31
Trinta e Um


Notas iniciais do capítulo

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Fazia dois dias que o Jimmy se despediu de mim e não deu nem as caras novamente. Era meu aniversário e minha casa estava absolutamente lotada com meus avós, primos, tios e tias. Passei esses dois dias no meu quarto, recusando-me a aceitar a verdade de que eu e Jimmy não tínhamos mais história, tudo havia acabado e dolorosamente eu não superava e muito menos acreditava no fim.

— Vamos logo, Belatriz! Vovó Violet que te ver. — Jack insistia, me puxando para o lado da porta.

Olhei para as luzes dos postes do Central Park e para as inúmeras flores por causa da primavera. Era tão calmo olhar aquilo e não pensar em mais nada.

Ajeitei meu vestido xadrez em tom de vermelho ao corpo.

— Jack...

— Qual é seu problema? — Ele olhou pra mim, esperando ouvir meu argumento outra vez.

— Não estou me sentindo bem, Jack. Já disse isso pra você milhões de vezes.

— E você espera que eu caia nessa sua desculpa?

Calei-me.

Ele me olhou e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Parecia estar paciente, como sempre foi.

— Você está linda. Se arrumou pra ficar dentro do seu quarto olhando pela janela?

— Jack.

— Ah, por favor. Vamos, o jantar será servido.

— Eu só quero ficar sozinha. — Dei um sorrisinho no canto dos lábios, tentando fazê-lo sumir do meu quarto.

Eu estava tão... Chata. Respondia meu pai com desgosto, estava sem paciência com Ana e Jack. Mas eu não queria tratá-los daquele jeito. Eu sou alegre, dou gargalhadas, adoro tratar todos bem, mas não era culpa minha. Era impulso, todo mundo age por impulso, por isso eu estava respondendo mal todo mundo, na maior ignorância, mesmo não querendo.

— Olha, eu não vou sair daqui. — Jack cruzou os braços.

— O quê?

— Você é a pessoa principal de hoje, todos estão aqui por tua causa e você simplesmente não vai sair? — Ele gargalhou, parecia até que aquilo tudo não passava de uma piada.

— Eu nunca quis esse aniversário, nunca quis que meus parentes viessem para cá.

— Você passou por uns maus bocados, garota, precisa se desestressar um pouco — Ele arqueou uma sobrancelha e foi até a sacada.

— Jack! — Exclamei, vestindo meu casaco e indo na direção dele. Estava frio e eu me encolhi quando encostei minha mão na borda da sacada.

— Seu pai notou que você está estranha. Eu também notei.

— E? — Voltei ao meu quarto, batendo meu sapato de salto no assoalho de madeira.

— E como você me contava tudo antigamente, quero que me conte o que está acontecendo. — Ele deu um sorriso acolhedor.

Isso me fez lembrar das noites que passávamos em claro contando um segredo do outro.

— Você nunca me falou sobre Bridget. — Rebati.

Ele me ignorou, batendo a porta da sacada.

— O que aconteceu, Belatriz? Você está assim desde a visita do seu – ele pausou antes de falar – amigo.

Balancei a cabeça negativamente.

— Não é nada.

— Eu conheço você desde que você tinha um cordão umbilical. Fale o que está acontecendo. Sou eu — ele abriu os braços, como se estivesse se apresentando. — Jack!

— Eu sei, Jack! É tudo tão complicado, não posso, por quê...

— Isso envolve seu amigo Harry, não é?

Eu estava entre a cruz e a espada. A minha primeira opção era contar pra ele tudo o que Harry me fez, ser saco de pancadas e sofrer mais ameaças e minha segunda opção era ficar calada, com uma nuvem negra me assombrando. Mas eu não podia. Era o Jack! O meu Jack. Meu primo preferido, meu irmão mais velho! Meu amor por ele era incondicional e minha confiança mais incondicional ainda. Eu não aguentava mais aturar Harry e seus joguinhos inúteis porque sofrer de amor e de medo dói muito.

Não pensei em nada. Decidi que a minha primeira opção era a melhor escolha e que Jack tinha que saber.

— Sim. Harry está envolvido nisso tudo.

— Eu sabia! — Respondeu ele, triunfante.

Balancei minha cabeça negativamente.

— É isso aí, parabéns. — Bati palmas desanimadamente.

Ele percebeu meu desânimo e veio até mim, sentando-se na cama.

— O quê? — Perguntei logo depois que percebi que ele me fitava de um jeito sério.

Ele balançou a cabeça, voltando-se em si.

— Me diga apenas uma coisa.

— O quê? — Impaciente, joguei minha cabeça para trás, encostando-a no meu travesseiro.

— O que você quis dizer com aquele papo do Harry estragar sua vida e deixá-la cada vez mais complicada? O que ele fez ou... Faz com você?

Levantei minha cabeça, prendendo minha cabeleira negra num rabo de cavalo mal feito.

— Não. Nada. — Fuzilei-o, encontrando palavras adequadas para dizer a ele. Nada saia da minha boca. Eu tinha tanta coisa a dizer pra ele e era como se algo bloqueasse as palavras de saírem da minha boca.

Não era justo fazer isso com Jack. Não era justo nem eu me prender a um assunto, ficar com consciência pesada e depois ficar me perguntando toda hora e todo minuto porque não desabafei sobre o Harry. Qual é? Aquele era Jack. Convivi com ele meus dezessete anos e não sou capaz de dizer uma palavra com ele. Era errado. Ele estava ali, todo companheiro, paciente para tentar me compreender e eu ali, de coração partido bancando a dramática. Certo. Sou muito dramática.

Eu poderia estar na sala de jantar com meus avós, tios, tias e primos contando piadas e falando das minhas aventuras em NY. Mas não. Eu estava trancada no quarto, esperando alguém que nunca apareceria. Era errado e assumo isso. Acho que é hora de levantar a cabeça e largar de ter cinco anos de idade.

— Jack. — Comecei.

— Deixe eu te ajudar, Belatriz. Sou eu. Não se lembra dos nossos papos de antigamente? O que aconteceu? Eu vou te ajudar, vou estar do seu lado.

Suspirei.

Mesmo tremendo de medo da cabeça aos pés, eu tinha que contar. Talvez tudo se resolveria com a ajuda de Jack e até mesmo do meu pai. Não sei. Eu não estava aguentando e tinha que falar, porque eu confio demais em Jack.

— Ele me causou isso tudo, Jack.

— Isso o quê? — Havia interesse em seus olhos.

— Espancamentos, sumiços, hematomas. Foi ele. Harry. — Trinquei os dentes ao pronunciar o nome daquele verme imundo.

Jack apertou os olhos como se quisesse me ver a dez km de distância.

Quando abriu a boca para abrir eu ergui a mão e continuei a falar.

— Eu odeio aquele cara, certo? — Minha voz saiu dura e rápida. Eu não podia parar de falar justo agora que tinha pegado o impulso. — Há meses eu venho sofrendo com isso. Ele me ameaça, porque se eu contar algo para a polícia ou para alguém ele diz que vai acabar com meu pai, a pequena Ana...

Seus olhos estavam arregalados, por isso, continuei.

— Não sei o que ele viu em mim, Jack! Sou uma garota completamente normal. Toda vez que ele me vê parece ter um surto psicótico ou parece ser pura loucura, porque cisma de acabar com minha vida.

— Porque não me disse isso antes? — Sussurrou.

— Medo, certo? Puro medo. Ele está em todo lugar. Me segue, e quando me pega, quase me parte em milhões de pedacinhos. Não aguento mais! Digo isso pra você, Jack, porque eu confio em você e espero, honestamente, que você me ajude!

— Fique calma, tudo bem? Estamos só você e eu nesse quarto. Harry deve estar. — Ele pausou. — Respira. Calma.

— Não dá! Não dá! — Passei as mãos pelo meu rosto. — Ele pode estar me vigiando agora, pode estar ciente de que estou lhe contando a verdade toda.

— O que ele diz, digo, toda vez em que você diz que vai contar para a polícia?

— Serei cortada em milhões de pedacinhos, se alguém, além de você saber. Nem Louise sabe disso. Minha melhor amiga não sabe o que eu passo. Eu, sinceramente, cansei disso. Eu não sou de ferro. Sou apenas uma adolescente com os hormônios a flor da pele, Jack!

Incrédulo, ele ainda me fitava.

— Não sei o que aquele babaca viu em mim. Não sei. Vou tentar o suicídio, certo? Vou sentar num barril de pólvora e acender um charuto. O que você acha disso? É melhor do que ser cortada em pedacinhos, não é?

— Belatriz! Calma. Não brinca, certo? — Uma de suas mãos se encostou em meu ombro.

— Você já teve a sensação de se sentir perdido e sem saída, Jack? — Pausei, esperando por uma resposta. Mas ele não respondeu. — Enfim... Estou assim. — Senti lágrimas se formarem nos meus olhos.

Balancei a cabeça em sinal de desaprovação.

— Fique tranquilo, não vou chegar a esse ponto.

Ele mordeu seu lábio inferior e me olhou bem no fundo dos olhos.

— Eu vou te ajudar. Mas você precisa se acalmar. De todas as palavras que você disse, eu só consegui digerir cinquenta por cento. Me diga, com calma.

Primeiro, antes de falar qualquer coisa, eu envolvi meus braços no pescoço dele e o abracei com força. Eu precisava fazer isso. Ele percebeu meu desespero e me apertou contra seu peito, fazendo-me acalmar.

Soltei-me dele e comecei a dizer tudo. Menos sobre Jimmy, mas eu disse tudo o que Harry me fez. Desde as ameaças, espancamentos até a tentativa de me estuprar.

Depois de ouvir tudo, Jack disse:

— Você topa ir agora, neste momento, comigo à polícia? — Ele arqueou suas sobrancelhas.

Peguei meu casaco, minha bolsa e dei um sorrisinho no canto dos lábios.

— Vamos dizer ao meu pai que vamos ao supermercado, certo? — Abri a porta.

Ele uniu suas sobrancelhas e me olhou com uma cara de bravo.

— Sabia que é muito errado mentir? — Ele sorriu.

— Jack... Qual é? Vamos dar o fora daqui.


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