Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 3
Três


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal! Então, espero que apreciem a leitura!
Adivinhem quem é a moça da capa :D



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O jornal da segunda bateu na porta logo cedo.

Meio sonolenta, eu estava passando pelo o corredor quando Ana passou por mim voando com o jornal na mão. Peguei-o para ver se era o de hoje, mas era o de antes de ontem, então, eu o devolvi para ela e fui procurar o de hoje, que ainda estava na nossa porta.

— Bom dia, filha. — O tom de voz do meu pai era feliz e bastante alto, o que me fez certamente ficar mais acordada, se é que você me entende.

— Oi, oi. — respondi, pegando uma torrada.

Ana estava quieta, folheando rapidamente o jornal da sexta-feira passada, mesmo não sabendo ler. Afinal, que criança sabe aprende ler aos dois anos e meio de idade?

Vasculhando o jornal com um olhar de falcão, ela encontrou algo que a fez pular da cadeira e ir direto ao encontro de papai, que relaxava olhando produtos odontológicos.

— Aqui, aqui está! — Sua voz fina e apavorada me acordou ainda mais.

— O que é, Ana?

— Aqui, aqui! — Sua voz era triunfal.

Ao erguer o jornal para papai, vi que era uma imagem de um garoto. E que garoto! Mas diante do belo rosto dele, havia sofrimento. E quando esfreguei meus olhos para ver melhor, havia sangue escorrendo por uma de suas pernas, e ele colocava a mão sobre o ferimento. Seu cabelo estava jogado no rosto e seus olhos quase fechados. A foto parecia ter sido tirada de longe, de algum fotógrafo que estava especulando o certo acontecimento.

Foi aí que acordei de vez, arregalando os olhos que nem uma coruja, lendo a matéria que dizia assim:

“Jovem é morto injustamente em incêndio dentro de um ônibus”.

— Que Deus o tenha! — Sussurrou papai, jogando o exemplar na mesa.

— Amém. —respondi.

Eu estava completamente atrasada para meu primeiro dia na Academia Nicolau Glover.

O problema é que vou ter que caminhar sete quarteirões até chegar lá. E como sou sedentária e muito lerda, acredito que se eu acordar às 6:00 A.M especialmente para ir ao colégio, irei chegar lá por volta das 9:30. Mas, como não eram 6:00 A.M, e sim 9:30, me apressei. Corri por todos os sete quarteirões que nem uma louca varrida fugindo do hospício.

Quando finalmente cheguei ao colégio, surpreendi-me com aparência dele.

Cara... A Academia parecia ter a idade do papa, ou pra mais. Sério, o colégio era lindo, mas tinha a aparência de ser velho, tipo esses colégios internos que foram fundados lá por mil novecentos e lá vai bolinha.

Primeiro, na entrada, tinha um enorme portão de ferro, com garras lá no alto. Digo, alto mesmo. Não sei por que estou estranhando se sou uma tremenda nanica, ou porque ele parece ter um quarto do tamanho das Torres Gêmeas.

Quando entrei, avistei os tijolinhos antigos, bem avermelhados, daqueles bem pequenininhos, tinha também um laguinho artificial, com água caindo cachoeirinha artificial, também.

O resto, digo, até onde eu podia ver, era um gramado enorme — com aquelas gramas que pinicam nossos pontos fracos, sabe? — Bem verde e com milhares de mesas redondas com seus respectivos bancos salteados por todo aquele terreno verde.

— Belatriz? Belatriz Keaton? — Uma voz fininha de doer os ouvidos me chamou.

— O que é? — perguntei sem perceber, ao ser interrompida em minha análise territorial.

— Te atrapalhei em algo?

Sim.

— Não, claro que não. Desculpe-me. Eu estava distraída. — Inventei uma desculpa boba, para que ela caísse perfeitamente.

Ela me olhou nos olhos e balançou a cabeça.

— Ah, tá...

Quando me virei, dei de cara com uma senhorinha mais nanica que eu. Tipo, nanica mesmo, que se a fotografia dela saísse em um livro de contos de fadas, ela seria considerada a mãe dos sete anões, sério, sua cabeça batia no meu queixo.

Senti-me grande por isso. Ah sim, claro.

— Bem vinda, queridinha. — Sua voz era animada quando abriu os braços em minha direção. Pensei que ela fosse abraçar meus joelhos, mas em vez disso colocou suas mãos no meu ombro e me sacudiu um pouquinho. — Estávamos a sua espera, amorzinho. Estamos muito feliz em tê-la aqui. Sou a diretora daqui. Venha, vamos conhecer seus novos amigos.

Ela era tão meiga para ser uma diretora.

Porque geralmente, todas as diretoras são bem rígidas e não costumam receber novos alunos tão bem. Mas pensando por um lado, isso é até bom. Pelo menos ela não é do tamanho de um boi e tão furiosa que nem a diretora daquele filme Matilda.

— Obrigada. — Agradeci, seguindo-a.

Prosseguimos pelo vasto corredor principal, pelo campinho, pela quadra coberta, um pátio muito iluminado — mesmo com o tempo nublado — até entrarmos numa sala de frente para um muro, que separava a ala das salas com a ala das piscinas. O muro, bem, era extremamente alto, mas mesmo assim não impedia que alguns garotos subissem ali para observarem as garotas de maiô na aula de educação física.

— Turma, essa é Belatriz Anne Keaton, nossa nova aluna! — Anunciou a diretora com tanta empolgação, que fiquei até surpresa, como se me aguardassem para estudar ali desde meu nascimento.

Mas, precisava de toda essa apresentação para me deixar roxa de vergonha?

Dei um sorrisinho tímido e caminhei até o centro da sala, bem ao lado da diretora. Tentei me esconder atrás dela de forma discreta, mas não iria adiantar bulhufas.

— Olá — tentei fazer minha voz parecer apresentável diante daquela turma de quarenta e poucos alunos, e torcendo para que o bonitão que estava de pé ao lado da diretora me mandasse sentar logo.

Na verdade, a turma nem me reparou. Só alguns nerds, os esquisitões do fundo da sala, uma garota de mini-saia que deu um sorrisinho no canto dos lábios e o cara que estava atrás dela. Só. Só isso.

— Acho que vou... É... Vou me sentar. — Grunhi, sem graça.

— Sejam simpáticos com nossa nova amiga. — A diretora sorriu pra mim e saiu da sala rapidamente.

Achei uma carteira vaga bem na frente, ao lado da garota de mini-saia que ainda me olhava, então, eu me encolhi envergonhada.


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