Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 24
Vinte e Quatro




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Não me lembro exatamente quando tempo eu dormi. Lembro-me de apenas de ter jogado o telefone num canto do meu quarto e adormecido numa fração de segundos.

Senti mãos frias tocarem minha face.

Primeiro, achei que fosse Jimmy, e logo tive a intenção de procurar aconchego em seus braços. Mas quando abri os olhos, Jack estava sorrindo para mim, como se estivesse esperando eu acordar a horas.

— Que horas são? — perguntei, bocejando.

— Quase dez da noite.

Sentei-me na cama, fazendo um rabo mal feito no meu cabelo.

— Dormi demais.

Jack acomodou-se na cama.

—Aquele papo do almoço... Você sabe. Você ficou chateada?

— Claro. Eu odeio Harry e meu pai fica com essa ideia estúpida na cabeça. Não sei de onde ele tirou isso.

— Quer que eu diga de onde ele tirou? — Brincou.

— Não! — Comecei a rir e dei um leve soco em seu ombro.

— Harry morre aqui, então. Sem ressentimentos? — Ele fechou a mão em um punhal e apontou pra mim.

— Sem ressentimentos. — Sorri pra ele, fechando minha mão num punhal e batendo na sua.

Jack é assim. Ele é diferente. Por isso eu o amo tanto. Se fosse um garoto normal, ele provavelmente me interrogaria, querendo saber tudo sobre Harry. Onde ele mora, qual a idade dele e o que ele fez pra eu o odiar tanto. Mas, o Jack, ele é único. Assim como Jimmy.

— Certo. Boa noite. — Ele pegou impulso para se levantar.

— Ei, fique aqui. Assista um filme comigo. — Eu o convidei, já que Jimmy não tinha aparecido, para minha decepção.

— Não posso — ele olhou para a porta — tenho que ligar para minha namorada.

— O quê? Qual é o nome dela, Jack?

— Bridget.

— Onde ela mora? Como vocês se conheceram? — Vi que ele estava indo para o lado da porta. — Ei, volte aqui! Conte-me tudo.

— Amanhã. — Ele sorriu. — Então me diga quem está mexendo com seu coração. Posso ver nesses seus olhinhos brilhantes.

Há-há. Engraçado. “Posso ver em seus olhinhos brilhantes”. Parece até fala dos filmes de garotas que são criadas pelo pai e aí, quando ele nota a que a filha está apaixonada, ele diz isso.

— Um anjo. — Respondi sem pensar e confesso que foi bem brega.

— Certo. — Ele riu. — Quando você me apresentar seu anjo, você irá conhecer Bridget.

Tudo bem. Isso quer dizer nunca.

— Tudo bem. — Ele me desejou boa noite e foi dormir.

Fiquei sentada na cama durante alguns minutos, esperando Jimmy aparecer, mas não apareceu. Nem sinal.

Tomei um banho, coloquei meu pijama de sempre e voltei para minha cama.

Jimmy estava deitado confortavelmente na minha cama e sorriu, quando me viu abrindo a porta. Ele bateu a mão no travesseiro para que eu me deitasse em seu lado.

Quando eu vi que eu estava acomodada, finalmente disse:

— Ele parece ser um cara legal.

— Você ouviu nossa conversa? — Inclinei a cabeça, para olhar pra ele.

— Claro.

— Onde você estava?

— Sentado no parapeito da janela, do lado de fora. —Disse ele. — Eu estava tomando cervejas.

— Isso mesmo! — Respondi, empolgada por saber que ele tinha atendido meu desejo outra vez. — Ei, posso perguntar uma coisa?

— O que é?

— Certo, tenho uma dúvida em relação a você. Você, bem, te poderes? Não dessas coisas de ler mentes e prever o futuro. Mas poderes que — Escolhi bem as palavras para que saíssem de modo adequado. — Que ajudam você a me salvar?

Ele permaneceu calado quando viu que eu queria falar mais.

— Por exemplo. — Sentei-me na cama e olhei diretamente para seus olhos, tentando fazê-lo compreender minha pergunta. — Se eu for sequestrada, e aí você vem atrás de mim...

—Se isso acontecer, posso dar umas boas porradas naquele babaca.

Sorri.

— Sim, você pode. Mas por exemplo, você poderia carregar uma arma com você e dar um tiro em uma pessoa?

Ele riu e se aproximou de mim.

—Claro que não, Bells. Se eu estiver segurando uma arma e dar um tiro na cabeça de Harry, não vai acontecer nada. Ele não vai sentir. Porque estou morto. Nem se essa arma fosse uma faca ou uma motosserra. Até mesmo se eu te desse um tiro, você não ia sentir nada. E claro que eu nunca iria te dar um tiro. É apenas um exemplo.

— Então como você faz?

— Eu tenho a mente. — Ele parecia saber muito sobre esse assunto. —Isso até parece coisa de Harry Potter, mas eu posso mover coisas e fazer levitações. É só o que eu tenho feito.

Não acreditei. Claro que acredito em Jimmy, mas, sério, eu vivo na realidade. Em meio a guerras e atentados, não acreditei de primeira.

— Faça alguma coisa para eu ver. — Sorri, tentando animar ele.

Seus olhos se fixaram na minha prateleira de livros subitamente. Ele mantinha sua expressão séria e concentrada, o que o fez parecer fantasmagórico. Em um piscar de olhos, foi como se tivesse um terremoto no meu quarto. O tremor da prateleira começou, agitando todos meus livros — fazendo-me ter a impressão de que minha pilha de preciosos livros fosse cair em qualquer segundo — e na hora que Jimmy viu o resultado de sua total concentração, sorriu triunfantemente.

Sorri como uma criança. Fascinada com aquela revelação sobrenatural.

Quando eu via esses programas de mágicos levitando coisas no Discovery Channel, eu apenas ria e ficava dizendo “Até parece!”. Eu era tão errada! Eu vi tudo. O tremor da minha prateleira e quando ele trouxe meu livro preferido da Meg Cabot até meu colo, deixando-me perplexa. Foi tão simples. Só fixou o olhar e levitou meu livro. Parece que qualquer um pode fazer isso — até tentei fazer disfarçadamente, mas fracassei. Ele fez coisas inimagináveis diante dos meus olhos, porque pra mim, antes de toda essa história, isso era apenas um mito idiota. E hoje, eu vejo o cara que eu amo fazer isso tudo por mim.

— Oh Meu Deus! — Exclamei, passando os dedos na capa do meu livro.

Ele deu de ombros.

— Não é nada.

— Ah claro, você já se acostumou. Mas com todo esse lance de levitação você pode jogar, tipo... Sei lá... — Perdi minhas palavras.

Ele riu.

— Entendi, Bells. Eu posso jogar um carro na cabeça de qualquer sujeito. Porque é assim que funciona e é assim que eu sou. Meus poderes não são tão úteis, mas eu me viro com ou sem eles.

Assenti com a cabeça, pensando no telefonema de Harry mais cedo.

— Harry me ligou hoje. — Eu disse, mudando nosso assunto.

Jimmy afastou-se um pouco e passou suas mãos em seu cabelo plumoso.

— O que ele queria?

— Me encontrar naquela lanchonete. Eu não fui.

Ele revirou os olhos.

— Qual é, Bells? Você deveria ter ido. Eu estou aqui. Eu iria com você. Que droga! Não confia em mim? Ele não iria encostar nenhum dedo em ti.

Encolhi-me.

Isso se chama impulsividade: quando a gente age sem pensar.

— Eu não pensei direito.

— Que diabos você tem na cabeça? Agora, é claro, ele vai te pegar de surpresa e fazer sei lá o quê com você. Como ele fez da última vez.

Aquele dia ainda machucava muito a nós dois. Certo, deixe-me explicar, é claro que todas as vezes que eu apanhei dele foram terríveis, mas ele tentou me violar, mais do que já tinha feito. Ele queria tirar minha felicidade de todas as formas possíveis. Por que se aquela situação é ruim para qualquer mulher, imagine isso para mim, que sou virgem.

— Me desculpe, mas acho que como você sempre diz, você vai ficar o tempo todo do meu lado. Acho que eu não devo me preocupar com isso. Devo?

Ele mordeu seu lábio inferior e aguardou alguns segundos, esperando sua raiva passar. Quando ele acalmou, ele disse:

— É sua vida que está em jogo, Bells. O cara já demonstrou ser um tremendo pau no cu. Tentou te violar, te ameaçou de morte, ameaçou a todos que você ama de morte. Você sabe que eu te amo e não quero mal nenhum pra você, mas você precisa entender o que está acontecendo com sua vida. Estarei te protegendo sempre. — Ele deu um ligeiro sorriso no canto dos lábios e se aproximou. — Eu já disse isso umas dez vezes, mas do mesmo modo, você precisa confiar em mim. — Seus lábios se encostaram na minha testa.

Mas eu confio. Coloco toda minha fé nas palavras dele, acreditando plenamente em tudo.

— Mas é muito difícil aceitar isso. — Pausei um pouco e refleti sobre tudo que aconteceu e sobre o tanto que o Jim me ajudou, ele já evitou tanta desgraça em minha vida! — Acho que eu nunca disse o quanto eu amo ter você perto de mim.

Ele deu aquele sorriso irresistível e sussurrou “venha aqui”, puxando-me para o aconchego de seus braços.

— Boa noite. — Sussurrei, fechando os olhos.

— Boa noite. — Ele deu um pequeno aperto da minha cintura.


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