Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 23
Vinte e Três


Notas iniciais do capítulo

~Jack na capa~

Meninas, uma pesquisa:
Vcs têm algum problema se eu mudar as dreamcasts? Estou pensando em mudar os modelos, achei alguns mais parecidos com o que eu imagino ao descrever hihi.



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Durante esses dois meses que passaram, eu não reconheci Jimmy Fields. Onde estava o cara que me insulta, que não aparece nas horas que eu mais preciso dele e que me manda calar a boca?

Em meio a nossas beijos e abraços embaixo dos meus cobertores, tive quase cem por cento de certeza. Das vezes que ele sussurrava “eu te amo” em meu ouvido, das vezes que ele sorria verdadeiramente quando eu dava meu risinho débil e de quando seus lábios encostavam em toda parte do meu pescoço.

E sobre a parte do meu risinho débil, bem, sou bem desajeitada e confesso que nunca fiquei de amasso quase a noite inteira com um cara de um sorriso hipnotizante.

Sobre nossa relação, bem, não existe nenhum relacionamento concreto porque aliás, se Louise ou qualquer outro colega meu me ver andando de mãos dadas com Jimmy no Central Park o que vão achar de mim? Vão me achar maluca.

Porque esse é o detalhe importante. Jimmy está morto. E a única pessoa que pode vê-lo sou eu.

Mais ninguém.

Pelo resto da noite, Jim dormiu comigo. E quando acordei, ele não estava do meu lado.

Caminhei pelo apartamento repleta de felicidade e acordei Ana. Meu pai já tinha saído para trabalhar e como era sábado, a empregada chegaria mais tarde, então, até o horário do almoço fiquei assistindo Discovery Kids com Ana, esperando meu pai, Edward, chegar do consultório.

— Ninguém merece assistir essa droga de Barney e Seus Amigos, Senhorita Keaton. — Disse Jimmy, sentado confortavelmente ao meu lado.

Sorri para ele, mandando Ana ir à cozinha buscar um copo de suco para mim.

— Fique sabendo, Jim, que Barney e Seus Amigos é um ótimo programa de humor pra quem está triste. — Brinquei, jogando uma das Barbies de Ana no chão.

— Você está triste?

— Claro que não.

Ele juntou meu corpo ao seu e aplicou-me outro beijo caloroso e na hora que comprimi minhas mãos em volta do pescoço dele, Ana vem da cozinha em minha direção, totalmente sem saber o que fazer.

Claro, ela ainda é muito nova para saber coisas a meu respeito.

— Almoço está pronto. — Ela disse, com sua voz angelical e calma.

— Volte para a cozinha, eu já vou.

Juro que um minuto depois vi meu pai abrindo a porta com um sorriso no rosto. E quando vi a criatura que estava atrás dele, simplesmente me explodi ainda mais de felicidade.

— Jack!

X X X

— É você, Jack! Eu senti tanta saudade! — Gritei e me joguei em seus braços abertos, dando-lhe um abraço.

— Quem é Jack? — Jimmy me perguntou.

— Nossa, você cresceu! Não é a garotinha de sete meses atrás. — Seus braços apertaram minhas costas.

— Seu primo vai morar aqui conosco por um tempo, filha. Não é ótimo?

— Claro que é.

— Está explicado. — Disse Jimmy.

— Como é? — Perguntei radiante.

— Sim, irei morar aqui com vocês. — Ele me abraçou ainda mais.

Vou explicar toda a situação.

Jack é meu primo. Claro que eu gosto muito dele, porque na fazenda onde eu morava, ele também morava lá. Vivia o tempo todo comigo, meu pai e Ana.

Por conta disso, passei a gostar dele. Não de amor romântico, mas sim de amor fraternal, aquele que irmãos têm. É a convivência com ele. Ele tem dezenove anos e eu dezesseis, mas a diferença de idade não nos impediu de nada. Ele poderia simplesmente me achar uma pirralha insuportável, mas onde nós morávamos, e até hoje, ele é meu melhor amigo. Ele é simplesmente um companheiro, que me apeguei demais a ele. Nosso amor é de convivência, de companheirismo. Como se Jack fosse meu irmão mais velho.

Como meu pai disse, Jack vai fazer faculdade aqui, então ficará os próximos quatro ou cinco anos aqui, e claro que não teremos a mesma convivência que antes, mas ficar perto dele é reconfortante. Não tanto como Jimmy, mas é bom do mesmo jeito.

Queria apresentar Jack a Jimmy. Eles iriam se dar muito bem.

— Ele vai ficar no quarto de hóspedes, filha. — Disse meu pai. — Não quero que você o pertube.

Jimmy riu.

— Tio, qual é? — Jack me puxou para seu lado, bagunçando meu cabelo. — Ela não tem mais cinco anos. — Ele sorriu, olhando para a parede.

Observei Jack.

Ele estava tão diferente. Tão... Homem.

Não que ele não fosse. Mas sua voz estava grossa, ele tinha crescido. Seus olhos castanhos estavam compreensível, maduro. Seu cabelo castanho estava maior, exibindo seus cachos definidos, seus músculos estavam maiores, deixando o braço dele grande demais. Isso tudo me fez perceber que ele não é mais aquele garotinho que me trancava dentro do armário.

Tenho saudade dos nossos tempos. Tenho certeza de que vou me lembrar de nossas travessuras pelo resto da minha vida. Porque aí está uma prova de que o passado valeu a pena.

Voltei-me a sentar no sofá enquanto Jack arrumava suas coisas no quarto de visitas.

— Seu primo não é? — Jimmy perguntou, puxando-me de volta para seus braços.

— Como se fosse um irmão mais velho. — Sussurrei.

— Bem melhor assim.

— Engraçado, não é? — Brinquei.

Meu pai surgiu bem na minha frente, com a cara fechada e me chamou para almoçar.

É, ele ainda estava uma fera comigo desde o lance das cervejas e não quer nem falar comigo direito, mesmo sabendo já sofri o suficiente com esses dois meses de castigo que ele impôs. Comigo, ele se dirige apenas com “bom dia, Belatriz”,”vá dormir, Belatriz”. Apenas isso. Mas hoje, ele disse “venha almoçar, Belatriz”.

Levantei-me num pulo. Jimmy iria me esperar no quarto para mais tarde assistirmos Sexta Feira 13.

O almoço com Jack sempre foi agradável. Enquanto comíamos, ele contou piadas, os acontecimentos importantes da fazenda, dos empregados e o que aconteceu na vida dele, em geral.

— O que você pretende fazer na faculdade? — Perguntei, interessada.

— Vou seguir os passos do seu pai. — Ele sorriu débilmente para a parede.

— Um, interessante. Porque eu também. — Respondi, sorrindo.

Ele continuou a sorrir para a parede e me perguntou:

— Mas e aí, algum garoto já mexeu com seu coraçãozinho? — Ele perguntou.

Sim. Meu anjo da guarda.

— Não...

— Sim! Sim! — Interrompeu-me meu pai. — Ele se chama Harry, é um ótimo rapaz, já veio aqui! — Respondeu ele, num jorro.

Harry é um ótimo rapaz. Claro que é! Ele ameaça matar meu pai e meus amigos, me dá uma surra tremenda e meu pai ainda diz que ele é um bom rapaz? Ah, por favor!

— Pai, qual é?!

— Filha, quando ele quiser vir aqui, me avise antes. Ele é um ótimo rapaz e quero que tudo saia perfeitamente quando ele estiver aqui.

— Você é pirado, pai! — Levantei-me da mesa e fui parar no meu quarto.

O que eu fiz não foi nada maduro. Digo, não sou madura. Se eu fosse madura o bastante, ficaria ali na mesa negando tudo e falando que Harry é um tremendo babaca. Só que a ideia de saber que meu pai gosta de um garoto que tem duas faces me deixa com raiva. Para meu pai, Harry é o garoto perfeito. Para mim, ele é o demônio.

Quando eu estava começando a cochilar, o telefone tocou. E como eu estava tão...Tão... Perturbada, que atendi logo.

— O que é? — Perguntei, irritada.

— Olá, Belatriz. — Disse aquele cara, que como sempre, faz meu coração gelar.

Quase não acreditei quando ouvi sua voz. Fiquei paralisada, não sabia o que falar. Pensei em desligar, mas minha mão se recusava a obedecer ao meu comando, então simplesmente falei:

— O que foi dessa vez? Quer quebrar meu pescoço, me enforcar ou me mandar para o hospital?

— Quero ver você essa noite. — Respondeu, calmamente.

— Sem chance.

— Por quê?

— Porque eu não quero ir. — Sentei-me na cama, ajeitando meu cabelo bagunçado.— Cansei dos seus joguinhos, Harry, você não se cansa?

— Não.

— Certo. Você é literalmente um monstro. Mas eu não vou sair com você. Eu não vou a nenhum lugar com você.

— Você já sabe.

Pensei na minha proteção. Pensei em Jimmy dizendo que sempre estaria ao meu lado.

— Não me importo. Faça o que você quiser. — Respondi calmamente, desligando o telefone na cara dele.

Não sei o que eu fiz. Simplesmente sou uma maluca e simplesmente preciso ir para um hospício. Sei que amanhã ou depois posso não estar viva, mas eu agi da forma que eu quis. Fiquei tranquila e o ignorei. E espero  que ele não venha atrás de mim amanhã ou depois.

Uma coisa, certamente, que será impossível.


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