Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 22
Vinte e Dois


Notas iniciais do capítulo

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Encostado na picape amarela, meu pai me esperava.

— Entre no carro. — Disse ele antes mesmo de eu alcançar o carro.

Sua voz estava dura. Por isso, não fui dura com ele porque eu estava feliz demais.

— Oi, pai!

Ele me ignorou.

Joguei minha bolsa de couro na cabine atrás e aumentei o som do carro, cortando o silêncio entre nós.

— O que foi? Porque a pressa?

— Precisamos conversar.

— Sobre?

— Coisas em que achei no seu quarto.

Como assim? No meu quarto não tem nada “proibido para maiores de dezoito anos”. Nada de drogas e nem de bebidas alcoólicas.

Chegamos em casa em menos de cinco minutos. Geralmente demoramos uns quinze minutos, mas na hora em que vi meu pai pisar no acelerador radicalmente soube que ele estava muito furioso e eu nem sabia o motivo.

— Oi, Ana. — Dei um cutucão nela, interrompendo sua brincadeira.

— Oi,oi oi oi. — Ela me deu um beijo na bochecha.

Vi meu pai indo na direção do corredor e depois ele me chamou, ainda furioso.

Segui a voz dele e fui parar no meu quarto. Ele estava na frente da minha penteadeira, e quando saiu da frente dela deixou na minha vista três latas de cerveja vazias.

— Isso não é meu. — Respondi logo que ele me mostrou, tentando me defender.

— Então é de quem, Belatriz? Da Ana? Você acha que Ana andou bebendo cerveja no seu quarto? Ela não pode fazer isso. Ela só tem três anos. — Gritou, esfregando as mãos em seu cabelo grisalho.

— É o seguinte pai. Você sabe que eu não bebo. Quer dizer, eu não daria tão mole de beber cerveja no meu quarto e ainda deixar as embalagens em cima da minha prateleira, não é? Tipo, qual é? Eu não sou tão burra a esse ponto.

— Me conte outra! — Ele jogou as latinhas para o chão e balançou os braços no gesto de protesto. — Não quero saber! Não quero que isso aconteça mais.

— Certo. — Respondi, feliz por ter escapado do castigo.

— Dois meses sem mesada, Belatriz. Só isso que será seu castigo.

Só isso? Só isso?! O que ele acha que eu sou? Uma garota do interior que só compra roupas em lojas de departamento? Certo, sim, eu sou essa garota. Mas imagina quando eu for ao shopping com Louise. Como é que eu vou evitar entrar uma loja com casacos de couro e saias de cintura alta? Sinceramente, não resisto a essas tentações. Não resisto mesmo.

— Pai! — Protestei como uma criança de cinco anos que tem um brinquedo arrancado de seus braços. — Você não confia em mim?

— Não.

— O quê?

— Antes eu confiava, é claro. Mas agora perdi a confiança, filha. Você bebeu. Quando foi isso, essa madrugada?

— Não. Eu já disse que não bebi!

— Certo. — Ele caminhou na direção da porta. — Se você fizer isso outra vez, a coisa vai ficar preta pro seu lado. Entendido?

— Já disse que não fui eu, pai!

— Dois meses sem mesada e não se fala mais nisso! — Ele saiu do quarto, levando as embalagens consigo.

X X X

Meu pai nunca foi linha dura.

Sempre foi o pai companheiro, liberal e o palhaço, no bom sentido, é claro.

Vou te confessar que fiquei chateada com a falta de confiança que ele falou que tem em mim. Todo pai precisa confiar numa filha e toda filha precisa confiar num pai. Nunca o desrespeitei e nem fiz nada ousado para uma garota de dezesseis anos. Aceitei os dois meses de mesada no jogo limpo, porque afinal eu não poderia dizer ao meu pai que meu anjo da guarda estava bebendo cervejas no meu quarto.

De noite, percebi que Jimmy estava no meu quando mexendo nos meus Cd’s da Britney Spears e fazendo caretas.

Dirigi-me até onde ele estava e quando meus lábios estavam perto de seu ouvido, eu disse:

— Não acredito!

Ele se virou e sorriu pra mim. Suas mãos agarraram minha cintura e ele puxou meu corpo para junto do seu.

— Eu é que ainda não acredito que você ainda está surpresa. Qual é, Bells?

Soltei-me de seus braços e comecei a andar pelo quarto afora.

— Ainda não acredito no que você fez! Beber cervejas no meu quarto, Jimmy? O que você tem na cabeça? Minhocas? — Minha voz saiu grossa, cheia de censura.

— Você é realmente, uma criatura muito estranha. Primeiro, pede pra eu parar de deixar vestígios na minha própria casa. Certo. Fiz isso por você. E agora, vem brigando comigo porque bebi no seu quarto?

— Sério, adorei o que você fez. Mas não precisa deixar as drogas das latinhas no meu quarto. Sabe o que isso me rendeu? Sabe? Dois meses sem mesada.

— Nossa, cara, é uma tortura, não é Senhorita Keaton? Ficar sem dois meses sem suas bolsas de couro e seus sapatos. Deve ser uma tortura, nossa, me sinto muito culpado. — Respondeu pra mim, na ironia.

— Você bebeu cervejas no meu quarto. Não é por causa do castigo. Você acha que meu pai ainda tem confiança em mim? Não, não tem.

Pode parecer que é uma briga boba. Bem, na verdade é. Mas a raiva me consumiu. Percorreu por todas as minhas veias, fazendo-me quase explodir de raiva. Eu fiquei chateada, porque, tipo, eu estou amando. Estou tremendamente apaixonada por ele, e pensei que ele nunca fosse chegar a esse ponto. Mas chegou, e me fez quase explodir.

— Certo. Não entendo porque diabos você está tão irritada. Ah é, devem ser seus hormônios, não é?

— Ah, cale essa sua boca. Por que você fez isso? — Eu o segui, já que ele estava indo na direção da janela.

— Que droga! Achei que não teria problemas.

— Mas tem!

— Me desculpe, tudo bem? — Ele me olhou, sério. — Já aprendi com sua raiva que o que eu fiz foi errado. Isso não vai acontecer de novo.

— Sério, Jimmy, tudo bem, mas você não pode fazer isso de novo.

— Já que estou morto, vou ficar sentado no meu túmulo contando estrelinhas esperando a hora de salvar você, não é? Estar morto é uma droga, cara.

— Jimmy, olha, não faça isso outra vez, porque...

Antes de eu terminar a frase, ele já havia me puxado de volta para seus braços.

— Porque meu pai fica chateado e perder a droga...

— Ei, cale essa sua boca. — Havia ternura em sua voz. Uma ternura estranha. Porque Jimmy sempre foi o durão. E quando disse aquilo, me derreti completamente em seus braços.

Sério, eu sou toda amanteigada. Basta simplesmente palavras doces e reconfortantes pairarem em meu ouvido que eu me derreto. Se bem que ”cale a boca” não são palavras doces. Mas ficam, sim, claro, vindo da pessoa que eu mais amo, sim.

— O quê?

— Pare de falar. Confie em mim. Eu já me desculpei e disse que não vou fazer isso de novo.

Derreti-me ainda mais. Porque quando eu estava nos braços dele, era como se eu estivesse dentro de uma bolha. Nada me atingia. Senti o cheiro de seu perfume facilmente notável. Bastava ele apenas se aproximar pouco mais de mim para que meus braços implorassem por aconchego.

Não sei se anjos da guarda tem cheiro específico, mas quando eu me aproximei mais dele senti aquele cheiro familiar e acolhedor que me deixa sem fôlego.

Automaticamente, coloquei meus braços em volta do pescoço dele.

Ele pressionou seus lábios com os meus e senti uma eterna vibração de triunfo dentro de mim. Uma de suas mãos prendeu meu rosto enquanto a outra cerrava a base das minhas costas, apertando-me.

Estávamos tão próximos em um tremendo amasso que tudo ali parecia real. Bem, em relação a Jimmy. Como se ele estivesse vivo. Mas ele não estava vivo. Ele não estava em carne e osso. Na medida em que eu sentia o gosto de sua boca penetrando na minha, minha mão acariciando a pele lisa de sua nuca, nossas línguas entrelaçadas em perfeita sintonia e suas mãos apertando minha cintura possessivamente eu soube que aquelas sensações e aqueles toques deixavam Jimmy concreto. Deixavam ele real, tão humano que dava vontade de ficar grudada com ele o tempo todo.

Eu sei que é clichê, mas quando estamos apaixonadas, digo, nós garotas, é a única coisa que pensamos: estar o tempo todo com a pessoa amada.

Ele me apertou ainda mais forte que foi até difícil puxar ar para meus pulmões. Seu hálito se misturou ao meu quando ele usou a parede para comprimir meu corpo contra ela.

Só havíamos nós dois, tão próximos que contávamos apenas como um só.

Ele desvencilhou sua boca da minha e apertou os lábios contra minha orelha.

Tive poucos minutos para poder respirar e quando tive a intenção de poder sentir o gosto de cada centímetro da boca de Jimmy, fui surpreendida por três palavras que fizeram meu coração fervilhar dentro de mim.

— Eu te amo.

Suas palavras saíram em perfeita sintonia, porque não era uma piadinha habitual de Jimmy. Porque não era nenhum insulto. Porque, eu notei, por um breve segundo, que ele também poderia estar sentindo o mesmo. Ele não iria dizer “eu te amo” só por dizer. Digo, isso acontece em muitos casos e na maioria deles os relacionamentos terminam por conta de mentiras. Mas vejo que com ele é diferente. Ele não é um príncipe encantado e nem um garoto perfeito. Mas ele está morto. Porque ele não iria fazer hora com minha cara mesmo depois de morto, mesmo à sete palmos abaixo da terra. Por causa de minha convivência com ele em todos esses meses, eu passei a conhecê-lo muito bem. E sei, que por mais maluco que ele seja, ele não é capaz de deixar o coração de uma garota em frangalhos.

De todos os modos e pensamentos, eu acreditei profundamente nas palavras dele.

Separei-me dele. De todo aquele calor e sentimento.

Nossas respirações ficaram quentes no rosto um do outro.

Uma de suas mãos acariciava meu pescoço e quando ele puxou-me um pouquinho mais para frente, soube que ele tinha mais coisas a dizer.

— Isso não é estranho? — Perguntou com sua voz paterna, num tom baixo. — Cara, eu estou morto. Demorei dias para perceber o que era essa sensação. Quando eu notei o que eu sentia, Bells, tentei evitar de todos os jeitos. Agora, perto de você, isso se torna cada vez mais forte. Me sinto um babaca dizendo isso, mas não estou mentindo. — Havia verdade em seus olhos.

— Esse calor. Esse palpitar rápido do coração. É muito difícil evitar.

— Você também sente. — Concluiu.

— Há muito tempo.

— É muito bom saber que tomei a iniciativa certa, Bells. — Ele deu aquele sorriso cheio de malícia.

— Já era hora. — Sorri pra ele, cortando nosso clima “In Love”. Mas foi impossível. Mas aí, eu continuei. — Não me importa se você é um anjo da guarda ou está morto, Jimmy. É difícil controlar tudo o que eu sinto dentro de mim. E quando você diz “Olá Bells” com seu sorriso, sinto tudo dentro de mim de uma vez só. Todas as sensações que se resumem estar com você em todo minuto. Nada mais me importa. Só importa agora o quanto eu te amo.

Não acredito que eu disse aquilo.

Não tenho coragem nem de falar com os garotos da minha sala direito, imagina então me declarar assim, de peito aberto? Certo, essa não é a Belatriz Keaton verdadeira.

Ele não disse nada. Apenas sorriu de modo tão perfeito e fez com que eu envolvesse meus braços no seu pescoço outra vez.

Ele tentou me beijar delicadamente. Juro que tentou. Mas sua intenção se desfez como fumaça.

Seus braços me apertaram imperativamente que percebi que podiam se passar cem anos, ou até mesmo mil anos, porém nada superaria a perfeição daquele momento.


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