Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

Olá, caros leitores! Agradeço imensamente a presença de vocês aqui! Espero que apreciem a leitura :3
~Jimmy na capa~



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O jovem não faz ideia de quem é.

Traduzindo: obviamente, ele é Jimmy Fields, porém a dúvida que insiste em ficar em sua cabeça é: quem é ele depois de morto? Que papel ele irá fazer aqui na Terra, já que está morto? O ciclo da vida é apenas um: nascer, viver cada dia e morrer, entrando assim na plenitude divina e na paz eterna.

Porém, em alguns casos, pessoas mortas tem como missão voltar à Terra com um único intuito: se tornarem anjos da guarda de pessoas que estão em constante perigo, evitando menos morte no mundo. Essas pessoas são concebidas como anjos da guarda logo após a morte, e assim tem total comunicação com as pessoas que irão proteger. Sabe, apenas as pessoas protegidas podem ver seus anjos e vice versa. Podendo assim tocar, conversar e até mesmo beijar um anjo.

Quando Jimmy era vivo, o branco não era muito habitual em seu guarda-roupa. Apenas cores frias e negras faziam parte de seu vestuário. Mas ele estava com uma roupa branca. Não um macacão branco que nem de enfermeiros, mas ele se sentia totalmente diferente. Obviamente, o lugar indescritível onde estava era claro. Muito branco, e tão claro como o amanhecer de um dia ensolarado.

Ele caminhava por um fino corredor, e ao passar por algumas pessoas de branco, ouvia baixos sussurros, mas não parava de andar.

— Que droga é essa? — perguntou, olhando para os lados.
Foi ignorado.

— Fields! — gritou uma mulher longe dele. Seus gritos ecoaram pelo corredor, e as pessoas em sua volta começaram á andar mais rápido.

— O que é? — gritou ele de volta, furioso.

— Sua vez!

Do nada, a mulherzinha que também estava de branco surgiu em sua frente, deixando-o ofegante.

— Que droga é essa? — perguntou outra vez, trincando os dentes.

— Ande logo, Fields!

A primeira coisa que apareceu na mente de Jimmy foi o juízo final.

Claro! Pessoas dizem que depois da morte, pessoas boas vão para o céu e pessoas más vão para o inferno. Jimmy, é claro, iria para o inferno. Jimmy seguiu pelo corredor quando viu que a mulherzinha tinha sumido outra vez, e abriu uma pequena porta ao final do corredor, dando em uma sala mínima, onde um velho estava sentado.

— Isso é o céu, por acaso? Você é Deus?

O velho riu, fazendo um breve sinal para Jimmy se sentar.

— Não. — Ele respondeu.

— Que droga é essa? — perguntou Jimmy outra vez. — O que eu estou fazendo aqui? Ei, cara! Eu morri. Estou morto.

— Por isso mesmo você está aqui.

— Por favor, dá pra parar de fazer hora?

— Tudo bem — o velho suspirou — você está morto. Correto. Você está no céu, Fields. E você é um anjo da guarda, a partir de agora.

Jimmy soltou uma risada fervorosa.

— Não brinca, tá?

— Não estou. — A expressão do velho era séria.

— Isso está parecendo um Reality Show onde eles pregam...

— Belatriz Keaton! — Interrompeu o velho, falando com empolgação.

— Qual é!?

— Não brinco no meu serviço, meu jovem. Isso acontece raramente com pessoas mortas. E você foi escolhido.

Jimmy revirou os olhos, cruzando os braços sobre seu peito.

— Cara, isso não acontece, beleza?O mundo não é assim. Eu deveria estar no céu, ou no purgatório, ou à sete palmos do chão. Isso não é natural. — Murmurou.

O velho riu, dando um leve tapinha no ombro de Jimmy.

— Esse mundo não é natural e nem normal, filho. Agora, vá.

— Qual é? — Gritou Jim.

Sem explicações necessárias, Jimmy desapareceu outra vez. Sério, sumiu. Sumiu daquela saleta pequena, daquele corredorzinho e não viu mais ninguém. Sério, sumiu.

X X X

Minhas mãos suavam quando finalmente abri a grande janela do meu novo quarto e me deparei com o as cores vivas, puras e intensas do Central Park, bem ali, na minha frente.  Caramba, vou te contar, meu pai caprichou na escolha do apartamento de frente para essa maravilha. Era outono e isso deixava o cenário bem mais romântico. As folhas caiam sobre o chão, desenhando inúmeras formas que remetiam apenas à beleza da natureza.

O dia foi realmente muito exaustivo com a mudança para o novo apartamento. Preenchi minhas prateleiras com meus livros e bonecas de infância e arrastei meus móveis em seus devidos lugares. E, cara, eu estava realmente muito cansada, quando senti um leve puxão na minha trança.

Involuntariamente, dei um pequeno passo para trás e vi meu pai, Edward.

— Então, uma beleza, não é? — perguntou ele de braços abertos, com um sorriso aberto em seu rosto.

Sorri ao vê-lo tão feliz. Sério, eu não o via tão feliz assim desse jeito alegre desde o suicídio que minha mãe cometera na cozinha da nossa antiga casa. A tristeza já estava ficando habitual para ele, quando supostamente, resolvemos nos mudar para NY, e mudar o rumo da nossa vida de vez. Com o barulho da cidade, o movimento das pessoas às 6:00 a.m e as luzes brilhantes da noite, meu pai se tornou o mesmo de antes. Ele sempre adorou a cidade grande e a agitação. E há dezesseis anos — quando nasci — para satisfazer o desejo da minha mãe, ele terminou a faculdade de odontologia e foi morar com ela em uma fazenda não muito perto de NY.

E, há dois anos e meio, quando minha irmã Ana nasceu, minha mãe passou por uma fase infeliz, sem motivos, e assim, ela cometeu o suicídio, nos deixando. E não deixando nem uma pista pelo que levou ela a fazer isso.

— Maravilhoso, pai! — respondi, olhando as luzes do Central Park. — Essa vista é maravilhosa! Tudo aqui é maravilhoso.

— Que bom. Porque estou adorando tudo, ainda mais o consultório.

— Como está Ana? — Mudei de assunto, deixando minha voz séria.

— Bom, está bem. Imagine só, Belatriz, o primeiro passeio dela aqui e ela é quase morta em um assalto a ônibus. Isso é realmente será inesquecível. — Ele suspirou de alívio. —A pior parte é que a babá se demitiu.

— Se você quiser... Posso cuidar dela. — Sorri — Eu dou conta dela, pai.

Mais cedo, pela tarde, Ana havia saído com a nova babá. Quando estavam voltando para casa, as duas foram reféns de um assaltante dentro do ônibus no qual estavam. Só conseguiram fugir de lá com a ajuda de um jovem, que quando percebeu a distração do assaltante, ajudou Ana e a babá a saírem pela pequena janela.

Minutos depois o ônibus foi incendiado e o jovem morreu.

Ana chorou por umas duas horas diretas, com meu pai ao seu lado consolando-a e dizendo que tudo iria ficar bem. Mas agora, meus ouvidos estavam inteiramente agradecidos por ela estar dormindo.

— Não sei, vou pensar. — Ele revirou os olhos. — Mas então, ansiosa para o primeiro dia de aula em uma nova escola e fazer novas amizades?

Dei um risinho abafado.

— Claro! — Admiti, e era pura verdade. — Adoro novas amizades.

Era a primeira vez que eu seria a novata na escola. Seria apresentada na frente de todos meus novos colegas. Sempre adorei mudanças e coisas do gênero. Para minha felicidade, eu estava realmente muito empolgada com o fato de fazer novos amigos, já que tenho tanta facilidade nisso.

— Que ótimo! — Ele se levantou, passando a mão em seu cabelo negro meio grisalho. — Acho que vou olhar Ana. Boa noite, filha. — ele me deu um beijo na testa, e saiu do quarto.

Repousei minha cabeça no travesseiro e tentei descarregar meu cansaço do meu corpo.

A brisa noturna que vinha da minha sacada lateral trouxe até mim uma onda de adrenalina que se instalou em todo meu corpo, imergindo-se em minhas veias e passando para mim uma empolgação verdadeira, que dá vontade de gritar o mais alto possível.

Tenho de admitir: adoro isso.


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