Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 12
Doze


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amorecos!!! Bom dia! Queria agradecer enormemente a todo o feedback que tenho recebido! Dedico esse capítulo a Key Potterhead, Miss Pepper, Adhara, Ana Fernandes, pa1zinho , Kpopper Anonymous, que comentaram nesses últimos dias e fizeram meu core mais feliz ♥



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Tudo bem. Certo.

Sei que não sou a Senhorita Arrasa-corações-dos-garotos, mas sabe, o que realmente significavam as últimas oito palavras que Jimmy havia dito?

”Pelo menos existe um bom lado nisso tudo”.

Só sei que depois de ouvi-las, fiquei toda abobada. Sabe, como todas garotas hoje em dia agem: fiquei rindo sozinha, toda avoada, pensando em tudo o que ele disse.

É sempre assim. Quando algum garoto diz coisas do gênero pra mim, eu simplesmente fico agindo assim, como uma tremenda idiota.

Parei diante da casa branca e apertei a campainha, esperando que Louise atendesse.

E, minhas preces foram atendidas.

Segundos depois, Louise saiu saltitando pelo caminho de pedra que atravessava todo o imenso gramado da frente, balançando sua cabeleira.

Seus olhos castanho-mel brilhavam. Como o do irmão.

— Entre! Entre! — Ela abriu o portão de grades e fez um sinal para que eu entrasse — Como você sabe onde eu moro? — Sua voz era empolgada.

Opa! Dessa vez ela me pegou.

— Um... — Pensei numa resposta óbvia. — Elena me deu seu endereço.

Odeio mentir para Louise. Principalmente para ela! É uma situação complicada, não é? Já mencionei isso aqui várias vezes, mas eu não poderia dizer que o falecido irmão dela é meu anjo da guarda e que ele havia me levado em sua casa do meio da madrugada.

— Ótimo! Agora você poderá vir aqui todos os dias para estudarmos e dormirmos aqui. — Ela arregalou os olhos. — Podemos fazer festinhas enquanto meus pais estiverem fora. Perfeito. — Ela sorriu.

Olhei para o chão.

Seria ótimo fazer isso, se eu não estivesse na mira de um babaca como Harry.

— Vai ser ótimo. — Respondi, com pouco ânimo.

Foi aí que ela se mancou, e parou de dar risinhos empolgados.

— Ah, me desculpe. — Ela olhou para baixo. — Como foi com Harry?

Olhei para o chão também.

Certo. Eu tinha duas alternativas.

a) Seria simplesmente arrebentar a boca do balão com Louise. Dizer que Harry havia me ameaçado de morte, e que poderia também detonar ela, meu pai e Ana se eu pedisse socorro a alguém ou abrisse meu bico para a polícia.

b) Bom, essa era a pior de todas, devo admitir. Era mentir, sorrir dolorosamente e dizer que estava tudo bem. Que ele havia me pedido desculpas e que iríamos jantar no Johnnie’s no sábado à noite.

Por mais que a primeira opção fosse meu verdadeiro desejo, eu não poderia simplesmente abrir minha torneirinha. Porque se não...

— Ele me pediu desculpas. — Dei um mero sorriso.

Ela me encarou.

— Belatriz! O sujeito quase esmagou seus braços, e você acha isso normal? Você o perdoou? Nossa! Não acredito! — Sua voz era protestante e alta.

Acomodei-me no banco de madeira rústica no qual estava sentada. Do banco, podíamos ver a rua limpa, com crianças correndo para todo o lado, brincando de Pique. Atrás das casas, eu podia ver o mar radiante bem lá no fundo, num azul tão calmo e intenso que me fez suspirar calmamente antes de responder Louise.

— Olha... — Fiquei sem palavras.

— Você não aceitou sair com ele outra vez, não é? — Agora sua voz era esperançosa.

Ok. Não dava mais. Eu ia mentir.

— Ele apenas se desculpou. Disse que aquilo não iria mais acontecer e que ele ia se manter longe de mim. Aí, eu assumi o controle. Disse que ele não foi cavalheiro de fazer aquilo comigo e que se ele encostasse o dedo em mim mais uma vez, ele iria se arrepender. — Falei, num jorro, sem pausas.

Ela deu um sorrisinho e eu fiquei ainda mais tensa por ter mentido para ela.

— Que bom. Mas... Acha que ele vai se controlar?

— Ei, qual é? Não sou nenhum vício, Lou.

— Eu sei. Mas... — Ela mordeu o lábio inferior. — A questão é: O que levou ele a fazer isso? Você deu um tremendo fora nele. Garotos que levam fora ficam envergonhados.

— Pois é. Garotos têm diferentes tipos de comportamentos. Assim como nós, garotas. — Eu ri. — Mas, se ele se aproximar de mim, irei utilizar meus golpes de Karatê.

Ela riu.

E logo, para não ser “interrogada” de mais nada sobre minha conversa com Harry, mudei de assunto.

— Então, não vai me mostrar seu quarto? — Levantei-me, indo na direção da porta.

Certo, eu estava sendo muito oferecida convidando-me para entrar na casa de Louise, que eu já conhecia. Mas, se eu não mudasse de assunto, ela iria continuar me perguntando e eu iria continuar mentindo. E confesso que mentir é uma coisa que odeio fazer.

Fomos andando até a sala de estar. E tudo estava como na noite passada. O tapete peludo esticado no chão de madeira brilhante, o piano de calda — que brilhava com a forte luz solar que vinha da janela — as fotos de família na prateleira de vidro e quatro garrafas de cerveja na mesa de centro.

— Ei Louise, você bebe? — Perguntei.

Claro que eu sabia que Jimmy esteve ali. Mas eu perguntei só para saber qual seria a resposta dela, o que ela iria falar para mim, já que sou a melhor amiga dela.

Ela arregalou os olhos ao ver as garrafas ali na mesa.

— Não. — Ela me puxou para o outro lado da sala, onde ficava o piano. —Isso anda acontecendo.

— O quê? — Fingi ser uma tapada.

— Você jura que não conta para ninguém, o que vou te contar agora?

— Confie em mim. — Roubei a fala habitual de Jimmy, seu irmão. Ela olhou para os lados.

— Tenho um irmão falecido. — Respondeu.

Certo, isso eu já sei.

— Ele morreu em setembro. — Continuou ela. — E, durante todo esses tempo que passou, nós saímos de casa e quando voltamos, encontramos diversas garrafas de cerveja na mesa de centro.

Eu esperava ouvir isso. Mas queria ouvir mais. Muito mais.

— Jimmy faleceu acidentalmente e como meu pai é dono de uma fábrica de cervejas, acreditamos que ele pega cervejas no freezer e bebe, quando não estamos em casa.

— Jimmy?

Ela balançou a cabeça positivamente.

— Não podem ser os empregados?

— Não. Eles estão de folga hoje e como as garrafas apareceram, afinal? — Ela pausou, deliberadamente. — Ninguém sabe.

— Como assim? Quer dizer que...

— Meus pais acham que o espírito dele permanece aqui. Eu sei que isso parece idiota, mas é a única coisa no qual pensamos.

Estremeci.

— Hoje por exemplo, Belatriz. Quando cheguei do colégio, não havia nada na mesa de centro. Fui para meu quarto e quando desci para te atender, encontrei duas garrafas. E agora, são quatro. A coisa que mais me assombra é que estou sozinha em casa. Não há ninguém aqui. — Havia medo em sua voz.

— Nossa... — Foi a única palavra que consegui dizer.

— No meio da noite, costumamos ouvir barulhos. Isso acontece em várias noites, e eu e meus pais perdemos o sono, tentando encontrar uma solução concreta para entender o que é isso. Na semana passada, na madrugada, vimos diversas garrafas vazias na mesa se centro, e a lareira estava ligada. E apenas ligamos a lareira quando neva.

Ela estava transbordando em lágrimas.

— Jim teve alguns problemas, sabe? — Ela pausou um pouco — chegava drogado diversas vezes em casa e sempre deixava as garrafas de álcool exatamente onde elas estão.

— Drogado? — Perguntei, surpresa.

Ela secou as lágrimas que desciam automaticamente dos seus olhos.

— Ele não era o filho perfeito. Papai e ele viviam brigando. Jimmy fez muitas burradas na vida, de todos os aspectos, se é que você me entende. Mas quando voltou da reabilitação, mudou um pouco. Não se tornou um Playboy cheio de frescuras e todo perfeitinho. Mas, ele melhorou bastante. Mas logo...

— Foi no ônibus incendiado, não foi?

Ela pareceu surpresa.

— Sim.

Sentei-me no banco do piano e passei meus dedos delicadamente pelas notas.

— Eu li no jornal, há um tempo atrás. — Murmurei. — Ele salvou minha irmã mais nova e a babá.

— A Ana. Ele realmente foi um cavalheiro. — Ela se sentou na poltrona amarela, perto de mim. — Bom, pelo menos foi um cavalheiro aquele dia.

—Geralmente ele não costuma ser. — Tentei rir, mas logo percebi o que eu havia falado.

— O quê? — Louise franziu o cenho.

Desastre. Sou um verdadeiro desastre.

— Louise, preciso ir. Tenho que cuidar de Ana e passar no...

— Belatriz? — Louise me chamou.

Antes de responder qualquer coisa a Louise, eu já havia saído da casa, deixando-a ali com seu falecido irmão, que estava sentado no sofá, tomando cerveja.


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