Protegida por um Anjo escrita por Moolinha
Notas iniciais do capítulo
Olá, meus amorecos!!! Bom dia! Queria agradecer enormemente a todo o feedback que tenho recebido! Dedico esse capítulo a Key Potterhead, Miss Pepper, Adhara, Ana Fernandes, pa1zinho , Kpopper Anonymous, que comentaram nesses últimos dias e fizeram meu core mais feliz ♥
Tudo bem. Certo.
Sei que não sou a Senhorita Arrasa-corações-dos-garotos, mas sabe, o que realmente significavam as últimas oito palavras que Jimmy havia dito?
”Pelo menos existe um bom lado nisso tudo”.
Só sei que depois de ouvi-las, fiquei toda abobada. Sabe, como todas garotas hoje em dia agem: fiquei rindo sozinha, toda avoada, pensando em tudo o que ele disse.
É sempre assim. Quando algum garoto diz coisas do gênero pra mim, eu simplesmente fico agindo assim, como uma tremenda idiota.
Parei diante da casa branca e apertei a campainha, esperando que Louise atendesse.
E, minhas preces foram atendidas.
Segundos depois, Louise saiu saltitando pelo caminho de pedra que atravessava todo o imenso gramado da frente, balançando sua cabeleira.
Seus olhos castanho-mel brilhavam. Como o do irmão.
— Entre! Entre! — Ela abriu o portão de grades e fez um sinal para que eu entrasse — Como você sabe onde eu moro? — Sua voz era empolgada.
Opa! Dessa vez ela me pegou.
— Um... — Pensei numa resposta óbvia. — Elena me deu seu endereço.
Odeio mentir para Louise. Principalmente para ela! É uma situação complicada, não é? Já mencionei isso aqui várias vezes, mas eu não poderia dizer que o falecido irmão dela é meu anjo da guarda e que ele havia me levado em sua casa do meio da madrugada.
— Ótimo! Agora você poderá vir aqui todos os dias para estudarmos e dormirmos aqui. — Ela arregalou os olhos. — Podemos fazer festinhas enquanto meus pais estiverem fora. Perfeito. — Ela sorriu.
Olhei para o chão.
Seria ótimo fazer isso, se eu não estivesse na mira de um babaca como Harry.
— Vai ser ótimo. — Respondi, com pouco ânimo.
Foi aí que ela se mancou, e parou de dar risinhos empolgados.
— Ah, me desculpe. — Ela olhou para baixo. — Como foi com Harry?
Olhei para o chão também.
Certo. Eu tinha duas alternativas.
a) Seria simplesmente arrebentar a boca do balão com Louise. Dizer que Harry havia me ameaçado de morte, e que poderia também detonar ela, meu pai e Ana se eu pedisse socorro a alguém ou abrisse meu bico para a polícia.
b) Bom, essa era a pior de todas, devo admitir. Era mentir, sorrir dolorosamente e dizer que estava tudo bem. Que ele havia me pedido desculpas e que iríamos jantar no Johnnie’s no sábado à noite.
Por mais que a primeira opção fosse meu verdadeiro desejo, eu não poderia simplesmente abrir minha torneirinha. Porque se não...
— Ele me pediu desculpas. — Dei um mero sorriso.
Ela me encarou.
— Belatriz! O sujeito quase esmagou seus braços, e você acha isso normal? Você o perdoou? Nossa! Não acredito! — Sua voz era protestante e alta.
Acomodei-me no banco de madeira rústica no qual estava sentada. Do banco, podíamos ver a rua limpa, com crianças correndo para todo o lado, brincando de Pique. Atrás das casas, eu podia ver o mar radiante bem lá no fundo, num azul tão calmo e intenso que me fez suspirar calmamente antes de responder Louise.
— Olha... — Fiquei sem palavras.
— Você não aceitou sair com ele outra vez, não é? — Agora sua voz era esperançosa.
Ok. Não dava mais. Eu ia mentir.
— Ele apenas se desculpou. Disse que aquilo não iria mais acontecer e que ele ia se manter longe de mim. Aí, eu assumi o controle. Disse que ele não foi cavalheiro de fazer aquilo comigo e que se ele encostasse o dedo em mim mais uma vez, ele iria se arrepender. — Falei, num jorro, sem pausas.
Ela deu um sorrisinho e eu fiquei ainda mais tensa por ter mentido para ela.
— Que bom. Mas... Acha que ele vai se controlar?
— Ei, qual é? Não sou nenhum vício, Lou.
— Eu sei. Mas... — Ela mordeu o lábio inferior. — A questão é: O que levou ele a fazer isso? Você deu um tremendo fora nele. Garotos que levam fora ficam envergonhados.
— Pois é. Garotos têm diferentes tipos de comportamentos. Assim como nós, garotas. — Eu ri. — Mas, se ele se aproximar de mim, irei utilizar meus golpes de Karatê.
Ela riu.
E logo, para não ser “interrogada” de mais nada sobre minha conversa com Harry, mudei de assunto.
— Então, não vai me mostrar seu quarto? — Levantei-me, indo na direção da porta.
Certo, eu estava sendo muito oferecida convidando-me para entrar na casa de Louise, que eu já conhecia. Mas, se eu não mudasse de assunto, ela iria continuar me perguntando e eu iria continuar mentindo. E confesso que mentir é uma coisa que odeio fazer.
Fomos andando até a sala de estar. E tudo estava como na noite passada. O tapete peludo esticado no chão de madeira brilhante, o piano de calda — que brilhava com a forte luz solar que vinha da janela — as fotos de família na prateleira de vidro e quatro garrafas de cerveja na mesa de centro.
— Ei Louise, você bebe? — Perguntei.
Claro que eu sabia que Jimmy esteve ali. Mas eu perguntei só para saber qual seria a resposta dela, o que ela iria falar para mim, já que sou a melhor amiga dela.
Ela arregalou os olhos ao ver as garrafas ali na mesa.
— Não. — Ela me puxou para o outro lado da sala, onde ficava o piano. —Isso anda acontecendo.
— O quê? — Fingi ser uma tapada.
— Você jura que não conta para ninguém, o que vou te contar agora?
— Confie em mim. — Roubei a fala habitual de Jimmy, seu irmão. Ela olhou para os lados.
— Tenho um irmão falecido. — Respondeu.
Certo, isso eu já sei.
— Ele morreu em setembro. — Continuou ela. — E, durante todo esses tempo que passou, nós saímos de casa e quando voltamos, encontramos diversas garrafas de cerveja na mesa de centro.
Eu esperava ouvir isso. Mas queria ouvir mais. Muito mais.
— Jimmy faleceu acidentalmente e como meu pai é dono de uma fábrica de cervejas, acreditamos que ele pega cervejas no freezer e bebe, quando não estamos em casa.
— Jimmy?
Ela balançou a cabeça positivamente.
— Não podem ser os empregados?
— Não. Eles estão de folga hoje e como as garrafas apareceram, afinal? — Ela pausou, deliberadamente. — Ninguém sabe.
— Como assim? Quer dizer que...
— Meus pais acham que o espírito dele permanece aqui. Eu sei que isso parece idiota, mas é a única coisa no qual pensamos.
Estremeci.
— Hoje por exemplo, Belatriz. Quando cheguei do colégio, não havia nada na mesa de centro. Fui para meu quarto e quando desci para te atender, encontrei duas garrafas. E agora, são quatro. A coisa que mais me assombra é que estou sozinha em casa. Não há ninguém aqui. — Havia medo em sua voz.
— Nossa... — Foi a única palavra que consegui dizer.
— No meio da noite, costumamos ouvir barulhos. Isso acontece em várias noites, e eu e meus pais perdemos o sono, tentando encontrar uma solução concreta para entender o que é isso. Na semana passada, na madrugada, vimos diversas garrafas vazias na mesa se centro, e a lareira estava ligada. E apenas ligamos a lareira quando neva.
Ela estava transbordando em lágrimas.
— Jim teve alguns problemas, sabe? — Ela pausou um pouco — chegava drogado diversas vezes em casa e sempre deixava as garrafas de álcool exatamente onde elas estão.
— Drogado? — Perguntei, surpresa.
Ela secou as lágrimas que desciam automaticamente dos seus olhos.
— Ele não era o filho perfeito. Papai e ele viviam brigando. Jimmy fez muitas burradas na vida, de todos os aspectos, se é que você me entende. Mas quando voltou da reabilitação, mudou um pouco. Não se tornou um Playboy cheio de frescuras e todo perfeitinho. Mas, ele melhorou bastante. Mas logo...
— Foi no ônibus incendiado, não foi?
Ela pareceu surpresa.
— Sim.
Sentei-me no banco do piano e passei meus dedos delicadamente pelas notas.
— Eu li no jornal, há um tempo atrás. — Murmurei. — Ele salvou minha irmã mais nova e a babá.
— A Ana. Ele realmente foi um cavalheiro. — Ela se sentou na poltrona amarela, perto de mim. — Bom, pelo menos foi um cavalheiro aquele dia.
—Geralmente ele não costuma ser. — Tentei rir, mas logo percebi o que eu havia falado.
— O quê? — Louise franziu o cenho.
Desastre. Sou um verdadeiro desastre.
— Louise, preciso ir. Tenho que cuidar de Ana e passar no...
— Belatriz? — Louise me chamou.
Antes de responder qualquer coisa a Louise, eu já havia saído da casa, deixando-a ali com seu falecido irmão, que estava sentado no sofá, tomando cerveja.
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