The man that's never grown up escrita por Maga Clari


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ele não se lembrava de nada


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos, vou fazer sempre capítulos curtos, lidem com isso u_u



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Ele não se lembrava.

Ele não se lembrava de seu nome.

Por algum motivo, isso parecia importante, mas ele não se lembrava de jeito nenhum.

Certo dia, um dia que ele nunca soube de fato qual era, acordou numa cama de armar, enrolado em cobertores quentes e mofados.

Uma mulher com um coque desalinhado e óculos na ponta do nariz lhe chamou:

— Ei, garoto. Sua família veio lhe buscar.

— Família? — ele apertou a testa — Quem lhe disse que tenho família?

— Agora você tem. Ande logo, James.

— James? Meu nome não é James. Bem, pelo menos, não que eu saiba.

— Agora você tem esse nome, garoto. Ande logo! Se apronte e suma logo daqui.

James coçou a cabeça, sentindo-se desorientado. Arrisco dizer atordoado. Ele não se lembrava de coisa alguma. E por algum motivo, sabia que aquele não era seu nome. Mesmo sem se lembrar de fato qual era.

— Ande logo, James! O que está esperando?

O olhar feroz da mulher o fez levantar do quarto abarrotado de crianças e correr para a rua, com somente a roupa do corpo, quando uma moça educada puxou-lhe a camisa:

— Ei! — ela disse, e sua voz era doce — Aonde você vai, James?

— Espera, você me conhece?

— É claro que sim — e ela sorriu o mais alegremente possível — Sou sua nova mamãe.

— Eu não tenho mamãe.

— Agora tem.

E por algum motivo, aquilo lhe deixou nervoso. Tremia dos pés a cabeça, e a qualquer momento fugiria como um dia o fizera, apesar de não se lembrar.

— Desculpa, senhora, mas... — e então, sua voz sumiu. Foi ao vê-la: ali, logo atrás da moça. Seus olhos eram grandes e castanhos. E ela parecia estudá-lo vorazmente, e ao mesmo tempo, lhe trazia uma estranha sensação de paz — Hã... O que eu ia dizendo?

— Ah! Dê-me a sua mão! Já está tudo resolvido! Vamos pra casa!
A moça sorriu e bagunçou seu cabelo. Mas James não desgrudou os olhos da menina que devia ter por volta dos treze anos, a mesma idade que ele.

— Ah! Esqueci-me de apresentá-los! James, esta é Sofia.

— Olá, Sofia — James estendeu a mão.

— Olá, James — ela agarrou a mão dele, e seus olhares se perderam no espaço por alguns instantes.

A moça voltou a tagarelar:

— Sofia é minha afilhada. Por sorte ela tem a mim, senão estaria num orfanato que nem você. Mas não se preocupe, querido! Agora estaremos todos bem! E ah, meu nome é Dulce! Mas me chame de mamãe. Por favor.

Seu sorriso era sincero. No entanto, havia algo estranho em tudo aquilo.

James teve medo de desmaiar durante a caminhada. E ele de fato já teria fugido. Se não fosse por Sofia, é claro.

James a conhecia de algum lugar. De algum lugar onde ambos tinham outros nomes, disso ele tinha certeza. Então perguntou:

— Você já foi a um orfanato, não foi?

Sofia balançou a cabeça negativamente sem dizer nada.

— Então de onde conheço você?

Sofia esperou que sua madrinha ligasse o carro para falar ao menino segundos antes que ela voltasse a procurá-los:

— Você já apareceu na minha casa.

— Não, não, de jeito nenhum. Eu nunca saí daqui.

— Você me deu um beijo!

— Beijo? Eu nunca beijei na vida!

Sofia sorriu de canto e tirou um anelzinho do bolso. Abriu a palma da mão de James e colocou-o lá.

— Um presente. Até você se lembrar de mim.

Mas James não conseguia se lembrar.

E foi por esse motivo que não fugiu de casa.

Não dessa vez.


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