Dias depois...

P.O.V Da Sam

— Merda! - Tive que desligar meu celular.

O Benson não parava de me ligar, ele sempre deixava um recado na caixa postal e me mandava um monte de torpedos.

'Precisamos conversar.'

'Por favor, atenda!'

'Quero muito falar com você.'

'Quero te ver. Por favor, não me ignore...'

Eram diversas mensagens desse tipo. Não respondi nenhuma.

— O que foi, loira? - Nevel perguntou notando o meu aborrecimento.

— Aquele cretino topetudo não para de me incomodar. Já me mandou umas 500 mensagens. - Bufei irritada.

— Uau! - Arregalou os olhos.

— Hoje ele me ligou 23 vezes. Vou ter que mudar de chip. - Enfiei o celular no bolso.

— E você não está curiosa para saber o que ele quer? - Indagou pegando o controle remoto.

— Nem um pouco... - Neguei. - Estou com o Rixon. Tenho que ir, marcamos de nos encontrar no shopping. - Falei.

— Se divirta e juízo, hein? - Ligou a TV.

— Tá, papai! - Ironizei. - Tchau, loirinho! - Me despedi.

— Tchau, fofa! - Acenou.

Coloquei minha jaqueta e fui embora.

[...]

Você viu aquilo? - Perguntei entre risos.

— Vi sim. - O ruivinho começou a rir também.

— O refrigerante até saiu pelo nariz dele. - Minha risada virou uma gargalhada.

— Foi engraçado e nojento. - Comentou. Ele tinha razão.

— Posso provar a sua Vitamina? - Perguntei.

— Pode, só não vai expelir ela pelo nariz. - Ele já estava todo vermelhinho de tanto rir.

— Eca! - Comecei a rir de novo.

Me inclinei para sugar um pouco da Vitamina dele. A minha era de morango e a dele era de banana com abacaxi.

Rixon se inclinou para me roubar um selinho. O selinho virou um beijo de tirar o fôlego.

Assim que encerramos o beijo, sorri e acariciei seu rosto. Suas sardas eram fofas demais, ele retribuiu o sorriso mostrando as covinhas. Fitei seus olhos azuis.

— Que tal irmos ao Pop Karaokê hoje à noite? - Sugeri.

— Boa ideia. - Aprovou.

E ficamos ali na praça de alimentação lanchando e nos divertimos à beça.

Compramos bonés da mesma cor e camisetas com frases legais. Ele comprou um moletom para mim e eu comprei uma jaqueta bem bacana para ele.

Rixon era um cara super gente boa e me tratava super bem, ele era muito carinhoso e atencioso.

[...]

P.O.V Do Freddie

Eu estava sem ânimo para nada, minha rotina era ir para o trabalho, voltar para casa e ir dormir. Estava tão triste que até fazia minhas refeições sem apetite algum. Eu estava sozinho. Meu gato estava sumido, eu sentia muito a falta dele.

Tentei entrar em contato com a Sam, mas ela não atendia minhas ligações e nem respondia as minhas mensagens.

Quando a campainha tocou naquela sexta-feira, corri para abrir a porta cheio de esperança.

Não era ela. Infelizmente não era a loirinha.

— Que cara de condenado é essa? Maninho, você está acabado! - Minha irmã de consideração disse entrando.

Suspirei, aquilo era verdade. Eu estava me sentindo um lixo.

— Vim aqui para te trazer isso! - Me empurrou umas revistas.

— Tá me estranhando? Eu não curto ficar folheando revistas de mulherzinha não! - Falei tentando entregar para ela.

— Cala a boca, senta aí e olhe, são catálogos e revistas de Lingeries. - Me empurrou para o sofá.

— Carly, eu não vou...

— CALADO! - Gritou comigo. - EU NÃO TÔ PEDINDO, EU TÔ MANDANDO! - Seu grito saiu histérico.

— Tá bom, se acalma... - Sentei com medo dela.

Ela estava grávida e segurava uma bolsa.

— Olha logo! - Me lançou um olhar daqueles. Cruzes!

Enguli em seco, fiz o que ela pediu, na verdade, ordenou.

— Mas o que... - Encarei a capa da revista. Olhei para a Carly que sorria feito o Coringa.

— A SAM POSOU DE LINGERIE, EU PIREI! ELA ARRASOU, NÃO ACHA? - Gritou surtada.

Olhei para a capa de novo.

"Puta que pariu!"

Comecei a folhear o catálogo.

Eram várias fotos. Uma mais sensual e ousada que a outra.

"Puta merda!"

— Quando eu estava comprando na barraquinha aqui perto, logo formou uma fila de garotos para comprar as revistas. Uau! A Sam tá arrasando! - Disse empolgada.

"Caralho!"

— Freddie? - Eu não conseguia falar nada. - Caramba! Estou falando com você! - Me deu uma forte bolsada.

"Ai, cacete!"

— Como... Como ela foi capaz de... De fazer isso? - Apontei para a foto onde a loira estava cobrindo os seios com o braço, ela estava usando uma micro-calcinha.

— Ai, maninho, vai me dizer que não gostou? - Cruzou os braços sorrindo com malícia.

"Claro que não, porra!"

— Eu... É... - Balancei a cabeça.

— Admite logo que está com ciúmes, afinal, centenas de gatinhos podem comprar a revista! - Aquilo era verdade.

— Quer saber? Eu tô sim. Estou quase tendo um treco de ciúmes! - Confessei, eu tremia e sentia o meu sangue ferver.

— Eu sabia! - Bateu palmas. - Você está precisando relaxar, sabia? A gente vai sair hoje, você, eu e o Brad, o que acha? Vamos te pegar às 18:00, ok? - Sugeriu.

Apenas assenti.

— Faça a barba. Arrume o cabelo. Você está parecendo aquele pobre sem-teto que pede esmola lá no Vitamina da Hora! - Falou, séria.

— Okay, mamãe! - Fui irônico.

[...]

P.O.V Da Sam

Coloquei um vestido vermelho-cereja por cima da minha legging preta. O vestido era de alcinhas, com saia rodada e com um decote discreto. Decidi usar sapatilhas. Fiz uma maquiagem leve e bem básica.

— Você está linda! - Meu amigo aplaudiu.

— Valeu, loiro! - Sorri para ele.

Rixon era pontual, ele veio me pegar no carro do pai dele.

Quando chegamos no Pop Karaokê, eu tive o desprazer de rever aquele nerd imbecil...

Benson estava com a irmã e com o cunhado. Ele fechou a cara quando me viu de mãos dadas com o ruivinho.

Logo desviei o olhar e fomos nos sentar.

Notei que ele não tirava os olhos de mim. Fiz questão de trocar muitas carícias e beijos com o Rixon.

Nem Carly e nem Brad haviam me visto. Era melhor assim.

O ruivo não se importava com o fato de eu ter posado apenas de lingeries.

Não estávamos namorando, estávamos ficando apenas. E nosso lance estava ficando sério. Fizemos sexo uma vez e eu queria repetir àquela noite.

[...]

Estávamos ali para nos divertir e cantar. A comida também era boa. E eu iria mostrar meu talento arrebentando no Karaokê.

Me levantei confiante. Rixon me incentivou.

Eu já tinha a música perfeita em mente.

Assim que peguei o microfone, olhei para todos ali.

Brad e Carly finalmente me viram. Eles sorriram e acenaram. Retribuí o sorriso. Eles não tinham culpa de nada. Foi o Benson que vacilou comigo.

Comecei a cantar.

Aquela música era um recado para um certo moreno.

"Venha comigo
Fique a noite
Você diz as palavras, mas, garoto, isso não parece certo
O que você espera que eu diga?
Você sabe que é um pouco tarde demais "

Cantei olhando diretamente para ele.

"Você pega minha mão e diz que mudou
Mas, garoto, você sabe que suas juras não me enganam
Porque isso para você é só um jogo
Você sabe que é um pouco tarde demais"

Eu queria deixar bem claro para ele se tocar e parar de me importunar.

"Então, me deixe
Porque o tempo me fortaleceu
Eu estou começando a seguir em frente
Eu vou dizer isso agora
Sua chance veio e foi
E você sabe"

Aumentei meu tom.

"Está um pouco tarde demais
Um pouco errado demais
E eu não posso esperar
Garoto, você sabe todas as coisas certas a dizer
Você sabe que está um pouco tarde demais"

Aquela música expressava o que eu sentia...

"Você diz que sonha com o meu rosto
Mas você não gosta de mim
Você gosta somente da conquista
Para ser realista, isso nem importa mais
Você sabe que é um pouco tarde demais, yeah
Yeah, está um pouco tarde demais"

Eu ainda estava muito magoada.

"Eu era jovem e estava apaixonada
Eu te dei tudo, mas ainda não era o suficiente
E, agora, você quer se comunicar
Você sabe que é um pouco tarde"

Senti vontade de chorar. Me controlei.

"Vá achar outro alguém
Eu estou deixando você ir, eu estou amando a mim mesma
Você tem um problema
Mas não venha me pedir ajuda
Porque você sabe
Está um pouco tarde demais"

Fechei os olhos, contendo as lágrimas.

"Um pouco errado demais
E eu não posso esperar
Garoto, você sabe todas as coisas certas a dizer
Você sabe que está um pouco tarde demais"

Me concentrei na letra.

"Você diz que sonha com o meu rosto
Mas você não gosta de mim
Você gosta somente da conquista
Para ser realista, isso nem importa mais
Você sabe que é um pouco tarde demais"

Abri os olhos e voltei a encará-lo.

"Eu posso amar com todo meu coração, querido
Eu sei que eu tenho muito a dar (Eu tenho muito a dar)
Com um conquistador como você, eu não tenho chances
Isso não é jeito de viver (Oh, não)
É um pouco tarde demais
Está um pouco tarde demais
Um pouco errado demais"

Continuei cantando, me mantendo firme.

"E eu não posso esperar
Garoto, você sabe todas as coisas certas a dizer
Você sabe que é um pouco tarde demais
Você disse que sonha com o meu rosto
Mas você não gosta de mim
Você gosta somente da conquista
Para ser realista, isso nem importa mais
Você sabe que é um pouco tarde demais"

Eu estava dando o meu melhor. Não desafinei.

"Você sabe que é um pouco tarde demais
Está um pouco tarde demais
Um pouco errado demais
E eu não posso esperar
Garoto, você sabe todas as coisas certas a dizer"

Estava quase finalizando a música.

"Você sabe que é um pouco tarde demais
Você disse que sonha com o meu rosto
Mas você não gosta de mim
Você gosta somente da conquista
Para ser realista, isso nem importa mais
Você sabe que é um pouco tarde demais"

Finalizei a música e me senti orgulhosa. O recado estava dado.

[...]

Decidi tomar um ar, Rixon foi dar uma palavrinha com um primo que estava ali, ele ficou conversando e eu fui lá para fora...

Respirei fundo e soltei o ar. A brisa noturna batia em meu rosto. Parei ao lado de um carro.

— Sam? - Ouvi aquela voz.

— O que você quer? - Me virei para o Benson.

— Precisamos conversar, eu...

— Não temos mais nada para conversar. - O recado não havia sido o bastante?

— Mas Sam, nós ainda...

— Nunca existiu 'nós'! - Usei suas palavras. As que mais me machucaram no dia que ele me dispensou.

— Por favor, Sam, apenas...

— Não, Benson! Eu não quero ouvir! - Tentei sair dali, mas ele segurou meu braço.

— Eu sinto muito por...

— Engula suas palavras! - O interrompi sendo rude. - Agora me solta! - Puxei meu braço. - Meu namorado está me esperando lá dentro. Pare de me importunar. Agora se me der licença, vou voltar para perto do cara que está me fazendo feliz... - Olhei em seus olhos. - Não estrague a minha noite, eu ainda pretendo encerrar essa noite incrível na cama com o meu namorado! - Deixei bem claro para ele.

Me afastei e voltei para dentro do Pop Karaokê, o deixando ali sem palavras após eu ter dito aquilo.