Eu até podia estar morto, mas ainda conseguia ouvir aquela risada boba por ter descoberto algo novo, os passos de empolgação da mulher em querer compartilhar o que tinha descoberto. E todo esse tempo que a conheço apenas a observei de longe e sem mais, a xingava e a tratava de maneira fria afinal eu estava sendo certo agindo como eu agia? Talvez, na minha cabeça sim, mas com o tempo  pude ver a distância entre ela e eu se tornando algo grande.

Ela não me procurava mais para seus relatórios sobre as criaturas detestáveis que a quatro olhos orgulhosamente defendia com unhas e dentes, já eu  Levi Ackerman falava que era perca de tempo, pois titãs não passavam de seres imbecis. Por um bom tempo me senti um fantasma, apenas servia para matar sendo quem sou.

Minha rotina era a mesma, ia para missões matava certa quantidade de titãs e às vezes livrava a retardada da Hanji de ser morta, pois vendo como era o seu esquadrão preferia fazer eu mesmo isso, contudo sempre que matava o titã e a quatro olhos se livrava das mãos dele, me olhava irritada e saia bufando do local montada em seu cavalo sem dizer nada.

Tinha cometido um erro? Não que me lembre, EU salvei a vida dela, a merda da vida dela várias vezes e é assim que me trata? Da próxima vez vou me divertir vendo o titã a devorar. A quem eu quero enganar, se Hanji morresse não seria um dia feliz e sim um dia depressivo principalmente para mim, pois toda a alegria que ronda aquele quartel quando a cientista louca está por aí  levando alguns recrutas consigo isso tudo estaria perdido. Além disso, sua morte passaria na minha cabeça várias vezes e então me sentiria vazio, se é que um dia fui completo.
    
     -*-

Em um dia rotineiro como todos, iríamos a uma missão fora das muralhas, seria algo bem simples pegar dois titãs e voltar com todo o esquadrão, pelo menos era isso o que Erwin pretendia mesmo assim era previsível que aconteceria baixas e talvez nem todos voltassem, só não esperavam que logo eu, o soldado mais forte da humanidade acabasse como um pedaço de carne.

Iria um grupo pequeno, apenas o meu esquadrão e o da retardada, de início era algo calmo ainda não tinha aparecido nenhum titã o que de fato era estranho, normalmente aparecia logo no início ou depois de separamos o grupo.

Estava quieto demais no lado esquerdo, já havíamos percorrido quase toda aquela floresta e nenhum titã apareceu, decidi voltar de encontro com o grupo da Hanji, talvez eles já tivessem encontrado e poderíamos voltar logo sem riscos de alguém ferido.

Quando finalmente chegamos ao encontro do esquadrão de pesquisas, meus olhos se arregalavam e o ar faltou por poucos segundos. A quatro olhos estava encurralada entre dois titãs de cinco metros.

Olhei pelos lados procurando seu esquadrão, não os achei até fitar a direção da onde Hanji tinha surgido, uma poça de sangue logo adiante, algumas cabeças pelos lados além dos restos dos corpos, aquilo já respondia a minha pergunta, eles estavam mortos e bem provável a retardada tinha sido a culpada, bem provável que também tinha colocado seu amor por titãs na frente das vidas de seus subordinados, tinha conhecimento da loucura dela, mas não sabia que chegava a ser tanta a ponto de sacrificar vidas, VIDAS. Onde afinal Hanji estava com a cabeça?

 No fim, disso os soldados e ate mesmo Moblit tinham virado pedaços de carnes, bela merda Hanji. A única coisa que não se encaixava de jeito nenhum era por qual motivo não usaram o sinalizador? Teríamos chegado a tempo e salvado a maioria deles ou pelo menos alguns se não todos de uma vez.

Hanji gritava querendo ajuda, ela já tinha nos visto ali, por instinto meus recrutas foram ao encontro dos titãs enquanto a quatro olhos fugia, contudo foi descuidada a ponto de ser pega por uma daquelas bestas, o grito passou pelos meus ouvidos, sendo uma forma de despertar meu lado assassino, não esperei muito para saltavar do cavalo, prendendo os cabos tridimensionais diretamente na nuca do titã, ele não era tão alto e também nem tão baixo, tinha estrutura mediana de um titã de cinco metros.

O sangue espirrava para todo lado, sujando as minhas roupas como parte do meu rosto, tinha ouvido o som do corpo dele caindo do chão e logo se transformar em fumaça junto ao sangue em minhas roupas, aquilo tinha acabado? Acabei me enganando, estava tudo calmo, estávamos prontos para ir embora e dizer as baixas para Erwin, onde agora Hanji trabalharia sozinha, estávamos novamente em formação, porém mais titãs surgiram dessa vez de tipos e tamanhos diferentes meus recrutas que estavam distraídos acabaram sendo pegos de surpresa por um titã aranha, que na verdade só tem esse apelido por andar parecendo uma além da cabeça medonha que mete medo em muitos novatos.

Procurei por algum recurso rápido que me tirasse do chão, alguma pilastra ou uma árvore suficiente rápida, não tinha.

As árvores estavam longe, a área que estávamos era limpa de árvores ou qualquer construção velha. Meu cavalo? Um belo de um inútil serviu mais para atrapalhar do que para ajudar, acabou se assustando pelos titãs de quinze metros, colocando as patas para correr longe dali, tsk.

Fiz como fui treinado, treinado com um único objetivo matar titãs. Era isso que me transformei no fim das contas, uma máquina de matar seja humano ou não era sempre requisitado para esse tipo de coisa.

Grudei os ganchos no chão, desviando do titã que vinha na minha direção, tomei impulso para parar no outro lado em um movimento rápido fiz os ganchos do aparelho tridimensional ficarem grudados nas costas a distância era o suficiente para acertar a nuca.

Bingo, como previ mentalmente um corte certeiro na nuca derrubando o titã, já os outros não demoravam a sumir da minha vista, mas aquilo tudo estava calmo demais, era apenas parte da rotina matar titãs , éramos máquinas de matar, era isso o que a tropa explotoria fazia na maior parte do tempo afinal.

Assim que acabei de mata lós,  resmungava baixo por ter me sujado, a questão que ainda faltava um titã, e nenhum tempo durante aquela batalha teve a aparição dele o que não demorei nada a estranhar e nem mesmo ouvi os gritos de Hanji, seria possível?Hanji tinha morrido?

Assobiava esperando que o cavalo escutasse, mas cada segundo fazia meu coração se apertar, não sabia como ela estava, e temia pelo pior.

Finalmente ele chegou, não demorei nada para monta lo, seguindo meu caminho até às árvores, " quatro olhos de merda, não morra, não agora" repetia aquilo mentalmente achando que de alguma maneira fosse me acalmar.

E lá estava, Hanji em cima de uma das árvores esperando por ajuda quando me viu pediu silêncio com os lábios  olhei em volta e via que o titã aranha não era o único a querer devora lá.

Por único minuto, deixei o impulso me comandar matando sem pensar antes em alguma saída para os dois saírem ilesos daquela situação, derrubava um atrás do outro, menos o aranha que tentava me pegar com a boca dando pulos cada vez que raspava perto de onde estava.

Foi então que um grito de agonia teve a minha atenção, distraído o titã se aproveitou disso para que me engolisse de uma vez, e a última coisa que vi foi o rosto choroso de Hanji que também estava sendo levada por um titã novo naquele espaço.

— Hanji - se pegou gritando ao mesmo tempo em que esticava um dos braços como se fosse possível tirá lá de lá.

Ele não ouviu, mas ela disse, - Por favor, não morra.

—*-

Acordei soando, levei os dedos até as têmporas massageando o local de leve, aquilo tudo tinha sido um sonho? Quer dizer um pesadelo?

Eu não estou morto?E nem Hanji? Hanji... Não esperei nenhum segundo se quer em levantar da cama, indo até o centro de pesquisas onde provavelmente a mulher se encontrava nada, nem um resquício dela quando cheguei lá.

Os cadetes me olhavam assustados, meus cabelos estavam bagunçados e meu rosto não estava em seus melhores estados, mas isso não era o assustador de tudo e sim ter circulado pelo quartel de pijama atrás da quatro olhos de merda.

Ouvia os murmúrios e aquilo cuidaria depois, tinha outros interesses me preocupando.

Procurei no refeitório, nada, nos estábulos também nada dela. Cheguei até ir ao banheiro feminino ouvindo gritos assustados de menores por um superior ter invadido aquele estabelecimento em questão.

Pedi a deus se é que existe um que Hanji estivesse bem, por fim sobrou apenas o quarto dela e lá estava em meio à bagunça de vários papéis e livros a comandante do centro de pesquisas dormia de maneira serena, pude saber o que era respirar agora, dei passos lentos até onde a morena estava a pegando no colo e colocando em sua cama, me ajeitei naquele espaço colocando meu corpo colado ao seu, beijando sua nuca de leve dando uma breve mordidinha ali, - Eu amo você quatro olhos - e enfim dormi agarrado ao corpo dela.

Hanji por outro lado, dormia feita pedra tendo o melhor sonho da vida dela, um local florido onde rodopiava em meio às flores rindo de maneira alegre, e um pouco mais longe estava ele, o homem da sua vida, podia teimar o quanto quisesse Levi Ackerman sempre seria o dono do seu coração.

— Eu amo você baixinho