POV Percy

Convenci Annabeth a ir para o meu apartamento, depois da janta.

Nós vimos filme até dormimos. Eu acordei primeiro que ela e preparei nosso café.

Quando voltei para o meu quarto, Annabeth estava de roupa íntima, tentando abotoar seu sutiã na frente do espelho, ela havia acabado de sair do banho.

Sorri e fui até ela.

—Posso te ajudar? —falei chegando até Annabeth e a olhando através do espelho.

—Por favor —Annie sorriu. Abotoei seu sutiã, já que ela não estava conseguindo.

A abracei por trás e coloquei meu queixo em seu ombro. Annie colocou sua mão em cima da minha e ficamos nos olhando através do espelho.

Ela é tão linda... Ficou ainda mais nesse tempo. Eu não sei mais descrever o quanto gosto dela. Annabeth é tudo que eu sempre sonhei. Mesmo com nossas brigas, nossas diferenças...

Eu a amo, muito. E eu queria tanto ter um filho, ou filha com ela, sabe... Uma prova do quanto a gente se ama, mas a gente nunca teve uma conversa sobre isso.

Tudo bem, nós somos novos, mas eu acho que falar disso, fazer planos, não vai atrapalhar nada.

—O que foi? —ela sorriu me tirando dos meus pensamentos.

—Você é tão linda —beijei seu ombro e a olhei novamente. —Eu quero ter um filho com você. —falei por impulso.

Annabeth olhou para o chão suspirando.

—Eu sei, Percy —ela tirou minhas mãos dela e foi até o closet.

—Falei algo de errado? —disse a seguindo.

—Não —ela vestiu uma roupa.

—Por que você fechou a cara?

—Percy, eu não quero ter essa conversa —ela disse me olhando.

—Mas a gente precisa...

—Você fez alguma coisa pra comer? —ela disse passando por mim e saindo do quarto —Estou faminta.

—É... Eu fiz torrada —desci as escadas atrás dela. —Qual o problema? —falei quando chegamos na cozinha. Me sentei no balcão, enquanto Annabeth pegava seu café.

—Nenhum —ela respondeu.

—Já falei sobre mentir —suspirei. Annabeth me olhou.

—Não quero brigar com você.

—E a gente não vai —fui até ela e a virei pra mim. —O que foi? Eu só falei que...

—Eu não posso te dar um filho, Percy. Não agora. —ela pegou seu prato e sentou no balcão.

—Eu sei, você vai acabar os estudos e...

—E arrumar um emprego, trabalhar, ter uma independência financeira... E isso vai demorar muito —ela disse sem me olhar.

—E eu vou esperar —sentei ao seu lado e coloquei seu cabelo atrás de sua orelha.

—Como sempre —ela me olhou. —Eu não posso fazer isso com você.

—Como assim?

—Te fazer perder esse tempo por causa de mim.

—Pode parar —me levantei com raiva. Caramba! Será que ela ainda não percebeu que eu sou capaz de tudo por ela? —Annabeth, eu já te falei pra acabar com essa sua insegurança.

—Não é isso —ela se levantou também. —Não é insegurança. É lógica! Você abandonou a profissão do seus sonhos por mim, que era biologia marinha. Você faz tudo por mim, Percy!

—Porque vale a pena!

—Não vale —ela sentou novamente. —Percy você é um homem feito...

—Para com isso —apoiei minha cabeça na parede. Não quero mais ouvir que ela não é suficiente. Isso está me enlouquecendo.

—Você merece mais. Você merece uma mulher bem sucedida, que te dê filhos e...

—Chega —a olhei —eu não suporto mais ouvir isso. Annabeth... Como você é capaz de falar isso pra mim?

—É o que eu penso, Percy. Desculpa mas... Você não sabe o que eu sinto quando você fala isso... Eu queria tanto fazer tudo o que você quer —ela colocou a mão no rosto.

—E o que eu sinto... Isso não vale? Como você acha que eu sinto quando você fala isso? Parece que tudo o que eu faço pra você não significa nada. Caramba, garota! Eu sou totalmente louco por você e você simplesmente ignora isso.

Annabeth olhou para o chão.

—Desculpa —ela disse —eu não devia ter falado isso.

—Annabeth —fiquei na sua frente —mesmo se eu tivesse outra mulher, ou filhos... Qual o sentindo disso tudo se não fosse com você?

Ela me olhou e eu vi que ela se arrependeu de ter falado aquilo tudo... Mas não adianta ela fazer isso se não mudar.

—A gente está a sete anos juntos. Eu vou esperar o tempo que você quiser, eu vou respeitar a sua hora. Então, por favor, para de falar essas coisas pra mim.

Fui até o sofá e me sentei. Coloquei as minhas mãos em meus cabelos e olhei a vista. Annie e eu tínhamos nos resolvido e agora brigamos... Odiava quando acontecia isso.

—Amor —Annabeth vinha até mim. —Sério, me desculpa.

—Tá tudo bem —suspirei.

—Tá mesmo?

—Aham.

Annabeth sentou em meu colo e ia colocar sua mão em meu pescoço, mas eu segurei seu punho, não a deixando me tocar.

—Eu não vou me deitar com você. —falei, afastando sua mão de mim.

—O quê? Por quê?

—Porque eu estou cansado disso. De demonstrar o quanto eu te amo e você não ligar pra isso.

—Percy, é claro que eu ligo! Eu te amo!

—Então me prova isso.

—Como?

—Para de achar que não é suficiente. Para com essa insegurança.

—Eu vou parar —Annabeth aproximou o rosto pra me beijar, mas eu virei o meu.

Nos olhamos. Ela parecia inconformada, mas eu não podia simplesmente a levar pra cama e fingir que tudo estava bem, porque se eu fizesse isso, tudo voltava ao normal.

Escutei o celular de Annabeth tocar. Ela suspirou e foi até o celular e o atendeu.

—É claro, a gente vai sim —ela disse e eu vi que sua voz estava de choro. —Eu estou, daqui a pouco a gente tá aí. Ok, beijo.

Ela se virou pra mim e limpou o rosto, ela havia começado a chorar. Queria a beijar e limpar suas lágrimas. Mas não é só ela que está sofrendo.

—Hoje é a inauguração da oficina da Caly e do Leo.

—Tudo bem. Vou me trocar —subi as escadas.

POV Jason

Todo mundo ia conhecer a oficina do Leo e da Calypso hoje. Combinamos de ir às 9.

Não dormi muito bem, fiquei trabalhando até tarde.

Eram 8:30 quando eu acordei. Levantei correndo e entrei no chuveiro.

(...)

Estava pronto pra sair depois de uns vinte minutos. Como isso é Nova York, o trânsito estava uma bagunça. Mas estava tudo bem, chegaria lá cedo ou tarde.

POV Piper

Passei o endereço pra Calipso e depois de uns 20 minutos, ela e Leo chegaram.

Tyler explorava o apartamento enquanto isso.

Quando abri a porta, Calypso deu um leve grito e me abraçou, me fazendo rir.

— Também senti saudades — abracei-a.

— Oi, Pipes — Leo me abraçou.

— Senti saudades de você também — sorri.

— Mamãe, eles chegaram? — Tyler veio correndo, mas parou quando os viu — Oi.

— Oi, Tyler — Calipso sorriu.

— Como sabe meu nome?

— Eu visitei você quando era bebê, meu nome é Calipso — ela sorriu.

Leo me encarava boquiaberto. Literalmente.

— Esse é o Leo — Calipso continuou — meu namorado — ela cutucou as costas de Leo.

— Ahm... E aí? — Leo sorriu e esticou o punho cerrado, como se para Tyler retribuir o soquinho, e assim ele o fez.

— Oi...

— Então — falei — melhor irmos, né?

— Ah... Claro — Calipso sorriu — ainda querem passar na sorveteria?

— Sim! — Tyler sorriu e saiu correndo pro elevador.

— Tyler, devagar! — o gritei e Calipso o seguiu.

— Você teve um filho? — Leo sussurrou.

— Parece que sim, Valdez.

— Você se casou?

— Não...

— Calipso sabia de tudo isso?

— Sim, as meninas sabem de tudo — 99% verdade. As meninas sabem que eu tive um filho, Calipso sabe que tive um filho e ela também sabe quem é o pai... Não queria comentar nada, foi há muito tempo. Tyler e eu éramos felizes sem ele.

— Ah meu Deus!

— Vamos logo, Leo — eu ri da expressão dele.

POV Thalia

Desci bem cedo pro Central Park pra correr. Gostava de me exercitar ali, de manhã era muito bonito.

As vezes Luke ia comigo. Mas hoje não o acordei, ainda estava brava com todo o mistério que ele vem fazendo, mas o pior é ele não perceber que estou brava.

Depois de uma hora correndo, fui comprar um café na cafeteria que costumava ir sempre, era bem em frente de lá.

— Esse lugar tá ocupado? — me virei e vi Luke sorrindo e segurando a beirada do banco ao meu lado no balcão.

— Não — disse calmamente.

— Por que não me acordou? — ele beijou meu rosto e se sentou.

— Não me beija — afastei-o — eu estou suada.

— E daí? — ele sorriu.

— Ah... Tá, é melhor irmos, Leo e Calypso combinaram de irmos as 9, e já são...

— 8:45 — ele disse.

— Droga, estou atrasada. Eu preciso tomar banho... — peguei meu café e me levantei.

— Você tá bem? — Luke me acompanhou pela rua até entrarmos no elevador do prédio.

— Aham — falei sem olhar pra ele.

— Tá brava?

— Não sei, eu estou?

— Parece.

— Então eu pareço brava.

— Foi o que eu disse.

Olhei-o calmamente.

— Você é a rainha das brigas passivo-agressivas.

Nesse momento as portas do elevador se abriram no nosso andar.

— Obrigada — olhei-o e sai.

— O que eu fiz?

— Você fez alguma coisa? — perguntei.

— Eu não sei!

— Então como eu saberia? — abri a porta e fui direto lá pra cima tomar banho.

Tranquei a porta do banheiro e joguei minhas roupas no canto.

Como ele pode ser tão alheio a isso tudo?

Tomei um banho rápido e saí enrolada na toalha.

— Desculpa — Luke disse quando abri a porta do banheiro. Ele estava sentado na cama, de frente pra porta.

— Por? — fiquei parada encarando-o.

— Pelo que eu fiz.

— O que você fez?

— Te deixei brava.

— Essa foi a consequência — falei e fui até o closet.

— Se você falar o que eu fiz que te irritou, talvez eu possa entender e...

— Esquece isso. Estou bem.

— Não está... Esse é sua raiva passivo-agressiva!

— Tá bem — me virei pra sair pela porta, mas dei de cara com Luke, que estava escorado nela — Tudo bem, olha, eu estava preocupada com você chegando tarde a semana toda! Você chegou tarde na segunda...

— Eu passei na cafeteria.

— Na terça — continuei.

— Saí com o Percy...

— Na quarta, na quinta e na sexta!

— Eu trabalhei até tarde!

— Mas não é só isso, você tem agido estranho, quase misterioso.

— Acha que estou te traindo?

— Eu deveria?

— Não! Thalia, por que eu te trairia? Estamos juntos a sete anos, moramos juntos e você é a melhor namorada do mundo! Eu te amo e nunca te trairia...

— Eu sei... — falei olhando pro chão.

— Então qual é o problema? — Luke acariciou o meu rosto e o ergueu para que eu o olhasse.

— Sei lá... A gente trabalha o dia todo e eu mal te vejo... A gente só tem tempo de conversar direito a noite e agora quando você chega eu já fui dormir! Eu quero ficar com você...

Luke sorriu e se inclinou pra me beijar.

— Desculpa, eu realmente tenho trabalhado até mais tarde ultimamente, mas vou tentar chegar o mais cedo possível pra gente ficar junto — ele me olhou — tá?

Fiz que sim e sorri.

— E eu não sou a rainha das brigas passivo-agressivas!

— É sim — ele sorriu — mas eu te amo.

— Também te amo — Luke me observou — tá... Com licença, vou trocar de roupa — disse empurrando-o pra fora do closet.

— Por que eu preciso sair?

— Luke!

Nessa hora, o telefone dele começou a tocar.

— Vai lá atender — falei.

Luke sorriu e saiu pra atender o telefone.

POV Luke

Tá bem. Eu fiquei a semana toda até tarde fora, mas não estava no trabalho. Quer dizer, eu ficava no escritório... Mas não trabalhando... Muito menos traindo a Thalia! Quando eu queria pensar no que fazer, eu ficava até tarde no trabalho, ou se não saía andando pela cidade. Eu gostava de fazer isso, me ajudava a pensar. E no momento... Estou pensando em como pedir a Thalia em casamento.

(...)

— Quem era? — Thalia chegou na sala quando desliguei o telefone.

— Era do trabalho.

— Você não tem que ir lá hoje né? — ela me olhou decepcionada.

— Não — beijei sua cabeça — sou todo seu.

Ela sorriu.

— Vamos? — ele estendeu a mão.

— Vamos — sorri e a segurei.

POV Piper

Depois de comprarmos nossos sorvetes, fomos direto pra oficina. O lugar era incrível!

Entramos na oficina e Percy, Annabeth, Frank, Hazel e Nico estavam lá.

— Ah, meu Deus!! — Hazel e Annabeth correram até mim quando me viram. Os meninos pareciam surpresos também, mas não correram.

— Oi — eu ri e as abracei.

— Quando você chegou? — Annabeth perguntou ainda abraçada comigo.

— Hoje.

— Você veio passar o feriado? — Hazel perguntou.

— Na verdade... Eu me mudei.

— Ah meu Deus...

— Cadê o Leo? — elas viraram pra Calipso — Ah, e o Tyler?!! — elas me olharam.

— Os dois estão lá fora, foram pegar umas caixas no carro.

Os meninos vieram até mim e me cumprimentaram, Frank e Nico me abraçaram, Percy apertou minha mão e passou o braço pelo pescoço de Annabeth.

Ele ainda deve se sentir estranho sobre o que aconteceu na Califórnia há anos. Ah, Percy...

— Mamãe! Sorvete mancha? — Tyler entrou correndo segurando o potinho de sorvete.

Quando se aproximou, vi sua blusa toda suja de sorvete.

— Olha isso... Como você fez isso, Ty?

— Leo e eu estávamos jogando um jogo — ele disse e eu olhei pro lado, onde Leo tentava limpar o seu sorvete da blusa.

— Você parece uma criança — Calipso disse.

— O Tyler também fez! — ele rebateu.

— Ele é uma criança! — Calypso riu, deixando Leo sem graça — Vão pro banheiro e se limpem — ela disse.

Os dois seguiram pro banheiro.

— O que... Ele... — Percy me olhou.

— Ele é... — Frank parecia confuso.

— Você teve um filho?! — Nico estava chocado.

— Surpresa... — sorri.

Os três estavam abismados.

— Vocês sabiam disso? — Percy perguntou pras meninas. Elas fizeram que sim.

— Cadê a Thalia e o Luke? — perguntei.

— O Jason também não chegou — Frank disse, ainda perturbado.

— Thalia deve ter perdido a hora, ela costuma sair pra correr no sábado — Annabeth disse.

— Heeey — Thalia entrou de mãos dadas com Luke — Piper! — ela gritou ao me ver.

— Thalia! — gritei e ela correu e me abraçou.

Luke também me cumprimentou e me abraçou.

— Cadê o Tyler? — ela sorriu.

— Quem... — Luke começou.

— Meu filho — falei.

— Seu... Hein?

— Tá bem, eu tive um filho, tudo bem... Eu não assassinei ninguém, eu tive um filho...

— Você se casou? — Luke perguntou.

— Não! Eu... — sorri — olha, somos só Tyler e eu, tá bem? Não me perguntem...

— Mamãe, eu tirei o máximo que pude... — Tyler chegou com a barra da blusa molhada, ainda um pouco suja.

— Tudo bem, a gente lava em casa — sorri.

Todos se juntaram pra conhecer Tyler, ele não reclamou da atenção que recebia.

POV Jason

Estava um pouco atrasado, mas não importava. Tinha chegado. Nova York era um caos, mas era um lugar incrível.

— Gente? — fui entrando quando cheguei.

Não pareceram me ouvir.

— Oi? — finalmente cheguei até eles. Estavam todos juntos conversando

Thalia, Hazel e Luke conversavam em um canto. Percy, Annabeth, Nico e Frank conversavam em outro e mais pra frente eu vi Leo e Calipso... Ela limpava algo da blusa dele e ao lado deles, de costas estava... Ela estava... Era mesmo... Piper? Quem é aquele garoto que ela está ajudando e se limpar?

— Jason! — Leo me viu primeiro.

— Finalmente! — Thalia se virou em minha direção.

— Oi, pessoal — sorri.

Por um momento fui cumprimentar todos que vieram até mim, e quando me voltei para Piper, nossos olhares se cruzaram por um minuto. Depois ela se virou pro garoto com quem conversava.

— Você não me disse que a Piper estaria aqui — sussurrei pra Thalia.

— Ah... É — ela disse olhando pra trás.

— Isso é estranho!

— Você a ama — ela falou um pouco mais alto do que sussurrar.

— Quieta! — sussurrei — Eu não... A gente não se fala há anos, ela não quis voltar...

— Ela voltou agora, aproveite.

— Espera... Por que ela voltou?

— Ela se mudou a trabalho.

— Mas...

— Até que enfim, você apareceu... — Luke se aproximou.

POV Piper

— O que ele tá fazendo aqui? — sussurrei pro Leo.

— Você não imaginou que ele viria? — Calipso sorriu.

— Ah... Não passou pela minha mente...

— Quem é ele, mamãe? — Tyler perguntou.

— Ninguém mais ninguém menos do que... — Leo começou e percebi que ele ia falar besteira.

— Um amigo, Ty — olhei brava para o Leo.

— Por que parece não gostar de vê-lo?

— Não é isso... Eu só não falo com ele a anos...

— Por quê?

— É complicado, amor.

— Na verdade... — Leo sorriu.

— Leo!

— Foi mal — ele baixou a cabeça rindo.

Quando me virei, Jason estava a poucos passos de mim. Ele se aproximou e me abraçou e como num impulso, eu retribui o abraço.

Fiquei assim por um tempo, até que me dei conta e me separei dele.

— Oi... — ele disse baixo.

— Oi — respondi.

Olhei pro lado, Leo, Hazel e Thalia nos observavam, os outros caminhavam pelo lugar.

— Mamãe... — Tyler me cutucou.

Jason o encarou, surpreso.

— Ahm... Jason esse é o Tyler... — me virei pro Tyler — esse é o Jason.

— E aí, Tyler? — Jason se abaixou pra cumprimentá-lo, mas por um momento eu vi surpresa em seu olhar.