4 MESES DEPOIS

POV Jason

— Thalia, vai pra casa — insistia com Thalia enquanto ela me ignorava e continuava trabalhando.

— Não — ela disse, simplesmente.

— Você está grávida de 5 meses, devia estar em casa descansando, se preocupando com o bebê.

— Eu me preocupo. Mas tenho tudo sob controle. Fui ao médico ontem, comprei o que faltava pro quarto do bebê e até fiz mais compras hoje cedo.

— Você é louca. Devia ir pra casa.

— Não, obrigada — ela continuou escrevendo.

— Thalia, como seu irmão e sócio, eu estou te mandando pra casa.

— Você não manda em mim — ela me olhou e depois voltou sua atenção pra tela do computador.

— Tá, então já que não vai sair do trabalho, vou tirar o trabalho de você — falei enquanto peguei o notebook da mesa dela.

— Me devolve! — ela me olhou.

— Só se prometer ir pra casa.

— Temos coisas importantes acontecendo na empresa, não posso sair.

— Você vai ter um filho em quatro meses!

— Eu sei, e isso me impede de trabalhar? — ela se levantou.

— Sim! Se não ficar quieta pode te fazer mal... Aonde você vai? — ela ia em direção à porta da sala.

— Usar seu computador — ela saiu e eu fui atrás, depois de colocar o notebook sobre a mesa.

— Thalia, o que eu preciso fazer pra você ir pra casa?

— Eu só quero me ocupar, tá bem?

— Pra quê? Você pode ir pra casa, dormir, ver TV, sei lá o que grávidas fazem.

— Agradeço que você se preocupe, mas eu não posso ficar em casa atoa o dia todo.

— Por quê?

Ela parou e me olhou.

— Eu não quero.

— Vem aqui — passei meu braço em suas costas e a guiei até minha sala — Me conta o que tá te incomodando.

— Não tem nada me incomodando. Fora metade das minhas roupas não servirem mais...

— É sério, eu conheço essa expressão. Você tá preocupada com alguma coisa?

Thalia não disse nada, só mexeu os ombros, indiferente.

— É o bebê? — insisti.

— Talvez — ela disse.

— Conversou com alguém sobre isso?

Ela fez que não.

— Conheço alguém que já passou por isso e pode te acalmar — sorri.

— Quem?

POV Piper

— Ela tá bem? — perguntei quando Jason me disse que Thalia precisava de ajuda.

— Sim, mas acho que ela precisa conversar com alguém que já passou por isso... Se importa de vir aqui?

— Claro que não. Vou deixar o Ty na escola e vou até aí — falei e desliguei o telefone.

(...)

A melhor parte do meu trabalho, é que eu não preciso estar na empresa todo dia o tempo todo. Isso me deu mais tempo com o Tyler e agora, com o Jason.

— Oi — entrei na sala de Thalia, onde Jason estava sentado no sofá, mexendo no telefone.

— Oi — ele sorriu e veio até mim, me beijando.

— Tá tudo bem?

— Sim, Thalia está no banheiro... Pela quarta vez.

— Lembro disso — sorri — Terrível.

— Ah você chegou — Thalia apareceu na porta — Obrigada por vir — ela me abraçou.

— Tá brincando? Fico feliz em ajudar — abracei de volta.

— Vou deixar vocês se divertirem — Jason disse e depois beijou minha testa e a de Thalia — amo vocês — ele foi saindo.

— Também amo você — respondemos juntas.

— Pronta? — perguntei.

— Aonde vamos?

— Aonde quer ir?

— Decidimos no carro. Antes eu preciso muito te perguntar umas coisas.

— Como quiser — seguimos até o elevador.             

(...)

POV Percy

Pense no pior dia da sua vida. Pronto? Agora imagine esse dia se repetindo por meses. Um inferno, né? Foi isso que aconteceu.

Já estamos em dezembro e eu não quero nunca me lembrar desses últimos meses.

Vou fazer um breve resumo para vocês entenderem.

1) Ellie conseguiu entrar no mundo dos modelos.

Foi uma oportunidade e tanto para ela, Annabeth e eu apoiamos bastante. Mas o que a gente não esperava, era que Ellie ia mudar tanto. Ela continua tendo um bom coração, mas está arrogante e muito, muito metida.

Ela tem saído com um modelo de sua agência, Angus. E eu e Annie temos desconfiado se tem rolado algo entre os dois, já que ele é mais velho do que ela... Na verdade ele é mais velho do que eu (e é casado).

Enfim, Ellie tem me causado muita dor de cabeça.

2) Annabeth

Ainda estamos naquele maldito jogo idiota. Ela não pediu, eu não pedi. E isso está uma droga. Parece que nós dois nos distanciamos e eu sinto que ela não me perdoou ainda. Eu sei que o que eu falei foi pesado, mas... 4 MESES JÁ SE PASSARAM, CARA!

3) Annabeth, novamente

Ela conseguiu entrar para a C.R.C, e é claro que a carreira dela deu um salto. Ela participa de projetos muito importantes e já foi capa de uma revista sobre mulheres bem-sucedidas.

Enfim, Annabeth conseguiu sua sonhada autonomia. Ela ajuda a pagar o condomínio e as despesas, e até comprou um carro.

É lógico que fiquei feliz por ela! Muito mesmo. Mas como dizem, a vida não é um conto de fadas.

O chefe dela se chama Nathan, e digamos que os dois estão próximos demais. É claro que ela se destacou na empresa e tem a admiração de todos, mas... Parece que ela me trocou.

Não, não é drama.

Ela almoça com ele todo dia, sai do trabalho com ele e... Caramba, ela já até foi em um jantar com ele!

Quando ela chega em casa, corre para trabalhar no escritório um dia eu vi ela conversando e rindo com ele pelo Skype. Sim, estou morto de ciúmes. Mas o pior é que ela tem sido seca comigo... E eu estou tentando reparar o meu erro, mas ela dificulta tudo. Desde o dia no iate, mal conversamos direito.

É sexta-feira e eu estou almoçando com Jason, Josh (que finalmente arrumou uma namorada) e Frank.

Eles conversavam sobre o que aconteceu na última semana, enquanto eu remexia na comida.

—Ei —Josh me cutucou. —O que você tem?

—Tá muito quieto —Jason completou.

—Vocês sabem o que eu tenho —suspirei.

—Você e Annabeth ainda estão nesse dilema? —Frank perguntou.

Fiz que sim com a cabeça e contei a situação com o chefe dela. No final, os três se entreolharam.

—O que foi? —os olhei.

—Ah não sei, talvez seja isso —Josh colocou a mão em minha cabeça. —Ah meu Deus é um chifre.

—Cala a boca —falei rindo com eles. —Ela não está me traindo.

—Eu também acho que não —Jason me olhou. —Mas se eu fosse você, começaria a me preocupar mais.

—Como assim?

—Olha cara, parece que Annabeth está preferindo estar com Nathan do que com você.

—É claro que não... —comecei, mas ele está certo. —Eu não sei mais o que fazer! Eu já pedi desculpas, já dei flores e...

—Cara, sinto dizer, mas flores não vai trazer ela de volta —Frank se levantou. —Tenho que ir.

—Eu também —Josh e Jason se levantaram também. —Apenas prove que a ama —Josh bagunçou meus cabelos.

(...)

Resolvi ir até a pessoa que conhece Annabeth melhor do que ninguém, Thalia.

—Que surpresa você aqui —ela disse abrindo a porta do apartamento.

—Pois é —sorri e beijei sua bochecha. —Como vai esse pequenino ai —sorri.

—Sinto que ele vai estourar minha barriga —ela riu e me deu passagem. —O que veio fazer aqui?

—Então... —me sentei no sofá. —Preciso de ajuda.

—Annabeth?

—Aham.

—O que está acontecendo?

—É sobre o chefe dela e... —comecei, mas Thalia me interrompeu.

—Ah sim, ela me contou —Thalia disse sentando-se ao meu lado e pegando a panela com pipoca. Ela parecia estar vendo filme, já que havia cobertas no sofá.

—Contou o quê? —a olhei.

—Eu seria uma péssima amiga se te contasse o que ela falou —Thalia sorriu.

—Por favor, Thalia! Eu preciso de ajuda.

—Okay, escuta. Você está bem ferrado.

—Por quê?

—Annie... Ela está gostando do Nathan e...

  —ELA O QUÊ?!! —dei um pulo. Como assim??

—Talvez não do jeito que ela goste de você, mas... Percy... Ela fica tão feliz quando tá perto dele e seus olhos chegam a brilhar quando ela fala do Nathan.

—Meu Deus —coloquei a mão no rosto —vou perder ela.

—Não se você tentar —Thalia disse. —Você já a conquistou uma vez, você consegue fazer isso de novo.

—Mas como?

—Bem... Fique ao lado dela. A escute e...

—Como eu vou a escutar se ela não me fala nada?

—Bem, não a culpe. Ela ainda está insegura em relação a você... Olha, faz o seguinte. Quando ela chegar em casa hoje, seja diferente. Não deixa ela ir pro escritório, fica com ela, conversa com ela.

—Mas ela vai me tratar mal, Thalia —suspirei.

—Seja paciente. Annabeth é bem orgulhosa, você sabe. AH! Esse jogo de vocês dois.

—Ninguém pediu ainda.

—Então peça —ela sorriu.

Meu celular começou a tocar e era do serviço.

—Tenho que ir —me levantei e beijei a testa de Thalia. —Obrigado.

—Estou torcendo por vocês —ela sorriu.

POV Annabeth

Abri a porta do apartamento e segurei minha bolsa.

—E ele falou isso com você? —conversava com Daniela pelo telefone.

—Pois é... Não sei o que fazer —ela suspirou. —A gente conversa mais tarde, vou me arrumar.

—Okay, vai ficar tudo bem.

Ela desligou o celular e eu comecei a subir as escadas.

—Ei —escutei a voz de Percy e me virei.

—Oi —continuei a andar.

—Como foi seu dia? —ele veio atrás de mim.

—Anh, muito bom —parei no topo da escada. Por que ele está me seguindo?

—O que você vai fazer agora? —ele ficou ao meu lado.

—Tomar um banho —entrei no nosso quarto.

—Quer que eu vá com você?

Parei e me virei para ele.

—Não?

—Anh... Está bem.

O que deu no Percy?

Caminhei até no closet, mas senti uma mão em meu braço. Não tive tempo de ver o que aconteceu direito, Percy segurou meu rosto e me beijou.

POV Percy

A quanto tempo eu não beijo essa boca! Caramba!! Estou explodindo por dentro... Mas parece que Annabeth não. Ela não encostou em mim e correspondia bem devagar.

—Lembra do nosso jogo?

—Aham.

—Eu quero, Annie —acariciei seu rosto.

—Percy...

—Eu sinto sua falta —beijei seu pescoço. —Eu preciso de você de novo...

—Não dá —ela nos separou. —Hoje não.

—Mas você não está naqueles dias e...

—Estou... Estou cansada, okay? —vi que ela está arrumando desculpas. —E o pessoal do escritório vai sair hoje.

—E você não está cansada para sair com eles, não é? —suspirei.

—A minha resposta é não. Você não pode me obrigar a...

—Eu não vou te forçar a nada —me sentei na cama. —Só não precisa ficar inventando desculpa esfarrapada.

—O que você tem? —ela cruzou os braços.

—Você acha normal a gente viver desde jeito? Você saindo todas as noites com o idiota do seu chefe e me ignorando completamente?

—Nathan não é idiota!

—Agora você está defendendo ele! —me levantei.

—Não acredito que você vai voltar com esse ciúme idiota.

—O que você quer que eu faça? Annabeth, a gente não se beija a semanas! Você não conversa mais comigo desde o dia no iate! Você passa mais tempo com Nathan do que comigo e quer que eu fique feliz com isso?

Annabeth ficou calada me olhando.

—Eu estou tentando fazer a nossa relação dar certo. Eu quero me casar com você e ter uma família, mas se continuar assim...

—O quê? Quer terminar? —ela me olhou ríspida.

—É, Annabeth. Talvez eu queira.

Ela não estava esperando eu dizer isso, e me pareceu um pouco magoada.

—Eu não sei o que aconteceu com a gente —me aproximei dela.

—Aconteceu que você disse que...

—Isso foi a quatro meses! E eu já pedi desculpas e me arrependi. Será que você não entende?

—Desculpas não significam nada —Annabeth me olhou nos olhos.

—E eu amar você, significa alguma coisa?

—Não, não mais.

Isso doeu. Eu... Eu não sei mais o que fazer.

—Talvez não é pra ser assim. Talvez não é para nós ficarmos juntos.

—Depois de sete anos... —eu estava custando a dizer uma palavra. —Depois de sete anos você fala isso?

—Demorei um bom tempo pra descobrir quem você realmente é.

—Meu Deus, Annabeth. Quem fez sua cabeça contra mim?

—Eu tenho minha própria opinião e...

—É o Nathan, não é?... E você está gostando dele, certo?—me sentei na cama.

—Talvez.

Sorri com raiva e inconformado.

—Quer saber? —me levantei. —Eu cansei de ser o único a tentar. Pra mim chega.

—Ótimo.

—Ótimo.

Vi que ela estava com expressão de choro, mas eu não me importo. Quero que Annabeth se exploda com o imbecil do Nathan. Eu tentei voltar com ela, mas Annabeth não ajuda nenhum pouco. Se ela não quer, eu também não quero mais.

(...)

Fui para um bar perto de casa. Eu não queria ficar no apartamento, enquanto a Annabeth sai com seus amigos.

Fui até o balcão e me sentei, colocando minhas mãos no rosto. Tocava música eletrônica e várias pessoas dançavam e pulavam na pista.

—O que o senhor deseja? —a garçonete se aproximou de mim.

—Têm Spirytus Stawski? —pedi.

—Essa bebida é 96% álcool...

—Eu não ligo.

—Está querendo afogar as mágoas? —ela sorriu pegando uma garrafa.

—Elas sempre aprendem a nadar—segurei o copo e ela o encheu com uma dose. Virei completamente. Senti um soco no estômago assim que bebi e faltou ar em meus pulmões. Mas dane-se, o gosto é bom e eu estou precisando disso. —Mais um.

Estendi o copo novamente.

—Essa bebida é forte demais —escutei uma voz ao meu lado.

—Hayden?

—Olá, chefe —ela sorriu.

—Você está... —olhei seu corpo, o qual estava coberto por um vestido minúsculo e partes transparentes —Muito gostosa —sorri.

—Meu Deus —ela riu. —Você está bêbado.

—É —concordei e dei mais um gole na bebida. Minha cabeça começou a latejar.

—Onde está Annabeth? —ela sentou-se ao meu lado.

—Não sei. Quero que ela desapareça.

—Eu sempre quis isso —ela pegou meu copo e colocou mais uma dose da bebida, e eu acabei virando novamente. Meu estômago doía, mas eu realmente não ligo.

—O que você veio fazer aqui? —a olhei.

—Vim sair com as minhas amigas... —ela colocou a mão na minha perna. —Quero me divertir um pouco. E você?

—Vim tentar esquecer uma garota idiota, por um tempo —apoiei minha cabeça em minhas mãos.

—Quer ajuda? —ela subiu a mão até lá.

—Opa opa opa —a olhei.

—Vai me dizer que não está gostando? —ela se aproximou.

Olhei novamente para seu corpo... Subi meu olhar até seus cabelos loiros... Por que ela têm que ser loira?

Imaginei Annabeth em seu lugar. Ah Deus, eu preciso disso.

(...)

Acordei com uma terrível dor de cabeça. Meu Deus, minha cabeça parece que vai explodir. E meu estômago... Ah eu vou morrer.

Tampei meus olhos da claridade e me levantei. Fui até a gaveta da cômoda e peguei um remédio para dor. O que aconteceu ontem?

Me lembro de ir para um bar e pedir Spirytus Stawski... Depois do primeiro gole... Tudo é um borrão preto.

—Bom dia —escutei a voz de Ellie quando cheguei na cozinha. Ela fazia o café da manhã.

—Péssimo dia —me sentei no balcão e coloquei a mão no rosto.

—Fico feliz que você e Annabeth fizeram as pazes.

—É o quê? —a olhei sem entender.

—Bem... Pelos barulhos de ontem... Vocês foram muito escandalosos.

—Ellie, o que você está falando?

—Como assim, Percy? —ela me olhou sorrindo. —Não é possível que você não se lembra? Ela gritou tanto que me acordou. E a cama estava rangendo pra caramba.

—Mas Ellie, eu e ela...

—Percy —escutamos a porta do apartamento se abrir e Annabeth entrar.

Ela estava vestida para o trabalho... Calma, se Ellie disse que ontem eu me deitei com ela, Annabeth deveria estar aqui no apartamento... Olhei para minha prima que estava com a mão na boca.

—Eu pensei muito sobre a nossa conversa ontem —ela ficou de frente para mim. —E eu percebi que estou sendo injusta com você... Não podemos acabar assim, não é?

—Annie... Você... Você não dormiu aqui? —eu não sei como reagir.

—Não... Fui pra casa do meu pai... Por quê?

—Bom dia!! —escutamos uma voz na escada e todos se viraram.