Vidas cruzadas escrita por slytherina


Capítulo 8
Sam e Dean




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 A logística de se cuidar de uma fazenda é um trabalho hercúleo. Não era apenas dinheiro e espaço físico, mais principalmente gente. Empregados numerosos que por si só poderiam constituir uma pequena vila. Dean não entendia como sua mãe podia administrar tudo aquilo, e principalmente fazer todos confiarem nela. É claro, ela nascera naquele meio, que abandonara brevemente para tornar-se dona de casa e esposinha do Sr. Singer. E quando o casamento desmoronou ela voltou às raízes.

Dean acompanhou Gordon Walker, um dos empregados de sua mãe. Ele fazia o serviço de levar a produção leiteira para uma fábrica de laticínios. No caminho de volta pararam em um armazém para a entrega de um pedido pequeno. No estacionamento encontraram uma caminhonete em especial, que Dean já havia visto antes. Ele desceu do caminhão e ficou tentado a entrar no estabelecimento, à procura do dono do veículo, mas resolveu esperar. Não demorou muito e Sam Winchester saiu, e se dirigiu para sua caminhonete.

"Oi!" Dean o saudou.

"Bom dia!" Sam ficou fitando-o tentando se lembrar de onde o conhecia, até que seu rosto se iluminou em um sorriso. "Vejo que encontrou o caminho da cidade."

"É! E você não tem mais problemas com a caminhonete pelo que vejo." Dean respondeu aproximando-se lentamente.

Sam observou o caminhão com o logotipo da Fazenda Singer. "Ah, Singer! Não tinha associado o nome com a fazenda. Você é filho de Ellen, não é verdade? Acho que lembro de você da escola." Sam respondeu, ainda em perfeita amostra de seu sorriso perfeito e covinhas fofas.

"O que? Nós estudamos na mesma escola? Como não me lembro de você?" Dean sorriu bem humorado.

O rosto de Sam meio que perdeu o brilho, e ele ficou um pouco triste. "O pessoal me chamava de pirado ou otário. Poucas pessoas realmente me viam. Mas isso faz parte do passado agora." Sam abriu a porta de sua caminhonete, preparando-se para partir.

"Se eu o tivesse conhecido naquele tempo, com certeza teria sido seu amigo." Dean falou tocando de leve no braço de Sam, mas retirando rapidamente a mão quando Sam olhou para o gesto.

"Talvez. Olhe, tenho que ir agora. Espero que tenha uma boa estada, Senhor Singer."

"Por favor, me chame Dean. Gostaria realmente de corrigir qualquer mal entendido do passado, se você me permitir. Que tal … que tal sairmos para tomar uma cerveja? Hã?" Dean falou esperançoso com um sorriso nos lábios.

Sam tinha uma resposta preparada na ponta da língua: a família, a esposa grávida, todos demandavam sua presença constante em casa … mas quer saber? Ele tinha direito a uma horinha de lazer. "Ok! Qualquer dia desses, então."

"Amanhã à noite? Na 'Fogo de chão'?"

"Ok! Amanhã à noite, então. Tchau … Dean!" Sam subiu na caminhonete e se foi.

Dean mais uma vez ficou pasmo com tanta beleza e com o coração nas nuvens. Virou-se lentamente e viu Gordon Walker escorado na porta do caminhão da fazenda Singer, com uma expressão divertida.

"Você sabe que ele tem dona, não sabe?"

"Sei e não estou pedindo sua opinião." Dean falou irritado.

"Imagine um marido ciumento com uma escopeta nas mãos. Então ponha saias nele. Eis a Senhora Winchester. Ninguém se mete com ela ou mexe com o que é dela." Gordon falou em tom de aviso.

"Eu me arrisco."


                              …


     Na noite seguinte, Dean foi ao encontro do cowboy dos seus sonhos. Ele esperou não sobressair demais com seu blaser de camurça e jeans negro agarrado ao corpo. Francamente, ele nunca se importou com moda. Conseguir encontros amorosos nunca foi uma dificuldade, não quando se tinha aquele rosto. Dean não era cego, ele sabia que era bem bonito, mas enfim, ele não queria ir com muita sede ao pote e assustar o cowboy.

Sam chegou logo depois, ele estava ajeitado, mas ainda tinha um ar de quem não se arrumara, e viera ao encontro com uma roupa qualquer. Encontro? Dean riu intimamente da palavra escolhida. Ele estava tendo um encontro com um homem casado. Quer algo mais folhetinesco que isso?

Sam aproximou-se e abriu aquele sorriso maior que a vida. Cumprimentaram-se. Jogaram conversa fora até o garçom se aproximar. Dean escolheu picanha com molho barbecue e batatas assadas. Sam pediu salada e costela com molho madeira. Ambos aceitaram a sugestão do garçom e pediram cerveja Corona.

"Sabe, sua família é famosa por aqui, como se fossem os Kardashians." Sam comentou com a garrafa de cerveja na mão.

"Não! Não é possível que tenhamos decaído tanto." Dean falou fazendo uma careta. Ambos riram.

      "Sério! Você é tipo o filho rebelde e sua irmã é tipo a filha perfeita."

"Não somos tão esquemáticos assim. Posso ser um mala sem alça, mas sou mais sexy." Dean fez uma careta como se posasse para uma foto, mas se arrependeu logo depois, pois Sam não estava mais rindo. Dean tomou um gole de Corona e resolveu mudar o tópico. "E sua família como é? Me contaram que sua esposa é durona." Dean deu um meio sorriso.

"Ruby? É. Ela tem uma personalidade forte." Sam desviou o olhar para o ângulo da mesa. Parecia ponderar o que dizer sobre a esposa. "Ela é muito bonita também."

Sam ficou calado, parecendo engolfado em outro mundo, enquanto segurava a garrafa e olhava a mesa do restaurante. Dean ficou tentado a fazer uma piada para diminuir a esquisitice daquilo, mas decidiu esperar o outro quebrar o silêncio.

Após algum tempo, Sam percebeu o silêncio constrangedor e ergueu os olhos, encontrando os olhos compreensivos de Dean. "Não sou uma boa companhia não é mesmo?" Sam deu um pequeno sorriso.

"Eu não me importo se não quiser fazer confidências. Eu sei como é. Às vezes a gente só quer sair um pouco, deixar de pensar na vida, rir de besteiras. Estamos aqui pra isso." Dean falou o mais amigável possível.

"É. A propósito, obrigado pelo convite. Não é sempre que saio, ainda mais agora com a família aumentando. Futuramente minha vida será só fraldas e choro de nenê." Sam falou entre goles de cerveja. "Não que esteja reclamando. Eu adoro minha filha e amarei igualmente meu filho que vai nascer."

"Dois filhos, é?" O coração de Dean se apertou. Uma coisa era ter um caso com um homem casado, afastando-o da megera da esposa. Outra bem diferente era roubar um pai de família de suas crianças. Ele ainda não havia descido tão baixo. "Bom pra você. Um brinde aos filhos?" Dean tocou sua garrafa na garrafa de Sam. "Tim-tim!"

Continuaram conversando e bebendo. No seu íntimo, Dean já havia desistido de sua conquista, e quando percebeu que Sam havia exagerado na bebida, ofereceu para levá-lo em casa.

A proximidade do outro fazia seu coração dar saltos no peito, mas ele se controlou o suficiente para não deixar a coisa evoluir. Nada de toques inocentes, sussurros ao ouvido ou relances promissores. Não. Sam era apenas um vaqueiro bonitão com filhos o esperando no lar. Dean não tiraria nenhuma lasquinha dele, mesmo que isso lhe deixasse com um gosto amargo na boca.


                               …


     Voltou pra casa e bebeu mais um pouco. Deixou-se ficar na sala e pela manhã, foi acordado sem cerimônias pela mãe. Ele forçou-se a tomar um banho e desjejum. Saiu para cavalgar e retornou mais tarde. Uma empregada lhe avisou que tinha visita. Seu coração deu um pulo no peito. Estava suado e cheirando a cavalo, mas queria ver se era seu cowboy bonitão, que tinha vindo falar mais nulidades doces e fofas.

Ele entrou no estúdio de sua mãe e deu de cara com Jimmy Novak.

"Esperava outra pessoa, Dean?"

Dean percebeu que seu desapontamento devia estar estampado em sua face. Não adiantava tentar esconder. "Sim, mas é sempre bom te ver de novo, Jimmy. Como tem passado?" Sorriu amistosamente.

Jimmy aproximou-se e tocou de leve no rosto do outro, que teve que controlar o impulso de se afastar, para não chocá-lo.

"Pensei que tinha algo especial entre nós, mas você nunca mais me procurou, não telefonou. Acho que ficou assustado com o que lhe contei, ou achou uma outra pessoa."

"Olha, Jimmy, eu gosto de você realmente, mas, acho que avançamos demais, sem nos conhecermos profundamente. Que tal irmos mais devagar?"

"É isso que você diz a seus parceiros na sua cidade? Após o sexo?" Jimmy perguntou com o rosto endurecido.

"Não. Eu digo: 'O sexo foi bom e adeus'. Não quero te tratar dessa forma, Jimmy. Eu quero te conhecer melhor."

Jimmy pegou sua mão e se dirigiu ao quarto de Dean. "Acho que ainda lembro o caminho."

Dean pensou em protestar, mas raios, ele não era nenhuma donzela em perigo, e Jimmy era muito bonito. E mentalmente instável. Sabe-se lá que neuroses possuía.

Jimmy trancou a porta do quarto e passou a se despir. Ok! Isso estava indo longe demais. Dean aproximou-se e segurou as mãos do outro. "Jimmy, vamos só conversar, está bem?" O outro assentiu com a cabeça.

Sentaram-se na cama e iniciaram uma conversa estranha e sem sentido. Jimmy parecia faminto, e quando ele desistiu daquela lenga-lenga e tomou o rosto do outro homem entre suas mãos, para beijá-lo apaixonadamente, Dean decidiu saciar sua fome. O beijo era exigente, áspero e delicioso. Ele evoluiu para mordidas leves, lambidas e chupões. As mãos de Jimmy percorriam seu corpo inteiro. Dean se viu tomado pelo mesmo frenesi, mesmo sabendo que Jimmy não era quem ele queria, mesmo sabendo que Jimmy não era completamente são, e podia muito bem estar entendendo tudo errado, mas isso era tão bom, e os dois estavam precisando. Eles rolaram na cama e rapidamente se livraram das roupas, para se tocarem melhor e terem um orgasmo satisfatório.

Algum tempo depois, Dean colocou um cigarro na boca, que ele não acendeu, enquanto admirava a luminária de seu quarto. Jimmy, a seu lado, parecia em outro mundo, como Bilbo Baggins após colocar o anel. Ele adormeceu pacificamente.


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