Vidas cruzadas escrita por slytherina


Capítulo 5
Ruby no passado




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Ruby arrumou-se com esmero. Não é porque agora morava entre caipiras, que ela iria relaxar a mão e virar uma franguinha ressecada pelo sol do Texas. Ruby Espinoza ainda era a garota mais cobiçada das redondezas. E a mais temida também. Sua fase loira ainda lhe dava saudades, quando frequentava os melhores lugares de Connectcut, mas sua nova cabeleira negra combinava melhor com os ares do Sul.

Seu Rover aguentava bem o tranco das estradas enlameadas. Suas botas de cano alto vieram bem a calhar nesse ambiente rústico. Não que esta fosse sua principal preocupação. O fato de se virar muito bem com uma arma fez com que se sobressaísse das garotas locais, que eram igualmente habilidosas, mas estavam adestradas em serem submissas e concordarem com tudo que se lhes dissessem.

Ela estacionou o carro e ouviu um barulho ali perto, como se estivessem destruindo coisas. Por pura curiosidade foi ver o que era. Um rapaz estava no chão, cercado por brutamontes que o chutavam, e um deles o montou para socar sua cabeça. Não era da conta dela. Afinal, sabe-se lá o que aquele caipira havia aprontado? Antes que pudesse se dar conta do que fazia, ela sacou sua pistola da bolsa de mão e deu um tiro para o alto. "Que porra é essa que estou fazendo?" Pensou com seus botões.

Quando os gorilas se viraram para ver quem atirara, ela percebeu que a bronca era feia. Melhor assim. Isso aqui tava ficando muito chato sem um pouco de adrenalina. Nada que a prática de esportes radicais e auto-defesa não dessem conta.

"Está destravada rapazes. E eu sei usá-la." Ela falou mirando o safado que montara o rapaz. Estava disposta a tudo e não seria a primeira vez que atirava em um homem.

Subitamente, muita gente começou a gritar perguntando o que havia acontecido. Isso foi a deixa para os fanfarrões se mandarem. Ruby relaxou sua postura e guardou a arma na bolsa. A seguir foi ver o rapaz estirado no chão. Ele era comprido, muito mesmo. E seus longos cabelos castanhos estavam sujos de areia. Tinha um rosto bonito com olhos azuis esverdeados. Uma beleza. Ela achou que o motivo da surra foi pura inveja.

"Precisa de ajuda, bonitão?" Perguntou com um sorriso. O rapaz ainda estava assustado quando respondeu em uma voz grave "Não, senhora". Ele se ergueu e Ruby se viu esticando o pescoço para poder ver seu rosto. Sem dúvida 1,90 de altura.

"Estou em débito com a senhora." Ele falou envergonhado.

Ruby não sabia por que, mas gostara daquele lindo e terno gigante. "Senhora só no céu, rapaz. E eu estou aqui." Falara petulante.

Uma cacofonia de vozes quebrou o encanto, e ambos foram separados. Ruby não perdeu tempo dando satisfações para a multidão. Simplesmente foi embora.



Nos dias seguintes, Ela percebeu que uma sombra a seguia. Resolveu confrontar seu estalqueador. Para sua surpresa não era outro senão o gigante bonitão que levara a surra.

"O que pretende me seguindo, hã? Já mandei homens para a cadeia por menos que isso."

"Sinto muito! É que estou em dívida por ter me ajudado, e … eu a sigo para protegê-la."

"Me proteger? Como, se você não sabe nem brigar? Estamos no Texas, cowboy, cadê sua arma?"

"Eu acredito que o uso de armas incita a violência." O gigante falou cabisbaixo.

Ruby foi tomada de uma súbita ternura por ele. Ou seria desejo?

"Qual é o seu nome?" Ela tocou-lhe a mão.

"Sam Winchester."

"Você me é grato e quer me recompensar, Sam Winchester?"

"É."

"Então me leve para um encontro. Cinema amanhã, às oito. E pare de me seguir, isso é irritante." Disse isso e deu meia volta. Foi embora sem olhar pra trás.

É claro, na noite seguinte, ele esvaziou o cofrinho, se vestiu com esmero, pegou o calhambeque do pai emprestado, e a esperou na porta do único cinema daquela cidadezinha. É claro, ela nem apareceu.



Sam Winchester e Ruby Espinoza frequentavam a mesma escola. Ele era soturno e solitário e isso despertou a curiosidade dela. Por que será que ninguém percebia o quanto ele era belo e interessante?

"Sam? Como vai? Posso me sentar aqui?" Ruby sentou-se ao lado dele no refeitório da escola. Ele assentiu com a cabeça e lhe deu um sorriso tímido. "Então, Sam, o que faz da vida?"

"Eu estudo. E ajudo em casa. Na verdade não faço mais nada além disso." Ele desviou o olhar para a sua comida.

"E quais são seus hobbies?" Ruby perguntou com o rosto apoiado na palma da mão, esquecida da própria refeição, como se observasse um espécime.

"Eu gosto de cinema." Ele respondeu olhando de soslaio.

"Oh! Aquela noite! Eu não estava nos meus melhores dias. Não teria sido boa companhia." Ela o olhou com simpatia e voltou-se para a própria bandeja de comida, da qual provou três colheres e empurrou para longe de si. Voltou-se para Sam. "Após a escola vamos dar uma volta de carro, assim ficamos quites pelo bolo que lhe dei." Ruby levantou-se e deu um beijo estalado na bochecha de Sam, o que pegou a todos de surpresa, especialmente o próprio Sam.

Após as aulas, Sam ficou de prontidão esperando por Ruby e sentindo-se um idiota por isso. Tinha certeza que ela lhe daria o bolo de novo. Para seu espanto ela apareceu em seu Rover e o chamou. Quando entrou no carro, partiram em direção à auto-estrada.

Algum tempo depois, estacionadas em um descampado, Ruby fez o que tinha vontade desde que o conhecera, beijou-o com lascívia e acariciou seu corpo. Sam estava tão vermelho, que Ruby suspeitou que ele ainda fosse virgem.

"Você nunca teve uma namorada?" Ela perguntou entre beijos e apertões. Sam respondeu que não com a cabeça. "Ótimo! Vou lhe ensinar tudo o que precisa saber sobre garotas. A começar pelo beijo." Ela lambeu sua boca e lhe mordeu o lábio inferior. Ele abriu a boca ávido, como um peregrino sedento no deserto. Ela não se fez de rogada e adentrou a língua experiente e possessiva.

O amasso deixou a ambos quentes e estimulados. E se não fosse de dia e a cabine do Rover tão apertada para o tamanho de Sam, as coisas tinham pegado fogo. Ruby reconheceu isso, mas prometeu a si mesma que em breve resolveria esta pendência. Um último beijo, e ela aproveitou a excitação para apalpar a virilidade masculina. A descoberta do dote dele a deixou mais do que deliciada. Foi com grande esforço que ligou o carro e voltou pra cidade. Ruby deixou Sam em sua casa e se despediram com um beijo quente. A morena percebeu pelo olhar dele, que fora fisgado, mas e ela? Estaria disposta a dar adeus ao seu estilo de vida para se prender a um bonitão caipira? Não mesmo.


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