Vidas cruzadas escrita por slytherina


Capítulo 4
Saindo do armário




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"Ei! É! Você mesmo com chapéu de vaqueiro. Poderia me dizer como voltar pra cidade?" Dean perguntou ao jovem muito alto trocando um pneu furado na beira da estrada de terra batida.

Sam virou-se e encarou o estranho com jeitão de gente da cidade grande. "Siga essa estrada até o cruzamento, daí pegue a esquerda. É só seguir em linha reta que você chega na cidade."

Dean colocou as mãos na cintura. Andou um pouco ao longo do caminho, vendo a situação da estrada. "Não há nenhum atalho asfaltado?"

Sam sorriu como se essa fosse uma pegadinha, deixando covinhas amostra. "Você acha que eu estaria aqui se houvesse um atalho asfaltado?"

Dean sorriu também. O vaqueiro era bonito, com seus longos cabelos castanhos, seu sorriso de 100 megawatts e costas bem torneadas, com músculos que se retesavam devido o esforço para trocar o pneu. As mãos eram um outro show aparte. Dedos longos e elegantes, como os de um pianista clássico. Dean imaginou se outras coisas também eram longas e elegantes assim. O vaqueiro se ergueu e apressou-se a guardar o estepe furado na carroceria da caminhonete. Dean ajudou-o pegando as ferramentas espalhadas no chão.

"Não precisava se incomodar, mas obrigado." Sam guardou tudo e se preparou para entrar em sua caminhonete. Virou-se para o estranho. "Meu nome é Sam Winchester. Como o rifle." Fez um gesto com as mãos imitando a arma. Fazia sempre isso, quando mais jovem, para arrancar risadas das pessoas. Ruby mandou-o parar de fazer essa gracinha, pois era idiota, mas o estranho parecia ser amigável.

Dean sorriu deliciado, cada vez mais envolvido pela beleza do outro. "Dean Singer a seu dispor, Senhor Winchester." Dean estendeu a mão, ao que Sam apertou. Seria imaginação sua ou uma corrente elétrica percorreu seu corpo, como se um disjuntor tivesse sido conectado?

"É só Sam. Faça como eu disse e logo chegará na cidade. Tenha um bom dia." Sam tocou o chapéu em cumprimento, daí entrou em seu carro e foi embora, deixando o estranho enamorado.

Ao chegar na fazenda Dean procurou sua mãe. Deu-lhe um beijo estalado na bochecha e deixou a torrente de palavras fluir.

"Mãe, conheci alguém hoje que me deixou tilintando. O que pode me dizer sobre Sam Winchester?"

"Whoa, cowboy! Espere um pouquinho e volte a fita …" Ela o olhou incrédula. "Dean, meu filho, você é gay?"

"Bi, mãe, bi. E isso sinceramente nem é tão importante. Já tenho mais de 30 anos, lembra?" Dean respondeu com enfado, dando uma voltinha de 360 graus e voltando a segurar a mãe pelos braços. "E então, mãe, o vaqueiro bonitão?"

"Como assim, não é importante? E o que você está fazendo com a pobre da Charlene, também não é importante?"

"Oh, céus, mãe! Ela sabe que eu sou bi." Dean ficou tentado em tirar Charlie do armário também, mas considerou que não tinha esse direito.

"Em que mundo nós estamos, meu Deus! Não existe mais ..."

"Mãe, quer parar? Já passei dessa fase de crise de identidade e aceitação. Gosto dos dois gêneros e não há nenhum problema nisso. Ok?"

Ellen sentou-se em uma poltrona e segurou no encosto dos braços como a procurar chão.

"Mãe, você está bem?" Dean ficou preocupado e abaixou-se ao nível dos olhos da mãe.

"Estou, filho. Não é o fato de saber que um de meus filhos é gay … ou bi, que vai me derrubar. Sempre suspeitei que você era bonito demais para ser um garanhão."

"Mãe!"

"Ok, ok! Você quer saber de Sam Winchester? A única coisa que precisa saber é que ele tem dona. Uma piranha dura na queda chamada Ruby Winchester. E dos dois, é ela quem veste as calças naquela família. Seu vaqueiro bonitão é guardado por uma pitbull fêmea, Dean. Não tem jeito de você pôr as mãos nele."

Dean suspirou, levantando-se. Finalmente viu qual era o defeito de seu anjo caído dos céus. "Veremos!"

Na manhã seguinte, o clima estava ameno e o sol encoberto por nuvens benevolentes. Ellen chamou seu filho mais velho para uma cavalgada. Fazia muito tempo que não tinha o prazer da companhia dele, e cavalgar sempre foi sua atividade preferida. Pediu para lhe trazerem Azulão, seu híbrido cherokee negro, com crina exuberante, e para Dean, uma velha égua mansa, Sasha, marrom com pelagem brilhante.

Ellen subiu na cela com dificuldade, auxiliada por um dos criados. Dean subiu com graça e confiança. Ainda não se esquecera das lições aprendidas na infância.

"Estou ficando velha demais para cuidar da minha própria fazenda." Ellen reclamou enquanto trotava pelo campo, acompanhada pelo filho.

"Não está ficando velha demais, apenas não há mais necessidade de andar por aí a cavalo, como no velho oeste." Dean falou sorrindo.

"Tinha esperança de que meus filhos me dessem netos para gerir tudo isso aqui, quando eu me fosse." Ellen falou ressentida, enquanto a brisa da manhã despenteava seus fartos cabelos castanhos.

"Hoje em dia gays podem adotar, mãe. E eu ainda posso engravidar uma mulher." Ante o olhar duro da mãe, Dean argumentou: "Jô ainda pode lhe dar um neto."

"Jô? Ela só tem amor pela profissão. Quer se tornar um Albert Shweitzer de saias. Talvez até se mude para a África como o velho médico. Se duvidar, logo, logo virá até mim dizendo que vai se filiar ao Médicos sem fronteiras".

"Espero que não. O MSF é conhecido por prestar socorro em zonas de guerra." Dean falou sério.

"Se for preciso, pedirei para prenderem o passaporte dela, para não sair do país."

"Você tem poder para isso, mãe?"

"Não! Mas faria qualquer coisa para proteger vocês dois."

"Mesmo eu sendo bi?"

"Especialmente você, Dean." Ellen deu um sorriso luminoso. "Falando nisso, acho que Charlene está descartada como sua futura esposa."

"Aleluia!"

"Mas é claro, Sam Winchester também está descartado, porque ele já está casado. Estive pensando que ainda há bons homens gays no mundo, que poderiam ser meus genros."

"Minha nossa Senhora! Mãe! Você está querendo me arranjar um marido? Como se eu fosse um moço prendado?" Dean caiu na gargalhada.

"Ria! Ria o quanto quiser, mas o filho de Dick Novak virá para a festa da cidade, e segundo as boas línguas, ele é gay."

"Quem?"

"Jimmy Novak. Um belo moço, só que muito tímido para o meu gosto, mas enfim, não sou eu que tenho que gostar."

"Quer parar? Pare de me arranjar namorados." Dean ficou calado admirando a paisagem a sua frente. Olhou para a mãe de relance. "Agora fiquei curioso sobre esse Jimmy."

Ellen caiu na gargalhada por sua vez.


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