Roniquito da mamãe e o Fred ursupador escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que vocês gostem dessa fic, porque eu fiz essa pequena história com todo o carinho do mundo! ❤



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712686/chapter/1

Com o passar dos anos, as marcas da idade começaram a se fazer presentes também na mente de Molly Weasley. Algumas vezes parecia se esquecer os nomes dos netos, o que ninguém estranhou muito, uma vez que é normal esse tipo de confusão em famílias tão grandes, inclusive até os tios às vezes trocavam os nomes de seus sobrinhos e Percy sempre chamava Hugo de Ron por engano, simplesmente porque a imagem do irmão pequeno era a primeira coisa que sua mente assimilava quando olhava para o sobrinho.

Mas a família só notou que havia algo realmente estranho quando, em um almoço festivo que reunia a todos, ela olhou para cada um que estava sentado ao redor da mesa com uma expressão intrigada na face e logo fixou seu olhar em George, lhe fazendo uma pergunta da forma mais natural possível:

— Por que o Fred não veio?

— Fred está bem ao seu lado, mãe…

Ela se virou rapidamente para o jovem ruivo ao seu lado, mas não pareceu se contentar com a imagem que seus olhos contemplavam.

— Não me referia ao seu, quero saber onde está o meu Fred!

Ao dizer isso, instintivamente buscou na parede o antigo relógio  enfeitiçado que mostrava onde estava cada membro da família, mas ele já não existia há anos.

— Vovó, que tipo de pergunta é essa? Todo mundo sabe que o tio Fred… — Rose se apressou em explicar, pois seu impulso de irritante sabe-tudo estava no sangue, mas seu avô fez um sinal com a mão para que ela parasse.

A menina obedeceu e o patriarca da família fitava sua esposa com preocupação, enquanto perguntava:

— Querida, está tudo bem?

— Mas é claro que não está nada bem! Um dos meus filhos não está presente e nem se dignou a me mandar uma coruja para explicar sua ausência em uma data tão importante como essa!

A matriarca explodiu em raiva de repente, o que fez com que as crianças arregalassem os olhos por nunca antes ter visto sua doce avó naquele estado, enquanto suas mães e pais os acalmavam com breves palavras e tapinhas em seus ombros indicando que aqueles gritos não eram tão incomuns assim, principalmente para os que haviam crescido na Toca e estavam acostumados a vê-la distribuindo broncas.

Ron era o único dos adultos que permanecia estático, com uma coxa de galinha na mão a meio caminho da boca que estava aberta, em parte porque estava prestes a abocanhar seu pedaço de frango, mas principalmente porque aquela situação era realmente estranha e o deixava boquiaberto. Seu estado de choque só se rompeu quando sua mãe soltou outro grito:

— George! Não me diga que você ainda não se desculpou com seu irmão?

— E-eu? Mas por quê?

— Ora, por quê? E ainda pergunta? É óbvio que ele continua ressentido por você ter roubado a sua namorada e por isso não quis vir!

Um grande incômodo se instaurou por todo o ambiente com aquela repentina declaração. Angelina não sabia o que fazer além de desejar profundamente que um buraco se abrisse no chão e a engolisse, enquanto todos se entreolhavam confusos e cochichavam com quem estava mais perto, comentando o quanto aquilo foi estranho. Ron quase se engasgou com o pedaço de frango que já estava comendo e Roxanne, que estava sentada ao lado da mãe, a abraçou mesmo sem se levantar. George havia entrado no mesmo estado de choque em que seu irmão esteve instantes antes e Fred II alternava o olhar assustado entre sua avó, seu avô e seus pais, como se esperasse que eles fossem capazes de explicar o que estava acontecendo, pois não entendia nada.

— Mas é claro que não foi isso que aconteceu, Molly! — Arthur Weasley resolveu tomar a palavra para acalmar os ânimos naquela mesa.  — Onde quer que Fred esteja, todos aqui temos absoluta certeza que deu sua bênção a essa união e se sentiu muito honrado por ter um sobrinho tão especial com o seu nome…

— Me desculpem! Eu só… — Molly parecia desconcertada ao ouvir as palavras do marido e dirigia suas desculpas diretamente à família de seu filho George. — Queria que ele aparecesse por aqui mais vezes, eu sinto tanto a falta dele!

— Todos sentimos, mamãe! — George tentou disfarçar a tristeza que sentia ao lembrar do irmão e abaixou a cabeça, encarando seu prato de comida enquanto uma de suas mãos repousava sobre a coxa de sua esposa sentada ao seu lado, oferecendo-lhe seu apoio.

Ao ver que o piadista da família estava abalado demais para restaurar o bom ânimo da mesa, James tomou seu lugar e logo contou algum fato engraçado que havia acontecido em sua casa nos dias anteriores, o que fez Ginny rir mais pelo nervosismo da situação do que por achar graça e, gradativamente, todos começaram a achar graça das histórias que o Potter mais Weasley do mundo contava, menos Albus, que na maioria delas era quem passava por tão engraçadas situações embaraçosas.

No dia seguinte, Arthur levou sua esposa ao St. Mungus, onde foi diagnosticada com uma pequena falência de memória, que aumentaria gradativamente com o passar do tempo e não haveria nada que pudesse ser feito, nem mesmo na medicina bruxa, para remediar aquela enfermidade. Preocupada com o futuro, Molly guardou suas memórias mais preciosas em pequenos frascos, para que pudesse recorrer a elas quando não se lembrasse de mais nada. Ao ter suas memórias salvas e bem guardadas no fundo de um armário, ela tentou seguir com sua vida normalmente, mas já tinha certa dificuldade para reconhecer alguns de seus amigos e nem sequer lembrava de haver conhecido algumas pessoas que não eram tão próximas a ela.

No fundo, George achava que aquela doença nem era tão ruim assim, uma vez que ela simplesmente havia esquecido alguns fatos traumáticos de sua vida, como a primeira e a segunda guerras bruxas, além de ainda ter a esperança que Fred lhe faria uma visita assim que pudesse. Essa esperança se alimentava sobretudo pelo fato de que às vezes, George fingia ser seu irmão e a visitava, explicando que estava trabalhando em uma missão secreta para o ministério e por isso não poderia estar sempre com a família. Era realmente uma missão secreta, uma vez que ninguém se animou a revelar-lhe toda a verdade sobre a morte de Fred. E George, que entendia muito bem como era sentir falta de um familiar tão importante, como se fosse uma parte dele mesmo perdida, se oferecia para cuidar da mãe quando ninguém mais podia e nesses momentos era um perfeito Fred, pois sabia exatamente tudo o que seu irmão pensaria ou faria em diversas situações. Sempre que Molly dizia ter visto seu finado filho, o restante da família atribuía essa alucinação à sua enfermidade mental e George sempre entrava “na brincadeira”, dizendo que adoraria ter visto seu irmão, perguntando como haviam sido esses encontros e lhe mandando lembranças suas caso o encontrasse outra vez.

Tudo parecia normal na medida do possível, até que um dia Ron e Harry foram passar um fim de semana na Toca, pois suas esposas resolveram tirar uma folga em um Spa, por sugestão de Hermione, que adorava esse tipo de retiro trouxa. Com o pretexto de ajudar a cuidar da mãe e da sogra para mascarar a incompetência de administrarem suas casas sozinhos, os dois resolveram levar os filhos para o velho e aconchegante lar dos Weasley.

No sábado de manhã, Molly estava na cozinha preparando o almoço com a ajuda de sua neta Rose, que se interessava muito em aprender qualquer tipo de coisa, incluindo cozinhar. Harry, Ron, Albus e James jogavam quadribol do lado de fora enquanto Lily e Hugo corriam pela casa, levando vez ou outra algumas advertências de seu avô, que lia o Profeta Diário em sua poltrona preferida e não se incomodava tanto porque eles faziam muita bagunça ao seu redor, mas se preocupava porque eles poderiam se machucar se corressem tanto assim.

Em uma dessas advertências, eles resolveram sossegar e abrir o armário gigante da sala, que por dentro era magicamente aumentado e permitia que os dois andassem tranquilamente por vários corredores com prateleiras de madeira contendo inúmeros pertences da família ao longo dos anos, o que fascinava os primos e, sempre que entravam, ficavam explorando o lugar por horas.

Quase no final do armário havia uma penseira e uma caixa de madeira, que eles não se lembravam de ter visto ali antes, então a abriram e, cuidadosamente, retiraram os frascos que estavam ali dentro, cada um deles com uma etiqueta diferente, indicando do que se tratava.

“Magias involuntárias”

“Primeiros dias em Hogwarts”

“Conhecendo Arthur”

“Primeiro beijo”

“Casamento”

“Primogênito Weasley”

“Meu dragãozinho”

“Sempre meu orgulho”

“Furacão e tempestade.”

“Roniquito da mamãe”

Lily teve um ataque de risos tão grande ao ler essa última etiqueta, que quase deixou o frasquinho cair, recebendo uma bronca de seu primo:

— Cuidado, Lily! Você quase destruiu as memórias do meu pai!

Ele rapidamente o tirou das mãos de sua prima, pois considerava uma parte importante demais da própria história e queria proteger aquele frasquinho.

— Ai, desculpa! Eu não ia deixar cair, sei como essas memórias são importantes pra vovó, tá bem?

Ela se defendeu um pouco ofendida e continuou olhando os frasquinhos, encontrando logo “Nossa princesinha”, que deduziu ser as memórias sobre sua mãe e estava quase abrindo o frasco, pois não aguentava a curiosidade, quando seu tio Ron se aproximou deles.

— O que estão fazendo aqui? O almoço está quase pronto e sua avó já me mandou vir atrás de vocês!

— Como sabia que a gente estava aqui?

— Porque deixamos a porta aberta e não estávamos mais em lugar nenhum, é bem óbvio, né Lily?

Ron admirava o filho que deu a resposta em seu lugar, ao que tudo indicava aquele menino também havia herdado o cérebro da mãe, mesmo se parecendo tanto com ele.

— Foi isso mesmo, agora me dêem essas memórias porque elas não são brinquedos e corram para lavar as mãos… — Ele ordenou enquanto tomava os frascos das mãos das crianças para guardá-los.

Revirou os olhos ao ler as etiquetas e franziu o cenho ao ler aquela que se referia a ele. O que será que havia ali?

Imaginando que ainda teria tempo o suficiente, abriu o frasco, despejou a memória na penseira e logo mergulhou a cabeça ali, sendo magicamente transportado para as memórias de sua mãe.

Ele se viu como um bebê gorducho, que mamava tranquilamente no colo da mãe com os olhos já fechados, quase dormindo. Ao perceber que o bebê havia dormindo, Molly o afastou para acomodá-lo melhor em seu colo, mas ele imediatamente resmungou, abrindo os olhinhos e tentando entender o motivo pelo qual seu almoço foi interrompido.

— Você acabou de comer, meu amor! Agora é hora de dormir e dar um descanso para a mamãe! — Ela dizia com uma voz engraçada, arrancando uma risada do bebê Ron.

Mas ao perceber que ele não dormia de jeito nenhum, o acomodou de frente para ela e começou a conversar com ele.

— Ah, Ronald, o príncipe da mamãe… Tão pequeno e tão amado! Se você soubesse o medo que eu tive de te perder… Não gosto nem de lembrar daquele dia, foi tudo tão corrido, tão desesperador, eu só queria ter a certeza de que você estaria a salvo em meus braços e praticamente desmaiei depois de ouvir seu primeiro chorinho. Quando voltei à consciência quase estuporei uma medibruxa que não me deixava te ver! ”A senhora precisa repousar, Senhora Weasley, sua gravidez foi de alto risco e ainda não está bem para se levantar... Seu bebê está bem, senhora Weasley, ele só precisa de mais alguns dias em observação… Não se preocupe, senhora Weasley, tudo vai ficar bem!” Argh, aquela mocinha me tirava do sério!

O bebê provavelmente não entendia nada do que a mãe falava, mas dava risadinhas pelo tom de voz gozador que ela usava para imitar a medibruxa, o que pareceu desarmar sua expressão irritada e rir de volta para o seu filho.

— Mas toda a raiva que eu tinha por me separarem de você acabou quando vi seu rostinho pela primeira vez, você era tão pequenininho e perfeitinho! Não era a primeira vez que eu contemplava um filho recém-nascido e até eu mesma me surpreendi por ficar tão emocionada ao te ver… Meu pequeno milagre!

Um leve lacrimejar de emoção se formava tanto nos olhos do velho Ron, que observava a cena, quanto nos da senhora weasley, que depositava um beijo suave na testa de seu bebê sorridente.

— Eles diziam que eu deveria parar de ter mais filhos depois dos gêmeos, que seria perigoso para mim e para o bebê, mas bem no fundo do meu coração eu sabia que ainda haveria um bebê muito especial em minha vida e não era a hora de “parar com essa loucura”. E eu estava certa, não estava? Olhe só para você! Um pedacinho do meu coração que veio ao mundo como um anjo céu para iluminar nossas vidas com esse sorrisinho... Minha alegria de viver, mesmo sendo tão pequeno eu vejo em seus olhinhos que você já sabe amar e me sinto tão sortuda por ser a primeira a receber esse amor! E eu te amo tanto, tanto, que nem sei explicar! Você é meu filho mais doce e adorável, sabia? Mas não vá contar para os seus irmãos que eu te disse isso!

Molly deu uma piscadela para o filho como forma de cumplicidade para guardar o segredo e deu uma risada bem-humorada quase ao mesmo tempo que o velho Ron.

Ele sabia que sua mãe o considerava o mais amável dos filhos, mas jurava que só era assim porque ele sempre tentava se destacar entre os irmãos de alguma forma, enchendo sua mãe de mimos, abraços e declarações de amor enquanto ainda não tinha idade para se envergonhar disso, ainda mais depois que Ginny chegou, pois ele sempre se considerou “a tentativa frustrada de ter uma menina” e só agora se dava conta do quanto havia sido injusto com esse pensamento.

— O seu papai tinha certeza que você seria uma menina, mas eu sempre soube que você era outro menino, mãe sempre sabe dessas coisas… Mas eu não quis acabar com as esperanças dele e não disse nada, quando você chegou deve ter sido uma surpresa! Posso te contar outro segredo? — Ela olhou em volta como se fosse para se certificar de que as paredes não teriam ouvidos e completou sussurrando. — Do mesmo jeito que senti a chegada de um menino especial e você veio, eu sinto que da próxima vez você finalmente terá uma irmãzinha! E tenho certeza que vai ser um ótimo irmão mais velho, você é o príncipe que faltava nessa família para receber a nossa princesa!

O pequeno Ron chupava um dos dedos enquanto escutava sua mãe falar e ela deu uma risada gostosa ao reparar nesse detalhe enquanto dava beijinhos na barriga dele, o que lhe causou cócegas e começou a rir também.

— Já que você não quer dormir, acho que não faz mal comer um pouco mais, afinal você era muito fraquinho e precisa se alimentar muito bem, não é mesmo?

Enquanto sua mãe voltava a alimentar o pequeno Ron, que parecia ser tão guloso quanto o atual, um sorriso se formava no rosto de seu filho adulto, que continuou a observar atentamente as próximas memórias que surgiam.

Seu sorriso desapareceu no mesmo instante em que se deparou com um pequeno Percy correndo pela sala adentro gritando “Manhê, o Ron está lá fora destruindo as flores do jardim!” e então atravessaram a porta, se deparando com um Ron de aproximadamente 3 anos, todo sujo de terra, com um punhadinho de várias flores arrancadas no chão ao seu lado.

— Ronald! O que é isso? — Sua mãe gritou ao se deparar com aquela cena e o menino deu um gritinho assustado, se levantando em um pulo.

— Era pa ser supresa, mamãe! — Se defendeu rapidamente com seu linguajar iniciante e esticou o punhadinho de flores para ela, o que fez com que sua expressão de brava se amolecesse e, ao invés de receber só as flores, pegou seu filho no colo com um pequeno sorriso de gratidão.

— Mas que doçura! São lindas, meu amor! — Ela retribuiu a gentileza com um beijo na bochecha do filho e, com sua mão livre, retirou as flores da mão dele, só então percebendo que ele havia se machucado porque algumas flores tinham espinhos, o que nem assim o impediu de continuar colhendo as flores e fez com que sua mãe sentisse ao mesmo tempo pena e orgulho. — Agora vamos curar essas mãozinhas e tomar um banho… E da próxima vez, é melhor deixar todas onde estavam, assim você não se machuca e nem machuca as florzinhas, está bem?

O menino assentiu e deitou a cabecinha no ombro da mãe, que adentrou a casa. A última parte dessa memória que Ron presenciou foi Percy olhando para aquela cena com uma careta estranha de quem não entendia nada e seu velho irmão daria tudo para que o pequeno mexeriqueiro visse o ar de superioridade que ele estampava em seu rosto naquele momento.

As próximas memórias de Molly eram curtas. E o próprio Ron não se lembrava de mais nenhuma, mas o fato de perceber que sua mãe guardava com tanto amor cada um daqueles pequenos detalhes, o enchia de emoção.

— Mamãe, eu tenho que ir pra escola deles também?

Um dia ele perguntou, ao perceber que seu irmão Percy também passou a acompanhar Bill e Charlie para onde ele ficaria um ano inteiro fora, sem o perturbar.

— Claro, meu filho, um dia todos vocês vão para Hogwarts…

— Mas se todo mundo for embora, você vai ficar aqui sozinha?

— Não vou ficar sozinha, seu pai vai estar aqui comigo…

— Então vou falar pra ele cuidar muito bem de você, senão eu volto aqui pra fazer isso, tá?

Não esperou nem sequer sua mãe processar aquelas palavras e a abraçou por trás. Ao receber tamanho carinho, de um menino tão pequeno que se preocupava mais com sua velha mãe do que com um mundo inteiro de magia inteiramente ao seu dispor, Molly ficou sem palavras e apenas assentiu com a cabeça, levando sua mão ao coração e seu olhar revelava claramente o quanto ela se sentia privilegiada por ter aquela criança como seu filho menor.

As demais memórias eram apenas vislumbres de momentos ternos, como se cansar de brincar e correr até sua mãe para lembrar-lhe o quanto a amava, pulos que ele dava na cama dos pais pela manhã para presenteá-los com um beijo de bom dia, além do abraço apertado que ela recebera do seu pequeno antes de ter embarcado no Expresso de Hogwarts pela primeira vez. Ela se lembrava de cada abraço de despedida e boa-vinda que recebia do filho quando ia e voltava de Hogwarts, o que o deixou um pouco envergonhado ao perceber que, em seus últimos anos, ele parecia ter se importado mais com o que os outros pensariam ao vê-lo abraçado com sua mãe na estação do que aproveitar para demonstrar a ela todo aquele afeto que só ele sabia brindar.

Ao mesmo tempo em que se perguntava sua como conseguia guardar tantas memórias assim, mesmo tendo tantos filhos, foi magicamente retirado da penseira e já estava de volta ao velho armário enfeitiçado.

Com um movimento de sua varinha, guardou a memória de volta no frasco e o devolveu ao seu lugar na caixa. Ele correu atrás de sua mãe como se tivesse voltado a ser criança e nem percebeu a presença de Rose no canto da cozinha, que estava preparando uma salada.

— Mamãe! — Ele exclamou com a voz embargada e a abraçou por trás, enquanto ela estava na entrada da cozinha movendo os talheres para mesa com sua varinha.

— Ron?! O que foi? — Ela se virou preocupada e o abraçou de frente, com uma certa dificuldade de alcançar sua cabeça para acalmá-lo com cafunés, como sempre fazia quando ele era criança. — Não me diga que Fred e George ainda estão te assustando com aranhas? Dessa vez vou dar um castigo tão grande que eles nunca mais vão fazer isso, eu prometo!

Ron deixou uma risada escapar, ainda que seus olhos marejados condenassem seu verdadeiro estado emocional.

— Eu te amo, mãe!

Foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de se abaixar para esconder o rosto no ombro dela, que por sua vez afagava os cabelos ruivos do seu filho, que já apresentava tons de grisalho.

— Você é a rainha da minha vida! E quer saber? Pode descansar que eu termino isso aqui…

— Oh, o Roniquito da mamãe sempre foi um príncipe!

Ao ouvir aquele tratamento dirigido ao seu pai, Rose se controlou para não cair na risada e se pronunciou:

— Dizer que termina agora que já ficou tudo pronto é fácil, da próxima vez quero ver chegar aqui e fazer o almoço inteiro! — Disse em tom de brincadeira e só então Ron percebeu que ela estava ali também.

— Mas que menina abusada! Vou ali descansar também porque já sou quase um rei e você que vai terminar de arrumar a mesa…

Ele também estava brincando, mas mesmo assim saiu da cozinha, levando sua mãe junto dele com um abraço.

— Mas pai… — Rose tentou argumentar e, ao ver que seu pai não retornaria, terminou de arrumar a mesa.

Quando foi para a sala avisar que já estava tudo pronto, se deteve por alguns minutos ao observar como seu pai estava deitado no colo de sua avó como se fosse uma criança, enquanto os dois iam sendo acalentados pelo olhar enternecido de seu avô, que já estava com o jornal fechado e repousado em seu colo. Achou melhor não atrapalhar aquele doce momento, então decidiu chamá-los por último e foi buscar primeiro seu irmão, seu tio e seus primos.

A jovem Weasley, que também havia herdado o grande coração de seu pai, prometeu a si mesma que, a partir daquele momento, também se lembraria todos os dias que deveria tratar sua mãe como uma verdadeira rainha e que nunca se cansaria de dizer ao seu pai o quanto o amava. Esperava também que algum dia, quando tivesse filhos, eles fossem tão amorosos quanto seu pai era com sua avó, pois essa era uma das qualidades dele que a fazia se sentir mais orgulhosa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, faça uma escritora feliz deixando o seu comentário, por favor!
No futuro, quando eu tiver mais tempo, pretendo escrever mais sobre as memórias da Molly porque realmente gostei dessa fic e também amo demais a família Weasley! ♥