Vestige escrita por Camila-chan


Capítulo 6
Capítulo 6 - Sexta etapa – A Pecadora


Notas iniciais do capítulo

Notas no final da historia! ;p
leitoras novas bem-vindas! o/


Leitora-beta: Annaa

Obrigado Anninha!!! /o/



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6ª etapa – A Pecadora

 

“Tudo o que eu queria ouvir era você dizer que tudo ficaria bem.”

 

 

                Kakashi tinha razão e eu não podia negar isso por mais difícil que fosse eu precisava do Sasuke e para isso tinha que contar a verdade a ele e só de pensar nessa possibilidade eu tinha medo, mas eu não podia continuar com essa vida, ela estava me destruindo. Como o Padre disse, eu tentei acabar com a vida da pessoa errada, então cortarei o mal pela raiz, mas não sozinha. Pelo menos... Eu espero que não.

                Só espero que ele não me odeie... Eu o amo tanto que chega a doer, mas eu gosto dessa sensação, é gostoso, afinal desde que me lembro por gente, minha vida é só sofrimento. Mas guardarei tudo isso para mais tarde. Para a hora que irei falar com Sasuke, meu anjo caído do céu, engraçado... Como se isso pudesse existir, mas é assim que eu o sinto. Minha razão de viver, a única razão! Não sei da onde veio esse amor todo, alias eu não sabia o que era amar antes dele.

                Caminhava pelas ruas vazias e escuras pelo pôr do sol em direção a minha “casa”, queria descansar, mas sabia que quando pisasse os pés ali seria quase impossível. Suspirei pesadamente em frente à porta de madeira antes de girar a chave para abri-la.

 

- Alguém em casa? – perguntei entrando acendendo a luz do cômodo, estranhamente tudo estava silencioso – Mãe? – chamei de novo, mas não obtive resposta

 

                Caminhei em direção a cozinha que fedia comida estragada e também estava escura, ao pisar no cômodo a procura do interruptor da luz tropecei em garrafas que fizeram um barulho alto, mas depois o silêncio voltou, estranhei muito, mas eu devia esperar isso, em geral minha mãe estaria abraçada a essas garrafas enquanto bebia ainda mais. Mas o silêncio era muito estranho, senti um arrepio percorrer minha espinha e ao acender a luz dei de cara com ela estirada no chão inconsciente.

 

                - Mãe? – chamei abrindo espaço para me ajoelhar ao lado dela entre as garrafas de cerveja – Acorda! Ei! – chamei irritada e indo até a pia enchi um copo com água. Voltei até ela e espirrei o liquido sobre ela – Acorda!! – murmurei a cutucando com o pé – Mais que droga!

 

                Olhei em volta e ali tinha mais garrafas do que o normal. Abaixei-me perto dela e lhe dei um tapa no rosto, mas ela não se mexeu. O peito dela começou então a subir e descer rapidamente. Então lembrei do que o médico disse para ela a última vez que a levei inconsciente ao hospital, “Da próxima vez a senhora pode entrar num coma alcoólico complicado, já é sua sétima internação só esse ano. Controle-se por favor!” respirei profundamente. Ela tinha que acordar. Dessa vez eu não tinha dinheiro para interná-la.

                Tirei as garrafas do caminho e a puxei pelos braços até seu quarto e a joguei na cama e aquela cena estava me desesperando. Cada vez mais o peito dela subia e descia rapidamente. Aquilo não era um simples coma alcoólico. Voltei para a sala procurando minha bolsa e procurei pelo celular antigo que eu tinha há anos e mantinha desligado para não ser incomodada. O liguei desesperada, enquanto caminhava para cozinha abrindo os potes onde minha mãe guardava as economias dela. Tinha que ter algum dinheiro ali dentro, mas não tinha nada! Ela devia ter gastado tudo com essas bebidas.

                Olhei apresada para o celular enquanto a tela de “Bem vindo” aparecia, comecei a tatear os bolsos, mesmo sabendo que não acharia nem um centavo. Andei em passos largos até o quarto que coloquei minha mãe enquanto procurava na agenda o número dele, eu não tinha opção precisava de ajuda, não podia simplesmente deixar minha mãe morrer na minha frente.

 

                - Sakura? – ouvi a voz dele do outro lado da linha

                - Sasuke-kun? – chamei impedindo que ele continuasse, minha mãe estava começando a ficar pálida – Eu preciso da sua ajuda!

                - O que houve Sakura? Do que você precisa? – ouvi ele perguntar do outro lado da linha e a voz dele no telefone parecia tão sensual que fez eu me acalmar um pouco

                - Minha mãe. – eu disse ouvindo a respiração lenta e calma dele – Ela não está bem!

                - Já chamou uma ambulância? ­– perguntou ele

                - Eu não tenho dinheiro para interná-la de novo! – eu disse sentindo as lágrimas começarem a cair – Você queria me aju...

                - Sakura? Não acredito que está se impedindo de tratar a sua mãe por falta de dinheiro. – me disse ele e ouvi um barulho, provavelmente ele estava se mexendo na cama ou havia se sentado nela – Eu já disse e vou repetir, se o problema é dinheiro eu posso te ajudar, mas se você deixar sua mãe morrer não posso ressuscitá-la.

                - Você me emprestaria o dinheiro para pagar o hospital dela? – eu perguntei colocando a minha mão sobre a testa da minha mãe

                -Se você prefere usar essas palavras... É isso mesmo! – disse ele, eu não me lembrava de tê-lo ouvido falar tanto assim nem quando ele tentou me fazer aceitar o dinheiro dele

                - Certo! – eu respondi respirando fundo – Mas antes de tudo eu quero falar com você e explicar tudo que até hoje não te expliquei, então faremos um acordo, então eu peço que você ouça tudo antes de dizer qualquer coisa que seja e juro que te pagarei cada centavo nem que leve o resto da minha vida...

                - Sakura... – me interrompeu ele – Só traga logo sua mãe, ok?

                - Certo! – eu disse desesperada – eu estou indo.

                - Não se preocupe! – disse-me ele e desligou o telefone

 

                Disquei o número da emergência e logo me atenderam, pedi pela ambulância e logo eles estavam vindo, fui para cozinha tirando todas as garrafas do caminho colocando-as num saco e antes que eu terminasse ouvi a sirene do carro de socorro. Fui correndo até a porta da frente atirando o saco de garrafas para longe.

 

                - Foi aqui que chamaram a ambulância? – perguntou um rapaz quando abri a porta

                - É isso mesmo! – eu disse passando a mão impaciente pelo cabelo – Por favor, me sigam.

 

                Caminhei rapidamente pelos cômodos em direção ao quarto onde havia colocado minha mãe e eles vieram atrás de mim com uma maca e alguns aparelhos.

 

                - Aqui! – eu disse entrando no quarto indo para o outro lado da cama

 

                Vi quando um dos rapazes de aparência jovem examinou rapidamente minha mãe e logo depois se virou para os outros dizendo rapidamente em tons de ordem:

 

                - Parece um inicio de ataque cardíaco, levem-na para a ambulância. – disse colocando um respirador dela – Você é parente? – me perguntou ele indo para o meu lado dando passagem para ela ser colocada na maca

                - Sim! – eu respondi com a mão sobre a boca. Então não era um coma alcoólico como de costume e sim um ataque cardíaco? – Ela é minha mãe!

                - Vamos para a ambulância? – perguntou ele indicando com a mão a direção da porta enquanto minha mãe passava por ela em direção a ambulância e nós os seguimos

 

                Ao passar pela porta da frente da casa eu a fechei rapidamente e me virei para entrar na ambulância, mas antes disso reparei que a vizinhança inteira estava do lado de fora e o olhar de reprovação deles sobre mim me deu calafrios.

_

                Eu estava no hospital há um tempo preenchendo algumas fichas enquanto eles atendiam minha mãe na emergência, entreguei as folhas preenchidas e me inclinei no balcão.

 

                - Eu preciso falar com Uchiha Sasuke! – eu disse calmamente para a mulher

                - Ele é um empregado do hospital? – perguntou-me ela

                - Não! – eu respondi – Ele é paciente... Mas eu preciso muito falar com ele.

                - Eu sinto muito! Não posso deixar que faça visitas agora. O horário acabou há algum tempo, Haruno-san. – ela me respondeu voltando seu olhar para o papel que eu havia assinado

                - Mas é urgente! – eu disse e minha voz saiu um tanto desesperada

                - Eu sinto muito. – respondeu ela caminhando em direção a sua cadeira

 

                Respirei fundo tentando me segurar, em outra situação eu pularia no pescoço dela, mas não agora. Caminhei em direção a uma das cadeiras da sala de espera e colocando a bolsa da minha mãe na cadeira ao lado, comecei a procurar meu celular, mas não o encontrei. Droga devo tê-lo deixado em casa. Foi quando ouvi vozes altas vindo do corredor e desviei meus olhos da minha bolsa.

 

                - Você não pode sair do quarto. Uchiha-san! O senhor tem que ficar deitado na sua cama! É perigoso! – dizia uma enfermeira de aparência cansada e já com certa idade – Uchiha-san me escute!

                - Fique quieta! – murmurou ele andando em passos graciosos em minha direção – Está me irritando. – murmurou friamente fazendo a enfermeira se encolher

                - O que está fazendo? – perguntei me levantando ao vê-lo se aproximar de mim

                - Você queria falar comigo não foi? – perguntou ele parando a minha frente – Então como estava demorando e não atendia o celular decidi procurar eu mesmo por você. Konoha não é tão grande assim para levá-las a outro hospital.

 

                Eu escutei ele dizer aquelas palavras calmamente e graciosamente como se ele fosse a perfeição em pessoa, mesmo que eu soubesse que a perfeição não falaria do jeito que ele falou agora a pouco, e por um momento esqueci o real motivo de eu estar aqui e me senti leve, quando uma voz surgiu atrás de mim.

 

                - Haruno-san? – perguntou a voz e ao me virar vi outra enfermeira se aproximar

                - Sim... – eu disse olhando-a se aproximar

                - O doutor gostaria de falar com você. – me disse ela e senti meu corpo estremecer

                - Minha mãe... Ela... – comecei mais logo vi a enfermeira sorrir e me interrompi

                - Ela está bem agora. – me disse ela sorrindo docemente para mim – Venha comigo?

 

                Eu sorri de volta para ela aliviada, então me lembrei de Sasuke atrás de mim, me virei para olhá-lo e ele me olhava sereno.

 

                - Que bagunça é essa? – ouvi uma voz severa e firme surgir mais atrás de Sasuke na entrada do hospital – O que está fazendo fora da cama Uchiha?

 

                Vi Sasuke se virar lentamente para ela - que se aproximava de nós agora - e o olhar dele era severo, eu diria até impaciente, mas ele nada respondeu a médica.

 

                - Eu tentei impedir. – disse a senhora enfermeira que seguia Sasuke a pouco – Mas ele não me deu ouvidos.

                - Volte para o seu quarto Uchiha! – disse a doutora Tsunade colocando as mãos na cintura, uma de cada lado

                - Não. – ele simplesmente disse se sentando onde eu estava antes

                - Garoto teimoso. – exclamou a doutora irritada

                - Sakura vá logo, estarei esperando aqui. – disse Sasuke cruzando os braços

                - Mas... – eu comecei a dizer olhando a cara irritada da doutora, mas fui interrompida

                - Se Sakura não pode entrar no meu quarto eu irei até ela. – disse ele me lançando um olhar rápido e então finalmente dirigiu seu olhar para médica – Você que a proibiu. Agüente as conseqüências.

                - Como você sabe disso? – exclamei confusa sentindo meu coração falhar por um segundo

                - Ouvi as enfermeiras falando. – disse ele rapidamente sem me olhar e preferi assim, eu estava envergonhada de não ir falar com ele antes sobre isso, mas eu não tinha a coragem necessária, será que eu realmente a tenho agora?

                - Haruno-san o doutor não pode ficar esperando. – disse a enfermeira que havia vindo me chamar

                - Vá logo! – ele disse e eu percebi que aquilo era uma ordem e não um pedido, então não consegui rebater

                - Sim! – eu disse me virando para a enfermeira que começou a andar comigo logo atrás dela em direção as salas da emergência, deixando-os sozinhos

 

                Ao chegarmos aos largos corredores da emergência, que a essa hora estavam quase vazios, vi a enfermeira parar na terceira porta pela qual passamos e ao bater levemente nela eu ouvi um entre. A mulher abriu a porta para mim me dando passagem e quando o fiz ela a fechou em silêncio.

 

                - Boa noite senhorita Haruno. – me cumprimentou um médico já com certa idade se colocando de pé e se inclinando levemente para frente em saudação

                - Boa noite doutor... – eu comecei me curvando em resposta mais logo ergui a cabeça procurando por um nome em um crachá ou algo do tipo

                - Mizuno. – disse ele sorrindo simpático se sentando em sua cadeira novamente – Sente-se Haruno-san

                - Obrigado Mizuno-sensei! – eu disse me sentando de frente para o médico – Como está minha mãe? – perguntei impaciente, por mais que ela tenha feito tudo o que fez ainda era minha mãe

                - Sua mãe está dormindo agora, mas deve acordar logo. – disse ele sorrindo gentil para mim

                - Ainda bem... – eu disse sorrindo aliviada colocando a mão sobre meu peito sentindo o alivio dentro dele

                - Haruno-san já pensou em internar sua mãe numa clinica de reabilitação? – me perguntou ele e então senti meu coração ser apertado fortemente e o olhei assustada – Tinha um índice de álcool muito grande no sangue de sua mãe e isso contribuiu muito para o inicio de um infarto. Se ela não se tratar poderá morrer e... Bom, na ficha dela diz que ela é uma alcoólatra compulsiva. Se você não quer perdê-la pense nisso. – me disse ele e pegando algo que ele tinha sobre a mesa, estendeu para mim uma espécie de cartão – Se me permite. Eu indico essa clinica. – peguei receosa o cartão de tom pastel e o olhei – Logo que ela for para um quarto e sair da emergência mandarei chamá-la para que você a veja. Pense no que eu disse Haruno-san.

                - Obrigado Mizuno-sensei. – eu disse me colando de pé e me inclinando levemente fui até a porta e sai da sala

 

                Eu estava perdida, não tinha escolha alguma. Tinha que fazer isso e torcer para que Sasuke tivesse compaixão de mim, eu proporia a idéia que o Padre Kakashi tivera, mesmo assim talvez tivesse que vender a casa onde eu minha mãe morávamos e talvez Mama deixasse eu morar por algum tempo... Mas o que eu estava pensando? Eu não tinha decidido que deixaria essa vida? É melhor que eu fale logo com Sasuke.

Então meus pés deram passos trêmulos em direção a recepção, mas ao chegar lá ele não estava mais ali. Suspirei pesadamente passando a mão pelo rosto, talvez ele tenha desistido de mim.

 

                - D-desculpe... – ouvi uma voz delicada e suave dizer atrás de mim e me virei para ver quem me chamava, era uma enfermeira que tinha o rosto mais delicado e amável que eu já tinha visto antes, os olhos de uma cor perola, mesmo que assustador a primeira vista, transmitia amor – Sakura-san?

                - Sim! – eu respondi encantada com ela

                - Tsunade-sensei liberou sua entrada no quarto do Sasuke-san hoje. – me disse ela olhando para as próprias mãos timidamente – E-ele está a sua espera lá.

                - Obrigado Hinata-san! – eu disse olhando o nome dela no crachá que ela usava. Eu não me esqueceria jamais do rosto dela, ela era bem próxima do que eu gostaria de ser, mas que não era – Até.

                - Bye-bye... – disse ela sorrindo para mim

 

                Dei as costas a Hinata ao me despedir dela e caminhei em direção ao quarto dele, eu conhecia o caminho muito bem, mas nesse momento eu desejei esquecê-lo, mas não esqueceria. Era preciso que eu e Sasuke tivéssemos essa conversa agora, mesmo assim o corredor pareceu mais curto do que antes e quando me dei conta já estava em frente a porta do quarto dele. Dei leves batidas e ouvi um “Entre” então abri a porta vagarosamente, tentando inutilmente adiar ao máximo o que viria a seguir.

 

                - Como está sua mãe? – me perguntou Sasuke quando fechei a porta e ao olhá-lo atentamente ele pareceu muito mais belo do que a minutos atrás

                - Está bem. Quando ela for para um quarto poderei vê-la. – eu disse parada de costas para porta e nesse momento cogitei sair correndo dali, mas não o fiz.

                - Se aproxime Sakura. – disse ele se sentando na cama enquanto me olhava

                - Como se sente, Sasuke-kun? – perguntei me aproximando um pouco dele, mas não muito

                - Às vezes algum mal estar, mas estou cada vez melhor. – disse ele e mesmo que isso fosse motivo de alegria, nem eu e nem ele sorrimos, muito pelo contrário, o semblante de Sasuke era sério – Já dei entrada no pagamento da internação de sua mãe. – disse ele me estendendo um papel, me forçando a se aproximar mais dele. Peguei o papel sem olhá-lo, pois Sasuke mantinha o olhar no meu rosto baixo – O que queria me dizer?

                - Hoje eu fui à igreja. – eu disse percebendo que ele prestava a atenção no que eu dizia – E falei com o Padre Kakashi enquanto estava lá. – eu continuei receosa – Eu disse que você havia me oferecido dinheiro, mas que eu não havia aceitado. Então depois de conversarmos um pouco ele sugeriu a idéia de que se talvez eu trabalhasse para você depois que o Sasuke-kun saísse do hospital no lugar de alguém que possivelmente você fosse contratar por não poder fazer nenhum esforço, então eu trabalharia e receberia um dinheiro para pagar minhas dividas e você me ajudaria...

                - Eu concordo com essa idéia. – ele disse me interrompendo

                - Por favor, apenas ouça... Já que não tenho muita opção para te pagar o hospital e minhas dividas... – eu disse e vendo que ele me interromperia de novo ergui a mão em frente dele para que ele não continuasse – Eu com certeza aceitaria se você propusesse, mas eu não pediria para que você propusesse isso sem que você saiba aquilo que a tanto custo tenho tentado apagar da minha vida desde o dia que te reencontrei no parque. – eu disse parando para respirar fundo – Preciso que você saiba aquilo que fui e que sou. Todo meu passado.

 

                Vi que ele me olhava prestando muita atenção em tudo o que eu dizia, absorvendo cada palavra prontamente, respirei fundo procurando uma coragem que não encontrei dentro de mim, mas eu encontrei no olhar dele, olhar esse que fez meu coração palpitar como no dia que o revi na praça, fazendo-me abaixar a cabeça e olhar para meus pés de novo.

 

                - Sasuke você já se perguntou o que eu fazia de madrugada naquele lugar nas duas vezes que nos encontramos? – eu questionei e sem esperar resposta eu continuei – Eu sempre tive inveja das minhas colegas na escola quando me contavam sobre suas primeiras vezes com o namorado, porque eu nunca saberia como era isso. Porque para mim isso tinha sido roubado quando eu ainda era uma criança. – senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e então ouvi o barulho dele se mexendo no colchão da cama e me apressei – Por favor, fique ai! Somente ouça, por favor?

                - Estou ouvindo Sakura. – me disse Sasuke e mesmo que ele estivesse de pé a minha frente não tive coragem olhar nos rosto dele e tinha medo de ver nojo ali – Sente-se.

 

                Eu o obedeci sentando na cadeira que ficava ao lado da cama e ele voltou a se sentar em silêncio na cama, mas agora próximo de mim, se eu esticasse minha mão poderia tocá-lo.

 

                - Quando minha mãe ficou grávida de mim, meu pai estava endividado, pois tinha comprado a casa em que moramos e havia deixado de pagar outras contas e vendo que minha mãe não poderia trabalhar para ajudar nos pagamentos e que teria uma boca a mais para sustentar, ele se desesperou e para que fossem perdoadas as dividas, na véspera do ano novo ele fez o ritual do harakiri se suicidando para que minha mãe e eu não tivéssemos que viver na sarjeta, ele nos amava muito, mas o que ele não esperava era que por causa disto minha mãe fosse virar uma alcoólatra. Quando completei 6 anos um vizinho amigo da família a anos entrou em casa quando minha mãe saiu para comprar mais cerveja para beber até ficar inconsciente e pela primeira vez fui abusada sexualmente. Quando minha mãe chegou em casa e me encontrou ainda com o sangue escorrendo pelas pernas ela disse, “A culpa é sua! Quem manda ser uma inútil que só me dá despesas, tinha que me dar algum lucro.”

                “Desde então eu passei a fugir de tudo e de todos, não deixando que ninguém se aproximasse muito de mim inclusive minha mãe, mas quando tinha 12 anos minha mãe fez muitas dividas por causa da bebida e para tentar quitar todas se casou de novo, 2 meses depois que ele havia mudado para nossa casa, começou a visitar meu quarto a noite, eu consegui fugir dele durante um tempo mas um dia ele finalmente me pegou, eu tentei fugir mais não consegui. – eu disse sentindo que as lágrimas se tornavam mais grossas a cada palavra que eu dizia – Eu fiquei sem conseguir andar durante 1 mês depois disso, mas foi só quando ele se recusou a gastar o dinheiro dele com as bebidas de minha mãe que ela o mandou embora e isso quase lhe custou a vida, pois ele bateu nela até ela ficar inconsciente e novamente ele me invadiu.”

                “Com 14 anos perfurei o braço de um professor meu com uma faca, ele tinha ido até em casa para falar com minha mãe, mas quando ele começou a passar a mão pelo meu corpo eu me descontrolei. A partir desse dia eu me tornei muito agressiva com qualquer pessoa que aparecesse na minha frente. Quando completei 16 anos minha mãe me disse que já que eu não deixa que ninguém entrasse naquela casa eu teria que arrumar um emprego para sustentá-la já que eu ameaçava com uma faca quem ficasse a menos de 3 metros de mim, é claro que eu não conseguiria arrumar um emprego decente naquele buraco que moramos e sem contar que todos tinham medo de mim. – enxuguei as lágrimas que escorriam tentando impedir que elas saíssem, mas não funcionou, enquanto isso Sasuke continuava sentado ouvindo tudo atentamente”

                “Então logo conheci Mama e comecei a trabalhar em uma boate dela com uma identidade falsa, já que meu corpo foi sempre mais desenvolvido que das outras meninas da minha idade, eu era contratada para fazer a limpeza do lugar, mas eu vi tantas coisas naquele lugar que muitas vezes eu vomitava de nojo. Um ano depois Mama veio me pedir para substituir uma dançaria me oferecendo o dobro do que eu ganhava fazendo a limpeza do lugar. Eu estava obcecada para ganhar dinheiro suficiente para sair daquele buraco, então aceitei, mas fiz questão de deixar claro que seria só naquele dia. Mama foi mais esperta que eu, ela me deu algumas drogas antes do show dizendo que era para eu me soltar para dançar, mas foi nesse dia que ela me fez assinar minha sentença de morte. Ela me fez assinar um papel que dizia que eu teria de pagar para conseguir sair de lá. É claro que eu jamais juntaria aquele valor com aquele salário, então como minha mãe gastava quase tudo o que eu ganhava e o que ela ganhava com a aposentadoria por invalides dela, Mama me mandou para a boate no centro, mas eu dava muito prejuízo, pois sempre brigava com os clientes e isso só aumentava minha divida com ela.”

                “Aquele dia que você me encontrou na praça pela primeira vez eu queria acabar com tudo isso, já havia tentado aceitar minha vida do jeito que ela era, mas não conseguia. Sasuke? – o chamei sem olhá-lo enxugando as lágrimas que caíam como cascata dos meus olhos – Eu tenho nojo de mim mesma! Mesmo assim, sem nem me conhecer você me salvou, eu te odiei por isso no começo, mas ao te reencontrar eu percebi que você não era como as outras pessoas. Então, por favor, me dê só essa chance? Eu quero ser uma boa pessoa!”

 

                Quando terminei de falar o silêncio se fez pelo quarto enquanto era possível ouvir somente meus soluços abafados, mas nenhum som de Sasuke. Só a respiração calma e ritmada dele. Minutos que mais pareciam eternidades se passaram e como ele não dizia nada, eu continuei ainda sem coragem de encará-lo.

 

                - Eu entenderei se você disser que tem nojo de mim e que jamais colocaria uma pessoa como eu dentro de sua casa...

                - Eu queria escolher as palavras certas para dizer isso, mas não as encontro. – disse ele, mas sua voz não tinha nenhum tom de nojo ou repulsa o que me deixou muito confusa – Que bom que decidiu mudar. – me virei espantada para ele e ele tinha um pequeno sorriso nos lábios, tão sincero como eu jamais havia visto na vida – Eu não suportaria vê-la sofrer mais.

 

 

“Como uma flor que trotou, descobrindo pela primeira vez a luz gostosa que vem do sol que a mantém viva. Foi assim que eu me senti”


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Notas finais do capítulo

Bom primeiro desculpem a demora pessoainhas!! T.T
eu queria postar ate o dia do feriado de 7 de setembro, mas nao deu!
acabou que uma pessoa que eu gostava muito faleceu e passei dia 6 e 7 no velorio e enterro!
e logo depois entrei em epoca de prova!!
aliais estou em epoca de prova, mas eu nao vou ter prova amanha!! *-*
só um seminario!! T.T
e bom eu já queria ter postado antes, mas nao deu!!!

fiquei feliz que o numero de comentarios subiram!! =D
mais muitos leitores sumiram!! T.T
espero que os comentarios continuem subindo!!! *.*
uma pena que ninguem recomendou a fic dessa vez!! -.-
chato!
XD
na verdade é o primeiro capitulo que posto sem ter ninguem para agradecer a recomendaçao! XD

bom espero que tenham gostado e deixem muitos comentarios!! *-*
fiquei muito feliz com os do capitulo passado!!! *3*
o que voces achariam se eu disse que estou pensando em escrever um livro com uma ideia parecida com a da fic?
aliais a ideia original era para um livro! ;X

bom...
bye bye pessoas lindas do meu coraçao!! *-*
bjitos o/


e COMENTEM!!!!!!!!! Ò.Ó
rsrsrsrs...