MARY MACDONALD

Mary olhou, sem vontade alguma, para os caixões que repousavam na frente da igreja e ela se amaldiçoou de volta, talvez aquilo não teria acontecido.

Mas agora, não podia ter mais remorsos, não tinha como voltar no tempo, e só restava rezar.

Amém.

Seus dedos se entrelaçaram com o do jovem ao seu lado, aquele a quem estava prometida a casamento e, apesar de ser um amigo próximo da família, Mary não sabia ao menos o seu sobrenome.

Olhou em volta procurando ela. Contudo, nem precisou virar para os lados, pois a sua frente uma gargalhada foi ouvida, no meio da oração. E é claro que era ela.

A MacDonald sabia, que ela era a única que riria num funeral, e não por maldade e sim por seu incrível senso de humor e vontade de animar o ânimo de todos, Mary, assim como todos, olharam para ela e naquele momento a garota acreditou que seus olhares se cruzaram e continuaram assim, até ela lhe dar um sorrisinho e se voltar ao grupo de amigos que a acompanhava.

E logo, a garota de cabelos cacheados lembrou-se de tudo e inventando uma desculpa qualquer para dar uma saidinha, enquanto andava pelo corredor central, sentiu os olhares dos ex-colegas queimando suas costas, quando saiu, pela porta da frente, sentiu o ar fresco e sem culpa encher seus pulmões novamente, e sem perder tempo, pegou um maço de cigarro que levava escondido no bolço da calça e tragou.

Mesmo com aquela sensação de liberdade, nada impediu Mary de lembrar.

De lembrar da vez, que voltou animadíssima para casa no natal do sexto ano, dizendo que finalmente havia se apaixonado, e do jeito em que sua mãe havia pirado quando dissera que seu coração pertencia á uma menina e como havia gritado que depois de se formar em Hogwarts queria Mary longe daquela gente. E Mary baixou a cabeça e fez tudo o que ela mandou, e continua fazendo.

Se arrepiou em pensar que era domingo, o último do mês, e que seria obrigada a confessar ao padre seus pecados, inclusive aquele, que carregava com tanta dor no peito, sua mãe dissera que aquele pecado de se apaixonar pela garota, deveria ser confessado todas as vezes, e mesmo assim ainda não seria totalmente perdoada.

E realmente não seria se continuasse pensando naquilo, mas quando teve um singelo sinal de voltar aquele fardo, caiu a ficha, Lily e James estavam mortos, caralho!

Seu coração palpitou e foi inevitável não sentir os joelhos enfraquecendo, e mais uma vez naquele dia acabou desistindo de novo, mesmo sabendo que estava destinada ao sofrimento, pelo menos agora Voldemort estava morto, ou não estava?!

Os devaneios de Mary foram interrompidos por um borrão de cabelos cor de mel, era ela. Sentiu um formigamento estranho no corpo inteiro, e aquilo aumentava ao modo em que ela se aproximava. Por fim, ela, sorriu e pegou o cigarro da boca da garota milímetros a sua frente e tragou.

— Trágico. – Sua voz era rouca, porém cheia de emoção, seus olhos encaravam a grama e possivelmente já estavam encharcados de lágrimas. – Eles realmente eram muito corajosos, eu, particularmente, fugiria.

E acabando com a distância entre elas, Mary a beijou, sabendo que ela, cujo nome era proibido, ainda sentia alguma coisa, e aquilo era recíproco.

— Por favor fuja comigo. – Implorou a MacDonald, como se sua vida dependesse daquilo, na verdade sua felicidade dependia daquilo. – Vamos lá, Amélia!

Amélia Bones. Aquele era o nome do seu maior pecado.

Por fim, ela a puxou pela mão e juntas aparataram para Godric's Hollow, aonde, na frente da casa dos Potter, deixaram flores, e continuaram, fugindo.

E assim, Mary fugiu do templo das mentiras aonde sua mãe á escondia e é claro, agora, mais do que nunca, não tinha como ser absolvida de seus pecados.

Mary não precisava temer mais nada agora que Amélia estava ao seu lado.