I Wish You Were Here. escrita por vanprongs


Capítulo 11
Lembranças.




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Tomei coragem e abri o envelope, e me deparei uma caligrafia fina e cursiva. Um sorriso logo tomou meus lábios e me arrumei na cama, para ler o que mamãe tinha feito. 

 

Querida Lynx,

Eu gostaria de começar essa carta dizendo algo doce e mais elaborado que eu te amo, mas não sei se consigo pensar em algo agora. Eu te amo, querida e estou sempre com você.

Fico tão triste em saber que eu não estive presente em momentos como quando sua carta de Hogwarts chegou ou até a sua primeira ida à plataforma 3/4. Eu queria ser a pessoa que te levou para comprar seus materiais e uma coruja, mas infelizmente nem sempre a vida é justa, meu amor.

Não sei como é sua aparência agora, mas eu imagino que seja o mais parecida com o seu pai possível. Até o cabelo! Aposto que você continua tendo os cachos do seu pai, mas espero que ao menos a personalidade continue como a minha (mesmo que sejamos um pouquinho... explosivas) e jamais se esqueça das coisas que eu, como ninguém, tentei te ensinar.

Ame as pessoas com todo o seu coração, Lynx. Lute cada batalha com toda a força que você tiver e viva cada dia tão intensamente como se fosse o seu último dia viva.

Eu passei tempo demais negando a mim mesma coisas que podiam ter me feito feliz, mas sei que agora, mesmo no meio dessa guerra, você e o seu pai são as melhores escolhas que eu fiz. Você vai ser sempre a melhor coisa que já aconteceu comigo, querida.

Aproveite seus anos em Hogwarts, as amizades (imagino que seu relacionamento com Harry seja ou de amizade intensa ou ódio extremo), mas não se esqueça de que ele também é sua família. E acima de tudo, pense em mim e no seu pai, meu amor. Ele é o melhor homem que eu já conheci, mas ele comete erros como todo mundo.

Estou deixando para você junto com essa carta algumas fotos dos melhores momentos da minha vida com as pessoas que eu mais amei. E eu espero que um dia você tenha tantas fotos quanto eu tive e tanto amor que você se sinta realizada.

Eu estou sempre com você, minha estrela. Sempre.

Com amor,

Mamãe.

(Marlene McKinnon-Black)

 

As coisas poderiam ficar mais triste para mim? Senti que minhas bochechas estavam molhadas e tentei, miseravelmente, seca-las com o dorso de minhas mãos, funguei mais uma vez antes de trazer a carta para perto de meu peito, fechei os olhos e sentia falta de mamãe ser ainda mais presente na minha vida. 

E então tomei coragem, coloquei o papel ao meu lado e olhei para a caixa. Ajeitei minhas pernas cruzadas em frente ao meu corpo e umedeci meus lábios, o que quer que fosse: eu não estava pronta, mas encarei-a novamente e sorri quando vi que havia, ali, algumas fotos. 

Veja as fotos da caixa aqui.

— Sua mãe costumava te falar uma coisa quando você era bem pequena. - a voz de Sirius surgiu na porta, me tirando de meu pequeno momento. 

Encarei a figura paterna atentamente e olhei para seus olhos, incentivando-o a continuar.

— O dia que você nasceu foi ao mesmo tempo o dia mais feliz e o mais triste da minha vida. - ele começou a falar, como se houvesse realmente decorado - Feliz porque assim que eu te segurei pela primeira vez, soube que jamais amaria alguém mais do que eu amo você. - um sorriso triste tomou-se conta dos lábios dele e o vi fechar os olhos, provavelmente ele estava segurando o choro - Triste porque eu também me dei conta de que eu jamais poderia te proteger sempre de todas as coisas ruins que a vida tem pra oferecer.

Puxei o ar com certa dificuldade e levantei-me da cama, me pondo a andar até Sirius. Meus pequenos braços passaram por seu corpo e o abracei, deixando que a dor da falta de Marlene McKinnon fizesse-se presente, porque precisávamos daqui. Um do outro.

— Harry é família. - murmurei contra a camisa flanelada que ele usava. 

— Harry é família. - meu pai concordou e beijou meus cabelos - Entendo que o que ele fez foi idiota, James já fez coisas extremamente idiotas para mim... Mas eu também fiz para ele. Só que nós somos família, nós lutamos lado a lado, filha. E Harry precisa de nós dois. 

— Não entendo o motivo de ele ter escondido que você não era o culpado, mas eu... Vou fazer o possível para tê-lo ao meu lado.

Sirius sorriu e fez um barulho com a boca, chamando minha atenção.

— Agora que temos uma parte disso resolvida... Que tal jantarmos e aproveitarmos nosso tempo juntos? 

 

☾☾☾  

 

— Você tem que escolher duas cartas iguais, ou elas explodem com um cheiro terrível para cima de você, pequena estrela. - Sirius me explicava o jogo enquanto fazia com que as cartas antigas que ele e seus amigos haviam ganho nos Sapos de Chocolate, ficassem de cabeça para baixo. 

— E se eu demorar para escolher, explodem com um cheiro azedo? - perguntei, tentando me recordar das regras citadas um pouco antes para mim. 

— Você pega o jogo rápido, criança. 

Dei uma risada nasalada e mordi o interior da bochecha quando vi o aceno de meu pai para que eu começasse o Bafo Explosível, olhei para as  cartas atentamente e virei duas delas, ouvi uma risada canina quando ambas as cartas foram avistadas como diferentes e um estralo pouco alto ser ouvido, seguido por um cheiro terrível no ar. 

— Você é tão horrível nesse jogo quanto sua mãe. - a voz dele soou nasal pelo mesmo estar tampando o nariz com os dedos.

Revirei os olhos e apontei o dedo para meu pai.

— Padfoot você parece uma criança tampando o nariz assim, aguente isso como o homem velho que é. - resmunguei e vi meu pai arquear a sobrancelha, um brilho passou por seu olhar e ele riu alto.

— Não me chame de Padfoot, criança boba, eu sou seu pai. 

— É como eu te conheci por muito tempo, então me deixe. - falei em um falso tom mimado e Sirius puxou meu pé descalço, fazendo leves cócegas na sola do mesmo, o que me fez soltar um gritinho histério e começar a rir - Papai, para. - pedi entre a gargalhada. 

O homem mais velho segurou meu pé e soltou uma gargalhada que acompanhou a minha, me puxando em seguida para um abraço e beijando meus cabelos que estavam, agora, presos. 

— Por muito tempo quis isso novamente. - murmurou antes de puxar e ar - É difícil sem sua mãe aqui, mas ver o quão Andromeda  e Edward foram bons para sua criação... Não consigo expressar o quão grato eu sou por te ver saudável e feliz. 

— Pai, eu... Sinto muito. - soltei em um muxoxo - Por acreditar no que diziam a seu respeito. Por acreditar que você seria capaz de tantas atrocidades e de escolher qualquer um que não fosse sua família. 

— Sabe, Lynx, eu não preciso que você me peça desculpas. - Black sorriu para mim e encostou seu dedo indicador em minha testa, fazendo-me encara-lo de forma séria - Nós... Eu, James e Lily... Desconfiamos de Remus por um tempo. - confessou em tom baixo - Sobre ele ser o traidor. 

— Isso soa ridículo. - acusei sem pensar em meias palavras - Vocês acusaram o mesmo homem que quando tem escolha não faz mal a uma mosca? 

— É claro que soa ridículo agora. - papai resmungou e estalou a mandíbula um pouco antes de puxar o ar e fechar os olhos - Mas não é como se nós tivéssemos cem por centro de crença nisso, era uma dúvida que pairava no ar.

— E você se sente extremamente tolo agora? 

— Assim como Prongs teria se sentido, mas tínhamos famílias... Eu pensava mais na sua proteção do que em qualquer outra coisa. 

— Tenho certeza de que ele entende, pai. - disse ao segurar seu braço - De todas as pessoas que eu já conheci, Lupin é uma das pessoas mais... Compreensiva. 

O Black mais velho me deu um sorriso e beijou minha testa como sinal de carinho. 

— Ei, pequena constelação... Eu queria te mostrar algo. 

Assim que disse isso meu pai se levantou, fazendo com que eu me levantasse e o seguisse em direção ao segundo andar. Ele caminhava lentamente em direção ao último quarto do empoeirado corredor, abriu a porta do lado esquerdo e permitiu que eu entrasse após ele.

O ouvi pigarrear e ergui minhas sobrancelhas, tentando lhe dar coragem para falar o que quer que fosse.

— Na verdade... É um presente meu para você. - ele sorriu e umedeceu os lábios ao indicar um objeto que parecia uma grande bacia de ferro, pequenas luzes estavam despejadas sobre ela - É uma penseira. 

— Uma penseira? - perguntei curiosa quando me aproximei dela. 

— Ela permite que revivemos memórias extraídas das pessoas... E eu extraí algumas suas comigo e com sua mãe, para que você... Bem, as tivesse consigo. - a voz embargada de Sirius fez com que meus olhos se enchessem de água e então respirei fundo.

— Eu... - fechei os olhos com força, sentindo algumas lágrimas escaparem - Obrigada, papai. 

— Faça bom uso delas e quando terminar... Coloque-as de volta nesses frascos. As visito sempre que sinto saudade de Marlene. - ele murmurou e me deu um pequeno sorriso cúmplice - Estarei em meu quarto. - quando ia saindo do pequeno cômodo que havia me apresentado, olhou para trás e sorriu - É só mergulhar a cabeça, pequena.

E enquanto quando finalmente fiquei sozinha, foi o que eu fiz. 

 

☾☾☾  

 

Uma pequena Lynx batia com o pequeno dragão de pelúcia no chão irritada quando Sirius Black e Marlene McKinnon discutiam de quem era a vez de trocar a fralda dela. A mulher bateu no ombro do bruxo e o olhou com falso desprezo antes de ir até a filha, pegando-a no colo e escondendo seu rosto no pescoço da pequena, arrancando uma risada gostosa de seu bebê. 

 

☾☾☾ 

 

 

 Vi uma versão mais nova de mim encarar minha mãe com um sorriso travesso nos lábios, a loira me encarou com seriedade e assim que um barulho qualquer saiu de meus lábios ela soltou uma risada leve e suspirou.

— Você me ganha com qualquer coisinha, pequena constelação, estou perdida quando você for maior. 

 

☾☾☾ 

 

 Mamãe olhava apreensiva para papai, não me via em lugar nenhum dessa lembrança e deixei que uma ruga de preocupação surgisse em minha testa ao reconhecer onde estávamos agora, em Hogwarts.

— Black, preciso falar algo sério com você. 

— Sou todo ouvidos, McKinnon. - Sirius resmungou encostando suas costas na parede do corredor vazio, ao cruzar os braços em frente ao seu corpo. 

— Eu... - Marlene resmungou e passou a mão nos cabelos nada alinhados que ela tinha - Estou grávida. 

Provavelmente a minha expressão era extremamente igual ao do meu pai naquele momento. Choque. Foi naquele dia que ele descobriu que seria pai, e então a versão mais jovem de Sirius Black puxou o corpo da batedora da grifinória para si e lhe beijou os cabelos de forma terna, assim que viu que seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Nós vamos passar por isso juntos, McKitten. 

Tudo o que eu pude fazer com aquela memória foi sorrir, grata pelos pais que eu tivera.

 

☾☾☾ 

 

 Marlene estava com um pouco de barriga nessa lembrança, mas o choque passou por mim quando vi uma versão minha de dois anos fazendo barulhos estranhos com a boca. Era para eu ter um irmão? 

Ela sorriu para mim quando colocou o livro no sofá e ouviu um barulho vindo da cozinha. 

— Eu tive uma ideia, guerra de neve! -  a voz de Sirius soou feliz pelos meus ouvidos e ouvi a Lynx de dois anos urrar com aquelas palavras.

— Nem por cima do cadáver de Dumbledore. - mamãe brandou com ele, que deixou suas orelhas baixarem e suspirou irritado. 

— Marley, é inverno! O que você acha que devemos fazer?

— Continuar dentro dessa casa, estamos sendo caçados por comensais da morte, Six. - a voz temerosa de minha mãe alertou para a época que estávamos, e senti meus olhos caindo novamente para sua barriga.

Eu não tivera um irmão, ele foi arrancado de mim junto com minha mãe. 

— Estamos protegendo Lynx e Caelum com tudo o que temos, mas ficaremos loucos assim! - papai brandou.

A mulher loira apenas revirou os olhos e acariciou a barriga.

— E continuaremos protegendo a eles, aqui dentro. - disse séria. 

Ela recebeu um olhar triste do Black e olhou para mim, que apenas batia com as mãozinhas no chão... Alguma coisa me incomodava.

— O que lhe incomoda, pequena constelação? - mamãe perguntou, observando a mesma coisa que eu.

— C...ael...um. - minha voz soou fraca e eu fiz um bico, franzindo a testa junto - Vôa. 

— Seu irmãozinho ainda não pode voar com você, pequena. - a mais velha disse segurando a risada, mas seu pai pode lhe ajudar a voar um pouco. O que acha disso?

Eu comemorei e olhei para Sirius, que me deu um sorriso divertido e pegou uma vassoura pequena como se fosse de brinquedo.

Minutos depois uma mini versão de mim voava pela sala da casa, arrancando risadas de meu pai e de minha mãe.  Ali, naquele momento, eramos uma família feliz e completa. 

 

☾☾☾ 

 

Por que não pudemos continuar assim?  Me perguntei antes de balançar a cabeça e me retirar daquela lembrança e voltando ao quartinho escuro. 

Encarei a penseira por um tempo e me coloquei a andar até o quarto de Sirius, entrei ali e o vi deitado na cama com um livro. Reconheci como sendo o que mamãe estava lendo na última lembrança, ele me deu um pequeno sorriso e estendeu o braço para me aninhar. 

— Como posso sentir tanta falta dela assim? - perguntei sentindo a saudade invadir meu corpo.

— Marlene é parte de você, assim como Caelum também é. - papai respirou fundo - E nós sempre sentimentos falta dos dois. - percebi o movimento que ele fez para fechar o livro e pegar a varinha, conjurando uma coberta em cima de nós dois - E nós somos uma família.

— Todos nós somos uma família. - murmurei e senti meu pai acariciar meus cabelos. 

Um tempo depois senti meus olhos pesarem e pude sentir o sono tomando todo o meu corpo, e como se minha mente soubesse o que eu precisava, sonhei com a última lembrança que meu pai havia compartilhado comigo.

A única diferença é que agora Remus e os Potter estavam na sala conosco, e a áurea era leve e divertida. 

 


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