Nora sentiu todo o lado esquerdo de seu corpo adormecer, a pancada que levara mais cedo estava resultando em uma dor maior do que esperava (e deveria); e a única coisa que conseguia ouvir era o barulho monótono irritante da máquina, anunciando que seu coração ainda batia.

A claridade do local fazia seus olhos recém-abertos arderem, seu olhar procurou por rostos zangados de pessoas prontas para lhe darem a maior bronca de sua vida, mas não encontrou.

Lentamente, Nora colocou seus pés para fora da maca e em passos lentos, caminhou até metade da sala; sua intenção era ver onde diabos seus pais estavam. O lugar era silencioso demais e isso era estranho, afinal, ela acabara de quebrar várias regras, e sua mãe jamais deixaria aquilo passar em branco sem ao menos fazer um pequeno escândalo.

A dor na parte de trás de sua cabeça fez a garota perder um pouco o equilíbrio. Não se lembrava de tê-la batido com tanta força. Na verdade, seus pensamentos e memória estavam meio bagunçados. Lembrava-se de estar com Tommy, mas de como havia desmaiado e parado em uma das salas do S.T.A.R Labs ainda era um mistério para ela.

O barulho de passos se aproximando a fez desejar que fosse apenas seu irmão, indo rir da sua cara (e da besteira que havia feito).

Nora respirou fundo e contou até três antes de a porta ser aberta. Sentiu seu lado esquerdo ficar adormecido mais uma vez, e ela não sabia dizer ser por causa da pancada o pelo medo de encarar seus pais.

A garota fechou os olhos e resolveu se concentrar na dor, antes de desequilibrar-se e cair no chão.

— Nora! O que pensa que está fazendo? — a voz de sua mãe ecoou pela sala — Nora Raymond, você está muito encrencada!

Nora quase soltou uma gargalhada, e teria feito isso se não tivesse aberto os olhos e visto seu tio Ronnie no meio da sala — abraçando sua mãe — seu tio Ronnie vivo!

— Nora, você quase nos matou de susto. Você tem ideia da sorte que teve? — sua mãe perguntou.

— Nora — Ronnie se aproximou assustado – Filha, nunca mais faça isso.

— Amor, você está meio verde – disse sua mãe, correndo na direção da garota – Filha?! Você está me escutando?

Nora respondeu que sim com a cabeça e fingiu realmente estar escutando. Ela estava em estado de choque e tinha certeza que estava mesmo ficando verde.

— Nora, respire — ela pode ouvir a voz da sua mãe dizer — Ronnie, faça alguma coisa.

— Ela só precisa se deitar.
Nora sentiu Ronnie passar um braço pela sua cintura, e tinha quase certeza que o quarto estava girando, ela não podia passar por aquilo. Sua cabeça deu mais uma pontada e ela mal conseguia ouvir as palavras que sua mãe dizia.

Seu nome não era Nora Raymond, ela não podia ter feito aquilo.

— Pai? — ela tentou mexer sua boca, mas não conseguia ouvir sua própria voz. Nora fechou seus olhos, e sentiu todo o resto se apagar ao seu redor.