Fight Like a Girl escrita por Pocahontas


Capítulo 1
"Perfeita"


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, amores
Boa leitura



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“Por que Victoire Weasley tinha que ser simplesmente perfeita.”

'Cause we lost it all

Nothing lasts forever

I'm sorry

I can't be perfect

 

Fleur Delacour segurou sua filha pela primeira vez em seus braços. Ela aproximou o rosto, deixando que seu nariz roçasse no pequeno nariz de sua menina, sentindo seu cheirinho de bebê. Reparou em cada detalhe daquele rostinho enrugado. No narizinho levemente arrebitado, nas bochechas rosadas, na pele macia como seda, na boquinha já corada por natureza, e nos olhos... Olhos de um azul tão reluzente que causariam inveja até mesmo aos diamantes, da mesma forma que o Sol deveria invejar os poucos fios de cabelo loiros da recém-nascida.

A criança bocejou, seus pequenos olhinhos se fecharam durante o movimento, e Fleur suspirou, encantada. Era tão pequena, tão frágil e delicada, que tinha até a impressão de que caso a soltasse de seu abraço de mãe protetora, ela se desmancharia em pedacinhos.

Por um momento, Fleur se esqueceu de toda a imundice e maldade que havia no mundo. Se esqueceu da guerra, das perdas e da dor.

“Parfait!” a mulher exclamou. “Victoire est parfait...”

E aquela palavra perseguiu-a por anos.

~o~

“Olha quem está vindo”

“É a Victoire.”

Os murmúrios eram audíveis á medida que a garota cruzava o salão em direção á mesa da Corvinal. Na realidade, o mesmo acontecia a cada vez que caminhava em direção a seu lugar em sala de aula, ou quando todos os olhares eram atraídos á criatura estonteante que acabara de entrar na biblioteca. Aquele era, como Rose gostava de chamar, o “efeito Victoire Weasley”.

O sorriso em seu rosto era eternizado.  Singelo e infantil, carregava toda a humildade do mundo, quase como se não tivesse consciência do poder daquele sorriso. E de fato, não tinha. Victoire apenas inclinava seu rosto delicado alguns centímetros para trás e sorria em um tom angelical, quando  alguém elogiava aquele sorriso. E logo, devolvia o elogio, sem ter ideia de sua graciosidade. Victoire não tinha consciência de como todos garotos lutariam apenas por um beijo seu, ou de como as garotas esforçavam-se para odiá-la, mas simplesmente não conseguiam, pois ela era doce demais para isso.

Victoire não fazia ideia do “efeito Victoire Weasley” que causava, e de fato, era isso que a tornava tão bela.

“Ela é... Perfeita.”

Perfeita. Perfeita. Perfeita.

Aquela palavra ricocheteou nos ouvidos de Victoire, e o sorriso logo murchou em seus lábios.

~o~

“Quando eu crescer, quero ser como você, Vick.”

Foi o que disse a pequena Lucy de apenas oito anos, com sua ingenuidade infantil e sorriso banguela. Os dedos hábeis trançavam os longos e sedosos cabelos de sua prima, que segundo a mais nova, eram iguais aos da Rapunzel.

Dominique Weasley, sentada em um canto, apenas revirou os olhos, ela suspirou discretamente, pensando consigo mesma que todas queriam ser como Victoire. “Não, minha querida, você vai ser melhor. Vai ser Lucy Weasley, e isso é incrível.” E então, a filha do meio de Fleur Delacour apenas afundou-se no banco, até mesmo as simples palavras de sua irmã mais velha eram perfeitas.

~o~

“Vick chegou! Vick chegou!”

O grito de Albus Potter foi ouvido por todos d’A Toca, e possivelmente do planeta. O sempre tímido filho de Harry Potter, no momento exibia um largo sorriso em seu rosto enquanto corria na frente dos outros primos em direção á entrada da casa de seus avós, incapaz de conter a animação em rever a prima que passara quase todo o verão longe, junto aos avós franceses. A loira abraçou o garoto de olhos esverdeados com carinho, e beijou-o na testa, deixando uma marca do batom avermelhado que já se tornara sua marca-registrada. Cumprimentou os primos um a um, enquanto todos pulavam e riam animados com a companhia, afinal, Victoire Weasley era a prima preferida. Bastava apenas uma olhada, para entender o motivo. Ela era perfeita...

Seus passos eram tão leves que ela parecia flutuar, equilibrava-se com perfeição nos saltos pretos, fazendo Lucy Weasley suspirar, afinal, a fantasiosa menininha sentia-se na presença de uma princesa como as dos contos de fada que tanto amava. O vestido de seda azulado não tinha um simples fio solto ou vestígio de poeira, o tamanho era perfeito para valorizar as curvas sem vulgaridade, afinal, como Roxanne sempre dizia com uma expressão entristecida no rosto, qualquer roupa se encaixaria perfeitamente na garota, que não tinha seus ombros largos e nem as canelas marcadas por hematomas.

Enquanto recebia um abraço da prima poucos anos mais velha, Molly lhe sorria com timidez, e afastava-se com um ar um tanto melancólico, pensando em como gostaria de sentir-se querida e estar sempre rodeada de sorrisos, como o que estava estampado no rosto de Lílian Luna, que admirava a doçura da prima loira, e admirava ainda mais a sensualidade derivante do sangue veela, uma característica que a pequena Lily sempre desejou para si. Já Rose invejava o jeito como a corvina conseguia impor sua inteligência, ninguém revirava os olhos quando Victoire tinha sua mão erguida pela milésima vez para responder a algum questionamento do professor, com seu sotaque francês impecável. Quanto a Dominique, não havia muito o que se dizer, embora recusasse o abraço afetuoso de sua irmã mais velha, não conseguia evitar segui-la com o olhar á distância. Ela era tão espontânea, que quase parecia não perceber o efeito que causava. Ela era tão...

Perfeita.

~o~

Victoire Weasley sentiu uma cutucada leve em suas costas, logo ergueu o rosto com suavidade, para então deparar-se com os diversos olhares interrogativos dos colegas de classe. A confusão explicita em sua face, olhou ao redor um tanto quanto desnorteada, lembrava-se de ter recebido a avaliação de Transfiguração e... Havia dormido?  Mon Dieu, ela havia dormido!

O som abafado das risadas contidas dos colegas queimou por detrás de Victoire. Seus olhos azulados voltaram-se para o papel que repousava a sua frente. Um zero imenso praticamente brilhava com tinta vermelha sobre o topo da avaliação não preenchida. Ajeitou seu cabelo com os dedos, pensando em como seu rosto deveria estar abalado naquele instante.  Mas estava tudo bem. Estava tudo bem...

As palavras que sussurravam por suas costas lhe atingiram com a mesma dor aguda que atingiria uma faca. “Ela simplesmente caiu no sono?”. E a garota encolheu os ombros, envergonhada. “Olhe para o rosto dela, parece que não dorme há dias” Tocou o rosto, coçando os olhos cansados. “Ela fica tão diferente sem maquiagem” Suspirou, tentando fingir que nem havia ouvido. “Seu cabelo nem é tão brilhante assim” Forçou os lábios a esboçarem um sorriso. “Quem diria? Victoire Weasley ...” Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Um erro. Ela havia cometido um erro.

“Estou desapontada com você, Srta. Weasley”

Já havia horas desde o ocorrido, e a voz de Minerva McGonnagal insistia em permanecer em sua cabeça.  A loira suspirou pesadamente enquanto pensava em como seus pais se desapontariam caso presenciassem aquela cena. Bill provavelmente balançaria o rosto de um lado para o outro, desapontado, uma ruguinha se formaria em sua testa, e ele disfarçaria o sentimento com um sorriso forçado, mas no fundo ela sabia que o decepcionara. Já Fleur apenas falaria em um francês limpo que Victoire tinha que se esforçar mais para manter a conduta impecável.

Um arrepio percorreu todo o corpo da loira, que se martirizava pelo pequeno deslize. Pensou que se não tivesse ficado até tarde estudando não estaria tão cansada, e se não estivesse tão cansada, seus cabelos não estariam tão opacos, e nem as olheiras tão fundas. Conseguiu sentir o olhar reprovador de McGonagal sobre os olhos azuis de Victoire. Ela desapontara a professora.

Ela errara.

Oh, papa, mama, perdoem-me por não ser perfeita.

~o~

“Vick! Vem brincar com a gente!” Exclamou James Potter, chamando a atenção da garotinha que pintava as unhas da mão de rosa chiclete á sombra de uma árvore. Os olhos atentos da pequena Victoire no auge de seus onze anos, percorreram de seu primo, que em sua criancice tinha grama no cabelo, e um convidativo sorriso banguela, aos outros primos mais novos, que corriam de um lado para outro atrás de uma bola amarela.

“Não posso.” Declarou com um ar um tanto tristonho, olhando para os sapatos envernizados e para o vestido de babados. Seu vestido era novo, Fleur havia acabado de trazer de mais uma de suas viagens á França, e a simples possibilidade de amarrota-lo, já fazia com que a loira tremesse. Não podia envolver-se naquelas brincadeiras de criança.

No entanto, as risadas altas dos primos se tornaram impossíveis de ignorar. A garota passou diversas camadas de esmalte nos dedos, na tentativa de fazer com que sua atividade parecesse mais interessante, porém, se pegava desviando o olhar para a brincadeira a cada segundo. Só desta vez...

Victoire Weasley brincou a tarde inteira. Ela soltou a fita de cetim que mantinha cada fiozinho de seu belo cabelo loiro no lugar, jogou os sapatos envernizados para longe quando os mesmo já estavam encobertos de barro, e sorriu. Ela correu, pulou, se escondeu, chutou e caiu. E caiu de novo. E de novo, e mais uma vez. A cada queda, era mais uma risada. A risada de Victoire era imensamente mais bela do que seu sorriso contido. Naquela tarde, divertiu-se com os primos queridos com uma intensidade que tornou aquela uma das melhores tardes de sua vida, até o momento em que ouviu o grito agudo de Fleur Delacour.

“MON DIEU, VICTOIRE!” A mãe puxou-a pelo braço, seu rosto era a personificação do terror. Os olhos intensos da mulher foram do cabelo desgrenhado da filha, para seus sapatos enlamaçados, da grama em seu rosto, para o vestido completamente arruinado. “Quando você vai aprender a se comportar como uma dama?”

E naquele dia, ela aprendeu.

~o~

“Vocês poderiam descrever o comportamento de sua filha?”

Victoire levou o dedo á boca. Cutucou uma cutícula praticamente invisível com o dente, e no instante em que se tocou de seu gesto, posicionou as mãos novamente sobre o colo. A ansiedade tomava conta de seu interior, e a vontade que tinha era de gritar. Porém, ela apenas sorriu.

“Parfait. Seu comportamento é perfeito.” O sorriso de Fleur Delacour quase não cabia em seu rosto, da mesma forma que o orgulho por sua primogênita não cabia no peito.  Victoire amava crianças. Victoire amava ajudar. Victoire queria ser medibruxa. Victoire queria aquele estágio no Saint Mungus. Victoire queria que os pais se orgulhassem dela.

“Ela é a filha perfeita. Faz ballet, canto e violino desde que se entende por gente, e nas férias, trabalho voluntário em orfanatos. Todo dia coloca a mesa, retira e faz questão de lavar toda a louça. Seu quarto não tem nada fora do lugar. Ela nunca nos deu qualquer trabalho. Não teve que cumprir detenção, suas notas são acima da média. Nunca se envolveu com drogas, com más companhias, ou voltou bêbada para casa. Ela só nos trás orgulho.”

“Ela parece perfeita para o cargo.”

~o~

“Estou tão orgulhoso de você, Vick.”

Bill Weasley tomou sua filha nos braços e apertou-a com força. O sorriso de Victoire era sincero e grandioso. Nos braços do pai, se sentia confortável, se sentia protegida.

“Louis, Dominique. Por que vocês não seguem o exemplo de sua irmã?”

E tão rapidamente quanto surgira, o sorriso de Victoire desapareceu.

~o~

Teddy Lupin simplesmente não entendia Victoire.

Não estava ao alcance da compreensão do menino, o por que da garota nunca envolver-se nas brincadeiras com os primos. Não entrava em sua mente qual a necessidade de verificar o próprio reflexo de cinco em cinco minutos. Como era possível que alguma criatura dançasse tão belamente? Era apenas sua impressão, ou os olhos de Victoire brilhavam a cada vez que ela sorria? Por falar em sorriso, como que seus dentes eram tão perfeitamente alinhados sem que nunca houvesse utilizado aparelho? Havia algo de muito curioso no jeito que ela andava, como se estivesse flutuando, a cada gesto seu, havia um quê de sofisticação e delicadeza. Sua risada era doce, quase tão suave quanto o tom de sua voz, capaz de fornecer paz ao mais atormentado dos homens. Tudo nela era meticulosamente calculado e alinhado. Ela era... Perfeita?

Teddy simplesmente não entendia Victoire. E ele precisava desvendá-la.

A primogênita dos Weasley’s sentia o olhar de Teddy Lupin sobre si a todo lugar que ia. De início, nem havia reparado. Para ela, ele era apenas o filho de Remus e Tonks, pessoas cuja coragem ultrapassava os níveis normais, segundo seu pai. No entanto, todos os familiares possuíam um apego e carinho pelo menino que a pequena não conseguia entender. Ele era tão diferente... E simplesmente não parava de olhá-la. Suas bochechas já naturalmente rubras coravam a cada vez que os olhos do menino encontravam-se com os seus. Que cor era aquela? Ora roxo, ora azul, ora verde, ora castanho... Ela precisava descobrir.

Victoire simplesmente não entendia Teddy.

Ela não entendia por que seus cabelos adquiriam um tom diferente a cada vez que o via, e entendia menos ainda o motivo deles serem sempre tão rebeldes e despenteados. Ela não entendia como que ele permitia que o colarinho de sua camisa ficasse para cima, e nem como conseguia andar com o tênis desamarrado. Victoire não compreendia como era possível alguém dormir em um quarto tão desorganizado, e como ele encontrava suas roupas se não estavam separadas por cor? E mon dieu, afinal, qual é a cor dos olhos desse garoto?

Victoire e Teddy não entendiam como poderiam ser tão diferentes um do outro. E entendiam menos ainda, como eram tão perfeitos juntos.

~o ~

“Me deixa em paz, Victoire!”

Dominique continuava correndo na chuva, sem olhar para trás. E Victoire, por sua vez, tentava seguir o ritmo de sua irmã mais nova, apesar dos saltos tombarem a casa pisada em falso que ela dava.

“Por que você me odeia tanto?”

Os dedos perfeitamente esmaltados de Victoire envolveram o pulso da outra garota, de modo que essa não viu opção se não virar-se, ficando cara-a-cara com sua irmã. As gotas caiam violentamente sobre o rosto de ambas loiras, fazendo com que seus cabelos grudassem, e o rímel escorresse. Lágrimas escorreram pelo rosto de Dominique Weasley, que apenas abria e fechava a boca, incapaz de dizer alguma coisa. “Eu não te odeio. Como eu poderia?” Dessa vez, era Victoire quem tinha os olhos marejados, a mais velha afastou com o indicador um fio rebelde da testa da irmã, recebendo um tapa sem-jeito sob as costas de sua mão.

“Papai e mamãe não entendem. Eles não entendem que eu não sou perfeita... Eles não entendem que eu não sou você."

~o~

Victoire se olhou no espelho. Ela havia lustrado aquele espelho no mínimo oito vezes na ultima hora.

Seu cabelo liso e loiro estava perfeitamente escovado, de modo que o brilho fosse perceptível a metros de distância. O laço de cetim azul, estava meticulosamente centralizado no topo de sua cabeça.

Nenhum fio estava solto em sua meia. A blusa cheirava a lavanda, e sua saia fora devidamente passada.

Os sapatos brilhavam, assim como seu colar delicado.

Perfeito. Estava tudo perfeito.

No entanto, havia uma sujeirinha no canto do espelho. Victoire tratou de logo tomar o paninho alaranjado em suas mãos, esfregando-o sobre o vidro mais uma vez, de modo que sua imagem estivesse bela e clara.

~o ~

“DROGA, VICTOIRE, POR QUE TUDO TEM QUE SEU JEITO!?”

As lagrimas escorriam pelo rosto de Victoire incessantemente, de modo que ao abrir a boca na tentativa de rebater algo, o único som pronunciado, era o de um suspiro profundo. Os cabelos de Teddy Lupin estavam vermelhos como o sangue, em um sinal claro da emoção que o invadia naquele momento. Porém, se Victoire Weasley fosse metaformago, seus fios loiros estariam agora opacos e cinzentos, por que tudo o que sentia era dor.

“ENTÃO VAI! VAI EMBORA!”

A dor misturava-se com a raiva, que por sua vez agregava-se á confusão que havia tomado conta de Victoire. Ela jurava a si mesma constantemente que manteria a postura acontecesse o que acontecesse. Ela tinha que continuar bela. Ela tinha que continuar graciosa. Ela tinha que manter a pose. Ela tinha que... Que... Ser perfeita.

“TALVEZ EU VÁ MESMO. ME LIGUE QUANDO ENTENDER QUE NEM TUDO É PERFEITO, VICTOIRE!”

Seu coração apertou. Um nó formou-se em sua garganta. Um frio da barriga tomava conta de todo seu corpo. Todas as cenas passaram rapidamente pela mente conturbada de Victoire, pensou em quantos sorrisos falsos estampara no rosto enquanto tudo dentro de si desmoronava, e em como todos acreditavam. Pensou em todo o cuidado que tinha que tomar para que cada gestou ou palavra sua fossem discretos e delicados, e a agonia que isso agravava em seu peito. Pensou em todas as vezes em que sentiu os olhos marejados, mas teve que conter as lágrimas pois sabia que tinha que ser um bom exemplo. Pensou em todas as vezes em que quis extravasar, explodir, ou gritar. E pensou também, em todas as vezes em que aquela palavra a assombrou.

“EU NÃO SOU PERFEITA CARALHO!!!”

~o~

Victoire Weasley se olhou no espelho. Olhou para os traços leves e delicados, quase angelicais, de seu rosto. Olhou para a sobrancelha que havia sido perfeitamente desenhada de modo a contribuir com a harmonia. Olhou para os cílios tão grandes e volumosos, que a davam ar de boneca. Olhou para o corpo nú, com sua pele macia e brilhante, e tudo muito bem definido. Olhou para os cabelos loiros e reluzentes, que lhe chegam até metade das costas. Olhou para os olhos azulados, com uma profundidade e um quê de mistério que chegavam a ser fascinantes. Olhou para seus lábios. Lábios finos já naturalmente coloridos. Lábios que exibiam um sorriso singelo.

Olhou para tudo isso, e odiou tudo o que viu.

Olhou para o rosto magro e sem vida. Olhou para a sobrancelha com alguns pelos fora do lugar. Olhou para os cílios embaraçados e assimétricos. Olhou para o corpo nú, para a pele pálida e para sua silhueta esquelética. Olhou para os cabelos despenteados e para a cor fria. Olhou para os olhos sem brilho e cansados. E olhou para seus lábios. Lábios com rachaduras por toda sua extensão. Lábios que exibiam tristeza.

Pensou em como precisava manter o sorriso e a pose, mas simplesmente não conseguia, estava cansada de estampar uma máscara em seu rosto, estava cansada de mostrar ao mundo alguém que não era. Por que não podia ser perfeita?

Naquele momento, Victoire sentiu algo incomodo em seu estomago, e esse algo foi subindo como um vazio para o coração e passou queimando pela garganta, até que estivesse em seus olhos. E desceu em forma de lágrimas.

Fez questão de enxuga-las rapidamente. Tinha que esconder. Tinha que conter. Ninguém poderia ver. Ninguém poderia saber...

“Perfeita. Seja perfeita, Victoire.”

 

Por que Victoire Weasley tinha que ser simplesmente perfeita. Mas a perfeição não existe.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem opiniões gente, não mordo ♥
Estou pensando em fazer o próximo sobre a Molly II, o que acham: Beijos



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