Coleção de Raios de Sol escrita por asthenia


Capítulo 6
Nosso Futuro


Notas iniciais do capítulo

Demorei décadas com um novo conto, mas cá estou de volta. Minhas aulas voltaram e como sou professora, ando na correria.
Esse conto foi em parte inspirado num doujinshi, por isso, antes de lerem o conto, indico que leiam o doujinshi (é lindo, não vão se arrepender ♥). Segue o link: https://www.facebook.com/pg/NaruHinaBrasilOficial/photos/?tab=album&album_id=945684305498131

Boa leitura!



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Aquele era o décimo quarto suspiro que dava só naquela manhã. Entre livros, artigos e pergaminhos, encontrava-se um Naruto nada satisfeito. Ele leu pela terceira vez o mesmo parágrafo de “Técnicas de Manuseio de Shirukens”, mas absolutamente nada parecia entrar na sua cabeça. Resolveu levantar e dar uma volta, antes que acabasse dormindo sobre os livros.

Naquele curto passeio, lembrou-se de todas as lutas que havia vencido na vida. Como é que, mesmo após vencer inimigos tão poderosos, Kakashi-sensei ainda lhe cobrava sobre teorias? Tudo bem que seu sonho era ser o maior Hokage de Konoha, no entanto, não via fundamento para estudar tanto todas aquelas teorias chatas que todos queriam que ele estudasse. Antes de pensar mais alguma coisa, encontrou Shizune no corredor, extremamente atarefada.

— Oi Shizune! – disse alto, desconcentrando-a – Sabe onde estão aqueles resumos que o Kakashi-sensei disse que seria bom ler, ‘ttebayo? Aqueles pergaminhos que ele disse que talvez fosse mais fácil.

Shizune desviou seus olhos rapidamente dos documentos de sua mesa para Naruto. Ela não parecia muito paciente.

— Naruto, me desculpe, mas não posso ajudá-lo agora. Estou ainda arrumando os documentos para que o Kakashi assuma sua posição como Hokage.

— Tá, sem problemas, não quero te atrapalhar. – ele falou, despreocupado – Só me diz onde está que eu pego, dattebayo!

A assistente do Hokage tirou do bolso uma chave grossa e antiga. Olhou para os lados e esticou seus braços até Naruto. Antes que ele pudesse perguntar, ela já se adiantava:

— Essa chave é da terceira sala a esquerda, no final do corredor. Ao fundo tem uma prateleira com diversos pergaminhos, o que você procura está lá. São pergaminhos amarelos com o nome “resumo 1, 2, 3” e assim por diante na frente. – ela puxou a chave até ela antes que Naruto pudesse pegá-la – Preste atenção, é pegar o pergaminho e me devolver a chave. Depois eu devolvo lá. Prometa que não vai tocar em nada!

— Tá, tá, Shizune, você tem a minha palavra, ‘ttebayo! -  ele disse, pegando a chave.

Naruto caminhou até o fim do corredor e encontrou a sala. Ao abri-la, um tanto exagerado de pó entrou em suas narinas e o fez espirrar. Depois, ele olhou com mais atenção o local. Parecia um lugar abandonado, com as janelas fechadas, com livros e pergaminhos em todas as prateleiras, até o teto. Provavelmente aquela sala não era habitada há algum tempo. Caminhou com cuidado até o local indicado por Shizune, onde estava o que procurava.

De longe viu vários pergaminhos amarelos. Olhou com atenção a procura do seu, mas não encontrou. Um pergaminho lhe chamou a atenção: era amarelo, mas não de cor apagada como os outros, teu brilho dourado era a única coisa clara no meio dos outros pergaminhos escurecidos pelo pó. Com a sua mão direita pegou o pergaminho.

— Caramba, esse deve ser bem importante! – ele sussurrou baixo.

Naruto deu voltas com o pergaminho em sua mão. Sem prestar atenção, deu um passo para trás e acabou batendo a cabeça na prateleira ao lado, derrubando o documento no chão. Reclamou da dor e levou sua mão esquerda até o calo que a batida formara. Antes que reclamasse mais, um brilho lhe chamou a atenção. O documento caído havia sido aberto e uma luz brilhante que ardia os olhos vinha do papel. Sem conter a curiosidade, Naruto se aproximou com sua mão direita para tocar a luz, mas sentiu tudo escurecer e algo pressionando todo seu corpo. Parecia outro tombo, sua cabeça girava, e ao abrir seus olhos parecia estar num lugar totalmente diferente.

— Ai! – disse, levando mais uma vez sua mão esquerda a cabeça – O que aconteceu?

Levantou-se do chão e olhou para o local. Não parecia estar naquela sala escura e empoeirada. A sala que se encontrava agora tinha as janelas abertas, algumas mesas e cadeiras do outro lado e não viu resquício de pó. Confuso, levantou-se e decidiu entregar a chave a Shizune. Naruto sentia que tinha feito algo muito errado, e antes que pudesse se meter em alguma encrenca, era melhor sair logo dali.

Ao abrir a porta e se deparar com o corredor, percebeu que ali também estava diferente. As cores eram as mesmas, porém parecia que as paredes tinham sido pintadas a pouco a tempo, sem contar que nem a sala e nem o corredor sequer tinham o mesmo cheiro. Olhou confuso por todos os cantos. O que diabos tinha feito para ir parar em um local totalmente diferente? Limpou a roupa por conta do tombo e saiu caminhando, inocentemente, a procura de Shizune.

— Naruto? – uma voz conhecida gritou seu nome – Isso é alguma pegadinha?

O olhar do loiro foi até a figura a sua frente. De primeiro momento, não reconheceu quem era. Depois de alguns segundos olhou espantado.

— Shikamaru? O que aconteceu com a sua cara? – disse, aproximando-se – Você parece mais velho e.... Desde quando usa barba, ‘ttebayo?

— Vamos lá Naruto, não temos tempo para brincadeira. Vou falar para o seu ‘chefe’ desfazer esse clone.

Shikamaru virou as costas e voltou ao seu caminho.

— Espera aí, eu não sou um clone, dattebayo!

O Nara se virou, encarando Naruto, com uma sobrancelha levantada, desconfiado.

— Eu fui para aquela sala pegar um pergaminho que o Kakashi-sensei disse que eu precisava estudar. Só estou procurando a Shizune para devolver a chave da sala a ela. Ela só me emprestou a chave porque tá muito ocupada resolvendo a documentação para o Kakashi-sensei assumir o posto de Hokage, ‘ttebayo! – ele se aproximou de Shikamaru – Aliás, não comenta com ninguém, mas ela tá super mal humorada!

Por algum momento, Shikamaru parou e ficou apenas observando aquele Naruto de dezoito anos falar sem entender nada. Analisou a situação e a história de quase quinze anos atrás. De alguma forma – e ele teria que descobrir qual o mais rápido possível – o jovem Naruto havia ido parar no futuro.

— Venha comigo. – Shikamaru disse, puxando Naruto pelo braço – Você terá que se explicar com o Hokage.

Com o olhar assustado, Naruto acompanhou Shikamaru. Seus instintos não falhavam, ele com certeza havia feito algo muito errado.

—/-

Ensaiou algumas desculpas em sua cabeça enquanto Shikamaru batia levemente na porta e depois entrava, deixando o jovem na Naruto na porta, a sua espera. Alguns segundos depois o Nara abriu a porta pedindo para que entrasse. Ao entrar na sala, não podia acreditar. Uma figura loira – de alguns bons anos mais velho que ele – estava atrás da mesa. Seus olhos brilharam. Aquele era... Ele mesmo?

— Não sabemos como, mas você veio parar no futuro. Aquele é o nosso atual Hokage.

O Hokage sorriu levemente. Ao abrir a boca para falar alguma coisa, alguém lhe interrompeu.

— Eu não acredito! Eu me tornei o Hokage, dattebayo! – ele se aproximou do Hokage – e eu cresci! Aposto que sou o Hokage mais legal de todos, olha essa capa! Minha cara tá nos montes dos Hokages não tá? Caramba, eu sou o mais legal, ‘ttebayo!

— Hey, menos aí! – o Naruto mais velho disse – Não é tão fácil como você imagina, ‘ttebayo! Como você veio parar aqui?

Um silêncio incômodo encheu o local de repente. O Naruto mais novo olhou para Shikamaru e a sua figura mais velha. Colocou uma de suas mãos atrás da nuca, rindo sem graça.

— Eu abri um pergaminho aí tudo ficou claro e eu vim parar aqui.

— Eu vou investigar isso, Naruto. Enquanto isso precisamos ficar de olho. Ele não pode saber muitas informações sobre o futuro.

Os dois Narutos observaram Shikamaru. O mais novo ficou sem entender, enquanto o mais velho concordava.

— Qual é o problema de eu saber do futuro, ‘ttebayo?

— Você sabendo do futuro pode alterar como as coisas acontecem ou até impedir que elas aconteçam. – Respondeu o Hokage.

— Por isso acho melhor que o Naruto fique na sua casa, Hokage, até-

Um estrondo na porta chamou a atenção de todos.

— Tou-chan, está na hora do nosso treino, ‘ttebasa!

O espanto de Naruto – o mais novo – foi enorme ao olhar o menino que acabara de entrar. Ele era pequeno e estranhamente parecia muito com ele próprio, além de que ele ouvira o pequeno dizer “pai”.

— Boruto, já disse para não entrar assim, ‘ttebayo! – gritou o Hokage.

Boruto se aproximou com o olhar desconfiado do Naruto mais novo, olhando-o de cima a baixo.

— Os seus clones agora serão assim? Você parece bem mais novo, dattebasa!

— Esse não é um clone, Boruto. É seu pai com dezoito anos que acabou vindo para o futuro. – Shikamaru se aproximou – E esse é seu filho, Naruto.

Os dois ficaram alguns segundos se encarando. Naruto não podia acreditar que aquela criança era seu filho. Se ele tinha um filho, isso significava que....

— E-Eu formei uma família? – Ele encarou o Naruto mais velho.

Um sorriso aberto e sincero surgiu no rosto do Hokage. Ele se lembrava daquela época. Morava sozinho e a solidão era uma de suas únicas companhias. Ele se aproximou e colocou uma de suas mãos atrás de sua figura mais nova.

— Sim, você tem uma família, ‘ttebayo. – sorriu – Chega de saber do futuro!

— Espera aí. – Boruto gritou – Eu achei que você era mais legal, tou-chan!

— Ei moleque, eu sou muito legal! – O Naruto novo respondeu – Aposto que mais legal que você, dattebayo!

— Eu duvido! Quer apostar que eu sou mais legal, ‘ttebasa?

Antes que os dois entrassem em uma luta, o Hokage ficou entre os dois, interrompendo a discussão.

— Vocês dois, chega! – gritou o Naruto mais velho – Boruto, preciso conversar com você, me acompanhe.

Boruto observou o pai indo até a porta de seu escritório. Os dois saíram até o corredor, e assim que Naruto certificou que fechara a porta, abaixou-se na altura do filho.

— Filho, preste atenção. Quero que você acompanhe o Naruto até a nossa casa. Um clone meu irá encontrar sua mãe e explicar tudo o que está acontecendo e outros clones irão até em casa e organizar tudo por lá, ‘ttebayo.

— Organizar? Como assim, ‘ttebasa?

— Não deixe que ele saiba de forma alguma quem é a sua mãe e sobre a sua irmã. Preciso tirar os vestígios de quem é a nossa família. Naruto não pode saber esses detalhes sobre o futuro. Isso pode ser alterado quando ele voltar ao passado, até prejudicando você e a sua irmã. Entendeu?

Boruto encarou seu pai. Afirmou com a cabeça, confirmando com seu pai de que iria obedecê-lo. Antes que os dois pudessem voltar a sala, um chamado lhe chamou a atenção.

— Naruto-kun? – os olhos dos dois foram até uma pequena figura parada no corredor.

O Hokage não podia acreditar. Aquela era a figura de sua esposa entre seus dezessete/dezoito anos. Ele se levantou e observou o rosto da menina ficar cada vez mais corado, encarando-o. Os olhos de Hinata foram até Boruto e antes que pudesse apagar, viu o loiro mais velho gritar seu nome.

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Não entendia a insistência do Hokage para ajudar Naruto em seus estudos, mas aceitou de bom grado. Caminhava lentamente, a procura de Shizune para que lhe guiasse até Naruto, enquanto ensaiava as próprias palavras ao se encontrar com o Uzumaki. Felizmente, o seu amadurecimento fez com que não desmaiasse ou gaguejasse tanto na presença do loiro, no entanto, ainda se intimidava quando estava próximo a ele.

— Shizune-san? – chamou baixo e não obteve resposta. Shizune não se encontrava em lugar algum.

Hinata andou mais alguns passos e encontrou uma sala aberta no fim do corredor. Chamou mais uma vez o nome de Shizune e em seguida, de Naruto, e teve o silêncio como resposta. No fundo da sala, viu uma luz brilhante que lhe chamou a atenção. Aproximou-se lentamente e visualizou um pergaminho aberto no chão, da onde a luz vinha. Com mais um passo cuidadoso, tentou descobrir o que era aquilo. A forte luz a cegou por um momento e Hinata sentiu uma pressão enorme em seu corpo, além de muita tontura.

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— Hinata! – Naruto gritou após ver a sua figura mais velha trazer a jovem em seu colo, apressado.

Shikamaru tratou de ir buscar um copo de água, rapidamente, enquanto os dois Narutos e Boruto se aproximaram de Hinata desmaiada, agora apoiada em uma cadeira.

— Ela apareceu no corredor assustada e desmaiou assim que viu Boruto e eu. Provavelmente já estava fraca pela sua viagem pelo tempo e também por me ver, ‘ttebayo.

Todos ficaram em silêncio assim que Shikamaru deu o copo nas mãos do Naruto mais novo e perceberam que a Hyuuga estava abrindo os olhos aos poucos.

— Toma, dê isso a ela. Com a sua figura ela não irá se assustar.

Naruto esperou pacientemente que Hinata acordasse aos poucos. A morena piscou repetidamente enquanto sussurrava o nome do Uzumaki. O Hokage, Shikamaru e Boruto ficaram atrás dela.

— Você tá bem?

A morena franziu a testa, colocando uma de suas mãos na mesma.

— E-Eu acho que tive um sonho muito estranho... – ela falou baixo.

— Eu tenho que te contar uma coisa, Hinata. Nós estamos no futuro, ‘ttebayo! – ele sorriu.

— O-o quê? – seu rosto enrubesceu.

O Hokage não conseguiu disfarçar um sorriso de soslaio. Ele se lembrava de como Hinata fugia dele quando era mais novo e se repudiava por ter sido tão lerdo ao não perceber o porquê. Olhando sua esposa quinze anos mais nova lhe fez ter orgulho da mulher que amava – e que felizmente não mudara tanto assim.

— É, olha, aquele sou eu. – Apontou para o fundo da sala.

Hinata ficou alguns segundos estática. Aquele era o Naruto que encontrara mais cedo no corredor. Era um homem alto, bonito, com vestes de Hokage. Ele se aproximou. No momento que viu seu sorriso, sentiu seu coração acelerar mais e ficou ainda mais vermelha. Então não foi um sonho?

— Está melhor, ‘ttebayo? – ele a olhou preocupado.

— S-S-Sim. – a vontade de desmaiar parecia estar voltando.

— Você viu, Hinata? Eu me tornei o sétimo Hokage, ‘ttebayo! Eu realizei meu sonho!

— P-P-Parabéns Naruto. – ela falou, vagando os olhos entre as duas figuras. Se mal podia lidar com um Naruto, imagine dois!

— Tem mais, eu até formei uma família! – ele chamou Boruto que se aproximou sorridente.

— É muito legal te conhecer mais nova, mã... Quer dizer, Hyuuga-sama! – ele se corrigiu.

A morena observou o pequeno loiro a sua frente. Ele era lindo, tanto quanto o pai. Sua postura parecia mais séria do que do jovem Naruto, mas o garoto era tão parecido com ele que todos os seus traços lhe lembravam o loiro. A diferença eram seus cabelos mais grossos e seu rosto redondo. Um sorriso rápido surgiu nos seus lábios mas sumiu com a mesma rapidez com que apareceu. Então, Naruto havia se casado, formado uma família e parecia estar feliz. Tentou evitar ficar triste de repente porém não conseguiu evitar. Ele estava amando outra mulher, vivendo em uma família de verdade. O que será que havia acontecido com ela?

— V-Você se casou. – ela repetiu, querendo confirmar a notícia.

— Isso é muito legal, ‘ttebayo! Mas eles não querem me dizer com quem. – Naruto fechou a cara.

Shikamaru, Naruto – o mais velho – e Boruto olharam a cena sem acreditar. O Naruto mais novo nem sequer percebeu que Hinata estava triste de repente pois acabava de descobrir que ele havia se casado.

— Eu sabia que você era lerdo, pai, mas nem tanto, ‘ttebasa!

— Ei moleque, por que tá me chamando de lerdo, dattebayo?

— Porque é o que você é!

Os dois começaram a discutir mas o Naruto mais velho ainda observava Hinata. Como ela mal podia se imaginar sendo a esposa dele? Como é que ele era tão alheio a uma mulher com tantos sentimentos a ele? Teve vontade de ir até lá e lhe contar a verdade mas se segurou. Shikamaru interrompeu a briga de Boruto e Naruto, chamando a atenção de todos.

— Temos que resolver isso o mais rápido possível. Boruto, você, Naruto e Hinata vão ficar na casa do Hokage até que descobrirmos como manda-los de volta para o passado.

— Hinata. – o Hokage a chamou – Não se preocupe, vai dar tudo certo, ‘ttebayo!

Ela enrubesceu ainda mais, retribuindo o sorriso do Hokage. O Naruto mais novo não reconheceu a atitude da sua figura mais velha, nunca o tinha visto sorrir assim tão à vontade com alguma garota, além de Sakura. Boruto suspirou, soltando um “eca” bem baixo, como todas as vezes que via seu pai flertando com a sua mãe – sem nem ao menos disfarçar.

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— Essa é a vila! – gritou Boruto, assim que saíram do prédio do Hokage.

Naruto e Hinata observavam a sua volta, curiosos. Boruto chamou Naruto e mostrou o monte dos Kages, com seu rosto esculpido.

— Isso é muito legal! Não acha, Hinata?

— Claro. Fico feliz que tenha realizado seu sonho, Naruto-kun.

Boruto ficou alguns segundos observando a versão mais nova de seus pais. Sua mãe não mudara tanto, mas seu pai sim. Parecia mais infantilizado, menos sério e mais irritante. Agora entendia porque sua mãe sempre dizia que ele era a versão mais nova de seu pai. Só não concordava que era tão irritante.

— Então, vocês estão com fome? Hoje a mamãe não vai fazer o almoço, então ela liberou comer ramen, ‘ttebasa!

Os três começaram a caminhar.

— A minha esposa cozinha bem, ‘ttebayo?

— A mamãe é a melhor cozinheira do mundo, ‘ttebasa!

Hinata não conseguia deixar de se sentir triste. Por mais feliz que estivesse por Naruto ter realizado seu sonho, sua cabeça não deixava de ignorar o fato de que seu futuro não parecia promissor, pois seus sentimentos não haviam alcançado Naruto. Boruto viu a expressão triste de sua futura mãe e teve uma ideia repentina.

— Você também se casou, Hyuuga-sama.

O olhar assustado de Naruto e Hinata chamaram a atenção de Boruto.

— A Hinata se casou? Com quem? – Naruto parou abruptamente.

Boruto sorriu, maldoso.

— Eu não posso falar com quem, mas ela se casou com um ninja muito forte, ‘ttebasa!

A Hyuuga não pode evitar que seu rosto se colorisse de vermelho.

— Isso é-é-é verdade? – ela sussurrou, baixo.

— Não existe ninja mais forte que o Hokage, ‘ttebayo! – gritou Naruto.

— Eu não disse que era mais forte que o Hokage, idiota! – retrucou Boruto – Mas ele tá no nível do Hokage, ‘ttebasa!

— Me fala quem é ele que eu aposto que venço numa batalha, ‘ttebayo!

Mais uma vez, Boruto e Naruto começaram a discutir no meio da rua. Naruto gritava que ninguém era páreo para o Hokage e Boruto afirmava que o marido de Hinata era extremamente forte.

— É... Meninos... – Hinata interrompeu os dois, já desejando que parassem de falar sobre sua vida – Melhor irmos comer, não?

Boruto suspirou, concordou e foi na frente, chamando os dois para que os seguissem.

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Os olhos azuis de Naruto brilharam ao parar na frente daquela porta. Parecia uma bela casa, maior do que podia imaginar. Algo em seu peito se aqueceu e ele sentiu uma felicidade repentina. Boruto entrou rapidamente e pediu que Naruto e Hinata esperassem na porta.

— É uma bela casa, Naruto-kun. – a voz de Hinata lhe chamou atenção. Ao olhar no rosto da Hyuuga, Naruto viu um sorriso similar ao seu.

— Eu também achei, Hinata. É muito diferente do meu antigo apartamento, ‘ttebayo.

— É engraçado... – Hinata sussurrou, olhando para as flores que enfeitavam a escada – No clã temos essas mesmas espécies de flores.

— Quem sabe não foi você quem me deu essas, ‘ttebayo!

Hinata fingiu um sorriso e abaixou a cabeça.

— Hinata. – Naruto lhe chamou a atenção – Você veio parar no futuro por que?

— O Rokudaime pediu para que eu lhe ajudasse nos estudos. E-Eu estava te procurando.

— Ah é.... Você tem me ajudado muito com os estudos. – ele sorriu sincero a Hinata.

O rosto da morena ficou corado e antes que pudesse responder a Naruto, a porta foi aberta, chamando a atenção dos dois.

— Podem entrar, ‘ttebasa!

Os dois entraram na casa e tiraram rapidamente suas sandálias. Boruto os chamou até a cozinha, para que comessem o ramen que compraram. No caminho, os dois passaram pela sala. Tudo estava no seu devido lugar e a casa cheirava a canela e aos ramens que trouxeram.

— Caramba, a minha casa é enorme, ‘ttebayo!

— Você quer dizer minha casa, ‘ttebasa!

Naruto ignorou Boruto e continuou prestando atenção nos detalhes de sua futura casa. Hinata reparou que todos os porta-retratos estavam vazios.

— Aqui era onde estavam as fotos de sua família, Boruto-kun?

Naruto se aproximou de Hinata e Boruto veio da cozinha até os dois.

— Os clones do papai tiraram todas as fotos para que vocês não soubessem do futuro, ‘ttebasa.

— Mas são muitos porta-retratos, ‘ttebayo!

— O papai que adora essas fotos e a mamãe sempre coloca fotos novas.

Hinata sentiu-se mais uma vez triste. Aquela rotina, aquela casa não lhe pertencia, e pensar assim lhe doía. Boruto os chamou até a cozinha e Hinata os acompanhou, mas parou no meio do caminho.

— Boruto-kun n-não seria melhor se eu... ficasse com a minha figura mais velha?

Os dois loiros encararam Hinata.

— O papai pediu para que você ficasse aqui e também não teria como você ir para outro lugar até porquê.... – ele parou de falar.

— Até por que o quê? – Perguntou Naruto.

— Nada, nada! – O loiro mais novo gritou, tinha que mudar de assunto. – Venham comer, ‘ttebasa!

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As batidas na porta chamaram a atenção de Uzumaki Hinata. Sua filha dormia na cama, calmamente, enquanto ela estava sentada a uma poltrona, ao lado. Foi até a porta e a abriu, surpreendeu-se ao encontrar seu marido, que a abraçara de repente, apertando-a com força

— Naruto-kun! – falou, retribuindo o abraço. – Está tudo bem?

— Como eu fui um idiota por não te notar durante tanto tempo, ‘ttebayo? – ele se soltou um pouco de sua esposa, encarando-a – Como você teve tanta paciência para esperar?

Hinata sorriu para seu marido, que a olhava desolado. Ela passou as mãos em seus cabelos descendo até seu rosto, segurando cada lado enquanto o olhava.

— Por que está me perguntando isso?

Naruto corou por um momento e se sentou no sofá do outro lado da sala. Hinata o acompanhou e sentou ao lado de seu marido, que encarava o chão.

— Você, quero dizer, a Hinata de dezessete anos, ficou desolada ao saber que eu tinha me casado. E o eu mais novo nem se tocou disso, ‘ttebayo!

Os dois ficaram alguns segundos em silêncio, até que Hinata se pronunciasse.

— Naruto-kun, eu penso que isso foi bom.

— Hã? – o loiro encarou a esposa – Bom? Como assim?

— Isso foi importante acontecer porque quando você descobriu que me amava, descobriu que era de verdade. Você tinha certeza do que sentia por mim. Talvez se visse antes, não teria tanta certeza.

— Você acha mesmo?

— Claro que acho. E foi graças a isso que nos casamos e formamos uma família.

O loiro sorriu a sua esposa e se aproximou dela, beijando-lhe seu rosto.

— Sabe, você não mudou nada de quando tinha dezessete anos. Só ficou mais sexy.

Hinata corou fortemente.

— Naruto-kun, estamos no clã Hyuuga, meu pai pode chegar a qualquer momento!

— Eu não me importo, dattebayo.

O Hokage pegou o rosto de sua esposa entre suas mãos e beijou-lhe os lábios, delicadamente.

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O horário já avançava meia-noite. O jovem Naruto já estava há alguns minutos encarando o teto branco. Tentava dormir, no entanto, seus pensamentos estavam a mil, assim como – sem saber o porquê – seu coração parecia bater mais rápido. Não sabia dizer muito bem o que sentia, se era alegria por saber sobre seu futuro ou receio caso tudo aquilo fosse um sonho.

Inquieto, resolveu se levantar, desceu as escadas e começou a andar pela casa. Tudo estava em tão perfeita ordem, que duvidava que havia sido ele quem deixou tudo organizado. Provavelmente, era sua esposa. Sorriu sozinho pelo seu pensamento. Quem seria ela? Será que era Sakura? Ele afastou aquela ideia. Mesmo que achasse que Sakura era uma mulher atraente, companheira, pensa-la como sua esposa não parecia certo. Não era algo que lhe trazia paz, e sim, mais dúvidas.

Caminhando pela sala, encontrou um armário abaixo da estante de uma grande televisão. Olhou para os lados para ver se não havia ninguém. Depois, com cuidado, abriu as duas portas. Dentro encontrou uma pasta cheia de desenhos. Em um dos desenhos, com traços infantis, viu que era ele mais velho. No outro, reconheceu Boruto. Em todos eles encontrou uma assinatura no canto do papel.

— Uzumaki Hima...

— Himawari. Uzumaki Himawari.

Levou um susto ao encontrar sua figura mais velha parada na entrada da sala. Riu sem graça ao ver que ele o observava, sério.

— Oi... – Levantou-se rápido, enfiando a pasta dentro do armário. – Eu só estava...

— Fuçando? – Naruto descruzou os braços e começou a caminhar em direção a cozinha.

— N-Não, claro que não, ‘ttebayo! – Seguiu o Hokage até a cozinha.

O mais velho encheu um copo de água e tomou. O mais novo se sentou na mesa.

— Himawari ama desenhar. Desde que era pequena ela gasta seus lápis só desenhando, dattebayo.

— Quem é Himawari?

Naruto olhou para sua figura mais nova e se encostou na pia.

— É a sua filha.

O Hokage achou graça na cara de sua figura mais nova e sorriu.

— Nós crescemos sem irmãos e não queria que Boruto também crescesse. Ele e Himawari são muito apegados, ‘ttebayo.

— Como ela é? – o mais novo perguntou, curioso.

— Ela é igual a mãe. É uma menina doce, atenciosa. Mas nunca, absolutamente nunca a tire do sério, dattebayo! – ele riu.

Naruto sorriu e olhou para baixo pensativo. Sua figura mais velha parecia estar descrevendo sua colega de time. Então suas suspeitas estavam corretas.

— Você se casou com a Sakura-chan, certo?

O outro Naruto olhou confuso para o mais novo. Depois, sorriu levemente e se aproximou da mesa.

— Hoje eu fiquei me lembrando de quando eu tinha dezoito anos. Foi nessa idade que eu comecei ter aqueles sonhos, não é?

— Que sonhos, ‘ttebayo? – o mais novo perguntou, desconfortável.

— Aqueles com a Hinata.

O rosto de Naruto ficou em tom escarlate. Ele desviou seu olhar e começou a encarar a mesa.

— Eu não sei do que você tá falando, ‘ttebayo.

— Claro que sabe, ‘ttebayo! Quando a Hinata começou a te ajudar antes de ter o seu braço direito de volta, você começou a sonhar com ela, não é?

— A Hinata é minha amiga, não fala dela assim, ‘ttebayo!

— Falar dela como? Eu só falei que você sonha com ela!

O mais novo ficou em silêncio, envergonhado. O Hokage continuava sorrindo. Os sonhos eróticos que começou a ter com Hinata quando tinha dezoito anos, foram os primeiros sinais para que percebesse que estava se apaixonando pela Hyuuga. No entanto, ele continuava sem perceber seus sentimentos. Ele se sentou próximo a sua figura mais nova.

— Eu não me casei com a Sakura-chan. A minha esposa também não se parece nem um pouco com ela, ‘ttebayo.

— Mas você falou sobre a sua filha...

— Eu não menti. A Himawari lembra a nossa mãe quando a tiram do sério, mas também é doce e tem um coração enorme igual a....

O mais novo olhava curioso para o Naruto mais velho.

— Igual a quem?

— A Hinata.

Seus olhos abriram pela surpresa. O Hokage tirou do bolso um pedaço de papel e deu ao Naruto mais novo. Era uma fotografia. Nela estava Naruto, Boruto, uma menina nova de cabelos escuros e Hinata.

— Eu me casei com a Hinata. – Ele disse, surpreso.

—Viu como Himawari se parece com a mãe, ‘ttebayo? – o Hokage disse, apontando para a menina na foto – Ela tem meus olhos e meu temperamento curto. O Boruto também se parece com a Hinata. Ele é muito amoroso, atencioso, e é apegado a ela. Ele é muito protetor com as duas. Hinata é a única pessoa que o acalma quando está agitado.

O silêncio prevaleceu e os olhos de Naruto estavam focados na fotografia em suas mãos. Era real. Ele havia formado uma família.

— Você... – Ele se atreveu a perguntar. – Você é feliz?

O mais velho suspirou.

— Eu nunca tenho tempo por causa do trabalho como Hokage. Hinata é quem cuida das crianças. Boruto se revolta comigo constantemente, enquanto Himawari fica quieta e se fecha, como Hinata fazia quando era mais nova. Hinata é quem mantém essa família unida e é a minha maior força

— Então você não é, ‘ttebayo?

— Não foi isso que eu quis dizer, dattebayo. É que eu –

— Quando eu voltar no meu tempo, vou voltar para o meu apartamento que não é nem metade dessa casa. Vou dormir sozinho, acordar sozinho, e esperar que todas essas coisas boas aconteçam comigo o mais rápido possível. Você é feliz e tem tudo isso aqui, ‘ttebayo. – Seus olhos se voltaram a fotografia e ele sorriu.

Naruto encarou o mais novo, e pensou sobre suas palavras.

— Você tá certo. – suspirou, sorrindo – Vamos, você tem que dormir porque amanhã vamos acordar cedo, dattebayo.

— Mas por quê? – O mais novo resmungou.

— Shikamaru encontrou uma forma de manda-los de volta.

Os dois se encaminharam as escadas e subiam lentamente. Ao subir, Naruto se despediu de sua figura mais nova.

— Só mais uma coisa. – Disse, antes de entrar no quarto – A realidade é muito melhor que os sonhos que você tem, ‘ttebayo. – Olhou malicioso para o mais novo, que corava violentamente.

Ele entrou no quarto e deitou no colchão no chão, que estava deitado antes, ao lado da cama onde dormia Hinata. Virou seu corpo e encarou o rosto delicado de Hinata que dormia profundamente. Ela era linda. Sorriu corado. Seu futuro seria muito melhor do que podia imaginar.

—/-

Shikamaru leu o pergaminho mais uma vez enquanto o Hokage, Naruto, Boruto e a jovem Hinata chegavam ao local. Shikamaru colocou o pergaminho aberto no chão enquanto todos se aproximavam.

— Conseguiu, Shikamaru? – o Hokage disse.

— Sim. Felizmente ninguém do tempo deles mexeu no pergaminho que Naruto abriu, então não teremos dificuldades em fazer com que vocês voltem. – o olhar de Shikamaru foi para Naruto e Hinata – Estão prontos?

— Sim, estamos, ‘ttebayo!

O Hokage se aproximou de Naruto, junto com Boruto.

— Até mais, dattebayo! – Levantou o punho fechado.

O Naruto mais novo fechou o punho e bateu ao de sua figura mais velha.

— Até mais, ‘ttebayo! E até mais seu pirralho! – Bagunçou o cabelo de Boruto.

— Eu não sou pirralho, seu idiota, ‘ttebasa!

O Hokage se aproximou de Hinata que observava a cena.

— Te vejo em breve, Hinata! – ele falou, sorrindo a Hyuuga.

— Até m-mais, H-Hoka-, quer dizer, Naruto-kun.

Ele a puxou bruscamente em sua direção, abraçando-a. Hinata ficou surpresa e imóvel pelo rápido movimento do Hokage. Seu rosto estava extremamente vermelho. A voz dele chegou baixa a seu ouvido.

— Nunca duvide que você é importante na minha vida, ‘ttebayo.

Hinata sorriu sincera e seus olhos encheram d’água, antes que Naruto a soltasse. Sentiu alguém menor que ela puxar a manga de sua blusa.

— Hyuuga-sama, foi um prazer conhece-la, ‘ttebasa! – o loiro mais novo sorriu para ela.

Hinata se abaixou a altura de Boruto.

— Foi um prazer também te conhecer, Boruto-kun.

Boruto também a abraçou, sincero.

— Ok, ok, chega de despedidas! – Shikamaru se aproximou com um copo em cada mão – Vocês devem tomar isso.

Naruto e Hinata pegaram um copo cada e tomaram o líquido de gosto amargo.

— Eca! – disse o Uzumaki – Pra que serve isso?

— Isso irá apagar todas as lembranças das últimas vinte horas.

— Então nós não vamos nos lembrar de nada do que vimos aqui, ‘ttebayo?

Shikamaru pegou os dois copos de volta, enquanto o Hokage ficava ao seu lado.

— Não. Agora o Hokage irá fazer os selos e vocês irão voltar. Deem as mãos. Vejo vocês em breve.

Com o modo sennin, Naruto fez os selos com as mãos e uma luz forte veio do pergaminho. Naruto pegou a mão de Hinata e a puxou para perto, abraçando-a.

— Vamos, Hinata. – ele falou baixo.

Hinata o abraçou de volta, tímida, e a luz forte os cegou por um momento. Em seguida, sentiram uma pressão gigantesca em seus corpos. Por estarem abraçados, os efeitos foram menores do que da primeira vez.

Após acordarem na sala de pergaminhos, Naruto e Hinata não se lembravam em como foram parar lá e cada um seguiu seu canto. Hinata não entendia porquê, mas suas esperanças em relação a Naruto haviam aumentado consideravelmente, e os dois se aproximaram ainda mais. Quanto a Naruto, seus sonhos com Hinata continuaram, e mesmo que estivesse constrangido por pensa-la nessa intimamente, isso não impediu que se aproximassem. Só não sabiam porque se sentiam tão ansiosos pelo futuro.


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Notas finais do capítulo

Sempre quis escrever sobre viagem no tempo com NaruHina ♥
Espero que tenham gostado!



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