Coleção de Raios de Sol escrita por asthenia


Capítulo 3
A Sala do Hokage


Notas iniciais do capítulo

Esse conto foi o mais divertido e mais comprido que escrevi até agora. Era uma ideia antiga que eu tinha e fico feliz que tenha conseguido escrever!
Podem me mandar mais ideias! Espero que gostem. :)



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Hinata odiava aquela situação. Ser fria e ser dura demais não fazia parte de sua personalidade. Ela gostava que ser solícita, de conversar, mas simplesmente não conseguia. Seu coração doía mais do que podia compreender, ou ignorar, por isso aquela história ainda lhe pesava no peito.

Seu casamento não era uma zona de guerra. Naruto e ela eram um casal que conversam sobre absolutamente tudo. Era a ela que ele confessava seus receios, sua rotina. Pedia opinião a toda e qualquer decisão que tomava sobre sua vida – às vezes, até na questão diplomática como Hokage – e ela sempre fora sincera e paciente com o seu marido.

No entanto, concordar com aquilo estava fora de questão.

Hinata terminou de preparar ovos para o café-da-manhã quando ouviu passos na entrada da cozinha. Sentiu-se inquieta ao perceber que Naruto parava ao seu lado, olhando fixamente para o seu rosto, esperando alguma reação.

— Hinata, vamos conversar. – ele pediu, baixo, próximo a sua esposa.

— Naruto – ela sibilou, e a falta do sufixo carinhoso que ela sempre o chamava assustou o loiro – eu ainda estou chateada, não temos o que conversar.

— Hinata, você precisa entender que o que eu fiz não foi pra te prejudicar, ‘ttebayo! – ele a segurou pelos ombros, forçando-a encará-lo – A missão não era tão importante assim!

Sua esposa olhou incrédula para ele. Por alguns segundos percebeu que havia dito algo muito errado.

— Naruto, para você pode não ser importante, mas para mim é!

— Você quer começar outra discussão ou vai esquecer isso, dattebayo?

Os braços cruzados sobre o peito denunciaram que o Uzumaki estava sem paciência. Durante os anos de amadurecimento dele, muitos defeitos seus foram controlados, principalmente na posição como Hokage. Porém ainda sim sua teimosia era algo difícil de controlar, e ocasionalmente era motivo de disacordo entre o casal.

— Só me responda uma coisa, está bem? – ela respirou fundo deixando os ovos na mesa, falando baixo e calma – Essa foi a única vez que você me tirou de alguma missão?

O silêncio prevaleceu por alguns longos segundos. Aos poucos Naruto soltou seus braços ao lado de seu corpo e suou frio. Ele não podia mentir para Hinata. Nunca realmente precisou mentir para ela pois sabia que não conseguia. Ela lia seus movimentos com seus olhos e ele sempre sentia que eles podiam ver muito além. Sem o uso do byakugan. Hinata o conhecia bem demais para saber quando ele dizia a verdade. Suspirou, sentindo-se culpado.

— Não. Tiveram outras missões em que você foi solicitada e eu mandei outros shinobis.

Hinata não pode deixar de ficar chateada.

— Quantas?

— Hinata, isso não é importante. Vamos esquecer essa história, por favor, ‘ttebayo!

Ela se aproximou dele e percebeu que ele estava fugindo do assunto. Estava ferida e frustada, entretanto precisava saber da verdade. Naruto havia usado seu poder como Hokage para evitar que sua esposa fosse para missões de risco. Ela entendia que ele estava cuidando dela, contudo não era justo. Hinata ainda era uma ninja, e descobrir aquela história pela boca dos outros, sem que ele contasse, fez com que se sentisse um fracasso. Com a voz baixa, receosa, ela perguntou mais uma vez:

— Por favor, me diga, quantas missões foram?

Naruto soltou o ar de seus pulmões, derrotado.

— Sete.

Seus olhos encheram de lágrimas e Hinata se sentou na mesa, desviando seu olhar de Naruto. Amava ser mãe, amava cuidar da casa, amava ser a esposa e primeira dama de Konoha. Mesmo assim, havia sempre aquela ferida em se sentir inútil como kunoichi, e Naruto sempre lhe dava forças. Ela achava que se ele a achasse que era forte, nem mesmo a sua opinião importava. Ouvir aquilo a fez sentir seu mundo perder a cor por alguns instantes. Não conseguiu esconder a tristeza e a desapontamento. De repente, sentiu como se tivesse doze anos de novo, com Kiba e Shino sempre tendo que protegê-la.

— Hinata... – Naruto tentou conversar mas Hinata não respondia – Por favor...

— Faça um favor hoje, sim? – ela disse, limpando as lágrimas que molhavam sua bochechas – Não volte para casa hoje. Eu quero ficar sozinha.

— Hinata, eu não-

Ela o interrompeu.

— Por favor.

Olhou pela última vez para o rosto de seu marido antes de se levantar para terminar o café-da-manhã. Naruto ficou sem ação. Apenas se sentou na mesa em silêncio, com o peito doendo devido a culpa. Tinha medo de abrir a boca e machucá-la ainda mais.

Das escadas, Boruto e Himawari continuavam em silêncio ouvindo a breve discussão de seus pais, sem identificar o porquê que os dois pareciam distantes. Himawari se remexeu inquieta, cutucando seu irmão.

— Nii-chan, a mamãe e o papai vão se separar?

Boruto se remexeu inquieto, olhando para sua irmã e tentando disfarçar sua preocupação.

— Claro que não Hima. Foi só uma discussão, ‘ttebasa.

— Ontem eles também discutiram... – sibilou Himawari, triste – E hoje a mamãe pediu pra ele não voltar para casa.

— Não é nada Hima, não se preocupe.

Boruto disse, tentando esconder de sua irmã que também estava inseguro.

—/-

Shikamaru entrou na sala pela terceira vez naquele dia e encontrou a mesma expressão perdida do Hokage. Nas duas primeiras vezes ele disse que não era nada, evitando conversar, mas agora era difícil enganar um dos homens mais inteligentes de Konoha.

— Vamos Naruto. – Shikamaru suspirou – Você e Hinata discutiram, não é?

O loiro levantou seus olhos até a seu conselheiro. Sabia que desde que chegara ao seu escritório o Nara estava rodeando o Hokage para saber o porquê dele estar tão triste. Ele tentou não mostrar sua insatisfação, o que foi em vão. Desistiu, suspirando alto.

— Eu vou matar o Kiba.

— Kiba? – Shikamaru se surpreendeu – O que ele tem a ver isso?

— Na última missão de Kiba na Vila Oculta da Névoa, foi solicitado o antigo time oito, mas eu mandei Tenten e Kiba apenas. Kiba acabou comentando com a Hinata, ‘ttebayo.

Shikamaru ficou em silêncio por alguns segundos.

— A missão era Rank C, Naruto. Era só uma escolta.

Naruto suspirou alto, soltando um som de insatisfação.

— Eu sei, mas mesmo assim era na Vila Oculta da Névoa. Não queria mandar Hinata até lá.

O moreno esperou alguns segundos Naruto explicar sua razão para evitar enviar sua esposa para a Vila Oculta da Névoa, porém ele não disse mais nada. Shikamaru olhou para Naruto mais uma vez.

— Essa não é a primeira vez que você faz isso, não é?

— Não. Por isso ela está tão brava.

— Converse com ela.

Naruto se levantou e olhou pela grande janela da sua sala.

— Eu já tentei. Ela não quer conversar, ‘ttebayo.

O conselheiro do Hokage observou enquanto ele olhava perdido pela janela. Com um suspiro baixo, encaminhou-se até a porta de saída. Pensou que talvez fosse melhor deixar Naruto sozinho, assim quem sabe ele chegaria a uma solução.

—/-

O Konoha Cafe não estava lotado, no entanto as poucas pessoas que entravam ali não podiam deixar de notar que na mesa próximo a janela estavam reunidas as mais fortes kunoichis de Konoha. Por mais que a vida de mãe e de casada tomasse muito tempo, as quatro amigas se encontravam de tempo em tempo para conversarem. Ino jogou uma mecha loira para trás enquanto Temari, Sakura e Hinata tomavam seus chás.

— Hinata, você ainda não se acostumou em como o seu marido é protetor? – a Yamanaka disse, tomando um longo gole de seu café.

— Eu não me importo que ele seja protetor, é só que... Eu me sinto como um fardo.

— Não seja boba, Hinata! – Temari falou – Todos sabemos que você nunca seria um fardo para ninguém.

— Só de ter paciência com o Naruto você é uma santa!

Após o comentário de Ino todas riram, menos Sakura. Os olhares de todas voltaram a Uchiha.

— O que foi testuda? Tá dormindo acordada?

Sakura olhou para Ino com uma expressão nada amigável.

— Está tudo bem, Sakura-san?

— Não é nada Hinata. – Sakura disse, tomando mais um longo gole de seu chá – É que eu acho que sei o porquê do Naruto não ter te enviado nessas missões.

— Eu acho que sei do que você está falando, Sakura. – Temari disse pensativa, acompanhando a linha de raciocínio da Uchiha.

— Então contem, gente, tô curiosa!

— Sem escândalos, Ino-porca! – os olhos das kunoichis se voltaram a Sakura – Há mais ou menos um ano e meio atrás chegou no hospital uma kunoichi jounnin gravemente ferida, vindo de uma missão da Vila Oculta da Névoa. Quem a atendeu foi outro médico, o Doutor Nishigawa. Ela teve que fazer uma cirurgia de última hora e infelizmente durante essa cirurgia ela teve uma parada cardíaca, não resistindo.

As outras presentes na mesa olharam espantadas a Sakura, menos Temari. Dificilmente a Uchiha comentava sobre casos em particulares do hospital. Ino reagiu.

— Que horror, Sakura. Eu lamento.

— Eu me acostumei que podem haver perdas no hospital. Depois as enfermeiras tiveram que avisar o seu marido, um comerciante. Eles estavam a poucos meses casados.

— Ele deve ter sofrido muito. – disse Hinata, complacente.

— O pior foi que quando ela chegou ao hospital, o médico descobriu que ela estava grávida de dois meses. Quando o médico foi falar com o marido comentou sobre a gravidez e o marido e nem ninguém sabiam. Ele ficou sem chão.

Todas na mesa ficaram em silêncio. Nenhuma delas não podia nem imaginar a dor que o marido da pobre jounnin passou a enfrentar. Ele havia perdido a esposa e o filho de uma só vez.

— Ela não deveria ter ido para uma missão grávida. – sussurou Ino.

— Nishigawa-san perguntou ao marido porque ela iria para uma missão grávida. Ele disse que estavam passando por dificuldades financeiras.

— Isso é muito triste. – Hinata abaixou a cabeça.

Depois de alguns segundos de silêncio, a voz de Temari chamou a atenção das amigas.

— Shikamaru comentou essa história para mim. Ele ficou balançado.

Sakura olhou com dúvida a Temari.

— Ele soube por alguma investigação sobre a missão?

Temari sorveu um pouco de seu chá, terminando a bebida.

— Não. Esse comerciante foi falar com o Hokage. Shikamaru ficou sem ação quando o pobre homem começou a chorar para o Naruto, contando tudo o que havia acontecido, e pediu a ele que vingasse a morte da esposa.

O silêncio voltou a mesa. Hinata ficou espantada com as palavras de Temari e algo dentro dela começou a fazer sentido.

— Naruto não comentou nada com você, Hinata? – Temari perguntou.

— Não, não contou nada. – falou a Uzumaki, um pouco envergonhada por não saber da história.

— Conhecendo aquele baka como eu conheço eu aposto que ele ficou impressionado e por isso não quis te mandar nas missões. Pra ele perder você ou as crianças é a pior coisa do mundo.

— Isso faz muito sentido. Se até o Shikamaru que é o Shikamaru ficou impressionado, imagina o Naruto. – Ino disse.

— É verdade. – concordou Temari.

— Eu entendo que ele tenha ficado chateado, mas... – Hinata passou a encarar a xícara em suas mãos, sobre a mesa – Ele deveria ter me contado.

O barulho da mão de Ino assustou as outras três mulheres na mesa. Todas passaram a encarar Ino.

— Já sei Hinata! – ela disse terminando de tomar o chá – Hoje o Shikadai e o Inojin vão ficar em casa de noite jogando aqueles videogames. Traga o Boruto também e deixe Himawari com a Hanabi. Aí você pode fazer uma surpresinha para o Naruto e vocês conversam mais a vontade, se é que me entende.

O rosto de Hinata ficou vermelho como de um pimentão.

— I-Ino-san, n-não sei se isso é uma boa ideia.

— Hinata. – Sakura disse, olhando ternamente a Uzumaki – O Naruto nunca teria a intenção em te magoar. Você e as crianças são a única família dele e por isso ele é super protetor. Tente fazer as pazes com ele, conversar. Ele é um baka mesmo. Se não resolver pode deixar que eu quebro a cabeça dele, shannaro!

O riso de todas fez com que Hinata relaxasse um pouco. Talvez estivesse sendo dura demais com Naruto. Agradeceu as suas amigas e se lembrou do pedido que havia feito que ele não voltasse para casa. Talvez tentar conversar seria a melhor opção.

—/-

Os dois rapazes olhavam para o Boruto com uma expressão nada amigável. Shikadai trocou olhares com Inojin, enquanto o Uzumaki falava apressado.

— Nem pensar, Boruto! – Inojin disse, enquanto se levantava da cama – Se a gente sair de casa, minha mãe me mata!

— É, pra quer sair daqui também? Não entendi essa sua ideia maluca. – Shikadai disse, bocejando.

— Preciso que vocês me ajudem, dattebasa! Eu tenho que descobrir o que está acontecendo com a minha mãe e o meu pai!

Inojin voltou a atenção a um de seus desenhos, desviando os olhos de Boruto, que andava freneticamente pela sala, inquieto.

— Você se metendo na história não vai resolver nada.

Boruto olhou para seus dois amigos e suspirou frustado. Precisava da ajuda dos dois, mas nenhum deles parecia empenhado a isso. Ele pensou rapidamente, chegou mais perto de seus amigos de infância. Falou mais baixo que o normal:

— Se isso acontecesse com a tia Ino e o tio Sai eu ajudaria você, Inojin. – o Yamanaka olhou para Boruto – E também ajudaria você Shikadai, se acontecesse com a tia Temari e o tio Shikamaru, ‘ttebasa.

Inojin e Shikadai trocaram olhares mais uma vez. Shikadai suspirou derrotado e rolou os olhos.

— Tá legal Boruto. O que você quer que a gente faça?

O sorriso do loiro iluminou o ambiente. Inojin e Shikadai passaram a prestar atenção exclusivamente no Uzumaki.

— Primeiro, eu preciso ir até a sala do meu pai no prédio do Hokage pra saber o porquê deles terem brigado. Eu só sei que tem a ver com alguma missão.

Shikadai, assim como o seu pai, era um rapaz inteligente.

— Mas a gente faz o quê? E se o seu pai estiver na sala dele?

— Vocês não conhecem a minha mãe, se ela descobrir, eu tô morto! – Inojin disse, preocupado.

Boruto se aproximou deles com um sorriso determinado. Chamou seus amigos para mais perto.

— Relaxem! Eu tenho um plano, ‘ttebasa!

Os dois olhavam para Boruto e prestavam atenção no que ele dizia. Talvez Shikadai estivesse sendo pessimista, no entanto algo lhe dizia que aquele plano poderia colocar os três numa enrascada – e ainda mais com o Hokage.

—/-

Já era mais de dez horas da noite quando Hinata tomou uma decisão. Com passos cuidadosos, ela chegou até a porta da sala do escritório de seu marido. Sentiu uma insegurança ao pensar que talvez ele estivesse bravo com ela e não quisesse vê-la. Balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos pessimistas. Respirou fundo e bateu na porta. Alguns segundos se passaram e ninguém respondeu. Mais decidida, bateu de novo, com força. Ouviu passos apressados e uma voz impaciente.

— Já disse Shikamaru, não precisa se-

Naruto se surpreendeu ao perceber que não se tratava de Shikamaru batendo na porta impaciente. O olhar doce de sua esposa o deixou sem ação.

— Hinata.

— Oi Naruto-kun. – ela disse, baixo – Posso entrar?

O loiro sorriu sem graça, levando uma de suas mãos atrás da cabeça, abrindo espaço para que ela passasse.

— Claro, entra.

A morena percebeu que Naruto estava de bermuda e uma camiseta fina. Normalmente a roupa que loiro usava como pijama. Percebeu também que no chão estava um corbertor e um travesseiro esticados. O Uzumaki estava se preparando para ir dormir.

— Eu trouxe algo para você comer. – ela esticou um dos braços até ele, enquanto oferecia o bento que havia feito. – Você não pode só comer lámen instantâneo.

Ele sorriu de leve a sua esposa. Mesmo que estivessem brigados, ela ainda cuidava dele.

— Obrigado, Hinata. – ele pegou o embrulho com cuidado e o colocou em sua mesa – Você não deveria ter se incomodado, ‘ttebayo.

— Eu percebi também que aquele é o meu travesseiro. – ela disse envergonhada, enquanto olhava para o travesseiro no chão – Você deve ter pego por engano.

Naruto olhou para o travesseiro e para sua esposa e mais uma vez ficou sem graça. Na verdade, ele não havia pego por engano. Ele amava dormir sentindo o cheiro de Hinata próximo, e já que os dois não iriam dormir juntos naquele dia, foi até a sua casa pegar o travesseiro dela.

— É, eu não percebi. – tentou disfarçar – Na verdade... Eu peguei de propósito. Eu queria ter seu cheiro perto de mim, ‘ttebayo.

Os dois ficaram alguns segundos mudos olhando um para o outro. Hinata mordeu o lábio pensando em falar alguma coisa, mas Naruto foi mais rápido. O loiro chegou perto de sua esposa pegando uma de suas mãos.

— Me desculpe Hinata. – sibilou, sincero – Eu vou te contar o que aconteceu de verdade. No ano passado perdemos uma jounnin em campo, na Vila Oculta da Névoa. O marido dela veio falar comigo. O cara ficou chorando descontrolado – Naruto olhou para ela – e eu não sabia o que fazer. A mulher morreu grávida dele e depois disso essa história não saiu da minha cabeça. Por dias eu sonhei... – ele falou, fechando os olhos com força – Por dias eu tive um pesadelo de que era você naquela missão. Que era você que morria em campo. Aí eu comecei a ter outros pesadelos, lembrando de quando você quase morreu nas mãos do Pain, ‘ttebayo. E... – ele levou uma das mãos de Hinata até o lado esquerdo de seu peito – Eu não consigo imaginar um dia da minha vida sem você, sem o Boruto e a Himawari.

— Naruto... – Hinata disse, sendo interrompida logo em seguida.

— Eu sei que eu não sou o melhor marido, muito menos o melhor pai do mundo, mas sou um nada sem vocês na minha vida, dattebayo. E depois essas missões na Vila Oculta da Névoa começaram a aparecer, e eu não podia mandar você pra lá, Hinata! Eu não podia deixar isso acontecer com você!

Ela levou as mãos até o rosto dele e notou o quanto ele fechava os olhos com força, o quanto aqueles pensamentos o atormentavam.

— Você devia ter me contado isso, Naruto-kun.

— Eu sei. Por favor Hinata, me perdoe.

Ela segurou o rosto dele e tocou seus lábios nos dele. Em seguida, sorriu.

— Está tudo bem, querido. Eu estou bem. Eu sempre volto pra você.

Naruto sorriu para Hinata e a beijou com mais força. Levou suas duas mãos até a cintura da Uzumaki, apertando mais seu corpo contra o dela, aprofundando mais o beijo. As mãos dela puxavam levemente alguns fios de cabelo da nuca dele, enquanto sentiam seus corpos esquentarem. Hinata afastou seus lábios, a procura de ar.

— Boruto está na casa da Ino-chan e Himawari está com Hanabi. – ela disse, traçando com a ponta dos dedos as linhas do queixo e do pescoço de Naruto. – O que acha de irmos para casa? – Hinata o olhou, corada.

O Hokage sorriu de lado para sua esposa. Hinata conhecia aquele sorriso.

— Tenho uma ideia melhor. O que acha de ficarmos por aqui mesmo? Sabe, eu sempre imaginei você nua na minha sala, ‘ttebayo.

— N-Naruto-kun, n-nós não podemos fazer isso aqui! – ela disse, sem poder evitar a gagueira.

O loiro puxou a mão de Hinata a levando até a beirada de sua mesa. Empurrou alguns papéis para fora da mesa, fazendo com que ela se sentasse. Com rapidez, o Uzumaki levou suas mãos para os lados de Hinata, impedindo que ela fugisse. Começou a beijar seu pescoço, traçando com lábios uma linha até seu lóbulo direito.

— Você só pode me chamar de Hokage-sama a partir de agora.

Era sempre assim. Quando ele tomava iniciativa, Hinata nunca conseguia fugir. O corpo de seu marido imprensando seu corpo, o calor da sala, não podia negar que estar ali a excitava mais do que deveria.

— Está bem, Hokage-sama. – gemeu no ouvido do loiro.

Levou suas mãos até a ponta da camiseta dele, tirando em seguida. Os beijos continuaram ainda mais quente e em poucos segundos os dois estavam apenas com as roupas íntimas. Com certeza, naquela noite, nenhum dos dois dormiria tão cedo.

—/-

Com passos leves, os três shinobis andavam pelo corredor do prédio que levava até a sala do Hokage. Aos sussurros e gestos, Boruto ia na frente chamando os seus colegas para que o seguirem. Assim que chegaram na porta da sala, já com os seus chakras disfarçados, Boruto pediu para que se aproximarem.

— Inojin, você fica daquele lado do corredor – apontou para a esquerda – e você Shikadai, para aquele lado – apontou para a direita – eu vou descobrir se o meu pai está aqui.

— Vamos pra casa, Boruto. – sussurrou Inojin – Estou com um péssimo pressentimento sobre isso.

— Eu também.

Boruto fechou a expressão.

— Vocês vão amarelar agora, ‘ttebasa? Vai cada um pra um lado, se o meu pai descobrir a gente aqui eu dou um jeito.

Com a expressão emburrada, Inojin e Shikadai foram para os locais que Boruto pediu. Já, o Uzumaki, encarou a porta com determinação. Puxou as mangas e se aproximou lentamente. Antes de pensar em entrar na sala, achou melhor colocar um ouvido na porta, para checar se o pai estava lá. Com cuidado, concentrou-se nos sons lá dentro.

“Tira isso vai... Eu disse que quero você nua, ‘ttebayo.”

“Está bem, Hokage-sama.”

“Eu adoro quando você geme pra mim.”

O rosto de Boruto começou a ficar corado até chegar no tom de escarlate, tão vermelho como um tomate maduro. Seus olhos arregalaram e ele afastou seu ouvido da porta, tampando a boca em seguida. Inojin e Shikadai perceberam a atitude estranha do amigo e foram até ele. Ainda sussurando, encararam Boruto.

— O que foi Boruto? Ouviu alguma coisa?

— Hey, Boruto, responde! – disse Inojin, frustado pelo silêncio do amigo.

— O-O m-meu pai está com alguém lá dentro. E-e-e eles estão... Fazendo...

— Fala Boruto!

Shikadai suspirou.

— Vem Inojin, vamos tentar descobrir o que deu nesse cara.

Shikadai e Inojin se apoiaram levemente na porta e encostaram as suas orelhas na porta.

“Vai... Vai Hokage-sama!”

“Ahh... Você é tão gostosa!”

Shikadai e Inojin se afastaram da porta, com os rostos queimando pela vergonha. Agora eles entendiam a atitude de Boruto.

— Boruto... A-Aquela é a sua mãe, não é?

O Yamanaka disse com certa dificuldade. Com certeza, não ia esquecer o que tinha acabado de ouvir ali tão cedo – incluindo os gemidos. Shikadai continuava mudo, perplexo pelos sons de coisas caindo da sala.

— Eu não sei, mas acho que não. – Boruto disse pensativo, emburrado e envergonhado – Minha mãe nunca chama meu pai de “Hokage-sama”.

— Será que é por isso que seus pais brigaram?

O Uzumaki olhou confuso para Inojin.

— Como assim, ‘ttebasa?

— Bem... – o loiro ficou ainda mais constrangido – Se não é sua mãe lá então... O seu pai está com outra mulher. Será que sua mãe descobriu e por isso os dois brigaram?

Boruto ficou mudo por alguns segundos. Por mais que não quisesse acreditar, a teoria de Inojin era o que mais fazia sentido. Antes que pudesse concluir seus pensamentos, Shikadai chamou seus dois amigos.

— Vamos embora antes que descubram que estamos aqui!

A passos rápidos e silenciosos, os três iam para a saída do prédio. Antes de ir embora, Boruto olhou mais uma vez para a porta do escritório de seu pai. Com certeza não iria deixar seu pai magoar mais a sua mãe. Amanhã, assim que chegasse em casa, ele iria resolver as coisas com seu pai.

“Juro que não vou deixar você fazer isso com a minha mãe, ‘ttebasa!”

—/-

Naruto não deixava Hinata em paz em nenhum momento. Naquela manhã de domingo, enquanto ela terminava de lavar alguns talheres, ele ia atrás dela, beijando seu pescoço e seu ombro. A Uzumaki sentia arrepios e pedia que ele parasse, entre risos. Os dois pareciam dois adolescentes, aproveitando que só estavam eles na casa. A campainha na porta chamou a atenção dos dois, e Naruto se afastou de Hinata. Uma voz fina encheu o local e Himawari entrou correndo na cozinha.

— Otou-chan, você está em casa!

Naruto sorriu para sua filha.

— Sim Hima! – ele disse, sentando-se na cadeira – Hoje vou passar o dia todo com vocês, dattebayo!

— Oi Hinata, Naruto-chan. – Hanabi entrou logo atrás de Himawari – O cheiro está bom, hein!

— Senta, Hanabi. – Hinata disse terminando de secar as mãos – Tome o café da manhã com a gente.

A Hyuuga sorriu e se sentou na mesa, ao lado de Himawari, que contava o que havia feito no Clã Hyuuga. Naruto ouvia com atenção sua filha, até que outro som da porta chamou atenção de todos. Em segundos, a figura emburrada e determinada de Boruto aparecia na entrada da cozinha.

— Tou-chan, preciso falar com você agora! Lá fora, ‘ttebasa!

Todos na mesa olharam para Boruto estranhando a atitude do mais novo. O olhar sério dele se focava em Naruto, do outro lado da mesa. Hinata se levantou da mesa e olhou para seu filho, preocupada.

— O que aconteceu, Boruto?

O loiro fechou os dois punhos e continuou encarando seu pai.

— Me desculpe mãe, mas isso é entre o Hokage e eu!

Naruto se levantou, assustado.

— Hã? Por que você está assim?

— Boruto, alguém que te machucou? O que aconteceu? – Hanabi repetiu a pergunta de sua irmã.

Boruto encarou cada um ali. Como era capaz de passar a noite “fazendo coisas” com outra mulher e depois ir até a sua casa normalmente como se nada tivesse acontecido? Não conseguia se conter mais. Respirou fundo e foi até seu pai, que havia se levantado e estava de pé ao lado da mesa de café.

— Eu não queria contar assim, mas já que vocês insistem... – apontou seu indicador a Naruto – Mãe, o papai tem outra mulher, ‘ttebasa!

— O QUÊ? – Naruto gritou – Do que você tá falando? Da onde tirou isso, Boruto?

— Isso é verdade, Naruto? Eu não vou deixar você fazer isso com a minha irmã!

Naruto olhou para sua cunhada e a viu ativar seu byakugan. Exasperado, balançou as mãos em sua frente.

— Péra, isso não é verdade! – disse, tentando acalmar os nervos de todos.

Hinata, tentando apaziguar a situação, levantou da mesa e olhou para o seu filho.

— Boruto, por favor, se explique!

Ele olhou para sua mãe, sua tia e por último seu pai. Não pode evitar de corar lembrando das coisas que havia ouvido na noite passada. Respirou fundo e passou a encarar novamente seu pai com raiva.

— Ontem o papai estava com outra mulher na sala dele! Ela ficava gritando e – ficou ainda mais corado – g-gemendo “Hokage-sama”, “Hokage-sama!”

Hinata ficou vermelha e em choque. Colocou as mãos em seu rosto. Não acreditava que justamente seu filho ouviu o que ela e seu marido faziam na sala dele. Estava muito constrangida e perplexa.

— Hinata! – Naruto olhou para sua esposa, esperando que ela explicasse para Boruto o que estava acontecendo, porém percebeu que seu constrangimento ia impedir que ela dissesse alguma coisa. Voltou a atenção a seu filho – Boruto, foi tudo um mal entendido!

— Olha como você deixou a mamãe! Ela tá chorando! Eu nunca vou te perdoar por isso, dattebasa!

Antes que Naruto ou Hinata pudesse fazer alguma coisa, o soco de Boruto foi mais rápido. Direto para o meio das pernas de Naruto. Direto naquela parte sensível. Em segundos ele foi para o chão. Pela segunda vez em sua vida, Uzumaki Naruto, o sétimo Hokage de Konoha, havia levado um golpe – certeiro – de seus filhos. Acabou ajoelhando no chão devido a dor.

— Isso é pra você aprender a não magoar a mamãe, ‘ttebasa!

— Bem feito, Naruto! – gritou Hanabi.

— Tou-chan! – Himawari gritava em seguida, com os olhos cheios d’água.

A esposa do Hokage saiu as pressas em direção ao seu marido que gemia de dor ajoelhado no chão, com as mãos entre as pernas, tentando aliviar a pancada. Boruto ainda olhava raivoso para o seu pai e Himawari olhava assustada para seu irmão. No meio daquele caos, a voz dolorida de Naruto ecoou baixa:

— Hinata... Nós... Nunca mais... Poderemos ter mais filhos.... Agora sou um homem estéril... ‘ttebayo.

Ela olhou para o marido preocupada e depois olhou para Boruto.

— Boruto, isso tudo foi um mau entendido.

— Não mãe, eu ouvi! Eles até estavam derrubando coisas!

— Sai daí Hinata, que agora é a minha vez que ensinar para o Hokage que não se engana uma Hyuuga! – Hanabi falou, a frente de Hinata e Naruto, com um punho fechado enquanto sua outra mão segurava seu punho.

— Chega! – Hinata disse, decidida a acabar com toda aquela confusão. Com cuidado, Naruto se levantava do chão e se sentava na mesa, ainda com uma expressão de dor. – Hanabi, Boruto, isso foi tudo um mal entendido!

Boruto caminhou a frente de sua mãe.

— Não mãe, eu sei que é difícil de acreditar, mas eu ouvi tudo! Pode perguntar para o Inojin e o Shikadai, eles ouviram também, dattebasa!

O olhar incrédulo de Hinata se voltou ao seu filho. Seu rosto ficou mais vermelho.

— Shi-Shikadai e-e Inojin ouviram também?

Boruto, Hanabi e Himawari se assustaram pela perplexidade de Hinata e a forma como seu rosto começou a ficar cada vez mais vermelho.

— Okaa-san... – Boruto se aproximou dela – Você parece estar com febre.

Naruto suspirou derrotado e observou o rosto de sua esposa. Ela provavelmente não poderia explicar o que estava acontecendo. O Hokage segurou a mão de Hinata, que sentou ao seu lado, e resolveu ele mesmo esclarecer tudo o que estava acontecendo.

— Boruto, escute. Eu realmente estava com uma mulher na minha sala na noite passada.

— Viu, eu disse, dattebasa! – o mais novo respondeu com raiva, apontando para seu pai, acusando-o.

— E essa mulher era a sua mãe, ‘ttebayo!

Os olhares se voltaram a Hinata que agora escondia seu rosto com as suas mãos. Boruto olhou surpreso para o seu pai, assim como Hanabi.

— Espera aí. – a Hyuuga disse, levantando-se na mesa – Você e Hinata estavam na sala do Hokage trans-

— Por favor, Hanabi! – Hinata disse, interrompendo sua irmã.

Boruto olhou fixamente para os seus pais e se lembrou de tudo que havia ouvido na noite anterior. Seu rosto quase ficou tão vermelho que o de sua mãe.

— Eca! – ele disse alto – Isso é nojento, sabiam? Nunca mais entro naquela sala, ‘ttebasa!

— Então você não vai poder entrar na cozinha, no meu quarto, na sa-

Hinata tapou a boca do seu marido, rapidamente.

— Naruto-kun! – sussurrou baixo ao marido, virando em direção a seu filho – Boruto, peça desculpas a seu pai, você o mahucou.

O loiro mais novo se aproximou de seu pai, enquanto Hinata tirava a mão da boca do marido, que apenas observava seu filho.

 – Me desculpe, tou-chan. Eu só estava querendo proteger a mamãe.

 – Tá tudo bem filho, você fez muito bem – O Hokage bagunçou os cabelos do filho, e Boruto sorria – Quero que sempre cuide de sua mãe e sua irmã, ‘ttebayo!

  Depois da confusão ser esclarecida, Boruto se sentou a mesa e a família Uzumaki – juntamente com Hanabi – foram tomar seu café-da-manhã. Alguns minutos depois, a voz de Himawari chamou a atenção de todos.

  – Tou-chan, a mamãe então bagunçou a sua sala?

 – Não se preocupe Hima, hoje ela arruma, ‘ttebayo! – Naruto sorriu atrevido a Hinata.

 Himawari, Naruto e Hanabi riram da situação, mas Hinata ficava cada vez mais vermelha e Boruto quase se engasgou com seu leite.


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Notas finais do capítulo

Tou-chan é papai em japonês e okaa-san é mamãe. Acho tão lindo o Boruto e a Hima chamando os pais assim.
E então, comentários? Espero que tenham gostado da história tanto quanto eu!



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