O Anel Claddagh escrita por ferporcel


Capítulo 9
Capítulo 9: Dignidade




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Capítulo 9: Dignidade

 

Severo estava atrasado para o café da manhã, conseqüentemente ele não iria. Planejara ir, mas não tivera uma noite boa de sono e culpava a Granger por isso.

 

Sonhara com a Lílian, com o casamento dela, como já sonhara antes. Não era o pior de seus pesadelos, mas também não era um sonho angelical. Ela estava linda no vestido de noiva, bem como ele lembrava na realidade, mas diferente da maioria de seus sonhos sobre aquele dia, ele não tomara o lugar do Potter como o noivo. Severo observou de uma moita, como fizera naquele dia. Observou o progresso da cerimônia tão estático quanto o tronco da árvore que usou para se esconder. Tudo estava como ele lembrava até que os anéis foram trocados, e por alguma razão que só os sonhos podem explicar, o ele do sonho se sentira alarmado por não ser o seu anel Claddagh que o Potter colocava no dedo da Lílian.

 

Então a Granger estava parada ao seu lado, à vista daqueles assistindo a cerimônia – ele lembrava de sentir-se temeroso de que alguém os pegasse espiando, o que somava ao quanto esse sonho fora ridículo – e ergueu a mão adornada pelo seu anel para que ele pudesse vê-lo lá. Ele não conseguia se mexer no sonho, não conseguia tomar a mão dela na dele e corrigir o que parecia ser um erro de proporções extraordinárias.

 

Ele acordara com aquele sentimento de desespero e iniqüidade, com o peito comprimido e apertado. Não conseguira dormir depois daquilo, e ele tentara. Depois de ficar deitado acordado pela maior parte da noite, um sono leve o tomou nas primeiras horas da manhã.

 

Agora Severo estava atrasado, então pediu que seu café da manhã fosse servido em seus aposentos. Foi quase instantâneo; um elfo doméstico arranjava a pequena mesa com o que ele pedira, e tão rápido quando viera, ele se fora. Bom, ele não estava disposto a ser mimando esta manhã.

 

Ele estava terminando a refeição rápida quando a coruja chegou com uma carta para ele.

 

Caro Professor Snape,

 

O senhor está definitivamente me subestimando, como sempre fez. Não conseguirá o que quer evitando as minhas perguntas.

 

Severo revirou os olhos. Grifinórios...

 

Eu disse na minha carta anterior que queria saber o que tem de tão importante neste "pedaço de metal sem valor", nesta "bugiganga", como o senhor coloca. Não pense que eu enviarei o anel só porque o senhor não tem nenhum senso de valor e acha que ele não significa nada para mim.

 

Isso estava tão errado e de tantas maneiras... Era para ser só uma bugiganga para você, Granger!

 

Na verdade, o preço acabou de subir. Além de saber por que o senhor quer o anel (a verdade, por favor), quero saber também como descobriu onde eu o encontrei. Nunca disse nada sobre nenhuma casa abandonada num sítio de guerra. Tudo que eu disse foi que encontrei o anel no dia da Batalha de Hogwarts, e nem mesmo o senhor, com todo o seu senso deturpado de valor, pode considerar o castelo uma "casa abandonada".

 

Severo amaldiçoou sua inatenção e as perguntas estúpidas dela. Tinha mais...

 

Embora, já que o senhor mencionou casas abandonadas e estamos negociando, gostaria de saber como o senhor sobreviveu aos eventos na Casa dos Gritos. Considere isso um bônus por aturar todas as gentilezas e seu tato durante nossa comunicação estendida.

 

Comece a falar, Snape, e deixe o sarcasmo para aqueles que o apreciam.

 

Hermione Granger

 

Moleca exigente! Ela quer invadir a minha privacidade, é isso? A garota não tem limites!

 

No mesmo momento que Severo teve aquele reflexo de indignação, soube que perdera uma batalha, e uma das grandes. Ela não seria dissuadida; ele teria que oferecer alguma coisa ou ela apenas continuaria lhe recusando o anel.

 

Grifinórios teimosos! Será que eles nunca desistem?

 

Severo tinha que admitir que não, então suspirou. Talvez uma batalha tenha sido perdida, mas nunca a guerra, e se tinha algo que Severo sabia, era como lutar uma guerra.

 

Severo deixou seus aposentos, levando a carta com ele. Não tinha que responder imediatamente, e tinha a intenção de planejar cada palavra de sua resposta bem cuidadosamente. Talvez ele não precisasse revelar nada no final das contas.

 

o0oOo0o

 

Cansado de um dia e uma noite inteira passados na análise de suas opções, nos primeiros raios do dia, Severo não tinha mais nenhuma opção a não ser escrever para a Srta. Granger. Sentia-se esgotado, patético e odiava-se por ser fraco. Olhava fixamente para o pergaminho esperando ser enviado e odiava-o. As palavras ali... as odiava. Severo odiava tudo naquela situação.

 

Depois de encontrar com a Diretora no corredor no dia anterior, ele tinha que aparecer para o café da manhã.

 

Ele odiava tomar café da manhã no Salão Principal.

 

Mas se ele não fosse, a Minerva viria até ele, Severo sabia. Aquilo seria muito pior do que qualquer outra escolha disponível no momento.

 

Pegou a carta e foi até o Salão Principal. Podia mandar sua condenação mais tarde. Se ele ia cair, poderia muito bem aproveitar sua última refeição como um homem com dignidade primeiro, ou o máximo de dignidade que um homem pode manter estando cercado de mulheres enxeridas.

 

— Bom dia, Severo!

 

Por que o entusiasmo? — Severo se perguntou. Decidiu ignorar o cumprimento e ver se a Minerva entendia a indireta e deixava-o em paz.

 

— Papoula estava se perguntando se você estava, quem sabe, doente, mas eu a assegurei que você tinha desenvolvido uma certa intolerância por torradas de elfos domésticos.

 

Ela não dá trégua...

 

— Fico feliz de você ter evitado que ela se intrometesse onde não foi chamada — respondeu com uma mesura de gratidão fingida.

 

Acomodou-se para a refeição tentando ignorar todos os outros que o cercavam. Pegou uma fatia de torrada e começou a passar manteiga nela. Estava quase dando uma mordida quando se irritou e virou-se para olhar para a Minerva, abaixando a torrada para encará-la com mais efeito.

 

Ela ergueu uma sobrancelha, nem sequer tentando disfarçar que estivera observando-o desde que ele pegara a torrada.

 

— Isso significa que as torradas não são mais problema? — ela ousou perguntar.

 

— Isso significa que você consegue ser tão irritante quando o seu antecessor.

 

Severo mordeu a torrada e serviu-se de café. Tomou um gole seguido de outra mordida de torrada. Parecia que a conversa estava abençoadamente terminada.

 

— Severo.

 

Ele estava enganado.

 

— Não tinha percebido até então que você estava mantendo um placar.

 

Do que ela estava falando? Ele olhou para ela e tomou outro gole de café. — Faça-me rir. — Ele colocou a xícara na mesa para ouvir a explicação.

 

— Você lembra quem foi meu antecessor, certo? Se eu soubesse que estava entrando numa competição... — Ela sorria atrás da xícara; um sinal nada bom.

 

Então ele entendeu o porquê, mas ela já estava explicando o óbvio para ele.

 

— Derrotá-lo em sarcasmo será um grande desafio.

 

Ele revirou os olhos, mas só porque aquela seria a reação esperada. Toda essa conversa o fez ver a situação com outros olhos, olhos mais pesados de tempos que ele teria morrido para esquecer. Sua história perturbadora o assombrava sem parar. Qualquer dúvida que pudesse ter de mandar a carta em seu bolso dissolveu bem ali com a realização de que ele precisava das poucas boas memórias que tinha.

 

Precisava do anel mais do que de sua dignidade.

 

Ele terminou a refeição o mais rápido possível e saiu num tremeluzir de vestes em direção ao corujal.

 


 

No próximo capítulo... Hermione não agüenta mais as manobras sonserinas de Snape.


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