Capítulo 6: Barganha

Hermione levara o anel com ela quando saiu para o trabalho na segunda-feira após enviar sua resposta para o Snape. Ela tinha plena consciência de que o desobedecia ao fazer isso, mas era adulta agora e Snape estava mentindo descaradamente para ela, não estava? Além do mais, ela não o estava usando, só mantendo-o por perto.

Hermione queria inspecioná-lo mais de perto, correr alguns testes mais demorados, e talvez até pedir opiniões, já que estaria visitando a Divisão Francesa para Estudos de Defesa hoje.

Aquilo fora antes de realmente conhecer os bruxos e bruxas que trabalhavam lá. Como eles conseguiam executar qualquer estudo sério em um departamento tão desorganizado Hermione não conseguia entender! Se bem que talvez o talento individual de alguns de seus pesquisadores compensasse pela falta de organização.

Francis Bonnet era um bom exemplo. Hermione até considerara lhe mostrar o anel, mas decidiu não mostrar no final. Fizera algumas perguntas significativas, entretanto. Ele era bem inteligente e sabia um bocado sobre o lançamento de maldições em pessoas e objetos. O que fez Hermione voltar atrás foi a idade do jovem; ele não parecia ser muito mais velho do que ela e a lembrava demais o Harry.

Ela teria mais oportunidade de trocar idéias e discutir teorias com os pesquisadores nos próximos dias. Ela tinha pelo menos um período do dia para passar discutindo estudos de defesa. Era uma folga bem vinda do exigente Molyneux. Ela sempre fora mais inclinada ao ramo de inteligência da Execução das Leis, e Molyneux só pensava em treinos físicos e troca de azarações.

Ela tivera pouco tempo para pensar em Snape ou no anel enquanto trabalhava, mas à noite, quando estava finalmente sozinha no quarto de hotel, sua mente flutuava naquela direção. Faziam o que, quatro dias desde que mandara a última carta? Talvez o Snape realmente desistira e escolhera outra vítima para os seus repentes de mau humor.

Talvez não.

Quinta-feira à noite Hermione encontrou uma carta esperando por ela no criado mudo. Curiosa, Hermione a abriu.

Senhorita Granger,

Irritação ou insultos não a levarão a lugar algum. Duvidar de mim, por outro lado, pode ser alarmantemente mais perigoso. Presumir que o anel não esteja agindo sobre a senhorita não significa que ele não seja maligno.

A senhorita quer saber por que preciso que me mande o anel, e embora eu não saiba por que me importo em responder, direi apenas que sou um pesquisador quando não tenho que lidar com alunos idiotas, e Artes das Trevas é uma das minhas áreas de excelência.

Estaria disposto a oferecer-lhe uma quantia em Galeões por ele ou qualquer outra forma de pagamento que a senhorita possa propor.

E antes que pergunte, não, a senhorita não pode se juntar às investigações.

Severo Snape
Mestre em Defesa Contra as Artes das Trevas

Ele quer comprar o anel? Hermione franziu a testa, confusa. Toda essa história ficava mais e mais confusa com cada carta. Parecia que quanto mais informação ela tinha, de mais ela precisava.

Talvez ele estivesse apenas brincando com a cabeça dela. As primeiras palavras dele eram um bom indicativo disso. Ele insistia em dizer que o anel era perigoso, mas a não ser que ela tivesse uma prova de sua maldade, o anel era inocente. Por que se não fosse...

Hermione franziu a testa novamente, depois suspirou. Ela gostava do anel porque ele era uma coisa bonita que ela encontrara em meio ao caos daqueles dias. Ela gostava dele porque era uma prova de que as coisas podiam melhorar daquele dia em diante, de que ela tinha algo para lembrá-la que o amor vencera.

Ela queria que o Snape estivesse errado. Queria ficar com o anel, seu troféu por sobreviver àqueles dias tristes. Queria que sua beleza fosse exatamente o que ela sempre acreditou que fosse: inocente, simples. Snape estava arruinando tudo!

Snape...

O que tinha de errado com ele? Ele estava mesmo abrindo uma negociação pelo anel? Isso era... Ela não sabia o que pensar!

Mas sabia que ele estava errado. O anel era inocente, mesmo que sua simplicidade estivesse sendo arruinada por esta situação absurda. Como o Snape podia confundi-la tanto? Ele estava dando nós em sua mente desde que o conhecera como aluna. Verdade, ele era o homem mais complicado que já conhecera, mas ele tinha que ser complicado em tudo?

Estava cansada deste enigma, e o deixaria saber disso. Hermione pegou um pedaço de pergaminho, uma pena e tinta da bolsa e começou a escrever uma resposta. Quando terminou, selou-a num envelope e desceu ao "lobby" do hotel para pedir por uma coruja. Quanto antes ela resolvesse isso, antes seria capaz de se concentrar em questões que eram, de fato, importantes e deixar o anel ser o que ele era: um anel.

No próximo capítulo... Snape se ofende com os sentimentos de Hermione.