O Anel Claddagh escrita por ferporcel


Capítulo 5
Capítulo 5: Ignorância




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/71182/chapter/5

Capítulo 5: Ignorância

 

O domingo estava quase acabando, e não havia meios de seu humor melhorar. Severo Snape não tivera um final de semana tão ruim desde o seu último em Azkaban alguns anos atrás. Fora um final de semana miserável, um prenúncio de uma semana ainda mais miserável.

 

Na verdade, havia algo que poderia fazer tudo mudar para melhor para o Severo: a chegada do anel. Improvável de acontecer, se alguém perguntasse a ele, mas por mais longe que Granger estivesse, ela teria tido tempo suficiente para ler sua carta e dar seu anel para a coruja que retornaria. Agora já era noite de domingo, a coruja da escola que ele usara estivera de volta desde as primeiras horas de sábado, e não havia nem sinal de uma resposta.

 

Por que isso o torturava tanto? Era só um anel, um anel de mulher. Não era nem tão valioso assim; as pedras não eram esmeraldas, o metal era um tipo barato de ouro branco. Então por que a Granger não podia mandar o maldito para ele? Era só um anel!

 

Por que estou me torturando por causa dele, então?

 

Severo urrou de frustração. Estava pronto para conceder a derrota e deixar a cabeça cair no travesseiro para dormir e deixar esta noite para trás quando uma coruja voou pelo buraco encantado perto do teto de sua sala de estar. Ele se levantou da cama com energia renovada para encontrar com a ave.

 

Seu primeiro desapontamento foi a ausência do anel; o segundo...

 

Professor Snape,

 

Eu não deveria sequer estar respondendo. O motivo desta carta é bem simples: estou curiosa.

 

Isso fez uma sobrancelha subir. Ele continuou lendo...

 

O senhor me vê usando um anel que por um acaso eu encontrei no dia que Voldemort morreu. Isso obviamente prendeu seu interesse. O senhor me escreve dizendo que o anel está amaldiçoado e é perigoso, o que obviamente ele não é. O senhor insiste que eu o mande para o senhor a qualquer custo.

 

Agora, por que o senhor faria isso? Entendo que conheça o anel e o queira, mas por quê? Sabe, explicar as coisas pode garantir o que quer mais rápido do que manipulação, palavras rudes e mentiras jamais conseguiriam.

 

Severo olhava em choque para o pergaminho que segurava, e tinha mais...

 

Tenha isso em mente quando montar sua resposta – se é que pretende responder – e pare de ser um sonserino tolo.

 

Hermione Granger

 

Severo encarava. A moça atrevida não tinha respeito algum!

 

Sonserino tolo?

 

Seu choque estava rapidamente sumindo e raiva estava se infiltrando com a mesma rapidez, fazendo-o amassar a carta numa bola de pergaminho. Ele continuou amassando a carta afrontosa enquanto lutava consigo mesmo. Queria estrangular Granger pela impertinência, mas principalmente por não mandar o anel, e aquilo por si só era mais irritante do que tudo que estava sentindo.

 

Afundou-se no sofá em frente à lareira e derrubou a cabeça nas mãos, depois urrou quando a maldita carta entrou no caminho entre seus dedos e seu cabelo escorrido. Arremessou a bola de pergaminho repulsiva para longe e puxou os cabelos com gosto. Este anel fora seu conforto, desde o dia que percebera que não podia ignorar os sentimentos que seu jovem coração nutrira inocente e impiedosamente. Naquela época e durando os anos mais sombrios de sua vida, ele fora sua única companhia, sua única lembrança de que havia alguma pureza em sua alma. Um anel, um anelzinho de nada, por Merlin! Como ele podia governar sua vida desse jeito!

 

Era mais que irritante. Era loucura!

 

Ele levantou-se abruptamente e foi a passos largos para o quarto. Severo simplesmente jogou o corpo no colchão, puxando as cobertas de baixo dele com irritação. Ele dormiria, e quando acordasse, ele teria esquecido Granger e o maldito anel.

 

Usando todas as técnicas que conhecia para limpar a mente, Severo dormiu.

 

Por três dias sua luta interna continuou. Houve ocasiões em que ignorou sua angústia e concentrou-se nas tarefas mais entediantes, houve ocasiões em que se sentou em seu escritório ou sala de aula olhando para o vazio em contemplação, e houve ocasiões na privacidade de seus aposentos em que se deixou levar pela sua miséria e pensou em maneiras de recuperar seu precioso anel.

 

Essas eram as ocasiões em que ele se punha a preparar planos para conseguir o que queria e, ao mesmo tempo, tentava se convencer de que não era pela necessidade de ter o anel, mas pela necessidade de ter o que era dele, que isso não tinha nada a ver com seus sentimentos do passado, mas com honra e justiça.

 

Na quinta-feira seguinte, ele ainda não tinha tido nenhuma idéia brilhante para um plano de ação. Ele repassara todas as possibilidades na cabeça mais de uma vez; até contemplou dizer a verdade como uma opção, que foi rapidamente descartada. Agora ele estava andando em círculos, indo e voltando para as mesmas idéias estúpidas, sequer se importando em esconder de si mesmo que precisava do anel a qualquer custo.

 

Isso só podia significar uma coisa: ele teria que escolher a menos densa de suas idéias e escrever uma resposta para Granger. Severo estava tão frustrado com a situação que quebrou a pena depois de escrever dois parágrafos da resposta, tendo que desperdiçar sua pena boa naquela porcaria.

 

Situação estúpida.

 

Mas se pedir não tinha o efeito desejado, então ele teria que investir mais pesado. Era um absurdo, mas ele estava disposto a negociar.

 

Ele não se importava com que horas eram, tudo que Severo queria era se livrar daquilo. Foi até o corujal, e quando chegou lá, os primeiros raios do sol iluminavam o horizonte. Ele não pareceu perceber a beleza da vista enquanto observava a coruja levantar vôo com sua carta na pata.

 


 

No próximo capítulo... Hermione fica intrigada pela proposta de Snape.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Anel Claddagh" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.