Capítulo 3-A Perspicuidade

História escrita por:SRoch

"Você tem muito a dizer Você só quer saber que foi magoada Mas isso não é preto e branco Não há soluções claras Só estou tentando resolver isso E apesar de tudo, eu devia ter resolvido."-Invisible,Linkin Park

—Precisamos conversar. 

Mamãe me olhou confusa, enquanto desviava o olhar do jornal. 

—Você não deveria estar na escola?

Assenti vacilante,mas não me movi.

—Você está bem querido?- Sua voz soou preocupada e ela se levantou vindo em minha direção. 

Não respondi.

Eu não estava bem,desde o momento que Annabeth entrou na escola, sentou ao meu lado e se tornou minha parceira de quimica,nada estava bem,desde que Annabeth entrou na minha vida.

Annabeth era alguém com problemas demais, e o mais coerente seria eu simplesmente ignora-lá. 

Mas eu não conseguia. 

Algo em mim se remechia com a mera possibilidade de abandona-lá. 

—Filho-a voz de minha mãe, me tirou de meus pensamentos, sua mão foi em direção ao meu rosto-Você não parece doente,comeu algo estra...

—Mãe,por favor-afastei suas mãos de meu rosto a interrompendo - precisamos mesmo conversar. 

Sally me olhou confusa.

—O que você aprontou?

—Não é sobre mim,e sim sobre uma garota.

***

(Os "***" indicam quebra de tempo,os acontecimentos a seguir ocorreram depois do primeiro capítulo e antes da conversa entre Percy e Sally)

—Você está mesmo bebendo?

Seus olhos cinzas não se desviaram nem um momento da paisagem a nossa frente, era possível ver a cidade toda do terraço do nosso prédio,Annabeth estava com um casaco que fazia contraste com seus olhos e com o tempo,estava tudo nublado,tudo cinza.

—Você ainda não desistiu de me seguir?-sua voz soou mais rouca que o costume,me assustei ao constatar que ela havia mesmo me respondido, já fazia dias que Annabeth simplesmente me ignorava, apesar de poucas vezes te-la visto na semana,Annabeth não estava indo a escola e algumas pessoas começavam a questionar seu sumisso. 

Me aproximei hesitante, mas a loira não pareceu fazer nenhum movimento para me afastar.

—Não é estranho?-Questionou com a voz abafada.

A olhei,ainda era dificil para mim me acostumar com essa versão de Annabeth que simplesmente não me ignorava, pensei que talvez a bebida a estivesse deixado mais receptiva, então não me incomodei. 

—O que?-perguntei encarando seus olhos cinzas, que pareciam mais vermelhos do que o costume.

Me questionei se ela havia chorando.

—Tudo-ela apontou para as pessoas que passavam na rua-As pessoas,essa cidade, não importa o qual pequena ela seja,as pessoas parecem se contentar com sua vidinha medíocre. 

A perspicuidade de suas palavras,me atingiram de um jeito único ,eu era alguém medíocre e pela primeira vez essa perspectiva me incomodou.

—E isso não é bom?-falei apenas para interromper o silêncio que já me incomodava, e me arrependi assim que seus olhos se voltaram para mim,pela primeira vez em muito tempo.

—É talvez seja- ela desviou no segundo seguinte,agradeci mentalmente, Annabeth era sem duvida assustadora.

—Eu só queria poder ser assim... -ela susurrou para si mesma,mas eu consegui ouvir.

—Acho que você já é boa sendo assim,quer diz não estou falando nesse sentido  sabe...-comecei sem saber o que dizer,Annabeth me olhou com a sombrancelha arqueada.

—Não é que você não seja bonita-continuei ainda mais confuso-pelo contrário é só que...deixa para lá -bufei irritado, mas Annabeth sorriu assentindo. 

Ela deveria sorrir mais.

Ela desceu do parapeito,passando proximo a mim,em direção a saída .

—Você não é tão idiota,quanto eu pensava cabeça de alga -sua voz soou risonha e quando eu pensei em contrapor ela já havia ido embora.

***

(Os "***" indicam quebra de tempo,os acontecimentos a seguir daram continuidade ao início do capítulo- conversa entre Percy e Sally)

—Então essa garota é sua amiga?-Minha mãe questionou calmamente, seus olhos castanhos pareciam me avaliar.

—Bem,sim,acho que sim-respondi confuso.

O que Annabeth era minha,uma vizinha,conhecida? 

—Você está gostando dela querido? -Mamãe sorriu e por um momento seus olhos brilharam.

Revirei os olhos,mães. 

—Não- neguei rapidamente-Eu só, queria entender...

Meus dedos passaram pela pequena mesa de madeira,observei cada risco que tinha na sua superfície, os braços de Annabeth também eram assim?

Tão marcados com essa mesa...?

—Porque mãe? -desviei os olhos da mesa a encarando -porque alguém faria uma bestei...

—Percy-Sally me interrompeu,se aproximando ainda mais-Não é besteira,longe disso,as pessoas,elas...

Ela se interrompeu e mordeu o lábio inferior parecendo ponderar sobre algo,antes de segurar uma de minhas mãos.

—...bem-continuou-É complicado mais isso é como uma válvula de escape sabe?

"Muitas vezes nos vemos sem saída, muitos problemas, a cabeça cheia,mágoas, tristezas,e pensamos muitas vezes em desistir,fugir de tudo,mas temos medo.

Medo da morte,e para não nos matarmos na primeira adversidade nos cortamos, conseguimos por alguns minutos aplacar nossa dor emocional com nossa dor física. "

Ela sorriu melancólica 

—É complicado,mas não é besteira,meu filho,sua amiga deve está passando por várias coisas e não saber o que fazer.

A olhei tentando encontrar sentindo em suas palavras,e apesar de minha mãe estar em minha frente,ela parecia está alheia minha presença,como se estivesse revivendo,revivendo uma lembrança dolorosa...

—Você fala como se..-não terminei minha frase e não precisei,Sally assentiu minimamente enquanto erguia o pulso em minha direção.

—Faz muito tempo,antes de você nascer na verdade. 

—Porque não me contou?-Questionei aturdido 

—Não queria parecer fraca na sua frente- sua unhas desenhavam desenhos aleatórios em cima da mesa e seus olhos não me encaravam- Faz muito tempo,mas ainda tenho algumas marcas. 

A olhei, pedindo uma explicação 

—Acho que está na hora de você saber de tudo Percy.