Holbrook escrita por Jen


Capítulo 26
Capítulo 26 - Marcas


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! :D
Vou ver se sai dois capítulos hoje pelos dias anteriores, ok?
Espero que vocês gostem deles.

Viih, obrigada super pelo comentário! ♥ ♥

Boa leitura!



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Quando encarei o despertador, que havia acabado de me acordar a alguns segundos, me lembrei que hoje era mais um dia sem trabalho. Um dia todo livre. Eu estava tão acostumado a dedicar os meus dias a CIA que eu já não tinha prática com essa coisa de folga. Olhei para o teto e fiquei repassando em minha cabeça programas que poderiam ser divertidos, e não encontrei praticamente nada que fosse divertido sozinho, por isso, tive o meu plano para o dia todo. Lexie.

Mas os meus planos foram todos por água abaixo quando liguei para a casa dela e me informaram que ela estava ocupada com amigas. Amigas? Achei que Lexie não era adepta de amizades, pois nunca a vi com uma amiga muito próxima a ela. Pelo visto errei feio, haviam vozes de diversas garotas ao fundo. Não quis atrapalhar e então fui para o meu plano b.

— Chloe?

— Eu não vou te dar informação alguma. Brooke me encheu de perguntar ontem e me proibiu completamente. Se ela descobre... Me come viva.

— Não quero informação. Quero sair, está com tempo livre?

— E como posso ter tempo livre com esse caso me consumindo cada pedaço do dia?

Ela suspirou cansada ficando por alguns instantes em silêncio e voltou a falar.

— Não tenho tempo pra respirar agora que estou sem você. Quando sua folga acabar vai ter que ser a vez da minha, viu?

— Eu pedi só um dia. O segundo foi culpa da Brooke.

— Culpa sua por aparecer lá sem ter que aparecer.

Ela pareceu zangada e por conhecer Chloe tinha certeza que estava me dando uma bronca. Se estivesse bem na minha frente me daria um bata para tentar botar alguma moral em mim. Era sempre assim, quando eu aprontava ela dizia por horas a fio nos meus ouvidos e por final me dava um tapa pra deixar bem claro o quanto era sério. Nunca a proibi de fazer, não doía coisa alguma e dava segurança a ela de que o recado havia sido entregue com sucesso.

— O que vou fazer o dia todo, Chloe? Não tenho nada pra fazer. Não sozinho.

Eu disse me deitando na cama, encarando o teto e Chloe gritou um "Ahhh' do outro lado da linha, como se tivesse se lembrado de algo.

— Antes que eu me esqueça, eu encontrei o seu irmão.

Ela ficou em silêncio e parecia estar mexendo em alguns papeis até que voltei a ouvir a sua voz logo depois da minha.

— Encontrou? Onde ele tá?

Eu em levantei na cama mordendo o lábio inferior, atento as próximas palavras dela.

— Houstyer Street , 34. Tá morando sozinho pelo o que tudo indica, mas as contas são pagas pelo seu tio.

—Pelo meu tio? Inacreditável. Como se a nossa família não tivesse dinheiro o suficiente pra isso, ele vai e pede ajuda pro tio desgraçado.

Eu estava com tanta raiva que fechei os olhos levando a mão até minha testa para tentar controlá-la, antes que fizesse uma loucura. Se havia uma coisa que Adrian fazia bem era me descontrolar. Chloe parece ter percebido e, de fato, percebeu. Ela me conhecia na mesma intensidade que eu a ela.

— Derek... Ele deve ter uma boa explicação. Vai vê-lo quando estiver com a cabeça fria, está certo?

— Explicação? A explicação dele é que o pobre do Adrian nós ama, e nunca nos quis fazer mal. Ele não sabe de nada.

— Devo ficar preocupada em te dar esse endereço?

— Não. Eu prometo que vou me acalmar e ai o procuro, ok?

— Hum... Certo. Se precisar de ajuda me liga e eu darei um jeito de ir com você.

— Não será preciso. Obrigado por procurá-lo.

Eu desliguei o telefone e me levantei da cama fazendo todas as minhas higienes em seguida, tomei o meu café da manhã e fui em busca do irmão inocente, ou seria rebelde? Não importa. Eu conhecia o meu tio e precisava impedir que ele corrompesse meu irmão, que como eu disse, era inocente e além de tudo acreditava no tio. O que era compreensível. Eu também gostaria muito de acreditar que Adrian Holbrook não era um filho da mãe.

Ele era o meu irmão, o caçula da casa. Não podia perdê-lo para aqueles que eu caçava. Como seria um belo dia eu ter que ir atrás do meu próprio irmão? Eu não iria suportar ter de prendê-lo, ajudar a destruir sua própria vida em uma cela. Aquilo era algo inaceitável pra mim e eu iria atrás de salvá-lo, o faria o tempo que fosse necessário esperar.

Quando desci do carro analisei o enorme prédio a minha frente. Era um de classe A, mas não tão luxuoso como os de Adrian. Perguntei ao homem na portaria o apartamento de Tyler Holbrook e foi notificada a minha chegada aquele local.

Quando o elevador se abriu Tyler já me esperava com a porta de sua casa aperta. Parecia apreensivo, mas não posso negar que a felicidade em me ver era quase palpável.

— Derek!

— Tyler...

Eu falei me aproximando e o abracei, ele retribuiu o carinho e me convidou parar entrar. Quando o fizemos eu me sentei no sofá, onde haviam roupas de cama e logo a frente uma tv ligada. Tyler me ofereceu algo para beber, eu neguei e ele tirou o filme que estava passando, deixando um completo silêncio, até que eu o quebrei.

— Você sumiu.

Ele demorou alguns segundos pra me responder e então suspirou se virando para mim.

— Estou mais próximo de Adrian. - Isso era possível? Estar mais próximo que antes? 

— Eu sei. Ele está te pedindo isso?

— Não, não está. E a mamãe e o papai tem notíciais minhas. Sempre tiveram.

Ele se voltou para a mesa arrumando uma bagunça qualquer que estava em cima dela.

— Então você só se afastou de mim.

Eu conclui o pensamento e ele murmurou com uma intensa tristeza na voz.

— Você nunca entenderia. Jamais ia aceitar eu e Adrian juntos.

— E Adrian é mais importante do que seu irmão, Tyler?

Eu alterei a voz me levantando do sofá. O encarei e ele apenas permaneceu em silêncio segurando alguns livros, depois me respondeu com a mesma tristeza de antes.

— Ele passou por um momento difícil e eu precisei ajudá-lo. Ele não tem mais ninguém, Derek. Acho que sou o único que ainda quero ele presente na minha vida.

— O motivo é obvio. Ele afastou todo mundo e só você não enxerga isso.

— Ele é meu tio, cuidou de mim quando não quis ir embora do país.

Ele se virou e encarou bem no fundo dos meus olhos.

— Ele cuidou de nós dois, Derek. Nos deu todo o amor que precisávamos e atenção também. Ele pode ter defeitos e cometido erros. Dos quais eu desconheço, mas você sempre os aponta. Ele me procurou e precisava de mim, o que queria que eu fizesse?

— E eu não menti quando disse que ele os cometeu.

— Eu sei. Não duvido de você, irmão.

Ele veio andando até mim, e quando já estava muito próximo colocou a mão em minha nuca e me puxou encostando nossas testas, permaneceu me olhando nos olhos e eu retribui, mas continuei calado.

— Sei que nunca mentiria pra mim. Minha confiança em você está intacta. Mas comigo ele nunca errou, e eu o amo, não posso deixá-lo na mão agora. Porque ele estava lá quando a gente quis que ele estivesse.

Ele suspirou dando uma pausa e voltou a falar no mesmo tom de voz anterior. Falava baixo e com convicção.

— Derek, tem que perdoá-lo. Ele nos apoiou em tanto tempo. Quando nossos pais queriam se mudar e nos levar junto, foi ele que impediu que mudássemos nossa vida toda. Que você pôde ficar com Clair e parar de mudar de ano em ano. Foi porque ele nos acolheu que criamos raízes em um único lugar. Você é o meu irmão e eu o amo, mas ele também é importante pra mim.

Eu ri com deboche e Tyler pareceu decepcionado, mas ainda assim não me soltou e nem parou de me encarar.

— Sim, não tivemos que mudar mais uma vez a nossa vida, mas sabemos que quando eu completei dezoito anos tudo que ele queria era mudar a minha vida, não é? Como o rei da máfia.

Ironizei minha última frase e Tyler me soltou dando alguns passos pra trás.

— Em? Que boa vida não, é? Você sabe como esse tipo de gente termina? O que ele planejava pra mim? Não. Você não sabe de nada.

Dei uma pausa parar encarar Tyler, procurar por algo que me ajudasse a afastá-lo de Adrian.

— Quando disse que não aceitava e que iria embora para nossos pais, ele me ameaçou. Ameaçou te colocar contra mim. Que quando conseguisse ia colocá-lo no meu lugar. Quando eu recusei Tyler, ele pensou em destruir a sua - Apontei para ele, dando ênfase quando disse "sua" - A sua vida. E sabe o motivo? Pra realizar os interesses dele. Ele precisava de alguém e tudo que ele tinha era nós dois. Ele não nos amou tanto assim, meu irmão. Ele nos criou pra fazê-lo crescer no crime.

— Chega, Derek.

Tyler abanou as mãos no ar tentando me fazer parar e se afastou um pouco mais encarando o chão. Estava com lágrimas nos olhos quando voltou a me olhar com o cenho franzido.

— Pode dizer o que quiser, mas eu sei que eles no amou. Pode ter passado algumas vezes por cima disso, mas você sabe que ele nos ama.

Eu me aproximei de meu irmão em silêncio. Quando já estava próximo o suficiente para sentir sua respiração, soltei o que estava engasgado por anos em minha garganta.

Apesar de toda raiva que Tyer estava sentindo naquele momento, ele não parou de encarar os meus olhos. O que doía em mim. Encarar a decepção nos olhos do meu irmão por culpa de Adrian, me machucava.

— Do que adianta, Tyler? Do que? Se ele passa por cima disso pra suprir os próprios interesses.

Depois de encarar os olhos do meu irmão por alguns instantes eu caminhei até a porta e sai dali. Ainda esperando o elevador eu levei minhas duas mãos ao rosto, as passei por ele e suspirei deixando que todo o estresse fosse embora. Tentativa falha.

O elevador chegou e dessa vez quem estava com lágrimas nos olhos era eu. Entrei dentro do mesmo que, por sorte, estava vazio e algumas delas foram incontroláveis. Acabaram escapando. Passei a manga da minha blusa de frio sobre o rosto as limpando e quando o elevador abriu, eu não olhei a minha volta, apenas fui para o carro e quando tranquei a porta bati com toda a força que consegui no volante fazendo a buzina disparar.

Ali eu já não era capaz de segurar mais nenhuma lágrima. Todas que eu havia guardado até chegar nesse carro foram soltas.

Eu era treinado para controlar minhas emoções, parar saber lidar com a situação, mas aquela situação mexia de forma bruta comigo. Eu não queria lidar com ela, não queria controlar emoção alguma. Eu estava a muito tempo controlando minhas emoções e depois evitando Adrian. Adrian e agora Tyler. Estava cansado de ter que esconder as mágoas, os erros e as decepções que Adrian havia causado na minha família e principalmente me mim.


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