Depois de passar a noite na companhia de Lex, sem se quer me dar conta de como o tempo estava passando, nós nos assustamos, tão preocupados de seus pais estarem loucos atrás da filha e saímos correndo pelas ruas em plena meia noite. Mas nossa preocupação não foi capaz de tirar de nós a alegria, rimos e fizemos tanto barulho naquelas ruas, que é possível imaginar todos os moradores querendo nos jogar um belo balde d'água, o que também não estragaria a atmosfera de leveza que habitava entre nós dois.

Eu a deixei em sua casa e expliquei ao sr. Louhuman o ocorrido. Ele com um sorriso gentil entendeu, porém, pediu que avisássemos na próxima para que ele não ganhasse mais cabelos brancos, me fazendo rir. Apenas assenti e em seguida pisquei para Lexie os deixando a sós. Demorei poucos minutos para estar em casa e quando parei em frente ao enorme prédio, com homens simpáticos e sorridentes parados na porta, eu entrei jogando a jaqueta sob o ombro e retribui ao sorriso gentil do porteiro. Subi as escadas devido a demora do elevador e quando passei em frente a porta de Mia eu parei de andar e a analisei. Era instigante a ideia de alguém ser, digamos, o seu fã e querer estar perto de você, desejar ser como você. Sorri pelos meus pensamentos e balancei a cabeça negativamente suspirando fundo e colocando a mão livre no meu bolso da calça para pegar as chaves. Quando o fiz, abri a porta e entrei jogando a jaqueta em cima do sofá e subi as escadas pulando alguns degraus. Estava louco por um banho. 

Quando terminei meu banho, estava com a toalha enrolada na cintura e me aproximei da sacada observando o céu junto as estrelas, a perfeita noite. Passei minha língua no meu lábio e o pressionei em seguida, enquanto perdia meu olhar pelo chão da sacada. O que eu estava fazendo? Minha vida não estava pronta para receber alguém, alguém que o meu coração já havia aceitado. Eu fui treinado para controlar minhas emoções, dominá-las quando necessário, mas eu não queria, por mais que eu precisasse, eu não queria. Como eu disse, meu coração já havia aceitado Lexie para ele e eu não poderia rejeitar uma proposta tão gentil de felicidade.

***

— Alô?

— Oi - Respondi enquanto pegava o jornal deixado pela arrumadeira. - Quem está falando?

— Olá, Holbrook. Eu me chamo Alyssa e trabalho na CIA com investigações.

Eu ri em um tom baixo e entrei em sua brincadeira.

— É mesmo? Eu não fazia a menor ideia.

— Eu imagino, porque você me pediu para pesquisar algo e nunca mais apareceu.

Eu larguei o jornal na mesa quando ouvi sua última fala e levei a mão a cabeça pressionando os olhos por alguns segundos.

— Alyssa, eu me esqueci. Você conseguiu? Eu estou indo pra ai nesse exato momento.

— É claro que eu consegui - Ela brincou e riu - Estou esperando você, vai gostar do que achei.

— É, eu espero que sim. Obrigado.

Eu desliguei depois do "tchau" dito por Lys e fui correndo para o meu quarto colocar uma roupa, que fosse aceitável para ser usada em uma rua e, quando terminei de vestir a blusa de frio na cor cinza encarando a calça jeans claro, eu desci sem nem mesmo arrumar meus cabelos, os deixando propositalmente bagunçados. Passei como um jato pela entrada do prédio e quando entrei na CIA o meu coração falhou pelo medo do que eu encontraria naqueles papeis. Tyler era minha preocupação. Eu respirei fundo e entrei no elevador que estava vazio e apertei o botão da sala da Alyssa. enquanto tentava me convencer de que Tyler não era como Adrian, ele era como eu. 

Quando entrei na sala com as mãos nos bolsos da calça, Alyssa abriu um sorriso contagiante e eu apenas sorri piscando para ela.

— O que nós temos?

— Desvio de dinheiro. Uma fortuna. Um dos sócios quer desviar dinheiro da própria empresa e Adrian vai ajudá-lo nisso.

Alyssa soltou a informação trazendo o dossiê até minhas mãos, eu o peguei e olhei por alto algumas páginas. Enquanto eu ainda encarava o papel ela completou sua frase me fazendo olhá-la 

— Vamos denunciar?

— Não!

Eu falei um pouco alterado demais e ela arqueou a sobrancelha.

— Quer dizer, não agora, depois eu cuido disso.

Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos e quase sussurrou.

— Está bem.

— Obrigado, Lys. Tô te devendo essa.

Eu sorri e me virei para ir embora quando Alyssa me chamou, fazendo com que eu parasse de caminhar.

— Derek?

Eu murmurei um "diga" e ela continuou como se ainda quase sussurrasse.

— Você não denunciá-lo não tem a ver com seus sentimentos de sobrinho por ele, não é?

Eu não me virei para encará-la, apenas a respondi convicto, para passar segurança a ela.

— Não!

— Ok, então vou deixar que você resolva.

— Obrigado.

Eu respondi e voltei a andar em direção a porta com o papel em minhas mãos. Eu não menti pra ela, realmente não tinha nada a ver com os sentimentos em relação ao Adrian, mas em relação ao Tyler. Antes de qualquer denúncia que eu pudesse fazer, eu tinha que ter certeza de que meu irmão não estava metido naquela confusão toda.

Como se já não bastasse toda a minha missão com a Lexie e ainda a da França, eu tinha que me preocupar com o Adrian e seja com o que mais Chloe estava tão ansiosa em me dizer quando a vi virar a porta no final do corredor e andar apressada em minha direção.