Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 95
O Paradeiro de Saret




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Ouvindo o pedido de Sal com certo rigor, eu então olhei para ela com uma expressão mais do que incômoda! Sentindo que aquele pedido contrariava um pouco sua até então cautela quanto a minha segurança, mesmo que por outro lado eu pudesse conseguir entender a razão dela preferir ME arriscar do que arriscar Meanne lá fora!
Só que quase como se prevendo essa minha reação, Sal não se permitiu esperar muito também para poder me dar uma explicação sobre aquilo.

— "Eu sei que o melhor será se vocês dois andarem sempre juntos. Só que eu temo pela BlackHole ter colocado homens para vigiar aquele local, em uma tentativa de identificar mais das nossas meninas e usá-las para chegarem até essa Clínica. Eles ignorarão um rapaz entrando naquele prédio em busca de Saret, mas certamente não uma garota como Meanne que se encaixa fácil nos padrões de uma Feiticeira D'água. Por isso eu preciso que você tenha um cuidado extra para não a expor. Ela pode ser uma boa rastreadora, mas ela não tem como saber se as pessoas próximas a vocês fazem ou não parte daquela gangue. E especialmente tendo ela tão pouca familiarização com quem habita as áreas além do Gargalo."
— "Como assim pouca familiarização? Ela não transita pelas outras regiões?"
— "Muito pouco. Eu evito de colocá-la nos serviços mais distantes, já que ela não tem como se defender. Porém ela sabe usar algumas rotas para ir até a casa de Saret ao menos, e isso será o suficiente para ela conseguir ir e voltar com você."
— "..."

Eu então me calei com aquele leve incômodo estampado na minha cara. Talvez não tanto por eu saber agora que iria ter uma pessoa muito inexperiente do meu lado para eu ter que cuidar, mas sim, mais por estar tendo que me calar e fingir para Sal que a BlackHole inteira já não me conhecia -e que por consequência, seu plano então de me usar para evitar chamar a atenção deles iria falhar na mesma hora em que me vissem acompanhado, ou sozinho.
Se bem que mesmo me identificando a BlackHole não irá me usar tão facilmente de isca para chegar até aqui, diferente de Meanne. E nesse ponto eu tinha como concordar com a preferência de Sal por me expor no lugar das meninas. Gale me prometera há tempos atrás que não iria desperdiçar nossa amizade em troca de me usar para chegar até as Feiticeiras, só que por outro lado, não consigo imaginar ele seguindo essa promessa caso uma segunda Feiticeira seja vista comigo e ele possa usá-la como desculpa para conseguir burlar suas próprias regras -afinal, ele é esse tipo de pessoa em que a própria esperteza supera o caráter.
Sendo assim eu balancei minha cabeça para Sal em concordância, ao que mesmo que eu quisesse estar seguro naquelas ruas, de nada adiantaria tanto resguardo caso se por outro lado a BlackHole comprometesse essa clínica e me fizesse perder o meu único esconderijo -sim, evitar que Meanne seja percebida terá que ser infelizmente a minha maior prioridade lá fora.

E ao que Sal e eu nos acertamos, -quase como se ela estivesse esperando pela perfeita deixa- Meanne finalmente então surgiu do quarto dos fundos. Carregando consigo uma bolsa bem cheia de diversas coisas, ao que eu não vou dizer que me faltei com surpresa! Já que afinal, não era um hábito para mim ver alguém tão bem equipado quanto um atravessador do deserto, só para poder andar ali dentro da Citadela. Talvez isso seja só um hábito das pessoas do Porto?... Ou talvez, seja na verdade o hábito de alguém que se sente sempre na necessidade de compensar com objetos a sua falta de poderes -assim como a própria Sal antes me dissera.

Sendo que no que então nós encaramos Meanne parada bem ali na nossa frente com um sorriso confiante, Sal sem perder mais qualquer instante melhorou a disposição em sua expressão, e estendeu a sua mão -sem que eu ou Meanne entendêssemos- para a direção da porta dos fundos que eu acidentalmente largara aberta. Abrindo seus dedos como se tentasse alcançar algo no ar, ao que então nós dois começamos a ver uma maciça corrente de água se acumular bem ao longe no quarto de trás, tomando várias formas aleatórias até que os dedos de Sal pudessem sutilmente começar a balançar e aquela massa de água começasse a rumar na nossa direção! Se esticando como um riacho em pleno ar que começara a invadir o quarto da frente, no que com isso meus olhos finalmente se deram conta do meu bastão que viera desde lá de dentro flutuando junto!
Sendo ele puxado de dentro daquela água toda em pleno ar pela outra mão livre de Sal, ao que eu e Meanne apenas encaramos estupefatos toda aquela imensa quantidade de água finalmente sumir do nosso campo de visão em um brusco gesto de sua mão, pela porta da cozinha -e possivelmente ralo da pia adentro!
Se mantendo ela totalmente alheia à conclusão daquela demonstração de poder, ao que Sal parecia distraidamente enxugar meu bastão com um pedaço de seu manto, logo oferecendo-o de volta para as minhas mãos com o mais ingênuo dos sorrisos possíveis.

— "Certo, acredito que isso seja tudo que você pretende levar, não é Yura?"
— "S-sim..."

Eu gaguejei para Sal um tanto aturdido, ao que não importava quanto tempo de convívio já tivera se passado entre nós dois, as habilidades dela com a feitiçaria continuavam até hoje me surpreendendo profundamente. As capacidades de Sal estavam muito além da minha inexperiente dominação! Eu podia fazer aquilo que ela fez? Sim. Porém não de tão longe, não com tamanha despretensão, e não com a mesma agilidade que ela empregava para comandar a água de onde quer que estivesse!
"Talvez quando eu tiver a sua idade eu até consiga fazer isso, mas por enquanto só mesmo a minha detecção é que não é extremamente limitada pela distância."
Sendo assim Sal logo me cortou os pensamentos e continuou a descontraidamente recitar para nós dois como iríamos seguir dali em diante, agindo quase como se nada tivesse acontecido, ao que por Meanne estar ainda tão impressionada por aquela cena toda eu não vi outra opção senão eu mesmo me recompor e tomar a frente do diálogo por nós dois.

— "Bom, eu já havia conversado com Meanne antes mas, ela vai te guiar até o apartamento de Saret usando um caminho nosso escondido por dentro dos becos mais internos-..."
— "Espera Sal. Poderíamos usar uma rota um pouco mais movimentada? Eu terei cuidado para não sermos identificados, só que não quero tomar um caminho totalmente isolado aonde qualquer um possa ter a chance de nos abordar sem se preocupar com olhares alheios ou com pessoas atrapalhando-o."
— "... Certo, eu entendo. Meanne, sendo assim use então aquela rota pelo sul que as lavadeiras costumam usar. Vocês vão passar por algumas zonas residenciais mais movimentadas, e com isso não ficarão totalmente sozinhos até chegarem nas Avenidas. Porém quando chegarem lá, se atentem apenas aos becos e não usem as ruas principais, entenderam?"
— "Pode deixar Sal, não me esquecerei."
— "Certo. Agora, Yura, caso não encontre Saret lá e você queira confirmar o que pode ter realmente acontecido, procure ver com os vizinhos ou com a menina que mora com ela quaisquer informações do seu paradeiro. Mesmo sem encontrá-la, se você apenas me conseguir a confirmação de que ela está bem, eu então já vou me sentir satisfeita."
— "Entendido. Tentaremos voltar com boas notícias, Sal."

Ouvindo aquilo, Sal então nos sorriu em resposta e caminhou até ficar de frente para a velha porta de saída. Abrindo suas várias trancas sem procurar dizer mais nada, ao que seu convidativo gesto com a mão nos cedendo passagem para encararmos o sol lá de fora acabou sendo o mais perto de uma despedida que ela se atentou a fazer.
Ahh, o sol. Um sol que parecia violentamente tentar me cumprimentar após quase um dia e meio sem nos vermos. Me abraçando de forma calorosa com seus raios, ao que nem mesmo assim eu consegui evitar de deixar que meu corpo travasse sobre aquele solado por conta da perigosa realidade que eu sabia coexistir junto dele.
Só que antes mesmo que eu pudesse me ver coagido a dar qualquer tipo de passo para trás em completo receio, Sal sem nenhum resguardo me deu um pequeno empurrão e trancou agilmente mais uma vez aquela porta bem atrás de mim!
Admito que eu estava assustado. Enrolando firmemente aquele manto ao redor do meu rosto para me dar qualquer sensação de falsa segurança na qual eu poderia agora me agarrar, só para tentar manter uma pose normal diante de Meanne que eu então notei estar me olhando fixamente por sobre a sombra de sua capa com uma ingênua e porém perspicaz expressão.

— "Sal já me contou um pouco sobre a sua situação Yura. Não se preocupe com nada, eu vou ficar o tempo todo em alerta para poder te proteger!"
— "... Obrigado. Isso me tranquiliza."
— "Então, acho que agora eu devo te levar até o apartamento da Saret, não? Tentarei chegar o mais perto possível dali para não te deixar sozinho, mas, Sal me ordenou que eu não entrasse junto com você lá dentro, por isso-..."
— "Não se preocupe, ela já me deixou a par da SUA situação também. Por isso será melhor se nós dois evitarmos precisar realmente entrar lá... para o nosso bem mútuo."
— "Eu posso concordar com esse plano!"
— "Aliás Meanne, eu sei que você não está muito acostumada de sair dessa região mas, você por acaso se importaria de me acompanhar depois disso tudo até a minha casa na Cidade Baixa? Eu sei que aquele não é o melhor dos lugares para eu querer te levar mas, realmente preciso pegar algumas coisas lá e honestamente não quero tentar fazer isso sozinho."
— "A-ah, mas é claro Yura! Se você precisa ir lá, então eu te ajudo com isso também! Afinal, nós Feiticeiros somos família e, família sempre se ajuda!"
— "Família... Acho que gosto desse pensamento."
— "Hehe. Ah! Aliás não me trate com tanto zelo quanto Sal, eu sei que ela deve ter dito algumas coisas para você, mas mesmo sem muitos poderes eu não sou tão facilmente intimidável assim!"
— "Um?"
— "Sal é sempre muito superprotetora com todas nós -até mesmo com você, pelas suas costas. Só que ela se esquece às vezes que viemos de longe, de lugares ainda piores do que esse aqui, e que já temos nossa cota de experiência com a vida. Não é fácil realmente algo conseguir nos pegar desprevenidas! Eu pessoalmente cresci sozinha nas ruas do Porto e, acredite, NINGUÉM que cresceu nas ruas do Porto sai de lá sem aprender a se virar por conta própria!"
— "Hehe, entendi. Mas mesmo assim eu vou te dizer a mesma coisa que você me disse."
— "Qual coisa?"
— "Que eu também ficarei 'alerta o tempo todo para te proteger'. Afinal, não seria digno de mim ter a sua confiança e a de Sal, caso mesmo estando juntos eu acabasse te obrigando a ter que 'se virar por conta própria' aqui dentro. Não acha?"

Com isso eu soltei um convencido sorriso por baixo daquele manto, e cortei qualquer chance de resposta de Meanne ao que a nossa conversa já estava se esticando por tempo demais -e eu continuava muito apreensivo internamente por conta de Damian. Dando minhas costas para ela e começando a caminhar na sua frente (ao que para ser honesto, eu conhecia o caminho até a casa de Saret já muito bem), no que de relance eu a vi corar um pouco diante das minhas palavras e abaixar sua cabeça constrangidamente. Assaltando meus ouvidos com o som de seus passos tentando desajeitadamente se recuperar e retomar mais uma vez a minha dianteira, ao que eu juro quase ter visto ela tropeçar por sobre os seus próprios pés!

Mas fora só uma questão de tempo para que então Meanne e eu pudéssemos nos acertar com nossos ritmos e seguir mais seriamente aquele caminho. Andando um ao lado do outro por entre aquelas ruas mais ao sul que eu não tinha tanto o hábito assim de percorrer, e evitando totalmente a rota principal para as Escadarias.
No que por muitas vezes eu pude notar as lavadeiras passando por nós com bacias de água sobre suas cabeças, ou pilhas de roupas que elas lavavam em conjunto nos quintais dos prédios residenciais daquela área -prédios que há muito tempo atrás foram irrigados pelos já abandonados sistemas do aqueduto, e com isso perderam a chance de serem adaptados aos sistemas mais recentes de encanamento que agora abastecem grande parte da cidade.
Admito que hoje em dia é bem raro encontrar esses tipos de residências por aqui, mas ainda sim não chega a ser impossível. Os Skreas realmente preferem construir tudo novo à cada aprimoramento de suas tecnologias, ao invés de se preocuparem em adaptar o que já estava feito. E com isso restava para nós Humanos fazermos -muito mal- essas adaptações, ou no pior dos casos, nos adaptarmos a viver sem elas -ao que nessa cidade, tudo era apenas uma questão de você dar sorte na hora de encontrar o lugar certo para morar.

E no que então eu e Meanne cruzávamos com essas ocupadas mulheres, por muitas vezes precisávamos cortar nosso ritmo e aguardar elas passarem na nossa frente. Já que por ali pequenas escadarias, passarelas e vielas se interpunham entre si de tal modo que não mais do que 2 pessoas apenas poderiam conseguir passar ao mesmo tempo por vários momentos daquele caminho não tão cômodo assim.
Só que independente disso, os ares daquela ágil caminha fora muito mais tranquilo do que o meu peito por outro lado me alertou que iria ser. A presença amistosa daquelas mulheres me acalmava um pouco mais por dentro, e a figura de Meanne sempre olhando para todos os lados como se constantemente procurasse por Skreas à cada curva que fazíamos sem jamais diminuir o passo me tranquilizava melhor do que meus próprios pensamentos sequer foram capazes de fazer até ali.

E foi naquele ritmo que então sem quaisquer dificuldades, nós finalmente chegamos aos pequenos becos que cortavam a rua principal das Escadarias. Sequer afetados pelo sol que tão fortemente brilhava acima de nós, já que os panos semidestruídos se estendendo por sobre nossas cabeças impediram que qualquer tipo de clima tivesse sido realmente capaz de nos retardar enquanto agora buscávamos pelo beco que mais pudesse no momento se aproximar do prédio de Saret.
Parando por fim sob a sombra de um deles, ao que Meanne logo apontou animada para o topo do precário -porém grande- prédio de Saret que dava para ser visto ao fundo daquela grande multidão cruzando as ruas principais.

— "Ali está! O prédio dela é aquele ali-..."
— "Eu conheço o prédio dela. Já tive o desprazer de descobrir aonde ela morava uma vez."

Eu ironicamente respondi Meanne ao que por várias vezes eu até cheguei a abstrair da minha mente que o nosso real objetivo estava sendo LITERALMENTE ir atrás de Saret -afinal, para mim, a nossa meta estava em na verdade chegar ali e não nos depararmos com o sangue de uma chassina noturna espalhada por toda aquela rua.
No que assim eu finalmente me recordei então (sem qualquer prazer) do último encontro que eu e Saret tivemos bem ali no meio daquela multidão, diante daquele prédio. Fazendo com que talvez apenas a lembrança da despreconceituosa simpatia de Minka pudesse agora adoçar o meu tardio receio em ter que olhar mais uma vez para a cara de Saret, e a ouvir dizer que nós fomos até ali atoa. Já que afinal, com a naturalidade na qual as pessoas à nossa frente caminhavam agora pelas ruas, muito seria de se surpreender caso um pequeno embate realmente tivesse acontecido aqui na noite passada.
"Certo, tudo parece na verdade bem normal... Será que só com isso já podemos ir embora?"
Eu fechei então minha expressão mais e mais em desconforto, ao que Meanne por fim acabou soltando um riso bem-humorado e admitiu.

— "Hehehe. Você realmente não gosta muito da Saret, não é?"
— "... Isso não é exatamente um segredo para ninguém."
— "Eu sei, várias meninas já comentaram isso comigo, mas acho que a razão é só porque você não convive com a gente na Clínica tanto assim. Quando eu também cheguei aqui, Saret me assustava muito e eu não conseguia me aproximar direito dela. Ela era bem severa com todas nós, e parecia sempre estar ocupada demais para ouvir nossos problemas... sem falar que ela nunca foi de se abrir também."
— "Meanne... Talvez o meu problema com Saret não seja a falta de convívio, mas sim, o fato de que precisamos conviver-..."
— "Só que com o tempo eu fui entendendo ela melhor! Saret afasta as pessoas na maioria das vezes porque ela está sempre muito ocupada carregando sozinha os fardos e serviços que nós ainda não podemos carregar, e, quando ela começa a se acostumar com a nossa presença, ela acaba se tornando muito mais acessível! Você só precisa ter um pouco de paciência para poder conhecer esse lado dela!"
— "Do fundo do meu coração, eu passo. Mas obrigado por ter tentado Meanne."
— "Haah, você e ela são igualmente teimos-...!! Ah! Espera, aquela ali não é ela!?"

Meanne de repente deu um pulo, quase gritando no meu ouvido em agitação! Ao que ela se jogou sobre mim apontando para a multidão que alheiamente caminhava diante de nós, perdendo-a novamente de vista logo em seguida graças àquelas tantas pessoas que caminhavam pelas ruas naquele horário de já conhecido grande movimento!
E no que eu mesmo não tive a agilidade suficiente para conseguir confirmá-la com meus próprios olhos -e dar aquela tarefa como concluída-, sem perder tempo eu então agarrei Meanne pelo braço rapidamente e a puxei de volta para dentro dos becos escuros atrás de nós! Buscando qualquer outra passagem com melhor visão para as ruas principais, até finalmente conseguirmos adentrar em um corredor que ficava exatamente de frente para o velho apartamento de Saret -se ela seguiu por esse sentido, então muito provavelmente ela está voltando para casa!
Sendo aquele longo e escuro beco suficientemente largo para nós dois ficarmos ali de tocaia, mas não tão prático assim para conseguirmos ver ou sermos vistos pelo resto das pessoas que caminhavam nas ruas principais já que, ao seu fim, o beco estreitava-se até não restar muito mais do que um vão sobre o qual, para se conseguir passar por ele, até mesmo eu iria ter que me esgueirar um pouco!

Só que aquele era o lugar perfeito para ficarmos! O vão podia nos cortar um pouco a visão, mas igualmente nos trazia toda a proteção que poderíamos pedir para podermos ficar dali vigiando as pessoas sem chamarmos qualquer atenção que fosse!
E sem tardar muito mais do que aquilo, no que a multidão andando à nossa frente se dispersara um pouco, Meanne então mais uma vez pulou sobre mim e apontou exatamente para a direção da entrada do apartamento de Saret!

— "Veja! Ali está ela na porta, parada!"

Ela mais uma vez gritou do meu lado, ao que eu precisei puxá-la novamente para trás e tapar a sua boca desesperadamente em um exacerbado alarme! Notando um ou outro olhar curioso sendo atirados daquela multidão para a direção do beco em que estávamos, já que mesmo bem escondidos, não estávamos tão perfeitamente posicionados assim para ela conseguir fazer todo o barulho que quisesse ali dentro sem conseguir chamar atenção desnecessária!
E encarando-a então energicamente, Meanne decidiu dar alguns passos para trás com a cabeça baixa em constrangimento, no que eu me posicionei em seu lugar e com muito cuidado procurei também olhar para a direção da entrada daquele mesmo prédio! Me ajeitando para poder ver por entre as pessoas que passavam diante de nós, ao que por fim meus olhos conseguiram captar a silhueta de Saret bem ali de frente para aquela entrada -assim como Meanne havia dito! Parada falando com alguém, enquanto Minka corria ao seu redor com algo em suas mãos tentando distraí-la com toda aquela sua empolgação!

Honestamente eu não resisti àquela cena da espontaneidade de Minka, e acabei sorrindo com certa simpatia. Ela realmente é uma criança bem feliz para alguém que viveu até pouco tempo sozinha aqui dentro desse lugar. Só que no que eu pude ver Saret falar algo com ela, Minka então correu para dentro do prédio dando pulos de alegria, abandonando Saret ali fora sozinha com a tal pessoa misteriosa.
Instigando lentamente com isso a minha curiosidade, já que não só eu não conseguia me convencer de que Saret seria capaz de manter uma conversa casual com qualquer outra pessoa, como algo me dizia que aquilo igualmente poderia me matar logo de uma vez a desinteressante charada de porque ela afinal decidiu desaparecer da Clínica por 2 dias!

Nisso meu corpo então tentou se inclinar para o lado para eu conseguir ver além daquele ângulo que a pequena fresta tão minimamente me possibilitava enxergar, procurando de todas as formas tentar ver nuances da pessoa que estava com Saret até que, por fim, quando então eu me esgueirei um pouco por aquela fresta para aumentar o meu campo de visão, os meus olhos simplesmente se arregalaram e o meu corpo todo travou por completo! Fazendo o arrependimento pela minha ingênua curiosidade me descer do modo mais amargo possível...
Tudo ao meu redor perdeu a lógica por uma fração de segundo, e o mundo pareceu se desencaixar todo bem diante dos meus olhos! Atiçando uma singela fagulha de pânico que brevemente conseguiu se acender em meu peito, e me obrigou assim a através da minha voz a assimilar por fim a identidade daquela tal pessoa misteriosa!

— "G-Gale...!?"


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