Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 83
Um Lugar Seguro




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— "Haaah..."

Eu suspirei, encarando o velho relógio dependurado contra a desgastada madeira da parede da Boate, ao que meus olhos confirmavam que já haviam se passado 2 horas desde que o sol tivera sumido dos céus... e ainda sim, os problemas nos quais minha mente mergulhara hoje sequer haviam ainda desaparecido de dentro de mim!

Desde que eu saí às pressas daquele beco e deixei Damian para trás, sem perceber, acabei correndo de volta para o único lugar aonde eu poderia mais uma vez encontrar algo próximo a um abrigo seguro -contra todos os imprevistos desse meu mundo. Um lugar aonde mesmo que eu pudesse ter momentos desagradáveis, sequer ainda sim eles conseguiriam se comparar a metade do que eu já passara nessa tarde andando pelas ruas dessa Citadela! E foi sobre esses pretextos todos que eu então nem mesmo me questionei quando -pela segunda vez- decidi procurar abrigo aqui dentro da Boate, hoje.

Porém ao que para mim essa minha atitude acabou sendo bem natural, para Rigur pelo contrário fora muito suspeita. Fazendo-o assim gastar quase que metade do tempo em que eu estive com ele, só me questionando com imenso estranhamento enquanto sua própria aguçada percepção decidira que iria falhar dessa vez comigo!
E não importou o quanto eu pudesse ter inquietamente amarrotado o meu manto enquanto tentava esconder aquele meu corte de seus (sempre) atentos olhos... Rigur ainda sim sequer desconfiou do imenso problema que eu agora podia estar escondendo dele, ao que minha falsa neutralidade lentamente o fez assim perder grande parte de sua insistência.

E no que suas perguntas então começaram a divagar também por entre momentos de maior silêncio, foi que minha mente finalmente conseguiu começar a tentar os meus sentidos com as lembranças daquilo que eu havia deixado para trás naquela minha impulsiva debandada até aqui! Fazendo assim eu finalmente vir a perceber que os meus braços haviam se cruzado, diante da falta do acolhedor calor de Damian que eu percebia estar agora me faltando -e que eu temia poder me faltar muito mais depois-, ao que finalmente aquilo me obrigara à então questionar o quão útil ou realmente necessário poderia vir a ser me afastar dele de verdade -logo agora que eu já estava bem imerso em sua presença.

"Não dá... Se eu voltar a agir como antes, eu só vou é encontrar razões para me arrepender disso. Ele ainda é um Skrea por dentro, e obediente à sua raça bem mais do que à sua própria natureza. Se eu ficar achando que vai dar certo nos darmos bem só porque por dentro ele é até que uma boa pessoa, então eu vou acabar é me decepcionando em alguma hora por culpa disso!"
Aqueles meus pensamentos se instalaram na porta da minha mente e me invadiram então com um receio que até agora parecia ainda latejar dentro do meu peito. Ao que mesmo que eu naturalmente quisesse ainda sim sentir outras coisas por Damian, nenhuma delas de qualquer forma conseguia ser forte o suficiente nesse momento para enfrentar aquele meu mais novo e preocupante receio!

Sendo assim, ao que eu e Rigur gastamos então ainda algum tempo conversando sobre várias coisas, foi que sem nem mesmo perceber eu acabei -em minha tentativa de afastar Damian dos nossos assuntos- citando mais uma vez a história da Geração Exterminada que igualmente estava ainda a me incomodar!
Um assunto, que na mesma hora fora recebido com muito incômodo por Rigur -afinal aquele assunto trazia à cada pessoa suas próprias lembranças ruins relacionados ao que aconteceu! Mas que aos poucos acabou fazendo-o justamente por essa razão também querer falar um pouco mais sobre aquilo comigo.

O grande problema de Rigur com a Geração Exterminada era na verdade o fato de que por apenas 1 ano de diferença do acontecido, foi que ele acabou não sendo assassinado pelos Skreas que invadiram sua vila e mataram todos os outros recém-nascidos dos quais ele jamais iria vir a ter a chance de conhecer no futuro.
Fazendo-o então me contar que ainda conseguia se lembrar do distinto som deles adentrando pelas portas -que ao ver deles não tinham donos-, e arrancando assim impacientemente as crianças dos braços de suas mães. Em um misto de portas sendo arrombadas e choros intermináveis, ao que a cidade era relativamente grande (para o padrão dos Desertos Profundos) para que eles cogitassem perder ainda mais tempo com diplomacia e maiores delicadezas.

Só que, ao que a história de Rigur se limitava apenas a temer o que quase poderia ter acontecido com a sua vida, eu por outro lado tinha muito mais do que reclamar!
Afinal se realmente não fosse por minha mãe ter me pego em seus braços no dia em que nasci, e mentido para todos que eu era uma menina -ao que ela ouvira por boatos e recados que vinham de longe, o que estava acontecendo nas aldeias próximas... eu então poderia realmente ter vindo a ser morto pelos Skreas que apareceram na nossa vila 3 dias depois de meu nascimento!

Uma sorte que eu tive, mas que o filho de nossa vizinha -que nascera 1 semana antes de mim, e apenas 2 dias antes dos boatos nos alcançarem- não teve por outro lado. Sendo friamente morto pelos 2 Skreas que chegaram na nossa vila, ante as vozes desesperadas das mulheres que gritavam em prantos alertando para eles nos deixarem em paz, já que aquele era o único menino que restara ali entre nós depois que todos os homens as abandonaram para deter o progresso dos batalhões de Skreas que ainda cruzavam as dunas dos Desertos Profundos -atravessando naquela época o deserto, para tentar levar seu extermínio e território até as vilas mais distantes da fronteira.

Sendo assim foi que eu sobrevivi. Apenas assim, sacrificando a identidade que eu nunca tive, já que minha mãe temera depois revelar a verdade para alguém além de minha irmã mais velha -que cuidou, e também protegeu para mim o meu segredo até eu ter idade o suficiente para entendê-lo sozinho.
Um ato que os outros podem até questionar, mas que eu por outro lado sempre entendi. Afinal, ter revelado que eu era um garoto poderia ter trazido sobre mim finalmente a fúria das pessoas que não dividiram da mesma sorte que eu tive desde já tão pequeno.

E no que o próprio Rigur sabia muito bem dessa minha história, foi que então ele se permitiu deixar esquecer um pouco do seu lado para também se importar com o meu. Abraçando assim com compreensão a indescritível dificuldade que ele sabia que eu tinha em encarar de frente isso tudo, enquanto seu olhar me demonstrava o quanto ele entendia o receio que eu guardava dentro de mim sobre aquilo tudo que aconteceu.

Nisso então ele pacientemente respeitou os momentos em que precisei fazer silêncio, assim como os momentos aonde meus olhos pareceram querer queimar de raiva ao pensar em tudo que acontecera! Me permitindo assim ter todas as reações que eu quisesse ter, até por fim fechar os meus olhos e deixar que o peso do fardo de ter sobrevivido a algo que quase ninguém sobreviveu substituísse finalmente as palavras que tão abruptamente saíram de mim. Todas, sempre remoendo o fato de que os Skreas existiam. Mas nenhuma delas porém sequer chegando perto de citar o nome de Damian em voz alta.

Mesmo querendo afastá-lo da minha mente, mesmo querendo apagar todos aqueles sentimentos que me dificultavam a apenas esquecê-lo de uma vez por todas-... Eu ainda sim não era capaz de usá-lo de bode expiatório para extravasar aquela minha raiva cega. Assim como eu também não queria deixar que os outros extravasassem suas raivas nele, independente do quanto suas opiniões por outro lado pudessem se adequar às minhas.
Damian podia ser o Skrea que fosse, e até mesmo podia me preocupar em algum dia fazer algo que fosse me atingir... mas em nenhum desses casos ainda sim eu conseguia me sentir bem com a mera ideia de vilanizá-lo. Porque para mim, ele não era mais só um Skrea que eu me via ser capaz de detestar, ou que eu me via sendo capaz de deixar também agora os outros detestarem.

— "Haah... Porque eu simplesmente não consigo passar por cima disso como eu conseguia antes?"

Minha voz então balbuciou em um tímido descontentamento, ao que eu não queria que ninguém ao meu redor pudesse sequer cogitar o que estava se passando dentro de mim naquela hora! Me fazendo então voltar ao que eu estava fazendo, em uma vaga tentativa de lutar contra os pensamentos que tanto estavam me colocando "entre a adaga e a pedra"!

O fato era que depois de um tempo olhando para ele sobre aquele balcão, Rigur então acabou me sugerindo ajudá-lo um pouco com as sempre ocupadas mesas para que eu pudesse assim me distrair mais do que ele sozinho seria capaz de conseguir distrair -especialmente, ao que ele mesmo se deu conta de que eu estava com um pouco de relutância também em ir embora dali.
E no que eu já estava duvidando da minha capacidade de fazer esse dia de hoje conseguir funcionar de alguma outra maneira mesmo, foi que então eu aceitei na mesma hora o seu (questionável) convite!

Sendo assim ele me confidenciou que as garotas pareciam estar naquela noite precisando de alguma ajuda para servir os muitos clientes que não paravam de chegar, ao que antes porém dele me instigar à ajudá-las, -em um tom gentil- ele me parou e me questionou se eu realmente iria ficar bem andando entre todos aqueles Skreas dessa vez. Uma pergunta que eu respondi em um frágil sorriso e um sutil balançar de cabeça, antes de então finalmente admitir com palavras o quanto realmente eu estava procurando por alguma ótima razão para continuar me mantendo por ali! Perto de pessoas que estavam mais preocupadas com elas próprias do que com a minha presença, ao que ele então por fim se deixou convencer de que poderia dar realmente certo me arrumar algo para ficar fazendo por ali, pelo tempo que eu pudesse querer.

Nisso Rigur me liberou então para seguir adiante e guardar as minhas coisas no camarim dos fundos. O que me fez com isso sondar o local até tomar em minhas mãos um leve e comprido véu azul que estava descansando -esquecido- sobre um dos já vasculhados varais de roupas, sendo que mesmo que eu não estivesse de serviço, ainda sim eu continuava precisando de algo que pudesse me destacar na multidão para poder alcançar com isso a dispersa atenção dos clientes que desejavam mais bebida em seus copos!
E no que eu não queria também deixar visível para as pessoas o aparente corte em meu pescoço -que ainda me incomodava ao toque-, foi que então sem protelar eu logo o enrolei ao meu redor como fazia com meu manto. Tomando assim meu rumo novamente para a frente da Boate, em meio aos poucos surpresos olhares que não esperavam me encontrar por ali hoje.

— "Yura?! Você... está de serviço hoje?"

Uma das meninas então me parou, ao que precisou olhar duas vezes para ter certeza de que era eu andando em meio ao apressado passado das outras garotas que nos contornavam com bandejas e garrafas em suas mãos!

— "Não, só estou quebrando um galho mesmo para o Rigur enquanto estou por aqui."
— "Haah, não acredito que até na sua folga ele acaba te fazendo trabalhar..."
— "Haha, ele só me convidou, mas fui eu que no final aceitei ajudar."
— "Entendi. E você vai então dividir os serviços com a gente essa noite?"
— "Não, só vou mesmo cobrir as mesas para vocês enquanto estiver aqui."
— "Ufa-... Eu não gosto de competir com você pelos clientes. Ah! Mas não me entenda mal, eu gosto que você cubra os Skreas para nós! Só que-... os outros clientes também parecem esquecer um pouco da gente, quando você está por perto-..."

Antes de timidamente tentar então corrigir melhor suas palavras, a jovem Odalisca percebeu estar sendo chamada em uma das mesas e logo me abandonou ali com nada mais do que aquela óbvia, porém sempre inexplicável verdade -da qual eu tentava não pensar muito.
Sendo assim tudo que me veio foi um longo suspiro, ao que mesmo que me incomodasse atrair tão facilmente a atenção e o interesse dos outros, hoje porém esse não era um problema para mim!
Como eu não estava tão bem vestido como as outras garotas, então era pouco o assédio que eu poderia vir à ganhar dos clientes -assim como o seu interesse ao me verem pelo salão-, já que no instante em que eu cruzava com seus distraídos olhares, rapidamente então a atenção deles era roubada pelo ofuscante brilho das joias que as outras meninas adornavam em seus corpos -contrastando com ainda mais intensamente, sob a fraca luz da Boate!

Uma coisa que poderia ser um problema quando eu estivesse de serviço, mas obviamente não agora! E no que eu podia ter uma certa paz em fazer o que eu bem entendesse, foi que naquele clima menos preocupado eu então fiquei caminhando por entre elas. Recolhendo copos e garrafas vazias das mesas já abandonadas, e recebendo pedidos breves dos clientes que estavam de pé conversando -magicamente alheios ao barulho que reverberava pelas paredes desse lugar à noite-, e que não pretendiam desejar mais do que apenas um copo cheio em suas mãos durante isso.
Uma rotina tranquila, ao que eu me vi perder de vista os meus problemas em meio àquelas mesas ilogicamente posicionadas ao redor do palco.

— "Ei! Você poderia me trazer mais uma garrafa?"

Uma voz desconhecida então surgiu por trás de mim, ao que um Skrea apoiado contra uma das paredes da Boate pareceu me estender um copo vazio em uma mão, e uma garrafa em sua outra. Balançando-os, ao que ele nem mesmo parecia se importar a quem ele estivesse pedindo aquilo -já que seus olhos distraidamente voltaram correndo para um de seus companheiros que parecia tentar terminar de lhe contar alguma história engraçada em seu ouvido.

Sendo assim eu então balancei minha cabeça e voltei até o balcão aonde Rigur se debruçava. Esperando eu chegar com os copos sujos, ao que eu quase pude dizer que ele estivera esse tempo todo me observando com certa insegurança, tentando confirmar para si mesmo que eu iria ficar bem por conta própria, andando solto por aquele salão hoje.
E isso tudo, ao que eu finalmente entendi que não iria importar o quanto eu pudesse vir a tentar convencê-lo de que suas preocupações eram na realidade desnecessárias. Ele mesmo assim iria continuar a mantê-las consigo dessa vez.

— "E aí Yura, como está se sentindo?"
— "Melhor eu acho... Está me ajudando poder me distraír sem ter que me preocupar com os Skreas que estou tendo que encarar aqui dentro."
— "Hehehe, que bom saber que eles não estão te testando. Sinceramente, estou procurando até evitar de pensar muito no que você vai fazer se alguém tentar te assediar hoje."
— "Bem, depois desse dia todo... assédio talvez seja a última coisa que vai conseguir me tirar do sério agora."
— "As coisas foram tão ruins assim? Porque é bem difícil ouvir uma coisa dessas logo de você."
— "... Nada com o que você tenha que se preocupar, eu acho. Afinal, de qualquer forma eu continuo vivo..."
— "'Vivo'-...? Haha, do jeito que você fala parece até que alguém tentou te matar hoje!"
— "Heh. Verdade, realmente parece..."
— "Então, você vai finalmente me contar o que realmente te deixou nesse estado?"
— "Não, eu vou é te deixar aqui tentando adivinhar de novo, enquanto levo essa garrafa cheia para o cliente, isso sim!"
— "Cruel..."

Ouvindo o seu frustrado protesto, eu então sorri descontraidamente para Rigur e tomei com uma de minhas mãos a garrafa que ele separara sobre o balcão. Levantando-a sutilmente para confirmar se era aquela a bebida correta, antes de então me virar e voltar a caminhar até onde o cliente se encontrava -levando sobre aquela bandeja nada mais do que suas próximas doses de bebida para a noite.

— "Aqui está senhor."

Eu falei para o jovem Skrea no canto da parede, roubando novamente a sua atenção da -provavelmente interessante- conversa que ele estava tendo com seu igualmente distraído companheiro, e cedendo-a então para ele como de costume.
Só que no que ele fez um gesto pedindo para ser servido, eu então me vi obrigado a descansar a bandeja sobre a superfície mais próxima que havia de mim e acatar com o que não parecia realmente ser um pedido tão abusivo assim -mesmo não sendo aquela uma tarefa minha, já que eu não estava de serviço.

Sendo assim eu suspirei em uma despreocupada inconformação, abrindo com certa dificuldade aquela garrafa antes de então ampará-la na boca de seu copo sem qualquer desejo de fazê-lo com simpatia. Atraindo-o por uma terceira vez com um arredio olhar de incômodo, ao que o cliente então me encarou de cima para baixo antes de me fazer uma pergunta estranha.

— "Então... Você realmente trabalha aqui?"

Perguntou o (claramente) novo cliente, que não parecia saber nada sobre mim ou a forma que aquela Boate funcionava ainda. Me dando assim toda a oportunidade que eu podia ter para encará-lo com certa malícia e despreocupação, ao que eu vi naquela uma ótima chance de respondê-lo com ironia já que eu não estava realmente preocupado com meus modos naquela noite!

— "Se estou te servindo, então é porque eu trabalho aqui, não é? Porém se o que você quer saber é se estou de serviço que nem elas, então não. Hoje eu não estou."
— "Humph, que atitude mais desagradável. Acho que vou te ensinar alguns modos quando for se dirigir a um Skrea, Humano!"

Falando aquilo o Skrea então arrancou da minha mão a garrafa e agilmente deslizou sua outra mão por trás da minha cintura! Se inclinando sobre mim com seu bafo já forte de bebida, ao que pude sentir o líquido do copo que eu acabara de encher derramar um pouco pelas minhas costas sem ele nem mesmo perceber!
Nisso, na mesma hora eu então tentei empurrá-lo com meus braços para longe, mas isso só serviu de motivos para que seu amigo pegasse a garrafa de sua mão e liberasse-o para conseguir me segurar com ainda mais firmeza entre eles dois!

— "Gh-... Me solta ou eu vou acabar com você! Não estou com saco para aturar isso hoje!"
— "Não é você que vai decidir isso Humano! Agora vamos, nos entretenha já que você disse que trabalha aqui!"
— "Não estou afim!!"
— "Verdade? Então parece que eu vou ter que me entreter pessoalmente-..."

Quando aquele Skrea disse aquilo, eu pude sentir então seu corpo me fechar ainda mais do campo de visão das outras pessoas que passavam por trás de nós! Me impossibilitando de sinalizar qualquer menina ou Rigur por ajuda, ao que minhas mãos estavam presas por aquela imensurável força que qualquer Skrea já possuía por natureza -me impossibilitando de sequer me mexer direito!

Sendo assim, eu tentei mais uma vez me sacudir para longe deles com muita irritação, procurando fazer ele se afastar um mínimo possível para eu conseguir acertá-lo e chamar a atenção de alguém, ao que eu sabia que até mesmo os clientes ali por perto iriam vir me ajudar se percebessem o que estavam tentando fazer ali comigo!
Só que no que eu tentei inutilmente resistir, mais e mais então aqueles dois Skreas apenas riram de mim. Apreciando todo o meu esforço, ao que no momento eu não estava me sentindo sendo mais do que um brinquedo para a falta de noção deles!

— "Solte ele."

Uma inesperada voz então surgiu por trás deles, em um tom comandativo. Fazendo com que todos nós parássemos na mesma hora aonde estávamos, surpresos por alguém realmente ter conseguido perceber o que estava acontecendo ali -bem em um dos cantos esquecidos da boate, resguardado pela pesada sombra que as fracas luzes dançando sobre nossos imóveis corpos criavam.
Sendo assim o Skrea que estava me prendendo no lugar se virou para o intruso e o respondeu com imensa irritação, deixando claro o quanto já estava bêbado, ao que ele sequer se importou com a parte de que não conseguíamos ver mais do que uma escura silhueta diante de nós -ou melhor, ao menos eu não conseguia já que minha visão no escuro não era tão boa quanto a deles.

— "Isso não te interessa! Se quer se divertir, então vai procurar outro Humano porque esse já é nosso!"
— "..."

Ouvindo aquilo com uma aparente calma, a figura misteriosa então se manteve quieta. Abaixando sua cabeça por um segundo em uma possível submissão, ao que então em apenas um rápido impulso sua mão mergulhou por entre nós 3 e agarrou o braço do Skrea que me segurava! Fazendo-o me soltar em um único puxão como se sua força não fosse nada, e arrancando-o para longe de mim ao que eu só vi aquele Skrea começar a se contorcer até atingir o chão com seus joelhos! Completamente tenso e engolindo breves gemidos de incômodo, ao que a mão que o segurava agora parecia claramente estar machucando-o de verdade!

— "Esse humano não é de vocês. Agora sumam daqui antes que eu termine de quebrar o resto do seu braço!"
— "...!"


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