Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 76
Uma Possibilidade


Notas iniciais do capítulo

Wuzzah! E aí pessoal! (๑❛ᴗ˂)ﻭ
K.K. deixou algo passar no capítulo anterior por preguiça, mas ela não pode continuar fingindo que não aconteceu... Então, BLACK DESERT ULTRAPASSOU 200.000 PALAVRAS!! WOOAH! (✧▽✧)/
K.K. não sabe se fica muito empolgada, ou se começa a se cobrar um pouquinho porque a história REALMENTE está muito grande... ( ̄ω ̄;) Porém, independente de sua decisão, muito MUITO obrigada a você que continua lendo fime e forte essa história! (´ ω ` )♡
K.K. diz que isso não vai influenciar em seu ato de continuar a escrever, mas ainda sim me alegra demais o coração perceber toda semana que vocês continuam sempre firmes e fortes, acompanhando cada um desses capítulos! (ღ˘⌣˘ღ)
O que me incentiva muito por outro lado a sempre achar um espaço para fazer algumas ilustrações divertidas, como no capítulo de hoje! Hu3hu3! 。゚(TヮT)゚。
E com isso K.K. então deixará vocês seguirem com sua leitura em paz~ Desejando que possamos continuar juntos assim, até o fim dessa grande história! (sim, eu juro que ela tem um fim!!) (-_-;)・・・
Soreja ne, até a próxima~! \(≧▽≦)/



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Durante algum tempo eu fiquei andando a esmo pelas ruas da Cidade Baixa. Cruzando o caminho de algumas poucas -e ocupadas- pessoas, até que o movimento das ruas principais acabou dando lugar ao pertinente silêncio dos becos mais escondidos, assim como aos diversos e frágeis ecos que ainda conseguiam perpetuar por entre aquelas paredes muito apertadas. Me alertando de que haviam pessoas se escondendo por entre aquelas sombras mais espessas, enquanto apenas aguardavam a hora certa chegar para que -assim como eu-, pudessem tomar o seu caminho até a Boate que se encontrava mais afrente de meus olhos -à qual eu honestamente não estava pretendendo visitar agora, mas que mesmo assim acabei indo em direção sem perceber.

Nisso eu então forcei os meus pés a pararem -antes de entrar por aquelas portas-, ajeitando muito despretensiosamente (e com certa preguiça) os panos ao redor do meu rosto para assim melhor cobri-lo. Considerando enquanto isso que, querendo ou não, aquele realmente seria o melhor lugar no momento para eu procurar fazer um pouco de hora naquela cidade.
Gale e a BlackHole não vinham aqui, Skreas não arrumavam (quase sempre) confusão dentro desse estabelecimento, nenhuma Feiticeira sequer pisaria na Cidade Baixa, e Damian em particular detestava esse lugar -sem falar que ali dentro eu ia ficar protegido contra o sol forte, já que afinal eu também não era imune ao calor ou à insolação.

Sendo assim eu rapidamente fui convencido por tudo àquilo de que eu devia de entrar logo de uma vez naquela Boate. Forçando então meu rosto a transparecer uma faceta bem menos desassossegada -já que não era recomendado entrar em um lugar desses com uma cara de que está tudo dando errado na sua vida-, e finalmente assim passando por aquelas duas portas sem mais tardar. Ao que a primeira impressão que pude ter ali dentro, foi a de que ninguém parecia estar com vontade de procurar por uma boa confusão hoje. Me permitindo então muito despreocupadamente passar pelas pessoas que casualmente andavam pelo salão e bebiam suas bebidas em paz, antes de finalmente alcançar então o balcão de Rigur -que como sempre estava ausente de clientes. Me sentando bem ali na sua frente, enquanto o próprio se distraía com seus afazeres -de costas para o pouco movimentado salão.

— "Me dê qualquer coisa... forte."

Minha voz então acidentalmente saiu de uma forma bem mal-humorada, ao que eu era capaz de fingir em meu olhar -mas não no meu próprio tom- que nada de ruim havia acontecido comigo hoje. Jogando assim (para tentar disfarçar um pouco) 3 moedas sobre o balcão, que na mesma hora tilintaram e roubaram a atenção de Rigur daqueles seus copos! Fazendo-o rapidamente largar tudo e se virar para a frente, com um sorriso bem cordial e prestativo... que ele aliás perdeu em segundos quando finalmente notou quem é que estava realmente ali.

— "Ah! É você Yura!? Eu não estava esperando te ver aqui hoje!"
— "Eu precisava de um lugar para poder escapar desse sol."
— "Realmente hoje está bem quente, não é...?"
— "Selai'na Nibir Iu."
— "'O mar dos desertos profundos'... Não tive a chance ainda de ir lá fora ainda ver isso com meus próprios olhos. Mas juro que já é a 3º vez que ouço essa frase hoje."
— "Se você ainda vivesse nos Desertos Profundos, iria acabar ouvindo isso muito mais do que só 3 vezes."
— "Sim, e é por isso que eu não vivo mais lá... Nada contra a cultura da minha antiga tribo, mas ela pode se tornar bem repetitiva com o tempo. E eu sou o tipo de pessoa que não se dá tão bem assim com coisas previsíveis."
— "Humph... Já por mim as coisas poderiam ser o quão previsíveis elas quisessem... contanto que os dias realmente pudessem me lembrar muito mais um 'selai'(mar), do que 'surat'(inferno)."
— "Hahaha, 'surat'?... Eu sei que hoje está quente, mas não acha que 'inferno' também possa ser um pouco-..."

Antes porém de terminar sua frase de forma descontraída, Rigur então prendeu seu atento olhar no meu rosto por um instante e simplesmente se calou no mesmo segundo -quase como se tivesse de repente percebido alguma coisa de diferente em mim. Deixando assim então um compreensível sorriso escapar dele, ao que sua cabeça concordou quietamente com um pensamento que cruzara a sua mente -sem sequer se dar ao trabalho de precisar dividi-lo comigo.

Sendo assim, em um único pulo ele então agilmente desapareceu da minha vista, agachando-se por trás de seu balcão enquanto parecia -pelo barulho- procurar alguma coisa por dentro dele. Me deixando assim sozinho ali por talvez uns 4 segundos, com nada mais do que o som das garrafas de vidro sendo afastadas umas das outras, e se batendo abafadamente sob as camadas de madeira daquele velho balcão. Até que finalmente então ele pudesse surgir mais uma vez de trás dele, com um sorriso bem confiante em seu rosto e uma distinta garrafa em suas mãos -que parecia conter dentro uma incomum bebida alcoólica marrom e translúcida.

— "Eu não costumo servir esse tipo de coisa para os amigos mas, acho que você está precisando."

Rigur me falou aquilo com o mesmo sorriso de sempre em seu rosto, sabendo muito bem que algo de errado estava se passando comigo, mas ainda sim não me forçando muito a me abrir antes que eu pudesse tomar algo para acalmar os meus ânimos -discretamente- alterados.
Sendo assim ele então sem dizer mais nada encheu um copo para mim e jogou algumas pedras de gelo dentro, escondendo novamente a garrafa sobre o balcão ao que eu despretensiosamente o peguei e comecei a beber sem culpa alguma -ou sem qualquer apego ao próprio sabor envelhecido e amargo que aquela coisa tinha!

— "Ei, ei. Vá com calma, essa é a única dose que eu vou te servir!"
— "Tudo bem, eu não vim aqui para ficar apreciando bebida..."
— "Dá para ver. Foi algo muito ruim que aconteceu hoje?"
— "Talvez-... Quero dizer, eu não tenho ideia. Ainda estou tentando entender direito o que aconteceu."
— "E o que foi que aconteceu?"
— "Eu discuti com uma pessoa, e foi justamente sobre algo que eu não queria ter que discutir."
— "Consegue ser um pouco mais específico do que isso?"
— "Bem... Não dá para entrar muito em detalhes, mas essa pessoa tentou mexer com os meus poderes e depois me chamou de fraco... e idiota. Tudo só porque eu insisti que não os usaria contra alguém, mesmo que minha vida pudesse depender disso."
— "Espera, você está me dizendo que discutiu com alguém sobre os seus poderes?! Que inveja! Eu sempre quis te perguntar algumas coisas sobre isso, mas você nunca deixa ninguém chegar sequer perto desse assunto!"
— "Eu sei, mas não tive outra escolha dessa vez. Da-... 'essa pessoa', me colocou em uma situação bem difícil."

Falando aquilo eu então deixei meu olhar divagar frustradamente, ao que novamente procurei ocupar minha boca com outro gole de bebida para que mais palavras então não pudessem sair de dentro de mim. Fazendo assim à cada nova tragada daquele copo, eu então começar a tomar o meu tempo para decidir se realmente queria contar alguma coisa a mais, ou se seria melhor apenas cortar aquele assunto bem ali... antes que pudesse acabar dizendo algo que não deveria para Rigur -como por exemplo, que a pessoa em questão era na verdade um Skrea.

E observando quietamente aquela hesitação em meu olhar, o próprio Rigur então também decidiu parar por ali de me pressionar atrás de mais respostas. Balançando sua cabeça em uma muda compreensão, e permitindo assim que eu mergulhasse sozinho em um profundo silêncio -por alguns minutos- antes de finalmente me dizer o que pensava sobre aquilo tudo, com um tom bem reflexivo em sua voz.

— "Eu sei que a opinião de uma pessoa de fora não vale tanto assim, mas acho que consigo concordar com o que 'ela' disse..."
— "O quê?! Então até você agora vai também dizer que eu sou um idiota!?"
— "Não exatamente, porque está óbvio que ela não soube se expressar. Mas sinto que quem quer que te disse isso, só disse também porque estava preocupada com a sua segurança. E isso eu posso entender."
— "'Estava preocupada'...?! Pff! Definitivamente não tem como eu acreditar que seja isso-...!"
— "E porque não? É normal alguém geralmente demonstrar se importar, quando tem sentimentos por você!"
— "Desculpa Rigur, mas nem com toda a bebida do seu bar eu tenho como acreditar-... Espera, como assim ter sentimentos?"
— "Ué, pelo que pude entender, essa pessoa muito provavelmente está gostando de você!"
— "D-DE ONDE FOI QUE VOCÊ TIROU ESSA IDEIA!?"
— "Bom, realmente não é tão fácil assim chutar essa possibilidade só ouvindo o seu lado da história, mas... é o que eu consegui imaginar, já que você também pelo visto está afim dela, não é?"

Demorando alguns segundos para me fazer entender as palavras de Rigur, eu então do nada me joguei para trás -com o susto que tomei só com aquela possibilidade! Quase derramando o resto da minha bebida sobre mim e caindo assim por cima da cadeira em que estava sentado! Fazendo então com que várias pessoas ao meu redor olhassem na minha direção mesmo tempo, todas tomadas pelo barulho do banco escorregando no chão e caindo sozinho por entre as minhas pernas!

Foi uma situação bem constrangedora, mas eu sequer me deixei incomodar por ela já que eu já estava incomodado demais pelo que Rigur me sugerira -para sequer conseguir dar atenção ao resto! Ignorando assim os arredores, e rapidamente levantando aquele banco enquanto tentava fingir uma falsa calma diante do incessante riso de Rigur -diante daquela cena toda que eu causei sem querer!
Sendo assim quando eu -desajeitadamente- consegui por fim sentar novamente sobre aquele banco, Rigur então não se conteve e apontou seu dedo na minha direção de forma confiante, jogando na minha cara suas palavras, e terminando assim de me fazer sentir encurralado contra aquela sua absurda acusação!

— "Aha! Eu sabia! Nem mesmo VOCÊ conseguiria ser imune por muito mais tempo ao amor, Yura!"
— "VOCÊ NÃO SABE DO QUE ESTÁ FALANDO!! É-... é claro que eu não estou afim de ninguém! E EM ESPECIAL DAQUELA PESSOA!!"
— "Hehe, quanto mais você abre a boca, mais ainda você acaba soando como uma pessoa apaixonada... sabia?"
— "Gh!! EU-...! Você, você está imaginando coisas! É impossível que eu sequer possa estar interessado naquele-... ugh!"
— "Tudo bem, tudo bem. Se é nisso que você quer acreditar por enquanto, então fique a vontade. Mas eu não vou retirar nada do que eu te disse."

Falando aquilo na minha cara -visivelmente perturbada-, Rigur então me deu -propositalmente- as suas costas, voltando assim às suas várias tarefas de barman enquanto eu fiquei ali sozinho. Preso em suas palavras, sem conseguir fazer mais do que levar novamente aquele copo à minha boca para tentar evitar assim de trazer qualquer outra informação desnecessária aos atentos ouvidos dele.
O que por outro lado não deteve a minha mente de se afundar ainda mais naquilo que Rigur já tivera tido a chance de me dizer -de qualquer forma.

"Eu? Gostando do Damian?! Isso é impossível!... Não tem como ser-!... O-ou tem?!"
Minhas dúvidas então facilmente contradisseram qualquer certeza que eu poderia vir a ter sobre aquilo. Fazendo assim com que meu olhar se perdesse por um instante naqueles cubos de gelo flutuando no líquido escuro dentro do meu copo, até minha mão finalmente se dirigir ao meu peito -que continuava a bater de forma muito acelerada... Repousando sobre ele de um modo incômodo, já que mesmo querendo negar, eu ainda sim não tinha como explicar para mim mesmo porque aquela ideia havia mexido tanto assim comigo, por dentro!

Se eu não gostava do Damian... então porque eu estava tão alterado? Porque meu coração disparou no segundo em que Rigur sugeriu aquele absurdo, e porque desde então ele não havia conseguido -por um instante que fosse- desacelerar novamente?
Nisso minha mão então se fechou ainda mais contra um pedaço do meu manto que estava recaído sobre mim, fazendo com que eu temesse a óbvia resposta para todas aquelas dúvidas, e me escondesse então daquela verdade usando o fato de que eu nunca havia me apaixonado antes como um muro -para me proteger de admitir aquilo que eu não queria ter que admitir!

"T-talvez eu só esteja me deixando influenciar atoa pelo Rigur..."
Aquelas palavras tentaram desesperadamente me acalmar por dentro... afinal, eu não sabia o que eu tinha que sentir exatamente dentro de mim para poder dizer que essa era realmente a verdade!... E mesmo que eu até conseguisse fazer isso, ainda sim, minha mente continuaria a não me deixar dizer que no fim das contas eu-... eu me apaixonei de verdade por um Skrea!
"Não, não dá... Rigur pode ser muito inteligente, mas ele definitivamente errou dessa vez! Meu problema pode ser qualquer um, mas definitivamente não tem como ser esse!"

Minhas mãos então foram até a minha cabeça e tentaram ampará-la, ao que eu a balancei em negação por algumas vezes antes que alguém pudesse ser capaz de me ver fazendo aquilo! Tentando assim obrigar aquele indiscreto desespero a sair de mim -o quanto antes-, já que eu não estava gostando de me sentir ainda mais perdido agora do que eu já estava quando entrei por aquela porta da frente!
Uma situação que até tentou me ajudar, mas que quase me impediu porém de notar Rigur se voltando sem qualquer aviso mais uma vez para a minha direção! Ao que até ele parecia ter se cansado de fingir que conseguia ficar quieto por muito tempo, me forçando assim à rapidamente disfarçar minha postura antes que ele pudesse voltar a me agraciar com mais outra de suas questionáveis sugestões!

— "Aqui, talvez seja melhor você tentar se ocupar um pouco com outra coisa. Ou vai acabar me fazendo sentir obrigado a encher o seu copo novamente."

Me dizendo aquilo de uma forma mais séria do que o normal, sua mão então se estendeu sobre a bancada e deixou ali -bem diante dos meus olhos- um pequeno papel contendo algumas pequenas anotações nele -o que na verdade me pegou um pouco de surpresa. Tentando assim minha curiosidade à indagá-lo, mas não me deixando sequer começar a fazer aquilo já que antes mesmo que eu pudesse reagir, seu sorriso então mais uma vez procurou surgir em seu rosto para me tranquilizar. Balançando logo em seguida a sua cabeça, e me indicando com isso à apenas aceitar de uma vez o que provavelmente era um novo serviço de entrega.

Um gesto que sinceramente eu até demorei para assentir -dado sua imprevisibilidade-, mas que acabei por fim acatando de qualquer forma. Esticando de forma suspeita então a minha mão sobre aquela bancada para pegar discretamente o pequeno bilhete, enquanto Rigur disfarçava aquela nossa breve transação com uma incomum frase de incentivo.

— "Já que meu primeiro conselho não te ajudou muito, eu então vou te dar o meu segundo melhor conselho. Vá se distrair com algo que você possa resolver agora, e esqueça um pouco aquilo que você não tem como resolver ainda. Isso vai te fazer sentir um pouco melhor."
— "Obrigado... Rigur."
— "Não seja por isso."

Falando aquelas palavras, ele então -como em um último gesto- empurrou de volta para mim as moedas que -até então- estiveram repousando sobre aquele balcão -intocadas. Me devolvendo elas, ao que seu confiante sorriso me tirou qualquer chance de insistir que ele ficasse com o dinheiro pela bebida que me serviu -não me impedindo porém, de ainda sim tentar questioná-lo sobre aquilo.

— "Você tem certeza?"
— "Sim, essa foi por conta da casa."
— "... O que você está tramando Rigur?"
— "Hehe, preciso estar tramando algo toda hora?"
— "Acho que sim, porque não é nem um pouco normal você ficar me servindo as coisas de graça sem ter um ótimo motivo por trás disso."
— "Ei... que tipo de imagem você tem de mim afinal?!"
— "Quer mesmo que eu diga?"
— "Hahah, não, não quero. Mas de qualquer forma, não precisa se preocupar também. Pode não ser normal eu fazer isso, mas também não é nada normal você chegar aqui do jeito que chegou. Então achei que iria combinar, sabe? Fazer isso só dessa vez..."

Ouvindo aquilo e entendendo -ainda sim com desconfiança- que aquela foi só uma estranha forma que ele encontrou para tentar me animar, eu então acabei soltando um inocente sorriso em apreciação e balancei minha cabeça. Aceitando aquele seu raro gesto e me levantando assim daquele banco... ao que um breve aceno para ele foi toda a despedida que precisou ser dada entre nós dois, antes de eu então tomar o meu tempo para checar com cuidado o serviço anotado naquele bilhete, e finalmente assim decidir com isso ir de vez embora daquele lugar.

Praticamente o serviço não parecia ter muita dificuldade de execução (ao menos, para mim). O pedido vinha de um comerciante nas Avenidas, e ele apenas queria um exemplar de uma raiz especial que nascia nos desertos, usada contra intoxicação. Ela era realmente comum, e a maior dificuldade nesse trabalho seria apenas ficar cavando buracos na areia a esmo até encontrá-la -o que para um Feiticeiro, era uma tarefa bem desnecessária já que eu podia identificá-las facilmente sob meus pés só por ela reter água em seu interior.

Sendo assim eu então segui meu caminho para além de onde a maioria dos meus problemas residiam. Cruzando as várias regiões que eu pude encontrar a oeste dentro daquela cidade, antes de então por fim alcançar os enormes portões que separavam o território Skreano das imensas e infinitas dunas que rodeavam a Citadela!
Muitas das pessoas que passavam por mim e se perdiam naquele mar de areia, normalmente seguiam acompanhadas de um cavalo ou um camelo. O que por outro lado me fez sobressair facilmente por entre elas já que eu nem mesmo parecia me incomodar com a ideia de encarar aquele deserto com nada mais do que meu bastão em mãos -para amparar os meus passos sobre a elusiva areia.

Fazendo assim com que os imponentes guardas Skreas me encarassem tanto na saída, quanto na volta daquela minha curta jornada. Me olhando sempre com muita estranheza ao que eles próprios provavelmente pareciam estar se sentindo tão desgastados pelo forte calor daquele dia, que não pareciam mais conseguir entender porque qualquer um poderia de bom grado querer se aventurar lá fora hoje!

Sendo assim eu então disfarçadamente ri da incomoda cara que eles me fizeram durante o meu rápido retorno, escondendo melhor a raiz por entre os frascos da minha cintura e encarando assim com certa paz o céu sobre mim... ao que notei que minha breve busca permitira que o entardecer finalmente pudesse começar a se fazer ser notado por sobre aquela cidade -ser notado, porém, ainda sim não o suficiente para que as pessoas por outro lado decidissem que aquele dia já precisava chegar ao fim também!

Nisso eu então resolvi parar de enrolar, e continuei com meu rumo -a partir daquelas largas ruas, seguindo sempre para o norte. Ao que observei durante todo aquele meu caminho que algumas lojas já estavam realmente começando a fechar, enquanto outras pareciam ainda estar no auge de seus serviços. Passando dessa forma fatalmente por locais ainda bem movimentados, e por outros quase que desertos... até por fim chegar na afastada loja de meu cliente.

Como sua loja estava em uma região que se encontrava além da complicada base militar dos Skreas, então era normal que o movimento de pessoas pudesse ser bem fraco por ali. O que logo fez com que meus olhos se deparassem com o homem que contratara o meu serviço, trancando a porta de sua loja enquanto claramente dava fim ao seu expediente por hoje.
E nisso, ao que ele também me percebeu parado bem no meio daquela rua, sua testa então logo franziu e sua expressão ficou um tanto quanto carregada de desgosto -ao que pelo meu chute, ele não queria ter que reabrir tudo novamente só para poder atender mais uma pessoa. Fazendo-o recuar por um instante, antes que eu finalmente pudesse tirar a raiz da minha cintura e mostrar para ele!

Nisso, ao que ele viu sua encomenda repousando em minhas mãos, seu olhar então no mesmo instante se preencheu de satisfação. Correndo empolgado até mim e me recebendo de uma forma muito mais agradável, ao que ele rapidamente então me entregou meu pagamento e sumiu apressadamente rua afora com sua estimada raiz em mãos! Desaparecendo assim da minha vista, antes que eu sequer pudesse me dar conta disso!

— "Haha, na próxima vez vou fingir que sou um cliente só para poder me divertir um pouco."

Eu então brinquei descontraidamente -ao que não tinha ninguém mais por perto para me questionar mesmo-, antes de finalmente começar a me acomodar à quietude que surgira naquela rua, usando assim aquele instante para poder conferir com cuidado o pagamento que recebi em mãos.
"Rigur estava certo sobre eu precisar me distrair... estou realmente me sentindo melhor depois de ter feito isso."
Eu concordei contentemente com minha cabeça, ao que por fim guardei aquele dinheiro com satisfação e apoiei então mais uma vez minha mão sobre o meu peito -confirmando naquele gesto que eu realmente havia me acalmado no fim das contas.

Só que, antes que eu pudesse apreciar ainda mais aquele momento, de repente um estranho e inusitado som -de passos pesados sobre a areia seca- atraiu então em meio àquele silêncio a minha atenção. Fazendo com que curiosamente eu encarasse a direção pela qual eu vi aquele vendedor ir embora, ao que eu pude sentir alguma coisa facilmente se aproximando de mim -fora de hora... carregando consigo nenhum aviso maior do que apenas aquele pertinente e distinto barulho de passos que gradualmente parecia crescer.




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