Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 3
Bem-vindo à "Citadela"


Notas iniciais do capítulo

K.K. só deseja dessa vez fazer uma rápida observação!
Eu sempre me referi a cidade pelo termo "Citadela" e não "cidadela", que pelo visto é o modo correto dentro do português, e vou agradecer ao inglês por esse pequeno descuido... (Cidadela = Citadel) ¬.¬
Sabendo disso, e considerando que K.K. prefere muito mais a fonética da palavra "Citadela", ela então decidiu tornar esse o nome da cidadela, para que pudesse continuar a usar essa palavra, mesmo que agora tenha que sempre escrevê-la com letra maiúscula! Yaay~!
Por isso, sim, propositalmente a cidadela será (quase) sempre referida como "Citadela"!
(Agora que isso foi esclarecido, voltemos ao entretenimento~)



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Distraído com meus pensamentos, eu mal reparava na areia que cobria a constantemente limpa fachada das primeiras lojas surgindo logo na entrada da cidade... deve ter sido trazida pelo vento forte que estava soprando mais cedo. Todas as construções da entrada eram feitas do mesmo material que os muros, que as armas, que qualquer outra obra criada pelos Skreas. Aquele negro metal frio que parecia querer refletir exatamente a alma de seus criadores...
A Citadela era grande o suficiente para se ter diferentes regiões, feitas de diferentes formas e abrigando diferentes tipos de pessoas... Eu conhecia algumas dessas áreas mas jamais havia explorado e conhecido as pessoas que estavam além da zona oeste...
Para se ver algo diferente do que as belas e frias construções dos Skreas era preciso ir a fundo na cidade, andar por dentro das ruas e vielas por onde os Skreas não andavam mais, e procurar as regiões abandonadas aonde o chão se desfaz e novas casas são erguidas desajeitadamente pelas pessoas que vivem por lá, disputando espaço entre os escombros abandonados do passado...

Os muros da Citadela não eram usados apenas para contornar a cidade, mas também se erguiam por dentro dela dividindo os prédios, sustentando outras construções, criando passagens elevadas e escadarias escondidas... Essa cidade era um verdadeiro labirinto, e eu já consegui me perder muitas vezes aqui dentro desde os meus 16 anos, mesmo andando por tão pouca parte dela.
Ainda por cima, às vezes parecia que a cidade crescia mais para cima do que para os lados, engolindo as ruas nas sombras de seus prédios e muros, e bloqueando a luz que vinha do horizonte no deserto.Por essa razão às vezes era difícil perceber se o dia já estava terminando, pois nem a luz do sol parecia conseguir mais se infiltrar tão naturalmente lá dentro, quanto a escuridão e a própria areia que o vento trazia...
O vento e as tempestades de areia aliás eram as únicas coisas nesse deserto que ainda tentavam desafiar essas muralhas escuras, sem conseguirem ser detidos por elas, tomasse a altura que esses muros e prédios tentassem tomar.

Mas durante o dia, porém, especialmente quando o sol cruelmente chega no ponto mais alto do céu -exatamente ao meio-dia-, a cidade não parece ser tão escura quanto realmente é. A areia diariamente acumulada no metal escuro acaba refletindo a claridade e a luz do sol, lentamente assim iluminando toda a cidade por dentro, ao que apenas com a chegada da noite tudo volta mais uma vez a se escurecer igual à uma enorme sombra preta manchando esse vasto e limpo deserto...
E no que o vento frio começara a anunciar a chegada dessa mesma noite, as luzes dos postes da rua logo então começaram a acender automaticamente com um intenso fogo vermelho, espantando o ar que começara a ficar muito gelado, e a aura lúgubre que se intensificava lentamente com o desaparecimento do alaranjado no céu. O que expulsava pouco a pouco as pessoas que ainda caminhavam pelas ruas, para dentro de suas casas, dos comércios e dos becos. Todas, buscando abrigo e distração, já que nesse raro momento as ruas principais ficavam parecendo serem muito mais desertas e intimidadoras do que sequer um dia realmente já foram.

E em meio as poucas pessoas que ainda andavam lentamente e em silêncio sobre aquele caminho, desviando seus olhares e cobrindo seus rostos como se não quisessem ser reconhecidas, eu também segui meu rumo. Mantendo aqueles meus desinteressados passos, adiante pelo meio de uma das ruas principais que contornavam as muralhas externas da Citadela.
Essas ruas principais eram todas feitas com uma firme areia prensada de grande largura, e contornadas por calçadas de pedras que se estendiam até certos pontos na cidade. Ao que sempre por serem diretos e práticos, os Skreas não habitavam ou mantinham mais as confusas profundezas da Citadela que um dia já pertenceram a eles, mas sim, agora, eles se preocupavam apenas com as regiões mais recentemente construídas -como as nas quais eu caminhava. Sendo que dentro dessas regiões é que eles detinham os seus grandes, imponentes e impecáveis prédios. Estes, destacados de todas as outras construções normais pelas suas distintas grandiosidades que nós Humanos -por outro lado- não conseguiamos replicar com a mesma maestria.

E dentro desses prédios havia quase tudo que eles precisavam para que pudessem viver uma vida em completo isolamento do resto da Citadela se quisessem, separando assim ainda mais o convívio entre a sociedade deles e a nossa -de humanos. Prédios de pesquisa, governamentais, militares, escolares, residenciais...
Eu jamais havia entrado em um desses prédios, assim como provavelmente todas as outras pessoas jamais entraram, mas realmente eram uma visão surpreendente, mesmo que apenas de fora... e isso especialmente, para alguém como eu que passou sua vida vendo apenas barracos de madeira e casas de barro seco por aí.
Sendo que eu precisava admitir. Tanta gente conseguindo viver em um espaço tão pequeno dentro dessas construções, sem jamais precisarem se expor aqui fora nas ruas por qualquer razão que fosse... os Skreas realmente parecem saber como conviver entre si -como uma comunidade, diferente de nós.

E mesmo me sentindo como um rato vivendo de migalhas aqui dentro ao comparar os prédios deles e as precárias habitações que nós humanos tínhamos, me trazia ainda sim uma tranquilidade enorme saber que essa era uma vida muito mais segura do que qualquer outra vida sequer já foi fora desses muros... mesmo que sendo tão limitada.
E no que suas construções evoluíam, e a Citadela expandia, antigas construções em seu centro eram abandonadas e descartadas, sendo essas deixadas para nós humanos como herança, para usarmos como bem entendessemos até que caíssem por conta própria. Sendo que dizem que foi assim que as primeiras lojas e residências coletivas surgiram aqui dentro, gerando ainda mais rápido as diversas áreas da Citadela com as quais os Skreas realmente não chegam a se importar, mas que para nós -Humanos-, representam todo o nosso mundo.

E enquanto eu caminhava sozinho pela rua de areia batida, guiado pelas luzes de dentro das casas e dos postes que surgiam em meio as sacadas contornando a própria estrada, pude então notar finalmente um movimento mais a frente vindo em minha direção... Aquele barulho cortando o até então insistente silêncio, em um único ritmo constante, me fez logo questionar quão tarde já poderia ser ao que aquela era a primeira tropa da noite que estava passando pela rua!
E no que a dúvida insistira em me importunar, eu então até cogitei tentar olhar para cima buscando minha resposta sobre o horário no céu. O que meu instinto -que sempre falou mais alto- por outro lado me impediu de fazer, já que eu nunca me deixei tirar os olhos dos Skreas e de seus batalhões quando acidentalmente esbarrava neles assim.
Mesmo que eu não deva nada a ninguém... Após 5 longos anos de lembranças ruins acumuladas aqui dentro, desconfiança nunca mais se tornou dispensável de se ter com os outros... sejam esses Skreas, sejam esses humanos...

E pensando sobre isso, eu então ajustei novamente o pano que cobria meu rosto. Imitando as outras pessoas na rua que também foram pegas de surpresa, ao que o melhor era apenas tapar o meu rosto para não ser identificado, e andar até o muro para poder sair do meio da estrada -dando passagem para aquele grupo passar.
Um grupo de talvez 20 Skreas armados que me ignoraram por completo, mantendo todos eles seus olhares fixos para a frente enquanto seguravam firmemente contra seus corpos as suas armas -em completa coordenação.

Até onde ouvi, Skreas são bons com qualquer tipo de arma, mas eles não costumam gostar muito das armas à distância. Com a velocidade que eles podem chegar a ter, aposto que eles conseguem desviar de um tiro e revidar o mesmo com um único golpe cortante de suas espadas, eliminando assim totalmente a necessidade de precisarem depender de qualquer tipo de ataque à distância, já que não existe "ataque à distância" em uma briga contra eles.
E é por isso que, mesmo que já existam revólver, pistolas e outras armas avançadas em muitas outras regiões -ao que ouvi de alguns mercadores-, as poucas armas que ainda sim são permitidas serem trazidas aqui para dentro são apenas as armas de corte e luta corporal -qualquer coisa além disso é ilegal.
E os próprios Skreas procuram manter um controle rigoroso sobre ao menos o tipo de arma que transita aqui dentro, dizendo ser isso para a nossa segurança (assim como tudo mais que eles fazem).

E no que outras pessoas foram me imitando, todos que também estavam caminhando pela rua naquele momento igualmente se mantiveram nas laterais da estrada, imóveis e firmemente de olho naquele grupo inteiramente vestido de preto que intimidadoramente continuava sua patrulha pela cidade -sem pretender parar por nada.
No que eu os encarava mudamente apenas com meus olhos azuis à mostra, esperando aqueles Skreas passarem sem mover um músculo sequer... por parte, para não me arriscar arrumar uma confusão com eles, e por outra parte... porque simplesmente a presença deles parecia quase nos esmagar com tamanha intensidade, nos congelando no lugar com um medo inexplicável que parecia não vir de mim, ou deles... mas sim de todo o conflituoso passado entre as nossas duas raças -assim como um fantasma que assombrava até mesmo aqueles como eu, que não conheciam por completo todas as histórias desse mundo.

Sendo que assim que aquele grupo se distanciou de mim, sumindo por aquela longa rua reta, eu então finalmente tomei um grande fôlego -como se só agora percebesse que minha respiração havia parado por um instante.
Observando inquieto as outras pessoas também procurando se recompor e retomar suas atividades, como se todos houvessem saído do mesmo transe ao mesmo tempo.
Eu passava todos os dias por Skreas, e nem todos tinham esse mesmo efeito... o problema parecia ser apenas essas patrulhas na verdade, que traziam muitas lembranças ruins a tona para muita gente -até mesmo para mim, um rapaz que mal vivera por 5 anos ali dentro.

"Se essa for mesmo a patrulha da noite, então não vão passar por aqui novamente até a madrugada..."
Eu disse então para mim na tentativa de me tranquilizar, enquanto finalmente olhava para o céu já escuro e cheio de estrelas. Finalmente voltando a seguir meu caminho pela rua quase reta que contornava o muro externo...
Algumas poucas vezes eu ainda passava por alguns Skreas solitários, ou cruzava a vista de vendedores que varriam a entrada de suas lojas levando seus produtos para dentro das casas.
Dependendo de onde você estivesse na Citadela, poderia ser muito fácil ou muito difícil esbarrar em um Skrea, mas a forma mais fácil de encontrá-los era meramente andando pelas ruas principais da Citadela -chamadas apenas de "Avenidas". Essas ruas extremamente largas passavam por todos os pontos mais importantes e recentes da cidade, facilmente interligando as construções privadas dos Skreas, e por isso, sendo as ruas que eles mais patrulhavam e que mais usavam para transitar normalmente. Mas nem mesmo em uma cidade extremamente controlada como essa, uma via movimentada significa muito quando a noite finalmente cai.
E para piorar esse vazio, por alguma razão, esse silêncio suspeito e a desconfiança no olhar das pessoas era algo que só havia nessas ruas principais que quase ninguém gostava muito de atravessar ao fim do dia... A Citadela era uma cidade de muitas facetas e de muita vida... e não era de se surpreender que houvesse uma vida noturna aqui dentro. Porém, sem dúvida, nunca haveria de ser nas ruas de fachada da cidade por onde aqueles com pouco tempo para perder, e assuntos sérios para tratar, costumavam sempre andar.


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