Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 11
Milagre de Grivah


Notas iniciais do capítulo

Minna, K.K. wo yurushite kudasai! (Gente, por favor perdoem K.K.)
Eu queria ter postado esse capítulo muuuuito antes, mas realmente levei 2 dias apenas revisando todo o texto por que as coisas nunca pareciam estar bem explicadas ou fazendo o sentido que eu queria... (Se bem que revisar sempre com sono não ajuda em nada...)
Então K.K. está finalmente postando este difícil capítulo com um certo alívio na consciência, e espera que vocês também curtam-no bastante!

(E se algo não tiver sido explicado direito, acreditem, é porque ainda não é o momento de ser explicado!... Não, sério, é tudo proposital, confiem em K.K.! T--T)



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Entrando na sala com a minha cabeça um pouco baixa, eu evitei dar atenção diretamente para o homem que eu havia trazido - e que já parecia muito melhor graças ao exclusivo tratamento da clínica. Ele estava conversando calmamente com Ebraín ao seu lado, enquanto uma das meninas terminava silenciosamente o curativo do seu ferimento. A óbvia falta de vontade de Ebraín quanto a parar aquela conversa e ir pessoalmente conversar com Sal entregava a sua falta de informações sobre o paciente, e por isso ele estava ali na hora mesmo, tentando descobrir tudo que possível sem nem mesmo deixar que isso fosse notado... tudo através de uma inocente conversa.
"Eu já o vi fazendo isso várias vezes antes... e ele realmente é muito bom com isso."
Assim que Sal também reparou isso, ela me soltou indo à direção de Ebraín para se juntar à conversa dos dois, mostrando um pouco mais de insegurança sobre deixar aquela situação acontecer fora de seu controle, do que seu sempre tranquilo semblante fazia parecer.

— "Senhora, ele já está estabilizado e o corpo já está quase respondendo corretamente à todos os estímulos, logo ele poderá ir para casa sem perigo e ter uma recuperação natural."

A menina que enfaixava o homem falou para Sal ao que ela se aproximou, deixando também o paciente ouvir à tudo com atenção.

— "Ótimo! Pode ir agora descansar, você fez um excelente trabalho!..."

Dizendo isso para a menina, Sal tomou seu lugar se aproximando do homem e colocando sua mão sobre seu ferimento... Muito provavelmente para confirmar se a pressão dele estava regulada da forma que devera, assim como ela sempre nos mandava fazer após cada tratamento...
Como professora das meninas, Sal precisava ser muito boa não só em conhecimentos medicinais, como também na feitiçaria. E por isso não era estranho que ao tentar imaginar tudo que ela podia fazer, a gente acabasse se deparando com nossas ideias ultrapassando até mesmo nossa própria criatividade. Eu mesmo aprendo com ela até hoje coisas das quais sozinho eu não saberia que somos capazes de fazer... E "sentir a pressão sanguínea dos outros" era apenas uma entre muitas dessas coisas.

Enquanto Ebraín e Sal cercavam o homem e se colocavam cada um de um lado diferente ao redor dele, eu resolvi apenas me manter afastado, longe da vista deles e próximo a porta -de onde eu ainda podia ouvir bem a conversa... Eu estava me sentindo muito exposto sem o meu pano, para conseguir ficar tranquilo sob a vista de um desconhecido.
Afinal, eu vivi a vida de um escravo no meio do tráfico humano... e não gosto dessa sensação de ter os olhos das pessoas sobre mim durante todo momento, especialmente quando eu não quero. Porque naquele lugar, ter os olhos de estranhos sobre você nunca significava algo bom.
"Eu valorizo não ser notado. Quando não se é, as coisas ruins não conseguem te encontrar."
Então me encostando contra a parede que estava um pouco gelada, eu apenas cruzei os braços e fiquei ouvindo a conversa deles do outro lado da sala.

— "Bom, você ouviu! Assim que tivermos certeza do seu estado, você estará bem para voltar para casa...!"
— "Nossa, m-muito obrigado!"
— "Hehe, é apenas o nosso dever... Mas ainda sim, você ficará bem? Quem tentou te matar, não tentará fazer isso de novo?"

Sal que estava mantendo uma animação reconfortante, no fim perguntou para o homem quase que em total indiscrição pegando-o de surpresa, mas olhando-o de uma forma que nem mesmo ele conseguiu escapar de responder... Se sentindo encurralado, mas ao mesmo tempo falhando em achar que devesse ficar na defensiva, o homem surpreso começou a gaguejar simples sons bem baixo, enquanto parava para finalmente pensar com calma sobre o que havia atacado-o mais cedo, como se nem tivesse parado para analisar isso antes. Por alguns instantes de pensamento, memórias ruins o fizeram mudar sua expressão fazendo parecer que ele não queria falar sobre aquilo, mas acho que diante de toda a generosidade com a qual foi tratado por todos desde que chegou, ele não resistiu e acabou cedendo à sua própria consciência.

— "N-não creio que vão me atacar de novo... eu... eu era descartável. Eles me usaram assim como outros homens para conseguirem o que queriam, e depois disso apenas nos largaram para a sorte... Provavelmente mesmo que descubram que eu ainda estou vivo, eles não irão nem se lembrar de mim."
— "Eles...?"
— "... S-Sim... A BlackHole."

Ao ouvir o nome "Blackhole", meus olhos se arregalaram no mesmo instante e eu me afastei rapidamente da parede por impulso, ao que senti a tensão forçando meu corpo inteiro para um modo de alerta! Ao mesmo tempo, Sal e Ebraín que não estavam imunes dessa exata mesma reação fixaram seus tensos olhares no homem que apenas tremia, olhando para o chão em completo desamparo com seus próprios pensamentos...
Independente de ter dito que não era importante para "eles", aquele homem claramente estava com medo das coisas que estava falando.

— "Eu estava precisando de dinheiro... então eles me ofereceram um serviço... Disseram que precisavam de gente extra, m-mas nunca quis ser um membro da gangue deles ou algo do tipo...! Então eles disseram que eu não seria e que não me incomodariam depois que terminasse o serviço, contanto que fizesse minha parte... Então eu concordei, e... e quase morri."

Assim que ele terminou de explicar de uma forma estranhamente curta o seu lado e com um tom de enorme arrependimento na sua voz, Sal procurou relaxar forçadamente sua postura e colocou sua mão no ombro do homem tentando deixá-lo mais calmo também, assim como Ebraín que balançou de leve sua cabeça parecendo entender e concordar com a situação da pessoa à sua frente... tudo para que ele não se sentisse intimidado em prosseguir com sua história.

— "Eu... Eu só queria conseguir um dinheiro para minha esposa e filha, e por um segundo eu acabei ignorando todos os avisos sobre não me envolver..... E... E foi por culpa desse segundo, que eu quase as abandono sozinhas nesse mundo... se não fosse por vocês..."

Apoiando seu rosto em suas mãos, o homem quase chorando desabafou ainda com um jeito receoso por estar expondo tão abertamente para 3 estranhos os seus erros e arrependimentos... e isso me fez olhar para o lado com certa repulsa.
Eu sei o que é esse sentimento de querer o bem da sua família, mas... Ele realmente acreditou que se pôr em risco os ajudaria? Realmente valia tanto a pena assim, arriscar morrer e deixar sua família sozinha, mesmo sabendo que existe esse risco quando se lida com a BlackHole?...
"...Será que o meu pai também pensou assim quando me deixou para trás...?"
Uma dor quase imperceptível tentou entrar em meu peito no instante que pensei aquilo... Mas rapidamente me livrei dela balançando a minha cabeça para espantar o pensamento, voltando a olhar para Sal e Ebraín que consolavam o rapaz. Ele genuinamente estava se arrependendo do que havia feito, e dava para perceber isso até mesmo de onde eu estava.

Isso tudo não era uma situação estranha para nós, pelo contrário, aquela não era a primeira pessoa que eu via se envolvendo ingenuamente com uma gangue só para acabar gravemente machucado por ser alguém descartável...
Pessoas se colocam nesses riscos quando chegam à extremos em sua vida, o que não é incomum nessa cidade, e por essa razão Sal e Ebraín, que viviam expostos às pessoas mais pobres da zona oeste também não iriam julgar esse homem por isso, assim como não julgavam quando ouviam novamente alguém dizer que se iludiu pelos lucros que certos trabalhos errados poderiam conseguir para elas, e por isso os dois já estavam provavelmente relaxando quanto às suas desconfianças... Mas para mim, obviamente havia mais coisas para me ater nessa história do que apenas aceitar o arrependimento dele e deixar todo o resto para lá.
"Especialmente com o nome da "BlackHole" envolvido. Nunca confio quando eles voltam à ativa assim..."

— "Todos cometemos erros, não...? Mas você sobreviveu e poderá voltar agora para a sua família... Por isso não fique assim."

Ebraín disse aquilo com uma certa voz experiente, porém bem-humoradamente para o homem que lenta e dificilmente parecia também voltar a se animar, balançando sua cabeça e concordando com aquelas palavras. Quando eu olhava para ele e tentava imaginar se ele estava pensando em sua família e em sua filha durante cada uma daquelas reações, eu apenas acabava me desprendendo dessa curiosidade e terminava olhando para o outro lado, procurando outros pensamentos melhores do que esse para se ter...
Não é que eu tenha um complexo pela ausência do meu pai na minha infância, mas eu não gosto de também tentar pensar que poderia ter tido um... Ou que em algum momento, à dunas de distância, eu realmente tinha um pai... e que ele poderia assim como esse homem, também ter estado pensando em mim e nas minhas irmãs enquanto lutava pelo que acreditava ser o melhor para todos nós...
"Sem ele e os outros para nos proteger, foi que fomos invadidos... não o culpo por ter perdido minha mãe e minhas irmãs... mas também não quero pensar que ele em algum momento realmente pensou no nosso bem..."

— "Escute, mesmo que ela não possa mais guiar diretamente seus filhos, Grivah ainda olha por nós de alguma forma, e ter encontrado Yura na hora certa para te salvar pode ter sido um sinal disso. Eu realmente acredito que o desejo divino não quer que sua família fique desamparada, por isso não guarde todos esses arrependimentos com você... Siga em frente."
— "Heheh, Grivah... Nunca me ensinaram a ter esperanças sobre ela... mas até que eu gostaria de acreditar que ela realmente olhou por mim nessa noite, da forma que você está dizendo."
— "Não é tão ruim querer acreditar as vezes."

Dizendo aquelas palavras, Sal e o homem se entreolharam com um jeito quase complacente como se não restasse nada mais além de esperança, para uma raça à quatro gerações dita não ter mais um deus que olhe por ela...
Bem... a história inteira sobre isso possui muitas versões e é um pouco longa, mas não importava a versão considerada entre nós humanos, especialmente em lugares muito populosos como a Citadela aonde tínhamos convívio direto com os Skreas, o conhecimento sobre a história de Grivah e Skreevah -os antigos deuses das duas raças- era um tipo de assunto que apenas fazia parte do que éramos, sempre muito comum nos dias de hoje e aparecendo sempre nas nossas conversas em algum momento, não importasse a sua raça, não importasse no que você decidisse querer acreditar, e nem mesmo no quão fantasioso tudo isso parecesse ser algumas vezes. No fim, não havia espaço para dúvidas ou silêncio, quando apenas por entoar o nome de "Grivah" sua existência já pudesse ser sentida dentro de nós mesmos, sumindo com toda essa nossa necessidade de realmente querermos questionar qualquer coisa e apenas nos fazendo aceitar que essa era realmente a nossa verdade.
"Mesmo que ainda sim na mente de todos, admitir essa história também signifique admitir que Grivah tenha deixado de existir já a muito... muito tempo..."

Eu nunca me aprofundei muito nesse tema para falar a verdade, mas como esse é um conhecimento antigo que continua até hoje a circundar toda a nossa existência, eu acabei -assim como muita gente-, aprendendo-o sem querer. Afinal, tão naturalmente quanto o ar que respiramos ou os elementos naturais que utilizamos diariamente, essa história sempre esteve ali entre nós, e desde que os Humanos e os Skreas começaram a registrar suas próprias existências ela também foi dita e repassada como verdade absoluta: A história de como nossas duas raças foram criadas, lado a lado.

Por alto, essa história dizia que durante a criação desse mundo, houvera surgido em meio à tudo que se formava um enorme ovo, esse ovo aguardou e aguardou as terras, os mares e os céus serem feitos. Ao fim disso, o ovo finalmente chocou saindo de dentro dele dois enormes e poderosos Dragões, um branco que refletia a luz como um arco-íris em suas escamas, e um negro que absorvia toda essa mesma luz... era dito que eles eram a própria manifestação do poder da criação nas duas formas opostas da natureza. Porém, como irmãos, juntos eles terminaram de moldar o resto do mundo às suas ideias e ideais. Até finalmente quando chegou a hora de criar uma raça para habitar aqui... Naquele momento, ambos os Dragões -chamados Skreevah e Grivah-, não conseguiram concordar sobre como seria feita a raça que povoaria esse mundo, e por isso entraram em uma discussão de 100 anos... Grivah acreditava que uma raça não podia ser perfeita e nem se aproximar da imagem de um deus, e que ela deveria regozijar de sentimentos e dúvidas para poder ser capaz de errar e aprender com suas falhas, evoluindo livremente em torno de todas as suas ações...
Já Skreevah acreditava que uma raça não podia possuir esses sentimentos e que deveriam viver apenas sob certezas, buscando a perfeição para que suas falhas não destruíssem a si mesmos e as coisas ao seu redor enquanto se aproximassem à própria imagem dos deuses, o " caminho correto de evolução".
Após brigarem muito, cada um dos 2 deuses decidiram criar suas próprias raças e guiá-las eles mesmos, para descobrirem na prática qual dos dois estaria realmente correto. Porém Grivah, a deusa criadora e detentora dos sentimentos que tanto abençoavam os humanos acabou por muitas vezes influenciando também a perfeita raça de Skreevah, gradualmente corrompendo os desejos de criação de seu irmão e ameaçando a existência da própria racionalidade.
Irritado com essa constante interferência que a existência de sua irmã causava, Skreevah acabou sucumbindo aos apelos de sua raça e destruiu Grivah na tentativa de limpar de vez a presença nesse mundo dos sentimentos -que tanto afetavam os Skreas e os afastava da tão desejada perfeição, incomodando-os também. Porém Skreevah falhou ao que mesmo depois de morta, a energia, os poderes e os desejos de sua irmã continuaram a fluir por entre nós humanos, fazendo sua própria influência jamais cessar de existir enquanto também existirmos aqui.
"Alguns até dizem que desde então Skreevah por arrependimento também desapareceu... mas isso é problema dos Skreas, e não nosso."

Desde antes de eu nascer, por isso, a maioria das pessoas (mesmo procurando serem otimistas) acabaram de algum modo se enxergando como se a nossa raça tivesse sido abandonada, desprotegida, se tornado órfã. Lentamente largando a dependência na fé -que a história diz que já tivemos a muito tempo-, e transformando-a em apenas uma lembrança de que em algum lugar dentro de nós mesmos talvez ainda haja algo que possa nos proteger e nos guiar... quem sabe.
Esse é o sentimento de compaixão que sinto termos por nós mesmos quando mencionamos o nome de Grivah, e que nos faz ainda nos sentir tão bem, mesmo que hoje em dia na prática seja completamente inútil fazer isso.
Já para mim nunca me fez diferença... Dizer e ouvir o nome "Grivah" só me veio a ser algo bastante comum depois que eu não tinha mais idade para querer acreditar em milagres... e por isso não me importo em tentar imitar as pessoas daqui, e cegamente usar também essa história para poder encontrar forças dentro de mim mesmo e superar os meus próprios problemas.
"Eu nunca precisei de notar a presença ou falta de Grivah para acabar aprendendo que só dependo de mim mesmo para sobreviver."
Mas percebendo que eu então havia me distraído, novamente voltei a dar atenção para a conversa que ainda rolava bem a minha frente, conseguindo pegá-la já pela metade...

— "...eu ainda não consegui entender direito... Ele é uma Odalisca, uma Feiticeira... mas ainda sim é um rapaz...?"
— "Hehe, eu consigo entender porque está tão confuso sobre ele... Mas na realidade ele não é nem uma odalisca, e nem uma de nossas Feiticeiras..."
— "Então porque ele se veste assim, e consegue fazer todas essas coisas...? Eu não sei muito sobre o seu grupo, mas que eu me recorde jamais soube de um homem entre as feiticeiras d'água... ou estou enganado?"
— "Bem, isso é verdade, normalmente não há homens que possam manipular a água... Mas Yura ainda sim existe, e talvez ele seja uma prova de que sabemos ainda muito pouco sobre as regras da feitiçaria."
— "Isso realmente parece ser bem misterioso... Q-quero dizer, eu não tenho muito contato com feiticeiros, mas eu acreditava que existiam padrões até na natureza de vocês."
— "Hehehe, eu também já acreditei, mas quando se trata de um dom vindo de uma bênção, nós não temos como saber realmente todas as regras. Talvez Yura seja apenas uma prova de que não há regras... Ou talvez ele realmente seja especial, como um milagre de Grivah."

Pegando a conversa no meio do caminho sem entender muito como o assunto havia mudado tão subitamente, pude notar os olhares curiosos e fixos de Sal e do homem sobre mim sem nem mesmo disfarçarem, me deixando extremamente desconfortável em ter virado o centro das atenções mais uma vez.
Dava para ver que eu era as vezes o assunto favorito de Sal (mas talvez eu merecesse isso)... A verdade é que ela sempre fica assim quando eu levo tempo demais para dar as caras aqui, então acho que é a forma dela de dizer que sente saudades.

Enquanto eu refletia sobre isso, um pedaço do que ela falou ressoou na minha cabeça.
"Hump, "milagre de Grivah"..."
Eu realmente já havia ouvido isso algumas vezes dela, especialmente beeem no começo da minha estadia aqui dentro quando nos conhecemos. Naquela época ela tentava testar meu dom constantemente, tentando achar os limites dessa minha capacidade e averiguar se era seguro me deixar solto por aí sem seus ensinamentos... muito por eu ser jovem e jamais ter tido orientação alguma, mas também em especial porque não era normal que homens fossem capazes de lidar com certos elementos -e muito especificadamente, com a água por alguma razão-, fazendo com que aos olhos dela eu fosse uma pessoa de capacidades completamente imprevisíveis.
Além de eu ser um homem que dominava a água, Sal também dizia que eu era uma das poucas pessoas que ela encontrou na época que mesmo tão jovem conseguia "dominar" por conta própria com tanto controle e facilidade, independente do quão complexa fosse a ação. Ah claro! E ainda havia o fato de que os feiticeiros d'água não costumam nascer nos desertos, algo que até mesmo eu conseguia entender o porquê (sim, nenhuma das outras meninas da clínica eram originalmente aqui dos desertos).
"Dizem que a natureza ao redor do feiticeiro influencia bastante o seu tipo de dom."
Por conta disso tudo eu era uma das coisas mais improváveis que ela já chegou a conhecer, e a única forma que ela tinha de conseguir explicar tanta coisa de uma vez só, era alegando que eu era realmente "milagre de Grivah".
"Se bem que, como Ebraín diz, se nossos poderes realmente vieram de Grivah após ela ter morrido, então no fim somos todos um milagre dela mesmo."

Por sorte com o tempo, Sal parou de insistir em usar essa frase para se referir à mim, ao que eu também fui gradualmente me afastando do grupo... mas não posso dizer o quanto desde esse dia ainda fico desconcertado só por sentir alguém tentando me enaltecer. Eu vivi uma vida inteira às margens do pior possível e jamais consegui enxergar uma razão para pessoas como Sal fazerem isso com tanta segurança. Apenas... não consigo sentir afinidade por essas coisas.
Ainda sim, nem mesmo com o tempo ou com esse meu jeito de pensar (que ela também conhece bem), pude ainda provar à Sal que ela também esteja errada quando afirma uma coisa dessas...
"Talvez seja por isso que eu não venha mais sempre aqui, não sei lidar com metade dessas situações."


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