Begin Again escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!

Aqui uma daquelas ones bontinhas/fofas que gosto de escrever.

Ela é baseada na música de mesmo nome da Taylor Swift, que significa Recomeçar.

Link para ouvir e acompanhar a tradução: https://www.youtube.com/watch?v=a5MIB4kazQA

Espero que gostem, boa leitura ♥



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Parei diante ao espelho, avaliando a imagem refletida ali.

Eu parecia tão diferente da garota que fui um dia, podia ver a falta de brilho em meus olhos, minha pele mais pálida, até meu cabelo parecia sem vida.

Respirei profundamente, subindo nos sapatos de salto que tinha reservado para aquela tarde.

Jacob odiava que eu os usasse, ele reclamava e resmungava sobre eu ficar mais alta do que ele. Então, logo toda minha roupa era motivo de descontentamento para ele.

Saia curta demais. Blusa decotada demais. Calça justa demais.

Tudo em mim parecia errado para ele, tudo era motivo de briga.

Eu odeio que você use saltos, se quisesse uma namorada mais alta do que eu não estava com você, Isabella! — gritou, chutando meus sapatos que estavam no chão, um brilho raivoso em seus olhos escuros. — Você é tão egoísta!

Foram dois anos presa em um relacionamento terrível, que a cada dia só me fazia sentir pior.

Pronta para sair de casa, peguei meus fones de ouvido. Fechei a porta, colocando a minha música preferida para tocar em meu celular.

Jacob não a entendia, dizia que era chata, sem graça. Eu sempre entendi, era minha música preferida, um dia, bem antes de nascer, meus pais tinham a dançado em seu casamento, pelo vídeo eu podia ver o amor deles, como a música parecia perfeita para os dois.

Eles não eram apenas um casal ali, eram amigos. Um sempre poderia contar com o outro.

Jacob nunca parecia disposto a ceder, era sempre eu quem tinha de sacrificar tudo por nosso relacionamento.

Sempre pensa apenas em si, Isabella, isso é tão egoísta. Eu te amo tanto, você não reconhece todo meu esforço. Ninguém nunca vai te amar, devia me agradecer por sentir qualquer coisa por você.

Estacionei meu carro longe do ponto de encontro, ele provavelmente estaria atrasado, então eu ganharia uns minutos extras andando até lá. Quando entrei na cafeteria, ainda esperando que ele estivesse atrasado, me surpreendi.

Ele já estava ali, sorriu e acenou em minha direção quando me viu. Aquilo era tão estranho, Jacob nunca chegava no horário, nunca cumpria seus compromissos corretamente.

Eu estava ocupado, Isabella, você não precisa criar um escândalo por isso. Cresça, é tão infantil.

Caminhei até ele, que estava em pé esperando por mim junto a mesa escolhida. Ainda com um sorriso de lado no rosto, Edward ajudou-me a sentar, puxando a cadeira para mim.

Era muito gentil da parte dele, muito mesmo.

— Olá! — Edward me cumprimentou, sentando na cadeira diante de mim.

— Desculpe, eu me atrasei.

— Não, eu cheguei cedo demais, não se preocupe. É um prazer finalmente conhecê-la, Bella — a voz de veludo disse.

Sorri para o apelido, eu adorava quando as pessoas me chamavam de Bella, pulando o Isabella e toda a formalidade.

Olhei melhor para Edward, pela primeira vez em carne e osso diante de mim, não apenas uma foto no celular da minha irmã caçula. Ele era tão alto, tinha cabelos acobreados que eram uma confusão, mas que o deixava parecendo fofo. Seus olhos eram tão, tão verdes. Algumas sardas espalhadas por seu nariz, quase imperceptíveis se você não olhasse com atenção.

— Bom, então você é o melhor amigo de Jasper? — perguntei, mesmo sabendo a resposta.

— Isso. — Edward confirmou. — Nós éramos colegas de quarto no primeiro ano da faculdade, então fomos morar juntos em um apartamento no segundo, é onde ainda estamos vivendo.

— É um casamento — brinquei. — Vocês planejam ter quantos filhos?

Edward riu, sua cabeça tombando para trás. Eu me surpreendi com o fato de ele me achar engraçada, Jacob sempre dizia que meu humor era escroto.

Suas piadas são ridículas, meus amigos ficaram constrangidos com isso, não faça de novo. Me envergonhou muito lá dentro.

Edward tinha uma risada despreocupada, parecendo uma criança enquanto ria, sem se importar de quem podia ouvi-lo.

— Dois — ele disse por fim, ainda rindo um pouco. — Na verdade ele apenas está namorando sua irmã para convencê-la a ser nossa barriga de aluguel para os gêmeos.

Eu ri também, feliz de que ele tinha entrado na minha brincadeira idiota.

— Pobre Alice, eu deveria alertá-la sobre isso?

— Jazz e eu cuidaremos bem dos bebês, não há com o que se preocupar. — Ele chamou a garçonete, então fizemos nossos pedidos, rindo novamente quando ambos pedimos descafeinado. — Eu bebo tanto café para o trabalho, minha irmã disse que preciso maneirar quando estou fora.

— Sim, Alice me contou que está estudando para ser médico. Isso é legal!

— Se você diz — ele pareceu envergonhado.

— Não seja modesto, você salvará vidas.

— Você se formará em inglês no fim do semestre, estou certo?

— Isso — confirmei empolgada, agradecendo quando a garçonete voltou com nossos pedidos. — Eu mal posso acreditar que a faculdade finalmente acabará, foi um longo tempo.

— Ah, nem me fale, eu estava praticamente dormindo em minha formatura de tão cansado que estava. Agora tem a escola de medicina, eu realmente não sei o que é dormir oito horas por dia. — Ele fez um bico fofo.

— Sinto muito?

— Não, não sinta, eu estou feliz, mesmo que cansado. — Deu de ombros. — Cresci querendo ser um médico como meu pai, finalmente o sonho está se realizando.

— Qual a especialidade dele?

— Cardiologista.

— Será a sua também?

— Hum, não — negou. — Eu quero ser pediatra.

— Você também gosta de crianças? — perguntei surpresa novamente.

— Minha mãe disse que eu sempre serei uma criança crescida, então sim. — Abriu um grande sorriso. — Você pretende lecionar para crianças?

— Sim. — Assenti. — Eu estagiei em ensino médio, não sei como crianças fofas podem se transformar em pessoas tão irritantes. — Nós rimos. — Na verdade, eu já tenho um emprego certo para quando me formar, é em uma boa escola, uma de minhas amigas já formadas trabalha lá. Estou ansiosa para começar.

— Espero que seja incrível. — Edward bateu sua xícara na minha, em um brinde. — Quais bandas você gosta?

— Minha preferida é Beatles, clichê, eu sei. Mas minha mãe sempre tinha Beatles tocando em casa.

— Não é um clichê ruim. É a banda preferida do meu pai, cresci ouvindo também. Ele é inglês, então acho que posso dizer que é mais um da invasão britânica em solo americano. Eu gosto muito de Beatles também, mas sou um pouco mais voltado à música clássica.

— Sério?

— Sim, minha mãe é professora de piano. Minha irmã mais velha nunca teve paciência para aprender, então eu era a cobaia em casa de mamãe. Debussy, sou um fanático, eu pensava que se não resistisse a carreira de médico, iria me contrabandear para New Orleans e tocar piano lá.

— É uma boa ideia.

— Não, eu não sou tão bom assim, iria passar fome.

— Aposto que você é!

— Vamos tirar a prova, algum dia eu a levo para me ver tocar — falou, me olhando por cima de sua xícara, antes de beber um pouco de seu café.

Senti meu coração bater mais rápido com a ideia de poder vê-lo outra vez.

— Você gosta de James Taylor? — ele perguntou despreocupadamente.

— Desculpe? — Meu coração acelerou ainda mais.

— James Taylor.

— Eu adoro — falei, quase sufocada. — You’ve Got a Friend é uma das minhas músicas preferidas — contei, referindo-me a música que ouvi enquanto deixava meu apartamento, a música que Jacob odiava. — Eu simplesmente amo a canção na voz dele.

— Você está falando sério? Eu tenho todos os discos de James Taylor.

— Eu também tenho.

Os olhos verdes dele brilharam, então ele deu um grandioso sorriso.

— You’ve Got a Friend? Por quê?

— Foi a música que meus pais dançaram no casamento deles — comecei a divagar. — Quando criança eu vi o vídeo pela primeira vez, eles pareciam tão ligados ali, como se o mundo ao redor deles não existisse, a música só completava isso. Eles farão vinte e cinco anos de casados em junho, o amor que vi naquele vídeo ainda está lá.

— Eu entendo. — Edward assentiu, parecendo perdido em seus pensamentos. — Meus pais acabaram de completar trinta anos de casados, eles ainda parecem os jovens nos álbuns de fotografia.

— Conte-me sobre sua família — pedi.

— Bom, como eu disse, meu pai é médico, minha mãe professora de piano. Ele veio morar nos Estados Unidos quando tinha quinze anos, eles se conheceram no colegial, estão juntos desde então. Casaram pouco depois da formatura deles no ensino médio, algum tempo depois eles já estavam esperando minha irmã, Rosalie, cinco anos depois eu nasci.

— Rosalie é bacana?

— A melhor irmã do mundo. Quer dizer, você deve pensar que Alice é a melhor, mas Rosalie é incrível.

— Teremos de discordar nisso, minha caçula é um amor, menos quando me obriga a ir às compras com ela.

Edward riu mais uma vez, alto, sem se importar com qualquer um na cafeteria.

— Jasper já reclamou disso também, eu acho que nunca irei aceitar ir às compras com ela.

— Não aceite, é uma armadilha. Então, Rosalie é médica também?

— Não, ela é engenheira civil, casada e tem uma filha de 3 anos de idade.

— Ah, que amor, você tem uma foto dela ai? — perguntei animada, eu amava crianças.

— Aqui. — Ele sacou o celular de seu bolso, colocando em uma foto que deduzi ser a de sua família. — Meus pais, Esme e Carlisle. — Apontou para o casal mais velho, a mãe dele era muito parecida com ele, os mesmos olhos e cabelos, mas Edward tinha herdado a altura do pai, que era loiro e tinha olhos azuis. — Rosalie e meu cunhado, Emmett. — Emmett era alto e musculoso, mas tinha um sorriso divertido e uma covinha na bochecha, Rosalie deveria ser a mulher mais bonita do mundo, loira, com um corpo cheio de curvas e tudo mais. — E aqui a princesinha da família, Melanie. — Indicou a menina em seu colo na foto, ela era loira como a mãe, tinha o mesmo sorriso do pai e a covinha na bochecha.

— Ela é tão linda, toda sua família é na verdade. — Tirei meu celular do bolso. — Vamos ser justos, te deixarei ter uma olhada em meus pais, já que você conhece Alice. — Mostrei a ele uma foto do último natal, onde Alice e eu estávamos com nossos pais. — Charlie e Renée, meus pais. Ele é xerife em Forks, nossa cidade natal, ela trabalha de assistente na prefeitura.

— Você é parecida com sua mãe — Edward comentou. — Mas Alice é totalmente o pai de vocês, eu posso imaginá-la com o mesmo bigode dele.

Eu ri alto, assim como ele fazia, imaginando Alice com o mesmo bigode de papai.

— Ela vai amar saber disso. — Guardei o celular. — Jasper gosta muito dela, não é? Não é todo cara já formado que tem paciência com garotas de 19 anos.

— Ele a ama — Edward declarou convicto. — Nunca o vi tão apaixonado antes.

— Eles formam um belo casal, estou feliz que ela esteja com alguém legal. Jasper parece perfeito para ela.

— Vamos, hora constrangedora, conte-me sobre sua infância — ele pediu, piscando para mim, então eu comecei a contar, porque eu queria e de alguma forma louca ele realmente parecia interessado em tudo que saía da minha boca.

Nós conversamos por tanto tempo, eu não prestei atenção no horário, mas o Sol já desaparecia. Eu prometi em minha mente que ligaria para Alice assim que voltasse para casa, agradeceria por ela ter insistido naquele encontro as cegas com Edward, pois por mais que aquilo pudesse não ter um futuro, ele era tão bacana e apenas aquela quarta-feira com ele valeria muito a pena.

     Eu tinha passado os últimos oito meses presa em um mar de dor, remoendo e sofrendo por tudo que aconteceu com Jacob. O ciúme doentio, as brigas sem sentindo, ele sempre me inferiorizando.

Foram dois anos em um relacionamento abusivo, que eu não queria reconhecer, por mais que amigos e família tentassem me alertar do que estava acontecendo. Eu estive cega, pensando que ele era o certo. Que eu não passava de uma louca, sem graça, que ninguém além dele me amaria.

Apenas oito meses antes, quando ele tentou me bater, foi quando o mundo desmoronou. Foi quando percebi que eu estava em um relacionamento doentio, minha amiga Ângela impediu que ele encostasse em mim, então prestei queixa, rompi nosso relacionamento e, estava lidando em reconstruir minha vida sem Jacob.

Ainda era estranho, eu ainda sentia as feridas. E, até aquela tarde de quarta-feira no café com Edward, conversando sobre música, nossas famílias, escola, faculdade, eu pensava que nunca iria poder recomeçar, mas eu estava finalmente recomeçando.

— Você está corada — Edward disse, terminando de falar sobre sua primeira viagem a Disney.

Eu estava mesmo, pois ele era tão lindo, engraçado, inteligente e educado. Por um instante imaginei como seria beijá-lo, então meu corpo me traiu, fazendo com que eu corasse abertamente.

— Já anoiteceu — comentei olhando pela janela da cafeteria. — Ainda tenho aula amanhã, talvez devêssemos ir.

— Claro, eu também tenho. — Nós pagamos a conta, depois de muita insistência minha em dividirmos.

Então, mais uma vez ele me ajudou, me estendendo a mão para me colocar de pé. O toque dele era quente, ele afagava a palma da minha mão com seu polegar, eu me sentia boba e feliz com aquilo.

— Onde está seu carro? — ele perguntou.

— Na outra quadra — respondi, estávamos tão próximos que eu podia sentir o cheiro do perfume dele.

— Eu posso levá-la até lá — Edward disse, eu não tive como recusar.

Nós caminhamos em silêncio no começo, eu estava prestes a mencionar Jacob, quando Edward começou a falar.

— Minha família assiste a todos os filmes de Natal possíveis na época, a sua também é assim?

— Eu nunca perco O Grinch — confessei.

— É um dos melhores. Melanie tem medo dele, mas ela gosta mesmo assim. — Sua mão continuava afagando a minha. — Eu gosto muito de Esqueceram de Mim.

— E Um Natal Muito, Muito Louco?

— É o preferido de Rosalie — ele contou.

— Acho que é meu preferido também, eu adoro o casal de velhinhos. — Parei de andar, fazendo com que ele parasse também. — É este. — Apontei para minha caminhonete.

— Uou, você me pegou de surpresa — falou, dando uma boa olhada no carro. — Eu não esperava uma caminhonete.

— Não consigo me desfazer dela. — Afaguei a lataria vermelha desbota com a mão livre. — Papai me deu quando completei dezesseis, nós somos como uma só.

Edward riu, apoiando-se no carro, puxando-me para mais perto dele.

— Foi bom sair com você hoje, Bella. Eu não me divertia assim tem bastante tempo.

— Eu também não — sussurrei, olhando para seus lábios vermelhos.

Edward tocou em meu rosto com sua mão livre, levando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. Ele ainda sorria, mas era um sorriso diferente, parecia um admirado. Cheguei mais perto dele, colocando minha mão em seu peito, sentindo seu coração batendo, parecia tão forte quanto o meu.

— Nunca me senti assim, com ninguém — ele murmurou, eu sabia que estava referindo ao seu coração.

Sua mão saiu da maçã do meu rosto, tocando em meus lábios. Eu suspirei baixinho, adorando aquilo.

Ele se inclinou em minha direção, seu rosto próximo ao meu, mas não fez nada até que eu assentisse. Seus olhos então se iluminaram, antes de fechá-los e substituir sua mão por sua boca em meus lábios.

Doce e gentil.

Ele era cuidadoso, deixando-me tomar meu tempo, nunca forçando nada.

O corpo dele contra o meu parecia completar um quebra cabeça, um encaixe perfeito.

Quando o beijo acabou, ele apoiou sua testa na minha, voltando a tocar meu rosto, afagando minha bochecha. Nossos dedos ainda entrelaçados.

— Posso te ver de novo? — ele perguntou.

Abri os olhos, vendo os seus verdes já sobre os meus.

— Sim. — Sorri, pois eu queria muito o ver de novo.

Eu sentia que podia recomeçar e, que Edward podia estar presente neste recomeço.

— Excelente. — Ele sorriu também. — Jasper terá uma exposição amanhã à noite, eu posso buscá-la?

— Seis horas?

— Seis horas.

— Tudo bem — concordei, ainda apreciando a mão dele tocando meu rosto. — Mas, eu acho que não posso esperar até amanhã para você me beijar mais uma vez, então faça isso logo.

Ele riu, então me beijou.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, beijos!

Lola Royal.

12.10.16



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