Deirdre, a Descendente escrita por Laurus Nobilis


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, seja muito bem-vinda(o) a “Deirdre, a Descendente”! Gostaria de fazer alguns rápidos esclarecimentos:

A parte inicial da sinopse é fiel à história. Ou seja, Merlin era mesmo um bobo apaixonado por Nimuë e ela de fato se aproveitou disso para aprender magia, para depois botá-lo para dormir eternamente com um encantamento que ele próprio lhe ensinou. Que trouxa! A única coisa que não aconteceu foi ela ter uma filha com ele, mas bem que poderia ter acontecido.

Eu não me lembro de a Fada Morgana ter morrido na versão que eu li, mas vi na Wikipedia agora que em algumas versões ela morre, então vou deixar claro que aqui ela está bem viva.

Em alguns pontos, a forma de falar dos personagens pode parecer antiquada e formal. É a intenção. Eu queria simular mais ou menos como as pessoas falavam na era medieval, mas sem apelar para “tu vais”, etc.

Deirdre não é um nome inventado, é de origem irlandesa e se pronuncia "Deerdre."

É isso, tenha uma boa leitura!



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Em uma de suas lembranças mais remotas, Deirdre encontrava-se ajoelhada na praia de Avalon, usando um graveto para rabiscar na areia úmida. Mesmo após tanto tempo, ela ainda conseguia visualizar a imagem que estava representando: uma espada comprida, com uma palavra que nem ela mesma entendia e pensava ter inventado registrada em sua lâmina. Estava profundamente imersa em seu desenho, até ser interrompida pela voz severa de Nimuë, que chegava por trás dela:

— Deirdre! Eu lhe procurei por todo lugar. O que está fazendo?

A menina virou a cabeça, fitando a mãe com uma expressão atordoada.

— Desenhando…

A mãe se aproximou e olhou seu desenho com algum desinteresse.

— Ficou bonito. Mas venha, preciso da sua ajuda para buscar as roupas do rei.

Deirdre deixou de lado o galho e seguiu Nimuë a passos rápidos até o chalé onde viviam. No centro dele, havia um baú entalhado em mogno que guardava vestimentas nobres, belíssimas e muito pesadas. Deirdre o abriu e pegou um manto azul-escuro com detalhes em dourado, enquanto a mãe se encarregava de levar uma cota de malha e uma coroa cravejada de rubis e diamantes. Deirdre arquejava sob o peso daquele simples tecido bordado a ouro, embora a mãe já estivesse acostumada e não parecesse se esforçar muito. Então elas caminharam lentamente até a sepultura do Rei Arthur.

Parecia um longo e tortuoso trajeto, embora a distância medisse apenas alguns metros. Incomodada com o silêncio, Deirdre deixou escapar uma pergunta insolente:

— Mamãe, por que precisamos trocar a roupa de um morto todo dia?

— Por respeito. Ele não está morto, apenas dormindo, e um dia voltará a reinar sobre todos nós.

— Mas como ele pode estar dormindo desde antes do meu nascimento? Tem certeza de que isso não quer dizer que ele está morto?

A mãe franziu o cenho, e a filha imediatamente se calou.

Quando elas alcançaram a entrada da gruta onde Arthur jazia, Nimuë tirou o manto dos braços de Deirdre e pediu, em tom levemente autoritário, para que ela fosse brincar longe dali. A menina insistiu em acompanhá-la em sua tarefa.

— Você quer mesmo ver o “morto” sendo despido? - perguntou a mãe, tentando dissuadi-la.

Deirdre balançou a cabeça negativamente. Mas ela, com aquele misto de curiosidade e medo típico da infância, queria.

— Certo, então fique aqui. Vá colher alguns amores-perfeitos. - sugeriu Nimuë, indicando um arbusto repleto de flores bicolores antes de adentrar rapidamente a sepultura escura e úmida.

Deirdre era uma menina esperta e estava habituada a descumprir regras e quebrar ordens, provavelmente por ter uma mãe tão mandona. Ela esperou o suficiente para que Nimuë começasse a realizar seu dever mórbido e se distraísse. Então seguiu o mesmo caminho que a viu tomando.

Quase se arrependeu quando descobriu o quão assustador era aquele lugar por dentro. A única luz vinha de algumas tochas acesas nas paredes de pedra; ratos, aranhas e lacraias percorriam o chão, e era possível ouvir o eco sinistro de diversas vozes oriundo da câmara central.

Deirdre avançou bravamente, embora estivesse tremendo. Alguém com certeza notaria se ela saísse correndo dali. Finalmente, ela alcançou o local onde o rei desfrutava de seu sono eterno. Tomando cuidado para permanecer oculta nas sombras, ela viu que sua mãe não era a única ali – várias outras sacerdotisas, irreconhecíveis em suas longas capas negras, estavam ao fundo, entoando cânticos. Não parecia uma simples troca de roupa.

Nimuë retirou delicadamente o véu branco que cobria a face de Arthur. Deirdre estremeceu, esperando ver uma caveira horrenda, mas era apenas o rosto sereno e barbudo de um senhor que de fato parecia adormecido. Suas bochechas estavam até coradas! Mas a menina não conseguia perceber se ele estava respirando.

Nimuë inclinou-se sobre ele e disse algumas palavras em uma língua que Deirdre sabia ser bretão. Parecia que estava compartilhando um segredo com o morto, e Deirdre ousou aproximar-se um pouco para tentar ouvir.

De repente, ela escorregou em um tapete de musgo e caiu sentada no chão, causando um estrondo que ecoou por toda a câmara. A mãe encarou-a com seus olhos verde-água arregalados de susto e raiva.

Deirdre não se lembrava do que acontecera após aquilo. Provavelmente sua mãe a arrastara pela orelha para fora da sepultura, e ela preferiu esquecer.


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Notas finais do capítulo

Este prólogo é intencionalmente curto e serve como uma introdução ao local e aos personagens principais. Nele, a Deirdre é bem pequena, mas no resto da história ela terá seus 15 anos, como é dito na sinopse.

Enfim, espero que tenha gostado. Um comentário me deixaria muito feliz e me incentivaria a continuar (se bem que já tenho o primeiro capítulo em mente, vai depender apenas da faculdade, já que estou em semana de provas e deveria estar estudando em vez de escrever isso...). Aceito críticas construtivas.



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