Peter Pan escrita por Nim


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥
Aqui estou com mais uma fic! Eu estava com um enredo desses martelando em minha cabeça há quase um ano e finalmente decidi colocar em prática. Tenho uma paixão indescritível sobre Peter Pan, é um dos meus personagens favoritos da Disney, e sempre quis explorar um lado aprofundado de sua história, porém em meu estilo!
Como estou com as minhas duas fics acabando (falta um capítulo para cada uma), não quis perder tempo e já decidi publicá-la.
Eu espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/711109/chapter/1

Kim Ye Eun sabia que iria acontecer aquilo. Novamente. Ela não tinha dúvidas. Aquilo se iniciara alguns meses atrás, quando a menina entrou na puberdade, e com a morte da mãe, não havia quem pudesse impedi-lo. Yeeun não queria chorar, porém sentiu um nó ser formado na garganta ao escutar os passos do homem enquanto andava pela casa.

Ele falava consigo mesmo, socava paredes e a mesa da pequena casa, xingava todos os substantivos que lhe vinha da cabeça — a televisão, sua mãe, mãe de Yeeun, o patrão e Deus — mas, principalmente, a mãe da menina, pois culpava a mesma por ter sido covarde em tirar a própria vida ao se jogar do prédio de seu emprego. Pelo menos, Yeeun pensou ao encarar o feixe de luz que passava pela porta de seu quarto, sentada na cama e apertando o cobertor contra o queixo, ela não precisará enfrentá-lo. Quero ter sua mesma sorte.

O barulho do copo, que anteriormente estava cheio de alguma bebida alcóolica, ao ser jogado contra a parede fez um frêmito de medo suscitar do âmago mais profundo de Yeeun. Suas mãos começaram a tremer e ela as levou até o peito. Ela só queria dormir para não precisar encarar aquele homem, ser poupada do medo que a invadia.

Às vezes ele a encarava por um tempo incalculável, murmurando com ele mesmo dissabores sobre sua vida. Ia e vinha pelo cômodo, passando as mãos pela cabeça quase sem cabelo enquanto se debatia em sua consciência.

Ele entrou no quarto com o copo de cerveja na mão e depois o colocou no criado mudo, em que empurrou o pequeno relógio da menina com as mãos gordurosas. No instante seguinte, ele cantava uma música para crianças dormirem em uma voz serena enquanto repousava a mão em Yeeun. Ela conseguia sentir o color da mesma através dos lençóis que entrelaçavam seu corpo magro.

Yeeun agarrou o travesseiro para não gritar de desespero e desviou seu olhar para a janela aberta. Sua mãe dizia que o Peter Pan iria protege-la quando ela olhasse para a segunda estrela à direita. E era isso o que Yeeun fazia em momentos como aquele. As estrelas estavam brilhantes naquela noite. Yeeun se concentrou no brilho mágico delas e desejou voar na direção da segunda estrela.

No entanto uma figura comprida cortou o brilho enigmático daqueles pontos brancos no véu escuro. Dois olhos cintilaram na escuridão, tão afiados como o olhar de um gato, e Yeeun mirou aquela figura que parecia encará-la de volta. Parece um garoto, ela pensou ao sentir uma dor atingir seu corpo. Ele se esticou nas sombras, como se pegasse impulso no ar, e adentrou pela janela. Um movimento rápido e fluído.

— Que merda é essa?! — o homem pulou da cama. O garoto cruzou o quarto e chutou o tórax do homem, fazendo-o cambalear na direção do corredor.

O menino se movia com rapidez e, para captar os movimentos dele, Yeeun tinha de estreitar os olhos e se concentrar no andar leve dele. Ele atacava novamente o homem antes de ele se recuperar para revidar o jovem. O menino pulou sobre o homem e ambos caíram no corredor, longe do olhar de Yeeun.

Alguém bateu no chão com força suficiente para fazer a cama de Yeeun tremer. Um urro de dor atingiu os ouvidos dela em um som que lhe doeu a cabeça, ela levantou as mãos à orelha e tampou-a.

Yeeun mexeu cabeça na direção da janela, pensando se deveria correr até lá e gritar por ajuda, entretanto o menino apareceu, a porta desenhando sua silhueta sob a luz que tremeluzia. Antes que pudesse fazer qualquer movimento, o menino atravessou o quarto e parou diante da janela, de frente para Yeeun. 

A luz da noite infiltrada pela janela causava um efeito de halo ao redor dos cabelos vermelhos do menino. Ele olhou para as estrelas e pareceu absorver a magia delas.

— Você vê a segunda estrela à direita? — ele perguntou em uma voz mansa e um sorriso brincou em seus lábios. Yeeun assentiu sem sair de sua cama, puxando o cobertor até o pescoço.

Os olhos de Yeeun brilhavam na penumbra. As lágrimas brotavam instantaneamente no canto deles. Ela tentou sorrir, porém sentiu-se trôpega quando se lembrou do acontecimento anterior.

— Você é o Peter Pan? — sua voz saiu trêmula e ela engoliu sua saliva, tentando evitar que seu tom saísse choroso. — Você é o Peter Pan que minha mãe dizia?

O garoto se aproximou dela aos passos cuidadosos e não parecia hesitar quando Yeeun levou as mãos ao rosto.

— Conhece a Terra do Nunca? — ele tocou nas mãos dela, abaixando-as. Yeeun negou. — Como não? Você sempre esteve olhando para ela!

— E onde é a Terra do Nunca?                                                      

— Segunda estrela à direita e continue a voar até o amanhecer!

Ele se afastou. Estava animado e um sorriso largo estava estampado em seu rosto enquanto rodopiava pelo quarto até chegar à janela. Levantou um de seus pés para se apoiar no peitoril da mesma. Estendeu a mão para Yeeun.

— Você quer ir à Terra do Nunca? Conhecer fadas e lutar contra os piratas? Tem o Capitão Gancho, ele é engraçado porque tem um gancho em vez da mão!  — sua fala ganhava uma entonação mais alta à medida que contava sobre a ilha e seus encantos. — Poderemos ser crianças para sempre lá. O tempo nunca irá nos envelhecer!

Yeeun hesitou quando virou seu rosto na direção da porta. O que aconteceu com ele? Ela se perguntou quando deslizou para fora da cama. Ela esfregou os olhos e esboçou um sorriso ao andar na direção dele. Ela já começava a ficar animada. 

— E como chegaremos à Terra do Nunca?

— Voando, é claro!

Segurou a mão dele com força quando ele pediu para Yeeun fechar os olhos e ela o obedeceu.

Seu corpo ficou leve. Escutou o tilintar de asas circulando sobre sua cabeça enquanto escutava a risada de Peter Pan soar perto de sua orelha. Seu corpo pareceu leve e sentiu uma lufada de ar açoitar seu rosto pálido.

Ela estava indo à Terra do Nunca.

Onde os sonhos nascem.

O tempo nunca é planejado.

E somente bastava pensar em coisas alegres. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Peter Pan" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.