ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 5
CAPÍTULO 4 | Os Quatro Imortais


Notas iniciais do capítulo

Eril e Kore partem em busca de Baruc, para recrutá-lo e aprendem sobre os 4 imortais e suas habilidades.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710950/chapter/5

O povo do vilarejo, apesar de toda a destruição, agradece à Kore e Eril, pela bravura de enfrentar os bárbaros. Muitos ficaram feridos mas não houve nenhuma morte, assim, o Império Mundial se retira.

Antes mesmo do raiar do dia as pessoas se reúnem e ajudam uns aos outros, cuidando dos feridos e começando a reconstruir as casas. Kore e Eril não foram cobrados por sua estadia, porém, ainda sim, a elfa fez questão de pagar.

Após dois dias de repouso, Kore está recuperado o suficiente de seu ferimento para seguir viagem. A dupla, então, parte do vilarejo, após abastecer seus suprimentos.

A maga e o monge caminham por um dia inteiro, passando por um terreno árido, até que, próximo do pôr do Sol, adentram em uma floresta. Esta rodeia a montanha, que é seu destino.

Apesar da floresta não aparentar oferecer perigo, a dupla se reveza para dormir enquanto acampam. O primeiro a ficar de vigília é Kore.

As horas passam, o céu limpo permite que a luz das estrelas se torne visível, mesmo por entre os galhos das árvores. Próximo à elfa, que dorme em um fino colchonete, está uma fogueira, que serve de iluminação e também para assar um lagarto, capturado pelo monge.

Enquanto prepara o alimento, Kore está sentado em uma pedra. Ele se mantém olhando para a palma da mão, que está voltada para cima, enquanto se concentra. Por diversas vezes ele parece desistir mas logo torna a se concentrar novamente, até que ouve uma voz conhecida, que sussurra próximo à ele.

— Está pulando etapas, Kore. — diz Eril, que acabara de acordar. — Não ouviu nada do que a senhorita Lisica ensinou?

— Eu ouvi. Eu preciso primeiro liberar o segundo selo de Mahou antes de tentar aprender um elemento. Mas ela não está sempre certa. — responde Kore. — E pare de chamar ela de senhorita, ela não merece todo esse respeito.

Eril respira fundo. — Kore, eu sei que você é jovem, sei que esta é uma idade de rebeldia, para os humanos, mas no momento em que você aceitou essa missão, não poderá se dar ao luxo de amadurecer como os demais. Preciso que você faça isso mais rápido e se torne responsável logo. Não há lugar para crianças nessa missão. Por favor, pense nisso.

Eril torna a deitar em seu colchonete, enquanto Kore fica pensativo e envergonhado. Lisica, apesar da infantilidade, era uma ótima mestra e merecia seu respeito.

Após algum tempo, Kore decide adentrar um pouco na floresta, à uma distância onde ainda era possível enxergar Eril dormindo. Ele se coloca em posição de luta, respira fundo, e lentamente começa a fazer movimentos de luta, em uma mistura de treinamento físico e meditação.

Enquanto se movimenta, os ensinamentos recebidos percorrem sua mente, um tanto misturados mas, que em sua cabeça, faziam total sentido.

Limpe sua mente através da concentração e então preencha este espaço com seu conhecimento. Está tudo lá, apenas coloque as coisas em seu devido lugar.

Quando descobrir onde cada peça se encaixa, as amarras serão soltas naturalmente.

Lembre-se que o domínio do mahou vem da razão, mantenha o foco e fluirá com naturalidade, perca a cabeça e restringirá seu potencial.

O dia começa a clarear, Eril acorda com o som dos pássaros cantando. Ela parece descansada, mas logo se lembra que deveria ter trocado com Kore o turno da vigília.

Ela se levanta rápido e percebe o garoto, sentado no chão em posição de meditação. No que ela se aproxima, ele abre os olhos.

— Não quis te acordar. Mas não se preocupe, descansei bastante nos dias em que eu fiquei de repouso e estou sem sono.

— Hum, certo. Obrigada! — estranha.

Ao que tudo indica, o pedido da maga foi entendido e, após uma rápida refeição, os dois peregrinos prosseguem seu caminho para a segunda montanha, esta muito menor do que a anterior, onde reside Lisica, porém, não há uma estrada por onde seguir, sendo necessário cuidado e um pouco de escalada.

Na parte final da subida, a parede se torna ainda mais íngreme, com uma parede rochosa tornando a subida extremamente difícil.

Ao se aproximar do topo, pode-se notar alguns cipós, que são utilizados pela dupla para vencer o final da escalada.

O topo da montanha é quase todo plano e, para a surpresa dos viajantes, o que os aguarda é um grande campo verdejante e florido, extremamente bem cuidado. As árvores são visivelmente podadas, pois seu formato é perfeito, não natural. Em vários pontos, canteiros de flores coloridas enfeitam a paisagem. No centro do local, se ergue um castelo, não muito grande mas muito bonito e bem cuidado.

Eril e Kore caminham em direção ao castelo, enquanto observam o local ao seu redor. Quando se aproximam, avistam duas figuras, um homem e uma mulher humanos, parecem ter por volta dos vinte anos, utilizam um manto com capuz, ambos iguais, a não ser pela cor. O manto da mulher é azul e o manto do homem é verde.

— Não são permitidos visitantes. — informa o homem.

— Baruc não deseja ser incomodado. — completa a mulher. — Voltem para onde vieram ou teremos de lhes forçar a isso.

— Não queremos confusão. — responde Eril. — Mas é importante, precisamos falar com o senhor Baruc.

— Só direi mais uma vez. Vão embora! — ameaça o homem de capuz verde.

— Não iremos retornar até falarmos com o imortal.

As duas figuras encapuzadas se entreolham por um instante e então partem para o ataque.

A mulher cria uma energia azulada entre suas mãos e então lança um jato de água, com uma força e pressão extremamente grandes. Kore salta para um lado e Eril para o outro, ambos desviando do ataque. Enquanto isso, o homem produz uma rajada de ventos que seguem na direção de Kore. O monge se esconde atrás de uma árvore, segurando-se nela, para não ser lançado longe. Eril cria uma bola de fogo e lança no homem encapuzado, porém, uma parede de água surge, defendendo-o da bola de fogo. Logo se percebe que a parede foi erguida pela mulher encapuzada.

— Fogo? É o pior elemento para enfrentar alguém como eu. — diz a mulher, para Eril.

Eril lança um raio de fogo na oponente, que lança outro jato de água de volta. Os ataques se atingem no ar, porém, o jato de água empurra facilmente o ataque de fogo. Atingindo Eril, que é arremessada para trás, ficando pendurada por uma mão, no penhasco.

Kore corre velozmente, circundando o oponente, que lança rajadas de vento, tentando atingi-lo. Kore muda a direção em que corre, fazendo um zigue-zague, enquanto tenta se aproximar. Ele sabe que, em se tratando de magos, sua resistência física geralmente é baixa, provavelmente poderia derrotá-lo com um único golpe ou com uma sequência curta de ataques. O problema é aproximar-se do oponente.

O homem encapuzado desiste das rajadas e então cria um tornado em sua frente e o direciona para Kore, que se afasta novamente.

— Droga, se eu tivesse um ataque à distância. — pragueja o monge.

Nisso, Eril ainda está pendurada no penhasco, enquanto sua oponente se aproxima, preparando mais um ataque.

— Você não foi sequer um desafio. — diz a encapuzada, de forma sarcástica. — Fogo não pode contra água.

Eril, que está pendurada com apenas uma mão, aponta o cetro para o oponente. A mulher faz uma pequena barreira de água em sua frente, enquanto sorri. Porém, Eril lança um turbilhão de vento, que destrói a fina barreira de água e lança a encapuzada longe.

Em seguida, um forte vento ergue Eril no ar e a coloca em segurança no chão.

— Você é descuidada demais em achar que eu só posso usar o elemento fogo. Além do mais, sou muito mais forte que você.

A mulher parece um tanto irritada e, após se recompor, concentra uma esfera de água em sua frente.

— Permita-me mostrar a diferença entre nossas forças. — diz Eril, com um certo ar de arrogância.

A elfa se concentra e cria uma esfera de fogo na ponta de seu cetro, enquanto a mulher encapuzada concentra a esfera de água. Ambas lançam seus ataques ao mesmo tempo, novamente o jato de água e o raio de fogo se chocam, mas desta vez, os ataques se mantêm equilibrados, até que Eril concentra-se ainda mais e o fogo vai evaporando a água, vencendo o ataque da oponente lentamente, até que atinge o seu alvo, lançando a maga para trás.

Ela cai desacordada, enquanto suas roupas queimam. Eril se aproxima da oponente e, com um movimento da mão, as chamas se extinguem.

Nesse momento, uma ventania passa ao seu lado e ela pode ver Kore sendo lançado montanha abaixo, por ela. A elfa se volta para o mago e então lança uma forte rajada de fogo, o mago parece não ter tempo para reagir, porém, uma terceira figura surge na frente do ataque, surgido do nada, e ergue uma parede de gelo que detêm o ataque da elfa.

Teletransporte e elemento gelo são magias de alto nível, que requerem o domínio dos elementos avançados, só conseguidos após liberar o terceiro e último selo de mahou. Não havia dúvidas, aquela figura que acabara de surgir era Baruc, o imortal.

Eril sua frio com a possibilidade dele ser hostil, como a dupla que acabara de enfrentar.

O gelo começa a derreter de cima para baixo, obviamente ao comando de quem o criou. Neste momento, Kore termina de escalar novamente a montanha, machucado e irritado por ter sido lançado barranco abaixo, mas sua raiva se torna espanto quando percebe a barreira de gelo, que terminava de derreter por completo.

— Gelo? — comenta Kore, confuso. — Isso é um elemento de alto nível. Então aquele homem é…

— Sim. — completa Eril. — Aquele é Baruc, um dos quatro imortais.

No que a parede termina de derreter, se pode ver um homem elfo, alto e magro, porém atlético. Sua aparência é de um adulto maduro, não chegando a ser velho. Seu cabelo é loiro quase branco, muito liso e comprido até a altura da cintura, seus olhos são cinza mas muito brilhantes e suas sobrancelhas são compridas, saltadas para fora nas pontas. Seu manto não possui capuz e é muito mais requintado do que o dos dois magos, lembrando vestes da realeza. Por cima do manto, há um peitoral de armadura e ombreiras metálicas bem largas e pontudas. Com uma aparência imponente, porém, sua expressão passa calma e tranquilidade, esboçando um leve sorriso no rosto.

— Por favor, não estraguem meu jardim. — pede a nobre figura, com uma voz calma e suave.

Eril sente seu nervosismo diminuir, ela se aproxima do poderoso mago, arriscando uma conversa.

— Desculpe-nos, não tivemos a intenção de incomodar, apenas nos defendemos.

— Eles invadiram seus domínios. — diz o homem encapuzado. — Veja, nocautearam Tamiel.

— Leve-a para a enfermaria e trate de seus ferimentos, por favor. — solicita Baruc, para o mago encapuzado. — Eu irei me encarregar do resto.

Ao comando de seu superior, o encapuzado leva a mulher em direção ao castelo, carregando-a no colo.

O poderoso mago se volta para os invasores e Eril torna a suar frio. Baruc continua com seu sorriso e expressão calma.

— Peço desculpas pelos meus aprendizes. — diz Baruc. — Zeki e Tamiel são imaturos e inexperientes. Não são más pessoas, apenas impulsivos. Mas me digam, o que os trás até aqui?

Finalmente a tensão é cortada. Tanto Eril quanto Kore respiram aliviados.

— Estávamos à sua procura, senhor Baruc. — diz Eril, demonstrando muito respeito.

No momento em que a elfa faz menção de continuar, Baruc pede que pare, com a mão espalmada para frente.

— Que falta de educação a minha. Por favor, entrem. Vamos continuar essa conversa em meu castelo. — convida, apontando para a entrada da construção de pedra. — Quanto à você, peço que me acompanhe também à enfermaria. — pede Baruc, olhando para Kore.

O monge olha para o próprio peito e percebe que sua ferida, da batalha contra o bárbaro Abgard, acabou abrindo novamente por causa da queda e pelo esforço físico.

Por dentro, as paredes do castelo brilham como se fossem um espelho, tamanha a limpeza empregada. Baruc e Eril estão sentados à uma mesa comprida de doze lugares, porém, apenas duas pessoas ocupam suas cadeiras. Há muito mais comida do que duas pessoas poderiam consumir. Na verdade, há muito mais comida do que poderiam consumir, mesmo que as doze cadeiras estivessem ocupadas.

Baruc está comendo um doce em uma pequena taça, enquanto Eril corta um pedaço de carne em seu prato.

— Obrigado pela hospitalidade, senhor Baruc.

— Por favor, sem formalidades, pode me chamar apenas pelo nome.

— Certo. Vou direto ao ponto. Estou reunindo um time para uma missão muito importante. Dela pode estar dependendo o futuro de todo o nosso mundo. Para isso preciso dos mais poderosos guerreiros que puder encontrar.

— Entendo. Você deve ser Eril, estou correto?

A elfa se espanta ao descobrir que o mago à sua frente sabia seu nome.

— Deveria se apresentar antes de propor algo, senhorita. — corrige Baruc. — Faz parte de uma boa educação.

— Me desculpe. Mas como você sabe meu nome?

Baruc aponta para trás de sua cadeira, onde há um artefato semelhante à um grande espelho, cuja moldura possui escritas ininteligíveis. De repente, uma imagem surge naquele artefato, é Lisica.

— Olá, fofinha. — diz a imagem de Lisica, através do artefato.

— Lisica me contou que viria. — diz o mago.

Eril fica abismada e boquiaberta.

— Mas… mas… — gagueja a elfa, antes de começar a gritar, enquanto bate com ambas as mãos na mesa. — LISICA, PORQUE NÃO ME DISSE QUE PODIA SE COMUNICAR COM ELE?

— Ha, ha, ha, ha, ha! Eu devo ter esquecido. — responde, com um largo sorriso no rosto.

— Ora sua…

— Por favor, não grite dentro do meu castelo. — pede Baruc, enquanto continua a comer seu doce.

Só então Eril volta a si e lembra que está diante de uma figura lendária.

— Me… me desculpe.

Neste momento, Kore entra no salão, já devidamente tratado. Ele percebe Lisica na tela.

— E aí, raposa velha. — saúda Lisica, enquanto se senta próximo à Eril.

— Você sabia que ela podia se comunicar com Baruc? — sussurra a elfa para Kore.

— Claro. — responde o monge, enquanto começa a comer. — Já vi eles conversando muitas vezes. São velhos conhecidos.

Eril fica furiosa e aperta os punhos, enquanto fulmina Kore com o olhar por alguns instantes, mas ela respira fundo e sussurra novamente. — Porque não me disse isso antes? Não precisaríamos vir pessoalmente até aqui.

— Mas aí que graça teria. Ha, ha, ha, ha,ha!

Kore e Lisica começam a rir e até mesmo Baruc solta um leve riso. A única descontente com a situação é Eril. Que deita a cabeça sobre a mesa, desconsolada.

Estou rodeada de imaturos. — pensa a elfa, quase em prantos.

Eril percebe, então, uma foto que acabara de pousar em cima da mesa, próximo à ela, jogada por Baruc. Analisando-a, percebe que nela há um homem bardudo e forte, mas de estatura baixa. Nota-se que se trata de um anão.

— Este é Dhondal. — explica o educado mago. —  O maior alquimista de que já ouvi falar. Acredito que seria uma ótima aquisição para seu time.

— Obrigada! — balbucia Eril. — Mas e você? Virá conosco?

— Vocês precisam apenas dos mais poderosos e não me encaixo nesse perfil.

— O que? Mas você é Baruc, o imortal!

— Ser imortal não me faz mais forte. Temo que atingi o limite do meu potencial, não posso me tornar mais forte do que sou. Ainda sim, existem outros muito mais poderosos do que eu.

— Mas ser imortal é uma grande vantagem. — interrompe Kore, falando de boca cheia, enquanto segura um pernil. — Se cortarem sua cabeça, vai nascer outra ou vai ter que colocar ela de volta no lugar?

— Kore! — repreende a elfa.

— Tudo bem. — responde Baruc. — É uma pergunta pertinente, todos deveriam ter curiosidade, é isso que nos faz buscar por respostas. Mas acredito que esta não vai lhe agradar muito. “Imortal” quer dizer “aquilo que não está sujeito à morte” ou seja, não pode morrer. Porém, esse não é o meu caso.

— Então você não é imortal? — pergunta o curioso monge.

— Efetivamente sou imune ao desgaste provocado pela idade, jamais envelheço, então nunca morrerei de causas naturais. Mas se você cortar minha cabeça, como disse agora pouco, certamente morrerei.

— Entendi, mas só isso já é algo incrível. — complementa Kore.

— Tem seus pontos positivos. Porém, estou fadado à uma morte trágica, talvez assassinado, visto que não tenho como morrer de outra forma.

— Que coisa, no fim das contas você não é tão impressionante como dizem.

— Kore! — repreende novamente a elfa. — Tenha mais respeito.

— Ok, ok. Mas tenho outra pergunta. Todos os quatro imortais são assim?

— Um ponto interessante. — responde calmamente, enquanto termina de comer o doce, largando a taça em cima da mesa. — Cada um possui uma forma de se tornar imortal. Eu diria que a minha é a menos eficiente. Sei que há um deles que possui a forma mais cruel. Ele não é imune à idade e pode ser morto normalmente, porém, após morrer, ele pode ligar seu espírito à uma vida em seu primeiro estágio, tomando aquele corpo para si.

— “Vida em seu primeiro estágio”, fala de um feto? — pergunta Eril.

— Exatamente. Pelo que ouvi, ele pode se ligar à um feto que esteja em seus primeiros cinco ou seis meses, roubando aquele corpo para si. Aquela criança jamais nascerá, em seu lugar o imortal é que virá, em seu novo corpo.

— Isso é horrível. Ele não tem esse direito.

— De qualquer forma, o mahou fica no corpo e não no espírito. Apesar de ter todo o conhecimento, ele terá de treinar seu novo corpo desde o início.

— Incrível. — surpreende-se Kore. — E os outros?

— Outro deles é o lendário Kyoroi, é o primeiro imortal de que se tem história e foi por causa dele que outras pessoas se motivaram a buscar a imortalidade. Este é o verdadeiro imortal, dizem que seu poder era inesgotável, além de se regenerar em alta velocidade. Porém, eras atrás, ele foi capturado e desde então nunca mais se ouviu falar dele.

— Como alguém captura um cara imortal que se regenera e tem poder inesgotável?

— A história real acabou se perdendo através das eras, tudo o que se sabe é mera especulação.

— E quanto ao quarto imortal?

— O quarto imortal é o mais misterioso de todos. Muitos sabem de sua existência, mas o estranho é que ninguém conhece sua identidade e nem qual seu método. Parece ser muito reservado. Ao que parece, os poucos que souberam de sua existência, não tiveram tempo para contar mais detalhes, apenas espalharam a notícia de que havia mais um imortal.

— Hum. — Kore pensa por um instante. — Um dos imortais é você, o outro sumiu, do terceiro só o que se sabe é sua existência. Sabe qual a localização do quarto? O imortal que você disse poder transferir sua alma.

— Não precisamos saber onde ele está. — interrompe Eril, zangada. — Uma pessoa com essa índole não teria lugar conosco. Além do mais, ele não tem fama de ser muito poderoso. Ouvi dizer apenas que ele faz estudos genéticos obscuros.

Eril termina de comer e levanta-se, preparando-se para partir.

— Agradeço pela hospitalidade e pela comida, senhor Baruc. — diz a elfa, cordialmente. — Mas precisamos ir.

Kore percebe e se apressa para terminar de comer, então pega sua sacola, que estava ao lado de sua cadeira.

— Vocês serão sempre bem vindos. — informa o imortal. — Sigam para a cidade costeira e consigam um barco, é a forma mais rápida de chegar em Tengkorak, a cidade natal do alquimista Dhondal. Será fácil encontrá-lo, ele é bem famoso por lá.

— Obrigada! Despeça-se de Lisica por mim, quando ela acordar, por favor. — solicita Eril, percebendo que Lisica havia pegado no sono, do outro lado da tela.

Baruc responde com um aceno da cabeça, enquanto sustenta seu sorriso sutil.

Eril e Kore seguem seu caminho, descendo a montanha e encerrando sua visita ao imortal. Desta vez eles partem para a cidade costeira, deixando a área montanhosa em que se encontram.

Após cruzarem a floresta, o caminho se torna um campo aberto com uma grama alta, porém, há uma trilha, por onde nossos heróis caminham.

— E então, iremos direto para este alquimista Dhondal? — pergunta Kore, curioso.

— Não, no caminho há outro candidato. E diria que este é o candidato mais importante de todos. — responde, com um ar de seriedade.

Kore relembra das conversas passadas e um nome lhe vem à mente. — Radagart!

— Ele mesmo.

— Então estamos indo para a ilha dos shamargs?

— Exato. Raramente um shamarg deixa sua cidade natal, temos boas chances de encontrá-lo.

— Sempre quis visitar esse lugar, dizem que é um lugar difícil de se viver.

— Difícil de se viver? — estranha a elfa. — Fala por causa dos costumes agressivos dos shamargs?

— Não. Você nunca ouviu falar dos perigos dessa ilha?

— Sinceramente, sei muito pouco sobre eles.

— Quem diria que eu sei algo que a sábia Eril, do alto dos seus mil anos, não sabe. — ironiza, com um largo sorriso no rosto.

— Só dragões vivem mil anos. Elfos vivem cerca de três vezes mais do que humanos e eu tenho só sessenta e sete.

— É, bem novinha.

— Sem gracinhas e fale logo sobre a ilha.

— Certo, certo. — Kore pensa um pouco, tentando lembrar dos detalhes, antes de começar a descrição. — As histórias daquela ilha são muito estranhas, dizem que o clima de lá é totalmente maluco. Uma hora está quente como o inferno, outra hora está congelante. Tempestades de todos os tipos são coisas normais por lá, mas isso não é a parte estranha. Dizem que a gravidade naquela ilha, sabe-se lá porque, é o dobro da normal e que o ar é levemente tóxico. Pessoas normais não podem permanecer lá por mais de três dias, ou morrem apenas por respirar aquele ar. E, pra terminar, existe alguma força na ilha que drena aos poucos o mahou das pessoas, deixando-as enfraquecidas quanto mais permanecem no local.

Eril olha com espanto para Kore, tentando assimilar o que acabara de ouvir. Kore percebe sua perplexidade e tenta quebrar o gelo.

— Essas são as histórias que ouvi no monastério. Essa ilha é bem famosa lá, todos os monges querem visitar para treinar e desafiar os Shamargs.

— Me parece um tanto exagerada, mas não vou duvidar. Vocês monges são loucos de querer ir para um lugar desses.

Kore apenas sorri, concordando.

— Mas mais importante do que isso. — Kore engole seco. — Iremos encontrar o mais poderoso membro da lista. O poderoso Titan Radagart. Mal posso esperar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Opiniões e críticas construtivas são bem vindas.