ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 4
CAPÍTULO 3 | Primeiro Desafio


Notas iniciais do capítulo

O primeiro integrante do time finalmente é escolhido, porém, ele apresenta uma rara e estranha condição em seu Mahou.
Após deixarem a montanha, encontram o primeiro empecilho. Como lidarão com este problema?



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O artefato de Lisica mostrara uma situação incomum, uma pessoa cujo mahou é dividido por igual em todos os elementos.

De fato, a divisão de cada cor estava perfeitamente equilibrada em ambos os cristais. Azul, verde, marrom e vermelho divididos por igual em um lado e, da mesma forma, o branco e preto em perfeita harmonia do outro lado.

— Eu nunca ouvi falar de algo assim. — continua Lisica. — Teoricamente você pode aprender qualquer elemento.

— Há, isso é ótimo. — festeja o monge.

— Mas também quer dizer que você nunca será um exímio perito em nenhum deles.

A informação acaba cortando a alegria de Kore.

— Também nunca vi algo parecido. — informa a elfa. — Eu não saberia como treinar alguém assim.

— Realmente não sei dizer qual seria o mais adequado. — admite a mestra. — Mas vamos descobrir.

 

Enquanto Kore e Farkas discutem em um canto sobre os elementos, Eril se aproxima de Lisica.

— Bom, de qualquer forma, acho que minha parte do acordo está cumprida. Agora me indique quem irá no seu lugar, por favor.

Lisica pensa um pouco, ergue sua mão direita para cima e então abaixa rapidamente, apontando com o indicador para Kore.

— Ele.

Eril fica sem reação por alguns instantes.

— Você… só pode estar brincando, não é?

— De forma alguma. Ele pode não ser forte agora, mas tem um grande potencial.

— Lisica, me diga que isso é uma brincadeira. — implora a elfa, segurando a mestra pelos ombros.

— Vamos fazer um acordo. Você disse que temos alguns anos ainda antes da próxima cúpula. Se dentro de um ano e meio este garoto se mostrar um fardo, volte aqui e eu irei com você.

Eril olha nos olhos de Lisica e pensa por um instante.

— Me parece razoável. Se essa é a condição para você vir comigo, então eu aceito.

— Está confiante de que ele não vai servir para nada, não é?

— Não estou dizendo que ele é inútil, mas está muito longe de se tornar alguém forte o suficiente. Dez anos não seriam suficiente, que dirá um ano e meio.

— Então temos um acordo.

— Não sei como você consegue me convencer tão fácil.

— Acho que é um dom. — caçoa Lisica, com um largo sorriso.

Passado algum tempo, Farkas novamente se vai e o treinamento de Kore finalmente começa.

Lisica explica a teoria do Mahou e sobre os três selos.

Quando uma pessoa inicia na magia, ela precisa aprender a liberar o primeiro selo de Mahou, que consiste em uma amarra mental que, ao ser rompida, libera uma pequena parte do Mahou do indivíduo.

Esta amarra é liberada através de meditação.

Um indivíduo que libera este primeiro selo é capaz de utilizar Mahou como forma de nutrir seu corpo, se tornando mais forte. Também poderá utilizar em forma de ataques mágicos simples, como rajadas de Mahou em seu estado puro.

Ao liberar o segundo selo, o indivíduo é capaz de desenvolver controle sobre os elementos, primários e secundários, além de ganhar um aumento exponencial em seu poder, pois uma quantidade maior de Mahou é liberada, ficando à sua disposição. Atualmente Kore e Farkas liberaram apenas o primeiro selo, por isso não conseguem utilizar elementos.

O terceiro e último selo é extremamente difícil de ser liberado, mas ao fazê-lo, seu poder dobra, lhe dando acesso à totalidade do Mahou contido em seu corpo. O indivíduo também terá acesso aos chamados elementos avançados.

Kore realiza diversos treinamentos que castigam seu corpo e sua mente, além de simularem um combate, periodicamente, onde Lisica enfrenta Kore corpo à corpo, sem utilizar magia.

No final de cada dia, Kore mal pode se aguentar em pé, ficando mais esgotado a cada dia.

Ao término dos quinze dias, Eril e Kore reúnem algum alimento para o caminho e se preparam para a viagem.

— Não descuide do seu treino, Kore. — orienta Lisica. — Se você relaxar, vai perder todo o seu progresso. E não tente desenvolver todos os elementos ao mesmo tempo, comece se concentrando em apenas um à sua escolha. Iremos trabalhar com isso quando você voltar.

— Certo! Não vou te decepcionar.

— Eu sei que não. Lembre-se que é a minha reputação como mestra que está em jogo. Se você falhar, eu mesma acabo com você.

Eril, mais uma vez, não entende como aquela mestra tão poderosa pode ser uma mulher tão imatura, ao ponto de colocar sua reputação à frente da importante missão de Xibalba.

— Precisamos ir, senhorita Lisica. — balbucia a elfa. — Obrigado pela hospitalidade.

— Foi bom ter um pouco de movimento por aqui. Voltem quando puderem… ou quando esse garoto se mostrar um inútil.

Dessa vez é Kore que fica sério, mas logo recupera o humor, despedindo-se de Lisica com um aceno.

A dupla desce a montanha, dessa vez caminhando pela estrada de pedra. Kore observa ao seu redor e percebe que mal reparou no caminho durante os quinze primeiros dias onde subiu e desceu sem parar.

As quatro horas que levara para descer, naquela ocasião, agora se tornaram dez, caminhando em uma marcha acelerada porém tranquila.

No meio do caminho a dupla faz uma pausa para se alimentarem.

— E então, quem é o próximo da lista? — pergunta Kore.

— Baruc, um dos quatro imortais. Ele mora na outra montanha, após o vilarejo.

— Essa gente adora lugares altos. Posso dar uma olhada na lista?

— Está olhando para ela. — responde Eril, enquanto continua comendo, sentada em uma pedra.

Kore continua olhando para Eril e então começa a fechar um pouco os olhos, apertando-os, como se tentasse entender algo.

— Ah! Entendi! — deduz o monge.

— Sim, a lista está na minha cabeça. — complementa Eril, não acreditando na falta de perspicácia do monge.

— Qual deles é o mais forte?

A elfa pensa por alguns instantes. — Hum, com certeza o Radagart. Se ele aceitar, estamos feitos.

— Radagart? Acho que já ouvi falar. Não é um guerreiro shamarg?

— Não é UM guerreiro shamarg. Ele é O guerreiro shamarg. Os shamargs são guerreiros poderosos naturalmente, mas Radagart é diferente. O poder e a resistência dele são inimagináveis. Dizem que, além da força inacreditável, ele também é invulnerável. Seja magia, ataques físicos ou até armas mágicas, nada atravessa a couraça indestrutível que é sua pele.

— É possível existir alguém assim?

— É o que dizem. Ele é o que chamam de… Titan.

Os Titans são pessoas que nascem com um poder muito acima do normal. Eles surgem de tempos em tempos e em um número não maior do que dois a cada era.

— Titans! — exclama Kore. — Ouvi dizer que existe um trabalhando para o Império Mundial. Então  Radagart é o segundo. Sabe que existe um risco enorme em ir ao encontro de um cara que pode nos esmagar como se fossemos formigas, certo?

— Eu sei. — afirma Eril, apreensiva. — Mas eu preciso tentar.

— Vamos reunir as pessoas de que você precisa, Eril. Eu prometo. — enquanto se prepara para prosseguir a viagem, após ter terminado de comer.

— Se você puder me ajudar nisso, já terá sido útil.

A dupla levanta acampamento e segue a viagem, avistando o vilarejo ao longe.

Após um dia inteiro de viagem, já com o Sol baixo, Kore e Eril finalmente chegam ao vilarejo. Logo que adentram, são avistados pelo vendedor do Macaco de Chapéu, Kore acena mas, estranhamente, o dono ignora, voltando para dentro da loja.

Por algum motivo, as pessoas da cidade parecem mais tensas e olham de longe para os dois forasteiros. Kore e Eril percebem, mas prosseguem para a estalagem mais próxima, pedindo por dois quartos. O dono da estalagem parece estar com medo da dupla mas, após observá-los por um tempo, parece se acalmar.

— Algum problema, senhor? — pergunta Kore, se referindo à hesitação do dono da estalagem.

— Me desculpem, todos na cidade estão temerosos desde que os bárbaros apareceram à seis dias atrás. Desde então já fomos atacados duas vezes.

— Não há guardas na cidade? — pergunta Eril.

— Somos um vilarejo pacífico, guardado pelo nosso anjo protetor, mas ele não veio nos salvar ainda.

— Anjo? — estranha a elfa. — Um anjo de verdade?

— Sim. Ele é o nosso protetor. Sempre nos ajuda nos momentos de dificuldade, mas desta vez está atrasado. De qualquer forma, ele virá, tenho certeza.

O estalajadeiro lhes entrega as chaves e a dupla sobe uma escadaria, onde ficam seus quartos. Enquanto caminham pelo corredor, ambos pensam na história que acabaram de ouvir.

— Um anjo. — balbucia o Kore. —  Você acredita nisso?

— Não vejo porque não possa ser real. Mas o que me preocupa são estes bárbaros. Deveríamos ajudá-los?

— Acho que nós já temos nossos próprios problemas. — responde, enquanto abre a porta de seu quarto.

— Espero que esse tal anjo ajude esta gente. — diz Eril, que continua pelo corredor, de encontro ao seu quarto, mais à frente.

A noite cai, a cidade dorme aparentemente tranquila, as ruas são iluminadas por algumas tochas presas em postes e pela luz da lua, que reflete fortemente na ponta da lança, empunhada pela estátua do anjo, localizada na fonte do centro da cidade.

Em meio à madrugada, um lamurio quebra o silêncio, mesmo que muito baixo. Um grupo de homens fortes, vestindo, em sua maioria, peles de animais, portando machados e espadas, aterroriza um pequeno grupo de pessoas, não mais do que dez, em meio à rua. As pessoas cobrem suas próprias bocas com as mãos, como ordenado pelos homens, que parecem não quererem alarde, sinalizando com o dedo indicador próximo à boca.

Alguns dos homens amarram as pessoas próximo à uma árvore enquanto entram em algumas casas para saquear.

Kore acabara de acordar no meio da noite, algo parecia lhe incomodar e lhe tirar o sono.

Como que guiado pelo instinto, o monge se aproxima da janela, observando pelas frestas a rua que, ao invés de deserta, está movimentada.

Rapidamente ele percebe se tratar de saqueadores, alguns roubando os estabelecimentos enquanto outros ameaçam as pessoas amarradas, que choram em silêncio. Kore pensa por um instante e reluta.

— Isso não é problema meu, isso não é problema meu. — repete para si, enquanto aperta os punhos. — Droga!

Vencido pela sua própria consciência, o monge salta pela janela, caindo com ambos os pés nas costas de um dos bandidos, desmaiando-o e voltando a atenção dos demais para ele.

Kore conta um total de doze homens, sendo que o primeiro jazia abaixo de seus pés.

Em uma reação já esperada, os bandidos correm na direção de Kore, com suas armas em punho, mas o monge não se amedronta e avança na direção dos oponentes, usando apenas o corpo como arma.

É visível que os inimigos, apesar de atacarem o monge, estão tendo o cuidado para fazer o mínimo de barulho possível, porém, Kore não parece se importar muito com isso. Ele desvia de um machado vindo de sua direita, acertando com o lado da mão no pescoço do oponente, que larga sua arma para colocar ambas as mãos na garganta, então este é chutado no lado da cabeça, sendo nocauteado.

— Maldito, MATEM ESSE FEDELHO. — berra um dos homens, deixando de lado a discrição.

Kore avança na direção de outro, que o ataca com uma espada curta. O monge é rápido e o detêm, segurando pelo pulso do oponente e então chutando seu abdômen, fazendo-o largar a espada. Kore pega a lâmina ainda no ar, salta e chuta novamente o oponente, desta vez no rosto, fazendo-o girar no próprio eixo e então caindo no chão, desacordado.

Saltando por cima de um grupo, Kore corre na direção dos reféns e corta as amarras com a espada.

— Saiam daqui, rápido. — ordena o garoto.

As pessoas correm na direção oposta à do embate, ao contrário do monge, que é surpreendido por um dos bandidos, que tenta lhe golpear pelas costas com um machado de duas mãos.

Com sua velocidade, o monge desvia à tempo e então golpeia o oponente com um soco no diafragma, de forma que ele se curve pela dor, abaixando assim a cabeça. Aproveitando a situação, Kore o golpeia com o cabo da espada, na nuca de seu atacante, que cai no chão, vencido.

Os que foram libertos, agora correm e batem nas casas, alertando as demais pessoas do perigo e fazem com que, a maioria, abandone suas casas. Em pouco tempo há uma multidão nas ruas, fugindo do vilarejo.

Enquanto luta, Kore acha estranho a situação. Por mais que aquelas pessoas não estejam acostumadas com um ataque daqueles, eram apenas doze homens, não havia motivos para tanto pânico. Foi quando o monge entendeu o motivo do alarde. Um pequeno exército, com pouco mais de cinquenta bárbaros, alguns humanos e outros orcs, invade a cidade, já quebrando tudo em seu caminho.

Ao que parece, um dos bandidos foi chamar reforços.

— OS BÁRBAROS! OS BÁRBAROS! — grita um senhor em meio às ruelas, alertando as pessoas que ainda estavam em suas casas.

De fato, eram bárbaros. Enquanto alguns quebravam portas e janelas, arremessando pedras ou com suas próprias armas, outros traziam tochas e ateavam fogo em tudo que podiam.

A pacata vila acabara de se tornar um verdadeiro inferno.

— Mas que droga! — exclama Kore. — Eu sabia. Isso não era problema meu.

Neste momento, de forma anormal, as labaredas das chamas nas casas parecem serem sugadas, todas para um único ponto, criando uma bola de fogo de um metro de diâmetro, flutuando próximo ao chão no meio da cidade. As chamas são completamente sugadas, deixando as casas em segurança. Em frente a bola de fogo, está a maga elemental Eril, que parece moldá-la de longe com os movimentos de sua mão e do cajado. No momento em que ela assume uma forma completamente esférica, a bola de fogo é lançada no meio do exército de bárbaros, explodindo como uma bomba.

Alguns bárbaros são carbonizados, ficando imediatamente fora de combate, outros pegam fogo e rolam no chão, tentando apagar as chamas.

Kore aproveita a distração para derrotar rapidamente os oponentes restantes, ao seu redor, golpeando-os em pontos vitais.

Alguns dos bárbaros, que adentram o vilarejo, se armam com arcos e disparam uma rajada de flechas contra a dupla.

Kore salta e se refugia atrás da estátua do anjo, enquanto Eril lança uma rajada de fogo na direção das flechas, destruindo as que iam ao seu encontro. Algumas pessoas são atingidas pelo ataque dos bárbaros, alguns ficando gravemente feridos.

A investida continua até que cessam seu ataque e se voltam para alguém que vem de trás dos bárbaros.

O pequeno exército se divide em dois grupos, deixando o espaço livre entre eles para que a figura que surgiu possa passar.

Trata-se de um humano com mais de dois metros, extremamente musculoso, utilizando uma calça marrom e uma capa feita de pele de animal. O homem enorme porta uma alabarda e tem o corpo coberto por cicatrizes.

Os demais bárbaros festejam enquanto o guerreiro passa.

Kore se aproxima de Eril, que está mais próxima dos bárbaros. O homenzarrão caminha até ficar bem próximo aos nossos heróis.

— Digam seus nomes. — ecoa a voz do bárbaro, como um trovão.

— Porque deveríamos? — responde Eril.

— Inimigos valorosos merecem ter seus nomes escritos em suas lápides.

Kore sua frio, mas Eril não se abate.

— Se quer saber o nome de alguém, é educado dizer o seu primeiro. — retruca a elfa.

— EU SOU ABGARD, O BÁRBARO!. — vocifera enquanto força seus músculos, salientando-os.

— Me chamo Eril. Prometo que colocarei seu nome em sua lápide. Isso se sobrar algo de você, no final.

— Eu me chamo K…

— Você tem coragem, pequenina. — interrompe o bárbaro, ignorando o monge. — Se for boazinha, posso lhe dar a honra de passar a noite comigo e verá o que é um homem de verdade.

— Hei, eu não permi...

— Isso se sobrar algo de você, depois de passar a noite com o grande Abgard. — diz o bárbaro, interrompendo novamente a fala do monge.

Irritado por ser ignorado, Kore se lança contra Abgard, tentando atingí-lo pela esquerda, porém, o homenzarão apenas ergue sua mão esquerda e a abaixa rapidamente, golpeando o rosto de Kore, que cai no chão, sangrando.

Após golpeá-lo, Abgard tenta pisar em sua cabeça, mas Kore rola para o lado, se afastando do oponente. Kore não esperava tamanho peso da mão do bárbaro, muito menos que ele o pudesse pegar em movimento, como acabara de fazer.

— Tenha mais cuidado, Kore. — orienta Eril. — Bárbaros podem não ser tão rápidos, mas seus instintos são apurados como os de um animal. Mesmo sem te ver ele vai saber a hora certa de atacar.

Eril cria uma esfera de fogo em sua mão e a lança contra o oponente, repetindo a ação várias vezes. As diversas bolas de fogo atingem seu alvo, que protege o rosto com sua alabarda, porém, todo resto do corpo é atingido. O bárbaro fica chamuscado, mas não parece se importar muito.

— Uma brecha! — exclama Kore, percebendo que o inimigo está com a visão coberta pela alabarda.

O monge faz menção de que irá avançar, mas seu pé trava. Era uma cilada. Como disse Eril, o bárbaro pode atingi-lo sem nem mesmo olhar, apenas usando seu instinto apurado. Por outro lado, o monge pensa que, se ele não atacar, nada vai acontecer. E parte para cima do oponente.

O monge se aproxima pela direita e é atacado com a parte de baixo da alabarda, que possui uma ponta de lança. Kore desvia, passando por baixo e consegue golpear o abdômen de Abgard, com um chute, porém, o bárbaro parece mal sentir o ataque.

Kore então salta para golpear o rosto do oponente com um soco, o bárbaro, então, golpeia de volta o punho do monge com uma cabeçada. Kore é que é empurrado para trás com o impacto, enquanto Abgard continua fixo no mesmo lugar.

— Vá embora enquanto pode, fedelho. — desdenha o gigante. — Isto sequer é uma luta. Deixe isso com sua amiguinha, ela parece oferecer mais resistência.

Kore parece não gostar de ser subestimado e parte para cima novamente, desviando mais uma vez da alabarda, que passa por cima de sua cabeça, porém, desta vez o bárbaro o atinge com um chute no peito, lançando-o longe.

Eril concentra energia em seu cajado e então lança um raio de fogo, que deixa um rastro no ar, indo em direção ao inimigo. Este, ergue sua alabarda, desta vez com ambas as mãos, e abaixa rapidamente, cortando o ataque da elfa, dividindo-o em dois raios, que acabam atingindo alguns bárbaros atrás de Abgard.

Eril percebe que seu oponente é forte e parece temerosa.

Desta vez é o bárbaro que ataca, avançando na direção da elfa. Ele golpeia com sua arma, mas Eril desvia, fazendo com que a lâmina atinja o chão, onde abre uma pequena fenda com o impacto. Eril salta para trás  e então, com um movimento das mãos, um tornado surge ao seu redor e a suspende no ar, pousando-a em cima de uma casa, longe do alcance do enfurecido bárbaro.

— Acha que pode fugir de mim ficando longe do meu alcance?

Ele ergue novamente sua alabarda e, junto à um urro animalesco, o bárbaro abaixa sua arma com rapidez, golpeando o solo e fazendo com que uma onda de energia, saída da ponta da alabarda, corra pelo chão, cortando-o. A energia segue na direção da casa e, ao tocar nela, sobe pela parece, cortando-a também e indo na direção da maga, que salta para o lado, tendo a ponta dos cabelos cortada pelo ataque.

— Este é o meu alcance. — vocifera o monstro.

A casa atingida estremece, tendo sua estrutura comprometida. De cima dela, a elfa prepara mais um ataque, mas o bárbaro se antecipa e chuta uma parede mais sólida da casa, destruindo-a e fazendo com que a casa desmorone completamente.

Eril, que estava preparando um ataque, é pega de surpresa, e cai junto da casa.

A elfa fica presa em meio aos escombros e, apesar de ter força para removê-los, não parece que terá tempo suficiente para isso, pois o bárbaro prepara novamente seu ataque à distância.

Eril tenta desesperadamente se livrar dos escombros com rapidez, mas o bárbaro lança sua onda de energia, que corta tudo em seu caminho. O ataque segue na direção da elfa e, quando está prestes a atingir o alvo, Kore se lança na frente do golpe, recebendo um corte na diagonal, que fere seus braços, que estavam cruzados na frente do corpo para defender e, de alguma forma, também fere seu tórax. O monge cai no chão, sangrando bastante mas ainda consciente.

Eril consegue se livrar dos escombros e se aproxima do monge caído.

— Esse cara é forte demais pra mim. — admite Kore. — Isso é tudo que eu posso fazer.

— Não sei se posso vencê-lo.

— Nós sequer começamos essa missão e já vamos acabar aqui? Não pode ser assim.

Nesse momento, como por um milagre, os bárbaros parecem ser atacados por um segundo exército.

Vários homens e mulheres, de várias raças diferentes, utilizando uniformes, atacam os invasores. Eril imediatamente reconhece o emblema, ostentado pelos soldados, alguns o carregam no braço outros no peito.

— O Império Mundial!

A batalha é acirrada, até que um homem, visivelmente de patente maior no exército do Império Mundial, entra na batalha, derrotando diversos bárbaros rapidamente. Ele avança na direção de Kore e Eril e encara o líder dos invasores.

— Acabou, Abgard. — informa o guerreiro.

Ele tem estatura média, é negro, cabelo raspado e utiliza uma armadura de cavaleiro, um escudo no braço esquerdo e uma espada na mão direita.

— Acabou para quem? — retruca o bárbaro. — É apenas mais um para eu esmagar.

O gigante parte para cima do cavaleiro, que defende o golpe da alabarda com o escudo. O cavaleiro tenta atingir o inimigo com sua espada, mas o bárbaro é ágil, apesar do tamanho, e consegue defender o golpe com sua arma.

Abgard chuta o cavaleiro com força e, apesar de se defender com seu escudo, é lançado para trás.

Mais uma vez o  bárbaro prepara seu ataque à distância mas, repentinamente, é atingido em cheio por uma bola de fogo saída de um vortex, acima de sua cabeça. O cavaleiro se volta pra trás e percebe que foi Eril que lançou a magia.

Abgard se ajoelha, segurando-se em sua alabarda. Ele se levanta novamente e, apesar de surpreso, não parece tão ferido.

O bárbaro olha para trás e percebe a iminência da derrota de seu exército, olha para frente e vê dois inimigos fortes, com os quais teria muita dificuldade de lidar sozinho. Após pensar um pouco, o bárbaro decide pela saída mais covarde. Ele prepara seu ataque e, visivelmente, mira alguns inocentes ao longe, que não conseguiram fugir do vilarejo.

O cavaleiro do Império Mundial percebe e corre para salvá-los. O gigante lança seu ataque, que vai cortando o chão em seu caminho. Eril percebe que o cavaleiro não irá chegar a tempo e então lança um turbilhão de vento no aliado, empurrando-o com rapidez até seu destino. Ele se coloca na frente do ataque com seu escudo e consegue absorver o golpe por completo, salvando as pessoas do vilarejo que estavam na mira do bárbaro.

Após se certificar da segurança dos inocentes atrás dele, o cavaleiro se volta para Abgard, mas este foge por entre as casas.

Após passar por um beco estreito, ele lança novamente seu ataque, desta vez na horizontal, cortando uma das casas que desmoronam, bloqueando o caminho atrás dele.

— Droga, ele fugiu. — esbraveja o cavaleiro.

Os demais bárbaros são capturados, apesar de alguns conseguirem fugir, e o exército do Império Mundial festeja a vitória.

O cavaleiro se aproxima de Eril, que está ao lado de Kore. O monge está sentado, escorado em uma pedra, bastante ferido.

— Ele precisa de ajuda. — diz o guerreiro de armadura, enquanto se volta para um soldado ao seu lado. — Chame o nosso alquimista para fazer os primeiros socorros.

— Obrigado. — agradece a elfa. — Se não fosse por você, não sei o que teria acontecido.

— Ele fugiu mas pelo menos evitamos algo ainda pior. Espero que nenhum inocente tenha morrido. Me chamo Darin, sargento do Império Mundial. Quem são vocês?

— Meu nome é Eril e este é Kore. Só estávamos de passagem, quando tudo aconteceu.

— Você é uma maga, certo? Foi seu ataque de fogo que espantou aquele grandalhão, e seu ataque com o vento que me fez chegar à tempo de salvar aquelas pessoas, então sou eu que tenho que agradecer.

— Hei, eu também ajudei. — diz Kore, sentindo-se excluído da conversa.

— Claro, me desculpe. — explica-se o cavaleiro. — É que quando cheguei já o vi ferido, então não sabia se você também tinha lutado. Bom, vou ajudar na busca, podem haver mais feridos. Se precisarem de qualquer coisa, é só me procurar.

Kore fica cabisbaixo e Eril percebe.

— O que foi? Deu tudo certo, no final.

— Eu sei. — responde o monge. — Só estou frustrado por não ter conseguido fazer nada contra aquele cara. Eu sei que ainda estou fraco, mas achei que ia pelo menos conseguir ajudar, mesmo que um pouco. Isso é muito frustrante.

— Bom, você ajudou muito quando ficou na frente daquele golpe. Foi uma atitude nobre.

— Só você tinha alguma chance contra ele, se você caísse, já era.

— De qualquer forma eu agradeço. Mas isso me mostrou o quão fraca eu também sou. Fiquei tão focada em conseguir parceiros poderosos para essa missão que não percebi que eu é que poderia acabar atrasando o time pela minha fraqueza. Vamos ter que nos preparar, Kore. Os desafios à nossa frente serão muito piores.

— Eu sei. — responde o monge, recuperando um pouco do ânimo. — Não serei mais um fardo. Vou ficar mais forte, muito mais forte, aí vamos acabar, de uma vez por todas, com essa invasão. Isso é uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Opiniões e críticas construtivas são bem vindas.