ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 39
CAPÍTULO 38 | Monstros


Notas iniciais do capítulo

De volta a Tuonela, Voughan mostra o resultado de seu treinamento.
Enquanto isso, Kore está desconfortável por ter sido enviado em uma missão do Império Mundial junto com um sargento da raça kemono, que ele tanto odeia.
Os monstros verdadeiros surgirão, à partir de agora.



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A neve caía sobre o terreno árido e uma intensa e sanguinária batalha estava em andamento.

Bárbaros e shamargs guerreiam em seu já conhecido ritual periódico de carnificina, próximo à fenda de entrada da cidade, na ilha Tuonela.

O sangue jorra e à baixas para ambos os lados.

Em meio à confusão, uma figura atravessa a fenda, vindo do continente.

Um shamarg alto e de ombros largos, mas não tão musculoso quanto a maioria.

É Voughan, retornando de seu treinamento no monastério com o mestre Jinukai.

Ele caminha em meio da batalha, sem se envolver em nenhuma luta, como se procurasse por algo ou alguém.

No caminho, alguns bárbaros tentam atacá-lo, mas ele apenas desvia, ignorando os inimigos, que acabam desistindo da investida e entram em outra briga.

Na batalha, um shamarg mais alto que a maioria se destaca, derrotando vários bárbaros sozinho, é Beimog, o adversário de infância de Dabba.

Ele avista Voughan, chegando no local e segue em sua direção, enquanto acaba com os bárbaros que encontra no caminho.

— Ora, ora, ora! Veja quem voltou para a cidade. — recepciona Beimog. — Você adora passear lá fora, não é? Quando você fica tanto tempo fora assim é como se nossas lutas zerassem, então tenho que te dar outra surra pra manter meu placar.

Um bárbaro atinge o braço de Beimog com um machado, causando um corte pequeno, que o shamarg interpreta como se não fosse nada.

Ele segura a cabeça do bárbaro com sua mão enorme e a empurra para baixo, chocando a cabeça do bárbaro contra o solo, desmaiando-o instantaneamente, deixando uma poça de sangue e uma pequena cratera no chão.

Voughan permanece imóvel e quieto.

— E então, não vai dizer nada? — provoca. — Eu devia esperar essa batalha terminar, mas seu jeito me irrita. Vou te deixar nessa pilha de corpos, com os bárbaros.

Beimog estica a mão, tentando pegar Voughan pelo ombro, mas ele desvia, dando um passo para o lado.

Incomodado por não conseguir pegar o alvo, Beimog tenta golpeá-lo com o punho, mas novamente Voughan desvia.

— Não vai revidar? — já irritado. — Então vou esmagar sua cabeça, como fiz com a daquele bárbaro.

O ataque de Beimog fica mais violento e ele golpeia diversas vezes com os punhos, mas Voughan continua a escapar, até que um dos socos vem com mais precisão, sem que ele tenha tempo para desviar, porém, consegue defender o golpe com o braço.

— Que porcaria você está fazendo? Esqueceu como se luta?

Enquanto Beimog retruca, Voughan posiciona seus pés e tronco, colocando-se na postura de luta ensinada no monastério. Ele se prepara, impulsiona-se com a perna direita ao mesmo tempo em que gira o tronco e desfere, com seu punho direito, um poderoso soco, atingindo o maxilar de Beimog.

O impacto causa um estrondo que é ouvido por todos que estavam próximos e Beimog é arremessado longe, derrubando dezenas de guerreiros no caminho e caindo no chão desacordado, com a couraça de seu crânio trincada.

A batalha prossegue e Voughan continua apenas desviando dos ataques e lutando apenas quando necessário, como se aguardasse por algo.

Alguns minutos se passam e mais da metade dos guerreiros está no chão, enquanto os demais estão, em sua maioria, muito feridos ou cansados. Voughan é um dos poucos em pé e possui apenas um leve machucado em seu braço, onde sua couraça trincou um pouco.

A calmaria dura pouco tempo, até que um tremor chama a atenção de todos.

Algumas rochas caem da montanha próxima a entrada e um buraco se abre nela, por onde sai uma enorme criatura de cerca de cinquenta metros. Sua pele escura era grossa, semelhante à casca das árvores, ainda sim sua musculatura era aparente.

Seus olhos vermelhos observam os guerreiros ao redor e ele inala com força o ar.

— Que adorável cheiro de sangue! — diz o gigante Real, mostrando seus defeituosos dentes em um sorriso amedrontador. — Venham me dar mais cicatrizes, guerreiros pequeninos. — batendo no peito, em cima de uma grande cicatriz em forma de xis.

Todos os bárbaros e shamargs que ainda possuem forças para lutar partem para cima do gigante, enquanto urram como animais.

Voughan fica imóvel, apenas observando o ataque.

A batalha é mais para um massacre, já que poucos conseguem causar algum dano ao monstruoso humanóide.

A grande maioria já está caída, quando Voughan decide se aproximar.

— Seu nome é Valus, estou certo? — pergunta ao gigante, chamando sua atenção.

— É como me chamam, pequenino. Você não parece tão entusiasmado quanto os outros. Por acaso está com medo?

— Estava esperando os outros terminarem. Quero enfrentar você sozinho.

— Ah! Então é o contrário. Você é mais corajoso que eles. Vou gostar de partir sua espinha.

Ao ouvirem a conversa, os guerreiros que ainda tentavam lutar decidem se afastar e assistir a luta, curiosos para saber o que aquele shamarg tinha em mente ao tentar lutar sozinho.

Sem mais delongas, Valus ergue seu enorme punho e o abaixa rapidamente, tentando esmagar Voughan, que salta para o lado, desviando do golpe.

O impacto do punho estremece o chão, derrubando os guerreiros mais feridos que ainda insistiam em ficar de pé.

Rapidamente Voughan se aproxima e, com a postura ensinada por Jinukai, desfere um forte soco contra o calcanhar do gigante, que o desequilibra.

Aproveitando, Voughan salta até a parte de trás da perna direita do monstro, chutando com ambos o pés e fazendo com que um dos joelhos de Valus toque o chão.

Ele corre ao redor, tentando chegar a lateral do gigante, mas é surpreendido por um golpe com as costas das mãos da gigantesca mão do monstro, que lança Voughan longe, batendo de costas no rochedo da montanha.

Apesar do golpe não ter saído com toda a força, pela posição em que o gigante se encontrava, a couraça das costas de Voughan, bem como a dos braços, que ele usou para se proteger, ficam trincadas e ele sangra.

— Você é ousado, pequenino. — diz Valus, enquanto se aproxima. — Mas no fim das contas era só isso.

Voughan se esforça para se levantar mas o gigante já está perto.

Ao olhar para cima ele avista um enorme pé abaixando sobre ele devagar, Voughan se levanta e tenta segurá-lo.

Mesmo esforçando-se ao máximo, o shamarg é empurrado para baixo e acaba se ajoelhando, enquanto afunda no chão, que começa a ceder.

— Adeus! — diz o gigante, colocando ainda mais peso em cima do shamarg.

Os outros guerreiros já dão a morte de Voughan como certa e preparam-se para voltar a lutar, quando ouvem um estrondo seguido de vento.

Todos procuram ao redor, tentando descobrir de onde veio o som e percebem que o ar em movimento vinha do que estava debaixo do pé do gigante.

Os olhos arregalados de shamargs e bárbaros deixam claro que algo incomum acabava de acontecer.

Uma aura branca, como uma chama que se movia de forma violenta, empurrando o ar ao redor, emana do corpo de Voughan. Com isso ele agora consegue empurrar, mesmo que com dificuldade, o pé de Valus de volta, e o monstro acaba dando um passo para trás, retirando o pé de cima do shamarg.

Agora o gigante também está estupefato com o que via.

— Quem diabos é você? — pergunta o gigante. — Shamargs não podem usar magia.

Voughan, ofegante pelo esforço, se recompõe e olha para suas mãos, observando aquela energia que fluía de seu corpo.

— Shamargs não podem usar mahou. — responde Voughan. — Mas isso não é mahou, é Ki. É a mesma energia que os bárbaros usam. Ao que Parece nós shamargs renegamos tanto as magias que nem mesmo aprendemos a usar o Ki, apesar de ser algo que está ao nosso alcance.

— Isso não quer dizer nada. — vocifera o monstro. — Os bárbaros usam isso contra mim e o resultado é o mesmo. — correndo na direção de Voughan.

— Shamargs enfrentam os bárbaros, que usam armas e Ki. Nós usamos apenas nossa força e nossos punhos, ainda sim lutamos de igual pra igual com eles. Agora vou te mostrar o que acontece quando um shamarg decide usar o Ki.

Voughan posiciona-se como se fosse saltar, aguarda Valus aproximar-se e libera seu Ki novamente. Quando o gigante chega perto, Voughan se impulsiona com força com seus pés no chão, de forma a quebrar o solo e saltando com uma velocidade impressionante, projetando-se contra o peito de Valus e atingindo-o violentamente com seu ombro em um estrondo que ecoa pela entrada da cidade.

O gigante cai de costas no chão, segurando o local em que foi atingido, encolhendo-se de dor.

— Você matou o bárbaro que assassinou meu pai. — diz Voughan para Valus. — Por isso não tenho nada contra você. Só precisava testar minha força e você era o melhor dos desafios.

— Vou arrancar sua cabeça agora mesmo, seu inseto. — recompondo-se do golpe e arrancando uma árvore do chão.

Utilizando a árvore como um bastão, ele tenta golpear Voughan, que destrói a árvore com um chute. Em seguida, Voughan salta no paredão vertical da montanha e se impulsiona nele com os pés, projetando-se desta vez contra a cabeça do gigante e golpeando-o fortemente com um soco no maxilar.

O gigante cai pela segunda vez, impressionando a todos os guerreiros ali presentes.

 

Longe dali três pequenos pelotões do Império Mundial, cada qual com seu sargento e liderados por um tenente, acabam de atracar de navio em uma ilha selvagem.

Entre os sargentos está Kore, liderando seu próprio pelotão em mais uma missão.

Junto à ele está a sargento Mhandra, uma mulher de cabelos raspados e olhos amarelos que utiliza uma toga como vestimenta. Possui um ponto vermelho no centro da testa e um olhar penetrante, sempre muito séria.

O terceiro sargento é Hireyama, um guerreiro pantera negra humanóide, utilizando uma armadura branca de cavaleiro com uma cruz no peito e nos ombros. Em suas costas, um enorme escudo triangular e uma espada.

Liderando os três sargentos e seus pelotões está Darin, que caminha na frente de todos.

Kore se aproxima de Mhandra, conversando baixinho.

— O Darin está tendo sucesso em todas as missões, ultimamente. — cochicha. — Essa missão é bem importante, se a completarmos ele certamente estará no caminho para se tornar um capitão. Espero que ele consiga.

— Também torço por ele. — responde Mhandra. — Mas por hora espero apenas que você acalme seu espírito. Está sendo muito incômodo para mim.

— Do que está falando?

— Você esteve inquieto a viagem inteira e seu espírito se encheu de ódio quando desembarcamos. Não sei o que lhe aflige, mas peço que você se acalme.

— O motivo sou eu. — responde o sargento Hireyama, intrometendo-se na conversa. — O sargento Kore odeia a raça kemono por isso não aceita estar na mesma equipe que eu.

O monge fecha o cenho e olha para o outro lado, visivelmente irritado.

— Até quando vai me ignorar, sargento Kore? Estamos do mesmo lado. Não pode deixar esse seu preconceito de lado por um instante?

Kore continua sem responder.

— Somos apenas animais para você, não é? Não consegue nos enxergar como nada mais além de animais e escravos.

— Não me importa que sejam animais e escravos. — responde Kore, de forma seca. — O que me incomoda é serem assassinos sem coração. Quando seus instintos afloram vocês se tornam descontrolados e matam sem pensar. Não são confiáveis.

— Essa bobagem do instinto de novo? Isso foi apenas um boato que vocês humanos propagaram para denegrir a imagem dos kemonos.

— Ah é? Diga isso para as pessoas da minha cidade que vocês mataram, entre elas a minha avó. Eu estava lá, eu vi tudo. Vi o descontrole, a matança desenfreada por prazer.

— Então porque um grupo de kemonos é mau significa que todo o resto também é? Vai me dizer que não existem grupos de humanos que também fazem isso? Humanos que matam por prazer. Não existem?

— Não é a mesma coisa!

— Claro que não é. — responde Hireyama, de forma irônica. —  Quando é um humano matando ou escravizando um kemono, tudo bem, certo? Pois saiba que a sua raça fez coisas muito piores com a minha do que o contrário. Os kemonos, em sua maioria, são calmos e pacifistas. Não é a toa que a maioria de nós é escravo. Se alguém aqui deveria ser revoltado, deveria ser eu.

— Claro que são pacifistas, até a hora em que seu instinto falar mais alto, aí viram assassinos.

— JÁ CHEGA! — diz a voz grave do tenente Darin. — Vocês não estão aqui para brigarem, estão aqui para uma missão importante. Me disseram que vocês eram sargentos tão fortes quanto a maioria dos tenentes, que eram os melhores, mas o que vejo aqui são crianças brigando sem profissionalismo algum. Se completarem essa missão com sucesso, ficarei feliz em lhes dar indicações, assim que me tornar capitão. Mas se acham que não podem trabalhar em equipe, peço que aguardem no navio até nosso retorno.

Os dois sargentos abaixam as cabeças, envergonhados.

— Vocês irão conseguir trabalhar em equipe? Ou irão estragar minha missão?

— Trabalharemos em equipe, tenente Darin! — respondem os dois, em coro.

— Ótimo! Agora vamos em frente.

Os três sargentos caminham lado a lado, logo atrás de Darin, enquanto seus pelotões os seguem.

Um silêncio fúnebre dura alguns minutos, até que Hireyama quebra o gelo.

— Peço desculpas de minha parte, sargento Kore. Deixei minhas emoções falarem mais alto e julguei você sem saber da sua história. Falhei como paladino em reconhecer que seu ódio não vem da maldade. Ainda tenho muito o que aprender e espero que me perdoe. Não precisa falar comigo se não quiser e também não espero que deixe de odiar a mim ou a minha raça, mas espero que um dia encontre a luz da compreensão, e aí então você ficará em paz consigo mesmo.

— Apenas cale-se! — resmunga Kore para si, de forma ininteligível.

Por entre a mata fechada o grupo avança pela ilha, cortando árvores e galhos no caminho até chegarem à uma clareira.

Em frente, duas pequenas montanhas com os dois únicos caminhos viáveis para continuar.

Darin decide dividir o grupo. Kore e Mhandra seguem pela montanha da esquerda, seguidos de metade dos pelotões, enquanto Darin e Hireyama seguem pela montanha da direita, com o restante dos soldados.

Mhandra enrola faixas em suas mãos, que retirou de sua mochila, acabando por deixá-la aberta e com seu conteúdo à mostra.

Kore aproveita a ausência de Hirayama para conversar.

— Hei, porque você carrega uma muda na sua mochila? — avistando uma planta na mochila, dentro de um globo de vidro.

— É segredo. — responde a garota. — Quanto menos pessoas souberem, melhor será para a missão.

— Então tem a ver com a missão? Bom, não vou te incomodar com perguntas. Espero que me conte quando terminarmos.

— Você saberá.

Kore olha para a montanha ao lado e percebe Darin e Hireyama, escalando ao longe.

— É claro que ele ia me separar daquele cara. Ele não deveria nem estar nessa missão. Quanto mais ele fala, mais ódio dele eu tenho.

— Ele te pediu desculpas no final, mesmo isso lhe irritou? Porque?

— Porque tudo o que ele disse estava certo.

Mhandra deixa escapar um sorriso de aprovação.

— Isso quer dizer que seu ódio é mais contra você mesmo do que contra a raça dos kemonos. Você está travando uma batalha interna, meu amigo, e espero que o lado certo vença.

Ao terminarem a subida, ambos os grupos chegam ao mesmo tempo no ponto mais alto de suas respectivas montanhas.

Uma imagem no mínimo curiosa é avistada, depois da descida das montanhas.

Equipamentos tecnológicos estão espalhados pelo local, vários tubos de ensaio, canos, tubos e fios iluminados ligam os equipamentos à uma estranha rocha oval muito lisa de quase trinta metros, no centro de tudo.

Darin faz um sinal com a mão, indicando à todos que sejam discretos.

Eles avançam para o outro lado da montanha em uma descida íngreme, segurando-se em raízes que brotavam do solo.

Quando o último soldado completa a descida, Darin decide aproximar-se da estranha rocha, em formação, cuidando qualquer movimento que possa vir de qualquer um dos lados.

Ao chegarem perto, uma figura que se escondia atrás da estranha rocha se apresenta.

— Ora, ora! Veja quem temos aqui. — com certo espanto no rosto, mas ainda sim sorrindo.

Cabelos compridos e brancos, magro e com um sobretudo branco, semelhante à um jaleco, o homem já é conhecido de Darin, mas os olhos do tenente demoram alguns instantes para acreditarem no que vê.

— Doutor Tawiata! — exclama Darin, fechando o cenho.

— Em pessoa! Como vê, eu retornei dos mortos novamente.

— Porque não mostra sua verdadeira forma?

— Do que está falando, tenente? — questiona de forma irônica.

Hireyama dá um passo para frente, concentra uma energia em seu escudo, ajoelha-se e então bate com sua espada no escudo, liberando uma onda de energia luminosa.

Quando esta energia luminosa atinge Tawiata, sua forma se modifica e ele torna-se uma criança.

— Eu vi você morrer à dois anos, doutor. — diz Darin. — É claro que aquela forma de agora pouco era apenas ilusão. Sei bem como funciona sua “imortalidade”. Após morrer, você liga sua alma à um feto ainda na barriga da mãe, nos primeiros meses de vida. Você toma posse daquele corpo e nasce no lugar dele, com sua consciência intacta. Roubar o filho de uma família é de uma monstruosidade que só podia vir de você. Hoje você não irá escapar. Está preso em nome do Império Mundial por possessão de corpos de indefesos e por realizar experimentos proibidos. Agora venha comigo.

— Você é realmente um incômodo, tenente. — diz Tawiata, com uma voz aguda ainda em seu corpo de criança. — Mas hoje não irei fugir. Pelo contrário, aconselho que vocês fujam enquanto ainda podem.

Tawiata gesticula com os braços, recriando sua ilusão e ficando com a aparência de adulto novamente.

Ele caminha até um aparelho e coloca sua mão direita, onde surge um círculo de magia, que ilumina o aparelho. A luminosidade parece ser sugada e corre pelos fios, que passam por diversos outros aparelhos e tubos, até chegarem na rocha oval gigante, que começa a tremer.

Com a mão espalmada para frente, Mhandra parece captar algo vindo da rocha e engole seco.

— O que você viu, Mhandra? — pergunta Darin.

— Tenente! Aquilo não é uma rocha… É um ovo!

A revelação espanta a todos, menos Tawiata, que ri descontroladamente de forma insana.

O gigantesco ovo se mexe cada vez mais e começa a trincar.

— Um ovo? — questiona o tenente. — Mas que criatura seria grande o suficiente para ter um ovo de trinta metros?

— Não se preocupe, tenente. — intromete-se Tawiata. — Isso é uma modificação minha. A criatura não irá crescer, pois já nascerá adulta e pronta para a batalha.

Um urro monstruoso pode ser ouvido e a casca se rompe, por onde surge uma cabeça dracônica vermelha.

O tenente e os três sargentos dão alguns passos para trás, impressionados. Os soldados se afastam e alguns até mesmo fogem.

— Um dragão vermelho. — conclui Darin. — Então você desenvolveu uma forma de criar dragões adultos como arma?

— Você deduz as coisas rápido demais. — responde o insano doutor. — Eu sou um artista e não iria me contentar com tão pouco. — apontando para o ovo.

Uma segunda cabeça dracônica surge, esta marrom.

A casca se quebra um pouco mais e um par de patas dianteiras, bem como uma pata traseira podem ser vistas para fora do ovo.

— Que existência não natural você criou, seu monstro? — exalta-se Mhandra.

— Contemple minha maior criação. — apresenta Tawiata. — O dragão de quatro elementos.

A casca finalmente se rompe completamente e as outras duas cabeças, uma verde e outra azul, podem ser vistas.

— Um dragão de quatro cabeças? — indaga Kore. — Isso é real?

O monstro se aproxima passo à passo, cada cabeça olhando para um lado diferente, reconhecendo o cenário, até que fitam os guerreiros do império e fecham o cenho, todas as cabeças, então, urram ao mesmo tempo.

 

Restam quatro meses para o ataque à Xibalba.


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Notas finais do capítulo

Opiniões e críticas construtivas são bem vindas.



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