ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 37
CAPÍTULO 36 | Mágoas do Passado


Notas iniciais do capítulo

Enquanto tem início o treinamento de Eril, Kore embarca em uma missão do Império Mundial que lhe colocará em uma situação difícil e terá de enfrentar um fantasma de seu passado.



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Mãe e filha, que à muito não se viam, se abraçam comemorando o reencontro.

— Você está ótima, Eril! Mais bonita do que nunca.

— Obrigada, mamãe! Como você está? Tem se alimentado direito?

— Vez ou outra esqueço de comer, mas como não faço muito esforço não tem problema.

— Sabia que ia dizer isso, por isso lhe trouxe algo nutritivo. — mostrando a cesta cheia de comida. — Se não comer direito vai ficar doente.

— Eu estou doente, minha filha, mas na alma. E não há comida ou remédio para isso.

— Você, sempre tão fúnebre.

— Mas me diga, minha filha, conseguiu reunir o time que queria? Quando saiu daqui da última vez disse que ia juntar um grupo com os mais fortes de toda Almara. Você conseguiu?

Eril desvia o olhar, meio sem jeito.

— Eu reuní um grupo sim, mas não saiu bem como o esperado. Não são os melhores, mas são bem esforçados. Nos dividimos para treinar e nos aperfeiçoarmos para nos reunirmos novamente em pouco mais de um ano. Aí sim iremos para Xibalba.

— Então sua visita é para isso, certo? Veio treinar com sua mãe.

— De um jeito ou de outro eu viria vê-la, mas “sim”, preciso que me treine.

— Então vamos começar logo, minha garotinha. Tenho muito a lhe ensinar.

— Primeiro tenho algo para lhe dizer.

Antes que Eril possa continuar sua frase, Euridice faz um sinal com a mão para que não prossiga. Ela puxa o ar nos pulmões e a íris de seus olhos somem por completo por alguns instantes e, quando retornam, ela parece surpresa.

— Grávida!? — indaga a bruxa espantada, colocando sua mão sobre ventre de Eril. — Um meio-elfo!

— Não gosto quando faz essas coisas. Sempre me assusta.

— Kore! Mas ele é apenas um garoto. Além do mais, consigo ver que você gosta dele, mas não o ama. Porque fez isso consigo mesma? Não aprendeu nada com os erros de sua mãe?

— Talvez fazer as escolhas erradas seja de família.

— Não me leve a mal, Eril, só não quero que passe pelo que eu passei.

— Tudo bem, não precisa se preocupar. Já tenho tudo sob controle. Vamos nos concentrar no que eu vim fazer aqui, pois não tenho muito tempo. Alias, meu tempo é ainda mais curto que o dos outros.

— Nesse caso, esteja preparada, pois vai treinar como nunca. Não se preocupe, o esforço físico será mínimo, mas o estresse mental vai acabar com você. Terá de ter foco e se esforçar para ficar lúcida. Se eu perceber que sua mente não irá aguentar, vamos interromper o treinamento ou você poderá, literalmente, enlouquecer.

— Por favor, não interrompa o treinamento de forma alguma. Eu prometo que vou manter a sanidade, não importa o que aconteça.

Euridice abre um verdadeiro sorriso, muito mais verdadeiro do que o que esboçou antes.

— Essa é a minha Eril!

 

O tempo passa e Kore marcha junto à um pelotão de cinquenta soldados uniformizados, utilizando um peitoral de armadura metálica e com o emblema do Império Mundial.

O pelotão se posiciona, formando um quadrado e para de marchar ao comando de seu sargento.

— A maioria aqui já deve me conhecer mas, para os novatos, vou me apresentar. Eu sou o Sargento Lasbard. Todos vocês aqui presente, senhores, têm de ter em mente três regras básicas para sobreviverem neste pelotão. — berra o sargento, enquanto caminha por entre as fileiras formadas pelos soldados. — Regra número um: Aqui dentro eu sou seu deus e o que eu disser é lei. Regra número dois: Vocês são lixo, a pior escória deste império e devem se portar como tal. E regra número três: Não serão admitidas falhas. Aqueles que falharem serão severamente punidos até que chorem e implorem pelo colo da mamãezinha de vocês. ENTENDIDO? — Elevando ainda mais o tom dos gritos.

— Sim senhor! — responde o pelotão, em coro.

— Hoje nós iremos para a primeira missão de vocês e, apesar de serem o pior lixo que existe, peço encarecidamente que não estraguem tudo, pois eu terei de prestar conta da missão aos meus superiores e se eu tiver que reportar qualquer coisa menos do que perfeição, eu juro que farei da estadia de vocês aqui a mais desgraçada, sofrida, deprimente e humilhante que qualquer soldado idiota já teve neste exército inteiro. Estamos entendidos?

— Sim senhor! — responde novamente o pelotão.

— Os senhores desta terra estão tendo problemas na produção. — explica Lasbard. — Ao que parece os trabalhadores estão se revoltando e estão havendo furtos de alimentos. Nossa missão é fazer esses trabalhadores se colocarem em seu lugar e impor respeito. Qualquer um que seja pego deverá ser punido rigorosamente, não importa se for idoso, mulher ou criança. Será pendurado na entrada da cidade e servirá como exemplo para os demais.

Os portões da carruagem se abrem e o pelotão avança, descendo uma grande rampa e seguindo em direção à uma pequena cidade.

Kore olha para um soldado ao seu lado e cochicha.

— Isso não é cruel demais?

— Eu sei, mas pelo menos ninguém será morto.

— Se estão roubando comida é porque devem estar passando fome.

— Isso não justifica. Se querem mais comida então trabalhem mais.

Já na cidade, a cena é lastimável.

Pessoas sendo chicoteadas enquanto trabalham na lavoura, obviamente até a exaustão. Outros puxam carroças com mais peso do que podem suportar com seus corpos enfraquecidos. Seu olhar é triste e sem esperança, mas o que mais chama a atenção é que todos os trabalhadores, sem exceção, são humanóides meio humanos meio animais, de diversos tipos. Coelhos, cachorros, gatos, lobos, tigres, rinocerontes, elefantes, etc.

Ao perceber que estava rodeado daquela raça, o ódio latente no coração de Kore aflora e ele parece não conseguir sequer sentir pena daquele povo sofrido.

— Kemonos? — ele murmura. — Eles são malditos kemonos?

— São animais, você quer dizer. — satiriza outro soldado. — Animais que acham que são gente.

O pelotão marcha pela pequena cidade, enquanto o sargento, na frente de todos, implica com cada trabalhador que passa, empurrando-os ou apenas incitando o medo.

Alguns soldados repetem as ações de Lasbard, enquanto outros ficam incomodados com a crueldade.

— Isso não está certo. — sussurra outro soldados para Kore. — Eles são tratados como escravos e não fizeram nada de errado, porque temos que fazer isso.

— Eles são bestas selvagens. — responde Kore, com ódio no olhar. — Esses monstros atacaram minha vila quando eu era criança e mataram muita gente à sangue frio. Eles podem estar calmos agora, mas seu instinto selvagem pode aparecer a qualquer momento e aí eles te matam sem sentir remorso.

O soldado fica espantado com a resposta, não tocando mais no assunto.

Apesar do ódio que sente, Kore não ataca os kemonos como a maioria dos soldados, mas também não se compadece de seu sofrimento.

Enquanto marcham, Lasbard parece perceber algo.

— ALTO! — ordenando que o pelotão pare.

Ele olha fixamente para um barril, escorado à uma casa de material, que parece se mexer.

Com um chute ele destrói o barril ao mesmo tempo que atinge uma menina-coelho, que estava dentro dele.

Ela cai no chão e está segurando um pedaço de pão nas mãos.

— Mas olha o que temos aqui. — diz o sargento, aproximando-se da menina. — um filhote de coelho. E veja só, tão pequena e já é uma ladra. — referindo-se ao pão em suas mãos. — Isso obviamente não lhe pertence, garotinha.

Ainda um pouco zonza, a menina recobra o foco e enxerga o sargento em sua frente.

Ela se arrasta para trás, ficando sentada de costas para a parede da casa de material, abraçada ao pedaço de pão, enquanto treme de medo.

Calmamente Lasbard tenta tirar o pão das mãos da menina, mas ela segura com força, irritando o sargento que lhe dá um pesado tapa no rosto. Ainda sim ela se recusa a soltar.

Irado, o sargento a pega pelo pescoço e então bate com suas costas contra a parede ao mesmo tempo em que puxa o pão.

Sangue escorre pela nuca da menina, que chora enquanto o sargento joga o pão contra o chão e pisa em cima.

— Uma pirralha ladra e sem educação. Se eu lhe digo para soltar você solta, pivetinha.

O sargento se volta para o pelotão, olhando para os soldados como se escolhesse um.

— Soldado Serges! — grita, solicitando ao soldado que se apresente.

— Sim, senhor! — responde, dando um passo à frente.

— Aplique um corretivo nessa pestinha. De preferência quebre suas mãos no processo, para que ela não possa roubar nunca mais.

Uma gota de suor escorre pelo rosto do soldado, que hesita.

— Algum problema, soldado Serges?

— Com o devido respeito, senhor, ela é apenas uma criança. — responde, já temendo pela reação do sargento, que o encara sem dizer nada por alguns segundos.

— Apenas uma criança? Pois olhe bem para ela. — pegando o soldado pelo pescoço e fazendo-o olhar a garota de perto. — Aquilo é um animal. Um animal traiçoeiro e ladrão.

Lasbard recoloca Serges no lugar e pensa por alguns instantes.

— Que pena, o soldado Serges sofreu um pequeno acidente durante a missão e ficou incapacitado.

A mão do sargento é envolvida em elemento pedra e ele desfere um poderoso soco contra o rosto do soldado, que é arremessado longe.

— Recolham esse infeliz e o levem de volta para a carruagem.

Novamente ele caminha por entre os soldados como se escolhesse um, mas antes que faça sua escolha, um dos soldados da um passo à frente.

— Soldados Martinez se oferecendo para o serviço, senhor!

— Pró-atividade, gosto disso. Quero ver o quão bom será o corretivo que irá aplicar.

— Tenho certeza de que irá lhe agradar, senhor. — esboçando um sorriso perverso.

A menina, ainda chorando e sangrando um pouco pela nuca, treme ainda mais a medida que o soldado se aproxima.

— Essa será a última vez que irá roubar alguma coisa, sua monstrinha. — ameaça o soldado. — Quando eu terminar, você não vai servir nem mesmo para trabalhar, sua pilha de lixo.

A boca da menina-coelho se mexe, tentando gritar por ajuda mas, quase paralisada, tudo o que ela consegue é sussurrar.

— Socorro! — Tão baixo que mal o soldado consegue ouvir.

— O quê? Disse algo? — de forma satírica. — Se quer ajuda vai ter que falar mais alto. Se bem que ninguém aqui vai te ajudar, sua desgraçada. Espero que reaja um pouco para ser mais divertido. E grite bastante, vai alegrar meu sargento.

Ele ergue o punho mirando a cabeça da criança, que fecha os olhos e vira o rosto para o lado, esvaindo-se em lágrimas.

A mão do soldado desce rápido e com força, então é ouvido um estrondo que ecoa pela cidade.

Pedaços de metal voam pelo ar, aos olhares espantados de todos os soldados, quando o punho de Kore despedaça o peitoral de metal de Martinez com um soco, lançando o soldado para longe dali.

A menina-coelho, sem entender nada, abre os olhos e avista Kore, de costas para ela, encarando o pelotão.

Cinco segundos de silêncio precedem a fala de Lasbard.

— Me diga, soldado Ustalari. — falando por entre os dentes, como que contendo uma enorme raiva. —  O que exatamente você pensa que está fazendo?

Kore procura por uma resposta, mas não consegue encontrar.

— Vai ficar aí em silêncio me encarando? — continua o sargento, ainda falando devagar, por entre os dentes.

— Não sei porque eu fiz isso, sargento. — responde, confuso. — É quase como se meu corpo tivesse se movido sozinho.

— Ah é? Se moveu sozinho? — caminhando de um lado para o outro, enquanto respira fundo. — Seu soco é realmente forte para um lixo como você. Só por isso vou te dar uma chance. Agora você é quem vai dar o corretivo na menina e aí então eu pensarei se vou relevar o que aconteceu aqui, dependo da sua performance.

Kore olha para a menina-coelho, ainda com ódio dos kemonos, mas aqueles olhos de criança, marejados, suplicavam por ajuda.

Mesmo com seu coração cheio de mágoa ele não podia simplesmente dar as costas à ela, então voltou-se novamente para o sargento.

— Não!

Novamente o sargento faz uma pausa de cinco segundos, tentando assimilar o que acabara de ouvir.

— Você disse o quê, soldado Ustalari?

— Não vou bater em uma criança, seja ela quem for. E peço a gentileza que retire suas tropas dessa cidade agora mesmo.

Mais cinco segundos e Lasbard cai na gargalhada.

— Diga-me, seu lixo, como quer morrer? Vou lhe dar a chance de escolher. E depois vamos pendurar o seu corpo junto ao dessa pirralha.

— Ninguém vai tocar nela. Agora saiam dessa cidade.

— Quer saber? Matem ele. — dando o sinal para os demais soldados atacarem Kore.

Alguns avançam contra ele imediatamente, enquanto outros mantêm sua posição.

Com certa facilidade, Kore desvia do ataque dos soldados. Ele mira em um e o golpeia com um soco muito forte, fazendo o voar na direção de vários outros, derrubando-os no processo.

Ele usa o punho com elemento ar, seu ataque à distância, golpeando vários deles de longe. O ataque os atinge como um soco à longa distância, deixando uma marca de um punho na armadura, estilhaçada.

Um grupo se reúne e parte em um ataque em conjunto, mas Kore concentra agora as chamas em suas mãos e dispara uma saraivada de socos, como uma chuva em chamas, atingindo à todos, que caem derrotados.

Os demais ficam amedrontados e se afastam.

Mesmo Lasbard fica hesitante e não o ataca.

— Você irá pagar muito caro por isso, soldado Ustalari. Você não só contrariou as ordens do seu superior como atacou seus aliados e desertou. O Império não irá deixar barato sua atitude.

— Para você meu nome é Kore.

— Como queira, seu lixo. EM RETIRADA, HOMENS! — ordena o sargento, saindo da cidade em direção à carruagem, seguido pelos soldados que ainda estão em pé, que carregam os desacordados e impossibilitados de caminhar.

Kore apenas observa a retirada, quando ouve uma voz aguda.

— Seu nome é Kore Ustalari? Que nome estranho.

A voz vem da menina-coelho, ainda sentada no chão, já mais calma.

Ele lança um olhar de raiva sobre ela sem dizer nada.

— Ah! Desculpe! — arrepende-se a menina, colocando as mãos na frente do corpo, protegendo-se.

— Saia logo daqui, garotinha. Antes que eu mude de ideia e entregue você para os soldados.

— Ah não, você não faria isso, você me salvou. É uma boa pessoa.

Aquelas palavras o faziam entrar em conflito, pois no fundo ele sabia que seu ódio pela raça dos kemonos era irracional e, por isso, não sentia que era uma boa pessoa de verdade. Como poderia ser uma pessoa boa se guardava tanto ódio?

A garotinha tenta caminhar mas seu pé parece machucado, então ela manca até o pão, pisoteado e sujo no chão, recolhendo-o.

— Vai comer isso? — pergunta Kore.

— Você está com fome? posso dividir com você, se quiser.

Mesmo faminta e ferida, a menina aceita dividir o único alimento que lhe resta com ele. Como odiar alguém assim?

Aquela cena fez Kore sentir-se um verdadeiro monstro.

— Venha aqui, menina. — retirando algumas moedas do bolso e entregando à ela. — Compre alguma coisa de comer que não esteja coberta de terra.

Os olhos da menina brilham e ela pega as moedas, sem largar o pão.

— O senhor é realmente um herói, senhor Kore Ustalari. Muito obrigada! — fazendo uma reverência antes de sair caminhando, ainda mancando de uma perna, mas feliz.

— Herói uma ova. — sussurra para si.

Mas agora não era hora para decidir se era um monstro ou um herói. Ele precisava resolver seu problema com o Império Mundial, pois eles iriam atrás dele quando recebessem o relatório do sargento Lasbard.

O Império Mundial ficava à menos de uma hora de viagem de carruagem.

Então Kore decidiu fazer o que ele fazia de melhor.

Ele abaixa-se, foca na direção que deve seguir e parte em disparada, correndo à toda velocidade.

 

Para não cruzar o caminho do sargento, ele pega um caminho alternativo, um pouco maior, mas ainda sim ele ultrapassa a carruagem, chegando primeiro no castelo principal do Império Mundial.

Ao cruzar a porta de entrada dos soldados, é recebido por dois tenentes que barram sua entrada.

— Como tem a audácia de aparecer por aqui depois do que fez, soldado Ustalari?

Devia haver um comunicador na carruagem e Lasbard os avisou, afinal, os comunicadores têm um alcance considerável e aquela cidade era bem próxima.

— Me deixem passar, por favor. Preciso explicar o que aconteceu.

— Irá se explicar ao carrasco, quando ele for arrancar sua cabeça. — segurando Kore pelo ombro, tentando empurrá-lo contra a parede.

Kore golpeia o braço do tenente, fazendo-o soltar seu ombro.

— Obrigado por reagir, seu moleque. — sacando uma espada de samurai da cintura. — Era tudo o que eu queria.

O segundo tenente também retira algo de sua cintura, duas partes que, quando unidas, formam uma lança.

Ambos partem para cima de Kore, que se esforça para desviar de ambas as lâminas.

O ataque da lança faz com que ele desvie para o lado, por onde vem o ataque da espada, que é detido por Kore, defendendo-se com seu bracelete.

Ele empurra a katana para o lado, deixando o inimigo com uma abertura, e então o chuta com força, empurrando-o para trás.

Quase instantaneamente, a lança o ataca novamente e ele desvia de novo e de novo, recebendo um corte de raspão no rosto, até que consegue segurá-la, pegando pela parte não cortante.

Com um puxão, o tenente acaba vindo junto com a lança e é golpeado com um soco no estômago, utilizando seu punho com o elemento ar.

Ele é arrastado pelo golpe por alguns metros, mas em seguida o outro tenente, já recuperado, o atinge no braço com sua katana.

Graça ao reflexo de Kore, o golpe não é profundo, mas sangra um pouco.

Os dois tenentes se recompõe e então atacam ao mesmo tempo, enquanto Kore se lança contra eles.

Antes que possam colidir, uma voz autoritária ecoa no salão.

— PAREM! — fazendo com que os três cessem seus movimentos.

Um homem de cabelos brancos e escorridos, com um cavanhaque e óculos quadrados desce a escadaria, com seu manto azul por baixo da vestimenta característica do Império Mundial.

Os dois tenentes se colocam em posição de sentido, voltados para a direção da figura.

— Major Genesis, este homem é um desertor e se voltou contra o sargento Lasbard e seu próprio pelotão. — diz um dos tenentes.

— Além de desobedecer as ordens de seu superior, ele surrou os outros soldados e deve ser punido como tal. — diz o segundo tenente.

— Eu já ouvi do próprio Lasbard, não precisam repetir. — diz o major, enquanto aproxima-se de Kore. — E você, garoto, o que tem à dizer? O que eles dizem é verdade.

Da última vez em que Kore esteve frente à frente com um capitão do Império Mundial, foi facilmente derrotado, na cidade de Phaedra, antes desta ser destruída por Ákyros.

Aquele homem à sua frente, no entanto, era um major, uma patente acima de capitão e Kore não conseguia imaginar o quão poderoso ele poderia ser.

— Sim, foi o que aconteceu. — responde, mesmo imaginando as consequências que poderiam vir.

— Tem algo mais à acrescentar? Porque resolveu se rebelar?

— Não concordei com as ordens do sargento.

— Vejamos, agora fique quietinho. — enquanto aproxima sua mão da cabeça do monge.

Mesmo temeroso, Kore decide não reagir e esperar para ver o que aconteceria.

A mão do major e feiticeiro pousa sobre sua cabeça e ele fecha os olhos por alguns instantes.

— Hum, então foi isso. — conclui Genesis. — Tenentes, por favor, nos deixem a sós. Eu assumo daqui.

Eles fazem uma reverência e deixam o salão.

— Kore é seu nome, não é?

— S… sim! — ainda sem entender o que estava acontecendo.

— Pois bem, vi sua atitude e devo dizer que gostei muito. — para espanto de Kore. — Mesmo com sua raiva contra os kemono, você foi tão gentil salvando aquela garotinha. É o tipo de atitude que espero no meu exército. Além do mais, você foi forte o suficiente para enfrentar dois tenentes ao mesmo tempo. Me diga, o que acha que ficar sob meus cuidados? Eu lhe promoveria imediatamente para sargento. O que  me diz?

Os olhos de Kore brilham pela oportunidade que surgiu.

Além de poder subir de cargo, estaria sob o comando de alguém justo como Genesis.

— Claro que isso também significa que seu treinamento seria ainda mais rígido.

A oportunidade perfeita apareceu e Kore não iria deixar escapar.

 

Resta Um ano e três meses para o ataque à Xibalba.


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Notas finais do capítulo

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