ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 31
CAPÍTULO 30 | Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Um personagem do passado reaparece, movimentando a vida de Kore, agora em recuperação.
Cartas são colocadas na mesa, mas o resultado não é o esperado.



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Segurando-se de forma desajeitada às barras laterais, a musculatura de seu corpo inteiro se enrijecia, enquanto forçava-o a se mover.

Suas pernas trêmulas e sem força movimentavam-se devagar e, ao soltar as barras, ele finalmente dá seus primeiros passos sozinho, como um bebê que aprendia a andar.

A alegria é aparente e, com esforço e foco, ele dá o segundo passo, continuando até que conclui uma caminhada de dez passos completos, sendo segurado pela doutora no final.

— Parabéns, Kore! Sua recuperação está sendo muito rápida. Duas semanas apenas e já evoluiu muito.

— E você disse que eu não ia passar daquela noite, heim. — responde em tom de deboche, mas com bom humor.

— É um verdadeiro milagre você ter sobrevivido. Seu corpo é bem forte, mas apenas isso não teria sido o suficiente para lhe salvar. Eu diria que você tem uma sorte incrível.

— Quebrei todos os ossos do corpo, meus órgãos foram quase todos esmagados e minha coluna partiu no meio. Não me sinto tão sortudo.

— Com tudo isso e você sobreviveu. É sortudo, sim senhor!

— Se a doutora está  falando, quem sou eu para dizer o contrário?

— Já disse para me chamar de Ághata. Já somos amigos o suficiente para isso, não?

— Sei, você quer é se aproximar do Algar, não é? Pode admitir.

Os braços de Ághata e Kore estão entrelaçados, para que ela possa segurá-lo e, aproveitando-se disso, ela torce o braço do monge, que fraqueja e quase cai no chão, pela dor.

— Por que… fez isso?

— Acho que meu braço escorregou. — mentindo descaradamente. — Não deveria falar essas coisas para os adultos, afinal, eu sou uma doutora e precisa me tratar como tal.

— Você acabou de dizer para eu não te chamar mais assim.

Outro médico surge, vindo pela porta da sala escoltando uma garota de pele muito branca, bem magra e baixinha. Ele bate à porta, mesmo com ela já aberta, anunciando a chegada.

— Bom dia! Você tem visita.

A garota de cabelos pretos e escorridos se aproxima devagar, como se estivesse tímida, até que parece reconhecer Kore.

Seu rosto não tem as características de uma garota considerada bonita, seu nariz é um pouco largo e bastante empinado, seus olhos amendoados têm uma cor castanho claro levemente avermelhados, com algumas sardas na região abaixo dos olhos, passando por cima do nariz. Uma aparência diferente, ainda sim era atraente.

Ao colocar os olhos na garota, Kore demora alguns instantes para reconhecer, até que seu nome vem à sua memória.

— Aldrah!?

A garota corre e abraça o monge, que se contorce de dor.

— Aaah! Que bom que está vivo! Você me deu um susto danado.

Aldrah percebe que o está machucando e então afrouxa o abraço.

— Mas… o que você está fazendo aqui? — pergunta o monge, atônito. — Como me encontrou?

— Lisica me contou que você estava viajando com a princesa de Galvas, então eu…

— Espera! — interrompe Kore. — A Lisica sabia que a Eril era a princesa de Galvas desde o início? Porque aquela raposa velha não me disse nada?

— O rosto da princesa Eril é bem conhecido. Você não sabia porque morou boa parte da vida no monastério. Quase não saía de lá. Eu mesma já fiz negócios com ela.

— Que tipo de negócios?

— Eu projeto e construo casas. Umas cinco ou seis aqui de Galvas tem a minha mão, sabia? Na verdade sou só uma auxiliar, por enquanto, mas estou aprendendo o ofício.

— Quem diria. Achei que você também seria uma lutadora.

— Não é porque eu estou trabalhando que deixei de ser lutadora. Não deixei de treinar um dia sequer até hoje. Além do mais, carregar o material de construção ajuda como treino. — com um largo sorriso no rosto, que acabou deixando Kore nostálgico, lembrando-se da infância que passaram juntos. Aquela menina que ele achava feia, de sorriso enorme, agora era uma mulher. Sua amiga de infância estava de volta.

Após alguns instantes em silêncio, apenas olhando para Aldrah, Kore parece acordar de um transe e continua a conversa.

— Mas, então, como me achou?

— Ah sim! A Lisica me disse que vocês iriam para Xibalba. Como o porto de Galvas fica próximo da ilha e Galvas é a terra natal da princesa, eu liguei os pontos. Eu vim pra cá à alguns meses. Como já tratei com a realeza, consegui informações sobre onde ela estava e descobri que viria para cá em breve. Como eu tinha trabalho por aqui, resolvi ficar até vocês chegarem. Só não esperava que você fosse chegar dentro de um saco.

— Não me trouxeram dentro de um saco. Eu não morri.

— Tem certeza? Não te transformaram em um morto-vivo?

— Se eu fosse um morto-vivo tentaria comer seu cérebro… Ah é, você não tem um.

— Quer apanhar é? Ah é, já arrebentaram você.

— Deixa só eu me recuperar e você vai ver. Alias… — voltando-se para a doutora Ághata. — Eu vou me recuperar, certo?

— Sim, você vai. Mas com algumas ressalvas. Seus músculos e ossos ficarão praticamente novos, mas seus órgãos não serão mais os mesmos. Por melhores que sejam nossos magos de cura e alquimistas médicos, não temos como restaurar completamente alguns tecidos e funções.

— E isso vai me privar de alguma coisa? Não vou ter que me alimentar de canudinho para sempre, certo?

— Não, mas evite comer alimentos de difícil digestão, tome muita água, exercite-se e evite impactos fortes. Com isso quero dizer que você não deve mais lutar.

O choque daquelas palavras percorrem seu corpo como uma corrente elétrica.

— Como assim não devo mais lutar? Eu sou um lutador, é isso que eu faço. Isso é tudo o que eu faço.

— Como sua médica, não posso recomendar que torne a lutar. Você deveria descobrir outra maneira de usar suas habilidades, que não envolvam impactos. Talvez deva ficar mais na teoria e se tornar um mestre em um monastério, que tal?

— Não! Eu arressem estou fazendo dezoito anos, não tenho experiência para me tornar um mestre. Além do mais, eu não quero isso. Não agora. Quero sair por aí e me aventurar. Lutar contra caras fortes e desafiar meus limites. Sinto muito, Ághata, mas não posso aceitar sua sugestão.

— Eu não posso te impedir de fazer o que quer que seja, apenas estou lhe dizendo que, se você continuar lutando, se continuar sendo atingido tantas vezes, seu corpo não irá aguentar. Seus órgãos irão colapsar e você eventualmente irá morrer, jogando no lixo todo o trabalho que tivemos para mantê-lo vivo.

— Desculpe por ter dado tanto trabalho, mas eu tenho que lutar.

Inesperadamente, Aldrah desfere um soco contra o rosto de Kore, que desvia por pouco.

— Então desvie! — diz a garota, com um ar sério. — Se vai continuar lutando, com o corpo nesse estado, então desvie. Não seja atingido. Esse será o seu foco maior nas lutas daqui para frente.

Kore sorri e Ághata apenas suspira, tendo de se conformar que seu paciente não irá seguir suas recomendações.

As duas ajudam Kore à chegar até seu leito, sentando-o na beirada da cama, quando Eril chega de mansinho.

— Vejo que tem companhia hoje. — diz a maga, referindo-se à Aldrah. — Acho que não fomos apresentadas.

— Na verdade fomos. — apertando a mão de Eril. — Eu sou Aldrah, você e seu irmão me contrataram para a construção de algumas casas aqui em Galvas.

— Ah sim! Acho que me lembro de você. Falava alto e pregava peças nos outros construtores.

— Eu mesma! — com um enorme sorriso no rosto, orgulhosa das peraltices que fazia.

— Que mundo pequeno. Nunca iria imaginar que vocês se conheciam.

— Somos amigos de infância. — acrescenta Kore.

— Hum, entendi! Por acaso foi ela que lhe deu aquelas luvas?

— Eu mesma! — responde prontamente, levantando a mão.

— Bem, não quero atrapalhar a reunião de vocês. Só vim ver como Kore estava. Se precisarem de algo, estarei com meu irmão, no castelo. — indo em direção à porta. — Daremos um jantar especial amanhã, após Kore ter alta. Se puder, junte-se à nós também, Aldrah.

— Aaaah, um jantar no castelo. — saltitando de alegria. — Eu não perderia isso por nada. Estarei lá!

A maga acena e se retira, enquanto Kore apenas a observa, com um leve sorriso no rosto.

Aldrah percebe o olhar do monge e parece achar graça.

Rá! Que cara de bobo é essa? — apontando o dedo indicador para o rosto de Kore, quase tocando sua testa. — Ta caidinho pela princesa. — rindo descontroladamente.

— E o que você tem com isso? — responde, irritado.

— Nada nada! — enquanto vira-se, abraçando a si mesma, fingindo estar abraçando outra pessoa. — “Me dá um beijinho, minha princesa”. — zombando de Kore, enquanto finge estar beijando alguém.

— Ela é comprometida.

Aldrah interrompe a zombaria, ficando um pouco mais séria.

— Hum! Me desculpe, eu não sabia.

— Tudo bem. Ela tem um noivo… Ou pelo menos tinha.

— Hã? Tem ou não tem?

— Me parece que eles terminaram, mas não tenho certeza. Ela não gosta muito de falar sobre isso.

— Então essa será minha missão no jantar de hoje. Vou descobrir pra você se ela ainda está noiva. Se estiver livre, leve e solta, aí começamos a segunda parte da operação.

— Que parte? De que operação?

— A operação “Vai atrás dela, bobão”. A segunda parte é juntar vocês dois.

— Olha, eu já tenho problemas o suficiente sem você tentando me ajudar.

— Então está confirmado. — ignorando Kore completamente. — Amanhã a operação se inicia. Agora me dá licença que tenho que trabalhar. Até o jantar, Kore.

 

Em outra área do hospital, mais precisamente na biblioteca, Algar entra no local, escolhe alguns livros e se dirige para uma das mesas, sentando-se em seguida.

Ele separa os livros em uma determinada ordem de importância e inicia sua leitura.

Enquanto passa os olhos pelas páginas, algo lhe chama a atenção por sua visão periférica. Um ser que destoa completamente do local e chama a atenção dos olhares ao redor.

Um shamarg, sentado em frente à uma mesa, lendo um livro.

Como se não acreditasse no que vê, Algar decide se aproximar.

— Voughan? — indaga o anão. Reconhecendo seu aliado.

— O que foi? — responde o shamarg, parecendo estar sentindo dores.

Algar olha para a capa do livro e percebe ser sobre anatomia das raças.

— Nunca imaginei que você fosse um amante da leitura.

— Vê se não enche. Eu vim aqui pra… Bem, eu vejo que você e a Eril são bem espertos. Aí vi que vocês lêem bastante. Achei que se eu também fizesse isso fosse ficar mais esperto.

O espanto de ver um shamarg ler não foi tanto quanto o espanto que teve em ouvir o raciocínio de Voughan.

— E eu dirigia que você está no caminho certo. Fico muito feliz que queira treinar seu cérebro. Ele é como um músculo, sabia? Você tem que exercitá-lo para que fique “forte”. Mas o treino para ele é diferente do treino para músculo. Você o deixa forte justamente lendo, adquirindo conhecimento e desafiando seu raciocínio. Mas acho que você deveria começar com algo mais fácil. Livros de anatomia são avançados e é necessário ter uma boa base de conhecimento antes de Lê-los.

— Peguei esse porque queria saber o que é que meu irmão perfurou, dentro do meu peito. Mas aí peguei este outro. — mostrando um livro infantil. — Que parecia mais fácil, já que tinha imagens. Então olhei de novo o de anatomia e vi que tinha imagens também, mas ele é muito difícil.

— Pelo menos conseguiu encontrar o que queria?

— Disseram no hospital que meu coração foi perfurado e achei esta imagem. — mostrando um desenho do aparelho circulatório, no livro. — Diz aqui que o coração é um músculo que bombeia o sangue pro corpo. Se é um músculo então eu posso treinar ele. Mas aí o que acontece? Meu sangue vai andar mais rápido pelo corpo?

— Não exatamente. Deixa eu te ajudar com isso. Sabe, não há um livro que contenha a anatomia dos shamargs, sabia? Vocês são muito reclusos.

Algar senta-se próximo à Voughan, ajudando-o a entender um pouco mais sobre anatomia, simplificando de forma que ele compreendesse. A conversa se estende por horas e Voughan parece empolgado por aprender algo que não fosse relacionado à lutas.

 

O dia se passa, Kore finalmente teve alta, apesar de ter de andar com muletas, e aprecia o ar livre, depois de tanto tempo preso em uma cama.

Junto com Aldrah, aproveitam o dia conversando sobre a infância, os acontecimentos nesse intervalo de tempo em que ficaram separados, rindo e divertindo-se até a noite, quando chega o horário do jantar no castelo.

São servidos diversos tipos de guloseimas, para todos os tipos de gostos, em uma mesa redonda com cadeiras confortáveis, onde estão sentados Eril, Thaldron, Kore, Aldrah, Algar e Voughan.

Cada vasilha esvaziada é recolhida pelos serviçais e então substituída por uma cheia.

Voughan come sem parar, enquanto Algar e Thaldron saboreiam um caríssimo vinho.

Aldrah faz questão de sentar-se ao lado de Eril, puxando assunto com ela.

— E então, Eril, posso te chamar pelo nome? Você não parece do tipo que gosta de ficar em um castelo. Parece do tipo aventureira.

— Pode me chamar pelo nome, sim. Não gosto muito de formalidades. Mas eu não saí de Galvas por aventura, estamos em uma missão importante. Mas tenho que admitir que gosto de viajar e o inesperado de atrai. E você? É tão energética, parece não ser do tipo que fica em um só lugar.

— Mais ou menos. Também gosto de viajar, mas um dia pretendo me firmar em um lugar e então me casar. Pretende se casar, Eril? Tem algum pretendente?

— Não tenho certeza se quero constituir família, mas sou uma princesa, é o que esperam de mim. Eu tive um noivo, mas terminamos a uns meses atrás.

Ao ouvir isso, Aldrah abre um sorriso.

Kore se encolhe na mesa, baixando a cabeça e comendo em silêncio. Com isso Aldrah teve a certeza de que ele estava ouvindo a conversa.

— Pois bem, então está solteira. Pois acho que você deveria encontrar alguém com o mesmo espírito de aventura que você. Alguém que encare desafios sem medo e que, eventualmente, fique perto da morte por alguma bobagem que fez.

A cabeça de Kore fica cada vez mais baixa, quase dentro de seu prato, até que ele decide levantar-se da mesa.

— Hã, com licença, preciso de um pouco de ar. — diz o monge, indo em direção à um corredor que dá acesso à várias varandas, escolhendo uma delas  para visitar.

Ali ele fica por algum tempo, sentado em um banco estrategicamente colocado para que possa observar a paisagem. A bela paisagem das montanhas do reino de Galvas.

Enquanto descansa, ele pensa nas barbaridades que Aldrah está dizendo para Eril e então recosta a cabeça para trás, fechando os olhos e respirando fundo.

E ali ele fica por cerca de vinte minutos.

— Este lugar está vago? — diz uma voz feminina, conhecida do monge.

Ao abrir os olhos ele  avista Eril.

Seu coração dispara no mesmo instante.

Teria funcionado a estratégia de Aldrah?

O que será que ela teria dito à Eril?

— Hã… Claro. O castelo é seu, afinal. — quase em um tom de deboche, sentindo-se um idiota no segundo seguinte, por não ter dito algo mais educado.

A maga senta-se ao seu lado, ficando bem próxima a ele.

— Sua amiga é bem energética.

— E um pouco chata, as vezes. Ela estava te incomodando?

— Nem um pouco. Ela diz algumas coisas engraçadas. Disse que antes de formar uma família quer fazer algumas coisas que ela tem em uma lista, como: cavalgar um Krig-há. — deixando escapar um leve riso.

— É uma doida. Mas nos damos bem desde que éramos crianças.

— Ela também me disse outra coisa…

Nessa hora Kore engole seco, pelo nervosismo.

— Na verdade ela não disse com todas as palavras, mas foi o suficiente. É algo que, na verdade, eu já sabia.

Os olhos de Eril fitam os de Kore, que fica corado.

— Sabe, eu não sou tão desligada como você deve estar pensando. Eu sei muito bem que você tentou, por várias vezes, se declarar para mim. E eu não vou negar, também gosto de você.

Kore faz menção de dizer algo, mas Eril faz sinal com a mão para que não diga nada, e então continua.

— Você conhece minha história, sabe bem o que minha mãe fez. Realeza deve se relacionar com a realeza. Se eu me relacionar com alguém que não seja um nobre, vai reacender essa antiga questão. O tabu que resultou em meu nascimento. Afinal minha mãe era uma plebéia e meu pai um pirata. Não tenho sangue real correndo em minhas veias, mas meu herdeiro terá que ter e isso não é negociável.

— Está querendo dizer que não podemos ficar juntos por causa de um lance de realeza? Seu povo te ama, ninguém iria te julgar.

— Não é tão simples quanto você faz parecer. Além do mais, você ainda é jovem, não conhece nada do mundo. Sou a primeira garota que você viu depois de ter entrado para o monastério. Vai ver que o que você sente é apenas passageiro e foi por isso que eu me fiz de desentendida todo esse tempo. Esperando que você tirasse essa ideia da cabeça.

— Isso sim é que não é tão simples quanto você faz parecer.

— Eu sei que não é. Mas você vai superar e vai achar alguém que te complete, é só continuar procurando.

A maga se levanta, curva-se lentamente sobre Kore e lhe dá um beijo no rosto, indo embora em seguida.

Novamente ele respira fundo, mas desta vez pela decepção.

Poucos instantes depois ele ouve uma segunda voz feminina, cochichando.

— Hei! E aí? Como foi?

É Aldrah, querendo saber o resultado da conversa com Eril.

— Agradeço pela tentativa, mas deu tudo errado.

— Como assim? — sentando-se ao lado do monge.

— É uma questão de realeza. Tem a ver com algo que aconteceu com a mãe dela. É uma longa história e é melhor não entrar em detalhes, ela não gosta que falem sobre isso.

— É porque ela é uma princesa e você um qualquer?

— É mais complicado do que você está fazendo parecer, mas é basicamente isso.

— E você desistiu só por isso? Mas que frouxo. Você tem que correr atrás do que você quer. — dando um tapa na nuca de Kore.

— E o que você sugere?

— Hum… — pensando por alguns instantes, segurando o queixo com a mão direita. — Tive uma ideia.

 

Alguns minutos depois, todos estão reunidos no salão principal, decidindo o futuro da missão de Xibalba.

Algar tem a palavra.

— Eu sei que estávamos tão perto de seguir para Xibalba, mas este último evento no reino dos bárbaros abriu meus olhos para um problema que vínhamos negligenciando. O fato é que somos muito fracos para esta missão. Já sabemos que não somos o time que estava na lista da princesa Eril e, de fato, estamos bem longe disso. — andando de um lado para outro, no centro da sala. — Os bárbaros invadiram aquela ilha com um exército numeroso de grandes guerreiros, ainda sim, boa parte deles não sobreviveu. Se queremos ter êxito e voltar vivos, precisamos ficar fortes. Muito mais fortes.

— Tá dizendo que devemos treinar antes de ir? — conclui Voughan.

— Basicamente isso. Mas também percebi que, como somos um time misto, o que serve para um não serve para o outro. Eu me torno mais forte aumentando meu conhecimento e treinando minha magia, já você, Voughan, fica mais forte treinando seu corpo e lutando. Isso me leva a crer que, para ficarmos mais fortes mais rápido, precisamos nos separar.

Eril também se levanta, aproximando-se de Algar.

— O que Algar quer dizer é que devemos procurar uma forma de nos fortalecer individualmente e, para isso, cada um deve seguir seu próprio caminho nos próximos dois anos. Após isso nos encontraremos novamente, aí sim iremos para Xibalba. Além do mais, Kore precisa se recuperar antes de poder lutar novamente, o que deve levar alguns meses.

— Sem essa! — contesta o monge, arremessando suas muletas contra uma parede e dando alguns passos trêmulos. — Eu já estou bem. Me dê uma semana e podemos partir.

— Kore, não estamos falando apenas de você. — responde Algar. — Todos nós estamos fracos demais. Ir até lá agora seria suicídio. É o melhor a se fazer.

Mesmo contrariado, o monge senta-se novamente, aceitando a decisão.

— Eu ficarei aqui mesmo em Galvas, até que Kore se recupere. — informa a maga. — Após isso pretendo encontrar uma pessoa que irá me treinar. Já entrei em contato e ela já aceitou me receber. Vou treinar com Lisica.

— A raposa velha? — estranha Kore, confuso. — Não sabia que ela também treinava magos.

Algar toma a palavra novamente.

— Quanto a mim, pretendo ir para Danathrya. Dizem que possui a melhor biblioteca de Almara e conheço um bom alquimista por lá.

— Talvez eu volte pra minha ilha. — menciona Voughan. — Ou fique no reino dos bárbaros. Não sei bem o que fazer.

Todos os olhares se voltam para Kore, que fica pensativo por alguns instantes, até que parece chegar à uma conclusão.

— Pois bem. Eu vou me alistar no Império Mundial.


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Notas finais do capítulo

Observações e críticas construtivas serão bem vindas!



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