ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 30
CAPÍTULO 29 | Acordo


Notas iniciais do capítulo

Kore sobreviveu, mas sua situação ainda é grave. Thaldron e Algar tentam um acordo com, nada menos que o Imperador do Império Mundial. O tirano demonstra sua índole enquanto Algar propõe um oferta extremamente arriscada, mas que pode ser a saída para todos.



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O inseto mecânico voa à toda velocidade, sobrevoando as copas das mais altas árvores. Passa por montanhas e rios, batendo suas asas em impressionante velocidade, sem nunca perder o ritmo.

Avança em direção à uma grande cidade, passa por cima dos aldeões e suas casas, até chegar no colossal castelo que há no centro do reino.

Ele passa por uma janela, escapa de dois guardas mas em seguida é capturado, com facilidade, por um capitão que ali passava, pegando-o em pleno voo.

— Destinatário! — diz o capitão, claramente já conhecendo o funcionamento do robô ajudante e seus protocolos de funcionamento.

Ao ouvir o comando, o pequeno Acólito reproduz uma gravação, com a voz de Algar.

Princesa Eril. — com um som um pouco distorcido.

O capitão, então, leva o construto até um oficial de patente maior que, por sua vez, leva até o rei.

— Deixe-me ouvir o que ele tem a dizer. — ordena.

— Reproduzir áudio! — diz o oficial, de forma que o Acólito entenda o comando de voz, iniciando a reprodução também com a voz de Algar.

Alteza, Kore finalmente recobrou a consciência. Ainda está muito ferido mas está vivo. Estou indo até seu irmão e iremos lhe tirar daí o mais rápido possível. Respeitosamente pedimos um pouco de paciência aos senhores do Império Mundial que tiverem interceptado o Acólito. Queremos propor um acordo pacífico e estamos à caminho.

O rei pensa por alguns instantes, até que chega à uma conclusão.

— O rei Thaldron irá vir até aqui pessoalmente resgatar sua irmã bastarda. Isso pode ser interessante. Deixe que a prisioneira ouça o recado e depois traga-o de volta. Quero enviar um recado à eles.

 

Horas depois, já atravessando o portal de entrada da cidade, a caravana que leva o rei Thaldron finalmente chega na sede principal do Império Mundial.

Algar está sentado próximo à janela da enorme carruagem em que se encontra, observando a cidade do lado de fora, quando o irmão de Eril se aproxima, sentando-se ao seu lado.

— Você parece apreensivo. — dirigindo-se à Algar. — Eu tenho certeza de que minha irmã está bem. Ela é forte, inteligente e sabe viver muito bem longe do luxo e do conforto. Não serão três ou quatro dias em uma cela que irão acabar com ela.

— Estou de acordo, vossa majestade! Mas tenho um pressentimento ruim quanto a tudo isso.

— São tempos difíceis, meu caro. — colocando a mão sobre o ombro do anão. — Sei bem que qualquer deslize pode ser fatal. Por isso preciso escolher muito bem as palavras. Uma vírgula fora do lugar, uma frase ambígua ou mal compreendida e pode significar a diferença entre a paz e a guerra.

— É realmente muita pressão, mas vossa majestade parece muito calmo.

— Pressão é algo com o que um rei precisa conviver todos os dias, o tempo todo. Se deixar isso me consumir, começarei a tomar decisões errôneas e posso fazer todo o meu povo sofrer. Então eu preciso ser forte. Sei que não sou um guerreiro formidável como foi o meu pai, mas tenho certeza que eu o deixaria orgulhoso da forma como estou regendo Galvas.

— Seu pai era forte no campo de batalha, mas vossa majestade parece ser tão forte quanto, no campo da política.

— Assim espero. — sorrindo de leve, enquanto levanta-se da cadeira, dirigindo-se para uma sala reservada na carruagem. — E, por favor, não me chame de majestade. Os amigos de Eril são meus amigos. Tudo irá ficar bem, pode acreditar.

Algar volta-se para o Acólito, em sua mão, apertando uma engrenagem escondida em sua lateral, que dispara a gravação sem a necessidade de um comando de voz.

Rei Thaldron e seus aliados. — diz a voz do imperador do Império Mundial, vinda do construto. — Serão bem vindos em meu castelo. Proponho uma troca justa. Darei mais detalhes assim que chegarem. Sejam bem vindos!

— “Tudo irá ficar bem”? — cochicha para si. — Espero que esteja certo, majestade.

A carruagem estaciona no pátio interno do castelo principal e o rei, junto de Algar e mais onze guerreiros de confiança seguem corredores à dentro, escoltados pelos mesmos oficiais que escoltaram Eril. Os últimos da fila carregam uma grande caixa comprida, do tamanho de uma pessoa adulta.

Após percorreram um longo caminho, finalmente chegam à sala do trono, onde está o Imperador. Desta vez com vestes mais apresentáveis e suas escravas estão ajoelhadas atrás do trono.

Thaldron se aproxima, enquanto os demais se ajoelham à uma certa distância, deixando a caixa logo atrás do rei.

— Há muito venho querendo conhecê-lo, rei Thaldron. — inicia, sem rodeios, o Imperador. — Seja bem vindo a sede do Império Mundial.

— Devo dizer que estou impressionado. Certamente é o maior e mais luxuoso castelo que já existiu.

— O castelo tem de passar a imponência de seu reino. Não poupamos recursos para isso.

O imperador estala os dedos e suas escravas se aproximam.

— Gostaria de experimentar alguma delas enquanto conversamos? São todas muito boas no que fazem.

Apesar de repudiar a prática da escravidão, o rei de Galvas não deixa transparecer, de forma a evitar um clima hostil.

— Agradeço a oferta, mas não pretendo me demorar. Sua mensagem falava sobre uma troca e acredito que quisesse trocar a liberdade de minha irmã pelo exemplar de Xibalba, estou correto?

— Exato! E parece que você já veio preparado para isso. — olhando para a grande caixa atrás de Thaldron.

— Infelizmente temos um problema. — diz o rei, fazendo um movimento aos guerreiros que o acompanhavam e eles, imediatamente, destrancam a caixa, abrindo-a.

Os oficiais do Império se posicionam, preparando-se para qualquer imprevisto ou mesmo um ataque surpresa, mas o que surge da caixa é o corpo do exemplar de Xibalba, porém está seco e acinzentado.

— Quando seu general atacou, os bárbaros tentaram fugir com ele, porém, parece que estas criaturas só podem existir dentro do território de Xibalba. Para trazê-lo de lá, o Xamã dos bárbaros utilizou diversos rituais. O problema é que para fugir não tiveram tempo, então tentaram levá-lo de qualquer forma e foi esse o resultado. — apertando um dos dedos da criatura, que começou a esfarelar.

A expressão do tirano imperador se torna séria e ele levanta-se de seu trono.

— Deixe-me entender melhor. Está me dizendo que perdemos o espécime?

— Infelizmente sim.

Visivelmente irritado, ele caminha até sua escrava elfa, enquanto ela se encolhe de medo.

De sua cintura ele saca uma faca de cabo dourado, ornada com pedras preciosas e passa sua lâmina, de lado, pelo rosto da garota, sem ferí-la.

— Sabe, Thaldron. Eu sempre tive apreço pelas elfas. Todas são tão lindas. — baixando sua faca e então começando a cortar a roupa da escrava, de baixo para cima, até deixá-la nua. — Eu sou um verdadeiro amante da beleza feminina, mas comer a mesma carne sempre me incomoda, me faz querer variar. Tenho uma elfa incrivelmente linda em meu calabouço.

Uma gota de suor escorre pela testa de Thaldron, imaginando aonde o imperador queria chegar.

— Me dê um único bom motivo para eu não colocá-la no lugar desta aqui? — referindo-se à sua escrava elfa, que tremia e chorava em silêncio.

Thaldron pensa por um instante, mas antes que pudesse falar algo, Algar levanta sua mão e é percebido pelo imperador.

— Hã? Acho que um de seus vassalos tem algo à dizer.

Voltando-se para trás, Thaldron avista o anão e pede para que ele se levante e aproxime-se.

— Este é Algar, um amigo. — apresentando-o ao imperador. —  Gostaria de dizer algo?

— Perdoe minha insolência por aproximar-me, vossa majestade imperial, mas tenho uma proposta que pode ajudar à todos.

— Estou ouvindo. — encara o imperador, curioso.

— Quando conheci a princesa Eril, ela estava rodando Almara atrás de membros poderosos para formar um time. Seu objetivo era justamente entrar em Xibalba. Se nos der sua permissão, entraremos em Xibalba e capturaremos um novo exemplar para vossa majestade imperial.

— Pelo tratado de Xibalba, não sou permitido enviar sequer um pequeno pelotão àquele lugar. Só os deuses sabem que tipos de maldições existem por lá. Qualquer soldado que for até Xibalba e voltar, será afastado imediatamente de nosso exército.

— Apenas nos escolte até a ilha e faremos o resto.

— Está muito confiante de que vai conseguir. Espero que esteja levando aquela ilha à sério. Poucos voltaram de lá com vida. Porque acha que vão ter sucesso onde tantos falharam?

— Todos que entraram lá, no passado, não tinham muita informação sobre o local. Mesmo os bárbaros entraram praticamente às cegas. Informação é o essencial para sobreviver naquele lugar e isso nós temos.

— Muito bem! De quanto tempo precisam?

O anão abaixa ainda mais a cabeça por alguns instantes e então responde.

— Dois anos, vossa majestade imperial.

— DOIS ANOS? — espanta-se o imperador. — Está dizendo que vai me fazer esperar por dois anos inteiros para entrar lá?

— Somos bons no que fazemos, mas precisamos nos preparar, ainda não somos fortes o suficiente. Garanto que dentro de dois anos estaremos prontos. Terá seu exemplar, eu prometo!

O imperador olha para os lados e então para cima, pensando, claramente irritado.

Ele olha para a elfa à sua frente, nua e com medo.

Sua mão esquerda toca os cabelos da garota e descem suavemente por seu rosto, acariciando sua face, até chegar em seu pescoço, por onde a segura, apertando levemente.

Os dedos do imperador começam a apertar mais, iniciando um certo desconforto na escrava, que foi aumentando até se tornar dor.

Quando a garota já parecia sem ar e começou a se debater, com uma estocada violenta, a lâmina na mão direita se enterra no abdômen da elfa, que tenta gritar de dor, mas sua voz não sai devido sua garganta estar sendo esmagada.

Ele repete a estocada de novo e de novo, violentamente, até que sua escrava pare de se debater, ficando em pé apenas por estar sendo segurada pela mão do imperador.

Algar e Thaldron ficam horrorizados, mas tentar impedir aquele assassinato poderia resultar na morte de todo o reino de Galvas.

O tirano joga o corpo inerte da garota para o lado, enquanto limpa sua lâmina com um lenço, mostrando-se totalmente despreocupado com suas vestes manchadas de sangue.

— Dois anos! — diz o Imperador, dirigindo-se à Thaldron. — Vocês têm dois anos para me trazer o exemplar. Até lá, deixarei a vaga desta elfa em aberto. Se vocês falharem, sua querida irmã ficará no lugar dela.

Com um movimento da mão, um soldado real se aproxima para ouvir a ordem.

— Libertem a princesa Eril e escoltem o rei Thaldron até a saída.

— Não falharemos, vossa majestade imperial. — conclui Algar, ajoelhado e com a cabeça quase tocando o piso.

— Não torne a dirigir a palavra à mim, a menos que eu tenha autorizado, anão. — sentando-se em seu trono enquanto brinca com a lâmina de sua faca. — Mas apenas por curiosidade, quem é o seu amigo que você disse ter sobrevivido, na mensagem de voz? Alguém importante para a princesa, creio eu?

— De fato, é um amigo. Seu nome é Kore e ele foi ferido tentando lutar contra o general Radagart. — responde, ainda ajoelhado.

— Entendo! Um bárbaro, certo? Deve ter sido atingido por um daqueles ataques à distância ou estaria morto.

— Não. Ele é um monge humano e foi atingido por um soco direto do general. Mesmo sendo tratado no hospital de Galvas ele quase morreu. Seu estado ainda é instável, mas já acordou.

Os olhos do imperador se espremem e ele se ajeita no trono, como se tivesse ouvido algo absurdo.

— Você disse que ele recebeu um soco em cheio do general Radagart? Isso não pode estar certo. O que ele estava usando? Uma armadura sagrada? Um escudo especial?

— Monges não usam armadura, vossa majestade imperial. Ele recebeu o ataque diretamente no abdômen e foi lançado pelos ares.

— Isso que está me dizendo é mais interessante do que eu podia imaginar. O quão forte é esse monge? Seria um avatar de algum deus?

— Não, ele é apenas um monge sortudo que sequer liberou o terceiro selo.

Ao ouvir a última frase, o tirano parece ficar enfurecido, dando um soco no braço do trono e levantando-se, alterado.

— Como ousa mentir descaradamente perante o imperador do Império Mundial? Não há como o que você diz ser verdade. Qualquer inseto assim teria sido esmagado ou pelo menos partido em dois.

— Perdão, meu senhor, mas é a pura verdade. Tudo o que posso fazer é trazê-lo até aqui para que possa tirar suas próprias conclusões.

— Não acredito. A força de Radagart é absoluta. Como ele pode ter sobrevivido?

Nesse momento um leve tremor repetitivo pode ser sentido, acompanhado do som de pesados passos, vindos de uma sala ao lado do salão principal. De lá surge o titan e general do Império Mundial.

— Isso que disse é verdade? — diz o poderoso shamarg, tão espantado quanto o próprio imperador. — Aquele humano que eu golpeei está vivo?

Apenas estar na presença de um ser tão poderoso é o suficiente para fazer com que todos no recinto tremam. Mesmo o imperador parece com medo, apesar de tentar disfarçar.

— Sim! — responde Algar, temendo a reação do titan. — Ele sobreviveu.

O gigante pensa por um instante, assimilando o que acabou de ouvir.

— Eu aceitaria se ele estivesse usando uma armadura muito poderosa ou se fosse um shamarg com uma couraça anormalmente forte. Ainda sim precisaria de sorte para sobreviver ao meu punho. — conclui. — Repita o nome dele. — ordena à Algar.

— O nome dele é Kore.

E tão inesperadamente como chegou, o titan se vai, deixando uma última mensagem antes de sair.

— Diga à ele que nos encontraremos novamente. Preciso conhecer melhor o humano mais sortudo de Almara.

 

Como prometido, Eril foi libertada e parte de volta para Galvas, junto com seu irmão Thaldron e o alquimista Algar.

— Desculpe ter demorado, alteza. — lamenta-se o anão. — Deve ter sido difícil permanecer em um calabouço por quase quatro dias.

— Tudo bem, Algar. — responde a princesa, com um leve sorriso. — Eu mesma pedi que só saísse de Galvas depois de me dar notícias sobre o estado de Kore. Além do mais, já estive em hospedarias piores do que aquele calabouço.

— Eu não disse que não havia nada para se preocupar? — intervém Thaldron, também sorrindo. — Minha irmãzinha é dura na queda.

— E o Kore, como está? Você disse que ele acordou.

— No momento em que saímos, ele havia acordado, mas ainda sim os médicos disseram que o estado ele é instável. Segundo eles, com a quantidade de ferimentos do corpo dele, é um milagre que esteja vivo e consciente. Voughan está lá com ele. Aliás, ele está diferente depois desse incidente. Parece cabisbaixo. Mesmo quando se irrita é diferente.

— Talvez seja culpa por ter sido o irmão dele quem causou tudo isso. Apesar de que isso é improvável, ele nunca demonstrou ter esse tipo de discernimento.

— É por isso que digo que ele está diferente. É como se algo tivesse mudado dentro dele. Talvez uma lembrança reprimida ou um trauma que veio à tona.

— Espero que pelo menos isso deixe ele menos imprudente.

— Acho que isso iremos descobrir com o tempo.

— Mas, Algar, me diga como convenceram o imperador à me libertar.

O anão para por um instante e respira fundo.

— Foi bom ter tocado no assunto. Precisamos conversar.

 

O dia se torna noite e a noite, novamente, se torna dia.

A carruagem retorna para Galvas e segue de imediato para o hospital.

Lá dentro, em uma sala separada e com diversos aparelhos, está Kore, deitado em uma cama especial, ligado à vários fios e cabos, com seu corpo quase totalmente enfaixado.

Voughan está sentado em uma cadeira, próximo à porta, enquanto Algar e Eril estão próximos à cama, junto da doutora que coordenou todo o tratamento do ferido.

— Por favor, não exijam demais do paciente. — orienta a médica. — Movimentos bruscos e até mesmo falar demais podem abrir os pontos internos. Falem apenas o necessário.

— Entendido. — responde Eril, voltando-se em seguida para o monge. — Você nos deu um susto e tanto, heim. Não faça mais isso.

— Você parece ser o cara mais sortudo do mundo. — diz Algar. — Qualquer outro estaria à sete palmos, nesse momento.

— Engraçado, não me sinto sortudo. — retruca o monge, falando lentamente e ameaçando um sorriso. — E alguém poderia me explicar isso?

Kore ergue seu braço esquerdo.

— Meu braço esquerdo voltou. Como isso aconteceu? — referindo-se ao fato de que ele havia sido amputado pelo arcanjo Uriel.

— Seu amigo Araziel, que lhe carregou naquela ocasião, também trouxe seu braço junto. — responde o anão.

— Seu amigo utilizou um encantamento para evitar a decomposição do seu braço. — complementa a doutora. — Felizmente vocês não demoraram tanto para chegar aqui, pois seu encantamento apenas reduziu o tempo da decomposição. Por pouco não perdemos o membro. Na próxima vez utilize o encantamento de kronus, para parar o tempo ao redor dele.

— Sinto muito, doutora, mas não liberei o terceiro selo, então não tenho domínio sobre os elementos avançados.

— Hum! Você acaba de te tornar bem interessante. Mesmo sem o terceiro selo conseguiu improvisar algo.

— Utilizei runas de contenção junto com algumas ervas que evitam a gangrena. Tive de reforçar a cada três dias.

— Interessante. Você deveria trabalhar aqui no hospital. Metade dos médicos daqui não teria pensado nisso.

— E você, teria?

— Confesso que eu teria utilizado pertília, junto com as runas de contenção. Elas servem para manter alimentos frescos por tempo quase indeterminado. Teria reduzido ainda mais a decomposição e só precisaria reforçar a cada oito dias.

— Me lembrarei disso se houver uma próxima vez.

— Não gostaria de trabalhar aqui no hospital? Seria muito bem vindo.

— Fico grato pela oferta, mas tenho que acompanhar a princesa em uma missão importante. De qualquer forma, agradeceria se pudesse utilizar a biblioteca do hospital.

— Fique à vontade. — diz a médica, piscando para Algar. — Vai ser bom ter você por perto. — dirigindo-se até a porta. — Agora preciso ver outro paciente. Se precisarem é só chamarem por mim na recepção.

Após a saída da doutora, Kore faz um esforço e consegue erguer o dedão da mão direita, com um sorriso malicioso no rosto.

— Não é nada disso, garoto. — diz o anão, com as bochechas um pouco coradas.

— Ah, pois eu concordo com ele. — intromete-se Eril. — Acho que ela gostou de você.

Kore tenta rir, mas sente fortes dores.

— Se já terminaram, precisamos conversar sobre um assunto sério. — diz, um pouco irritado, algo incomum de acontecer.

Percebendo a expressão de Algar, tanto Eril quanto Kore ficam sérios e preparam-se para ouvi-lo.

— A princesa Eril começou a montar este time faz pouco mais de um ano. Não me levem a mal pelo comentário, mas obviamente todos percebemos que nenhum de nós estava na lista inicial e que estamos longes de ser o time ideal. Shonen era o monge lendário e, em seu lugar, veio você, Kore, que a pouco liberou apenas o segundo selo. Radagart era um titan, o mesmo que partiu aquela montanha e o mesmo que o colocou nesta cama de hospital, Kore. No lugar dele, veio seu irmão mais velho, que herdou os piores traços de seus pais.

Da porta, Voughan rosna, mas não o interrompe, pois sabe que é a verdade.

Algar prossegue.

— Viajaram até Tengkorak, procurando por Drelner Dhondal, o alquimista lendário, mas acabaram encontrando apenas o seu filho muito menos habilidoso. E, se me permite, princesa, você mesma apenas recentemente liberou o terceiro selo. É a mais forte de nós e ainda sim não acho que esteja apta a entrar em Xibalba.

A cadeira onde Voughan estava sentado é arremessada por ele, visivelmente alterado, felizmente não atingindo nenhum equipamento importante.

— Aonde quer chegar com isso, velhote? — questiona o shamarg, encarando-o bem de perto de forma ameaçadora.

— O que estou tentando dizer. — continua Algar. — É que, da forma como estamos agora não chegaremos nem perto de atingir nosso objetivo em Xibalba. Se formos para lá assim iremos morrer, com certeza.

Um silêncio fúnebre toma conta daquele quarto de hospital por alguns instantes.

— E o que você sugere? — pergunta o monge.

— O óbvio. — responde Algar, prontamente. — Devemos nos separar.


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Notas finais do capítulo

Observações e críticas construtivas serão bem vindas!



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