ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 28
CAPÍTULO 27 | O Titan


Notas iniciais do capítulo

O poderoso Titan Radagart surge no reino dos bárbaros.
Talvez seja o fim da linha para um de nossos heróis.



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Estava ali, parado diante de Voughan, um enorme shamarg com uma musculatura desproporcionalmente exagerada, ombros largos demais até mesmo para aquela raça e um cinturão com o símbolo do posto máximo do exército do Império Mundial. Um general.

Mas mais do que isso, aquele homem possui um título ainda mais impressionante. O de um tipo de ser que surge de tempos em tempos e que, de tão poderoso, parece que os deuses permitiram existir apenas dois em cada era.

Era Radagart, O Titan.

O Monte Giron mais e mais desmorona, após ser partido ao meio pelo poder monstruoso do general e todos observam de longe, sem intervir.

Mesmo os bárbaros, guerreiros que encaram batalhas mortais com alegria, parecem temer o intruso.

— Devo dizer que é realmente uma surpresa encontrar você aqui. Tão longe de casa. — diz Radagart.

— Resolvi me aventurar um pouco. Aquela ilha estava começando a ficar chata. — responde, com uma expressão nada amistosa no olhar.

— Até onde eu me lembro, metade dos shamargs da ilha eram mais fortes do que você. Como foi que a ilha ficou chata se tinha tantos bons oponentes?

— Isso não é da sua conta.

— Seus treinos deram resultado? — com um sorriso arrogante no rosto.

Voughan não responde.

— O que foi? Achou que eu não sabia? Eu sou muito mais inteligente do que você. Achou mesmo que conseguiria esconder seu segredo de mim?

— Eu já disse que isso não é da sua conta.

— Um shamarg que precisa treinar. Isso é o mesmo que assumir ser um fraco. Você deve lutar com sua própria força, qualquer coisa fora disso é besteira. É assim que é decidido quem é realmente forte.

— Falar isso é fácil, quando se nasce como você.

— Você não sabe o que está falando. Não faz ideia de como é ser um guerreiro e não poder lutar. Porque para mim não existem lutas. Meus oponentes se quebram com o menor movimento que eu faço.

Radagart fecha o punho e da um soco no ar com tamanha força que causa um estrondo e a pressão do ar atinge um bárbaro à vários metros de distância, desfigurando completamente seu rosto, que cai desacordado no chão em uma poça de sangue.

— Um leve balançar do braço é o suficiente. Você deveria ser grato, por ser fraco pode enfrentar caras mais poderosos do que você o tempo todo. É tudo o que eu queria. Mas cada um tem que aceitar seu próprio destino.

— Pois eu não penso assim. Eu vou me tornar forte, não importa o que digam. Eu quero me tornar um…

Por algum motivo Voughan não completa sua frase, para curiosidade de seu irmão.

Nesse momento, um bárbaro mais corajoso decide lançar um ataque de Ki contra Radagart. Com seu machado, ele golpeia o ar, lançando um feixe de energia cortante que atinge em cheio o pescoço do Titan, porém, ele parece nem perceber que foi atingido, não sofrendo sequer um arranhão.

Radagart balança a cabeça negativamente, fazendo pouco das palavras de Voughan.

— De qualquer forma, espero que consiga o que busca, irmão. — Agora peço que saia da minha frente, pois tenho trabalho à fazer.

— O que vai fazer?

— Esses bárbaros têm algo que o Império Mundial quer. Então eu vim buscar.

Os pesados passos do Titan provocam um som abafado, deixando claro o enorme peso de seu corpo, enquanto caminha em direção ao seu irmão.

Ao chegar ombro à ombro, passando ao seu lado, Voughan o detêm, com a mão espalmada em sua frente.

— Você não pode passar, irmãozinho. — diz Voughan.

— E por que não?

— Porque eu não vou deixar. Não tem nada aqui que pertença ao Império.

— Saia logo da frente, Voughan.

Como resposta, o irmão mais velho golpeia Radagart com um soco no rosto, porém, da mesma forma como o ataque de Ki do bárbaro, ele não recebe dano algum, não se movendo um milímetro sequer.

— Não me faça te machucar. — diz o Titan, subestimando-o.

Voughan tenta golpear novamente, atingindo o oponente com diversos socos, com toda sua força, mas o resultado é o mesmo.

Um dos socos é detido pela mão de Radagart, que aperta o punho de Voughan, estraçalhando a couraça de sua mão e quebrando seus ossos.

Voughan urra de dor, enquanto o sangue escorre pelas rachaduras de seu punho.

Radagart continua caminhando em direção ao centro da cidade, mas Voughan para em sua frente novamente, de braços abertos, tentando impedir sua passagem.

— Já chega! — decide o Titan, atacando com a ponta de seus dedos, que cravam no peito de Voughan, atravessando sua couraça como se fosse nada.

Os olhos de Voughan ofuscam e ele cai, inconsciente.

Kore, que estava chegando no local, vê a cena consegue segurar Voughan antes dele tocar o solo.

— Maldito! Quem é você?

— Eu tentei usar o mínimo de força possível, para não atingir o coração dele, mas não sei se consegui. Leve meu irmão para o hospital, garoto.

— Você é… — engolindo seco. — Radagart? Porque está fazendo isso? Ele é seu irmão.

— Apenas saia do caminho, verme. Só irei pegar o que nos pertence. Se ninguém entrar no caminho não haverão muitos feridos.

Uma sombra cobre os três e, ao olhar para cima, eles avistam um humanóide imenso. Um gigante com cerca de cinquenta metros se aproximando.

Ele está trajando roupas semelhantes aos demais bárbaros e porta um machado para o seu tamanho.

— Titan, shamarg, general.  Não importa! — vocifera o monstro. — Ninguém ataca nosso reino e vive pra contar história.

Ele se aproxima e ergue seu machado, preparando um golpe.

Kore salta, carregando Voughan, afastando-se de Radagart.

O imenso machado desce com fúria, acertando em cheio o general, causando um enorme estrondo, que lança pedras e destroços para todos os lados.

Para espanto de todos, Radagart novamente continua ileso, e o machado do gigante se quebra.

Atônito com o ocorrido, o gigante apenas olha seu machado, não acreditando no que acabou de acontecer.

Novamente Radagart soca o ar, causando um estouro, e a explosão gerada pela pressão do ar avança em direção ao gigante, atingindo o lado de seu joelho direito e esfacelando sua rótula.

Com um grito de dor, o gigante despenca, caindo no chão, enquanto segura sua perna, totalmente inutilizada agora.

Nisso, uma bola de fogo é lançada contra o invasor, causando uma grande explosão ao entrar em contato com ele e ateando fogo em uma área de trinta metros ao redor dele.

A magia foi lançada por Eril, que reuniu todas as suas forças naquele ataque.

Em meio às chamas e fumaça, surge a silhueta do Titan, caminhando para fora da área afetada. Seu corpo está coberto de fuligem, mas sua couraça permanece intacta, para o espanto da maga.

Radagart claramente prepara um soco, mesmo estando à uma grande distância.

Ao ver a cena, Kore relembra do que viu à pouco, um bárbaro sendo atingido à distância pela pressão do ar, causada pelo soco do Titan.

Imediatamente ele salta para cima de Eril, derrubando-a no último instante, salvando-a do ataque.

A pressão do ar passa reto, atingindo uma casa de pedra, destruindo-a completamente.

— Eu conheço você. — diz o monstro, fitando Eril. — É a princesa de Galvas. Acho que vou te levar junto comigo. Sei de sua aliança com o reino dos bárbaros, mas tendo uma refém como você, sei que Galvas não irá atacar o Império Mundial.

Desta vez é Kore que ataca, lançando seu punho de vento, que atinge, de forma ineficaz, o rosto de Radagart.

— Vai ter que passar por mim primeiro. — diz o monge.

Apesar das palavras corajosas, Radagart claramente percebe que as pernas de Kore tremem. Não que isso fizesse alguma diferença, pois tudo o que ele via em sua frente era um verme com apenas um braço, que o ameaçava tanto quanto uma brisa de verão.

— Como quiser. — responde, erguendo o braço direito em sua direção.

Ele prende o dedo médio com o dedão, o pressiona e então solta, disparando um ataque semelhante ao seu soco à distância, mas com uma área menor de acerto, como um disparo de uma arma.

Em um movimento de puro reflexo, Kore desvia do ataque, que abre um buraco em uma árvore e segue furando tudo o que há atrás dela.

Kore avança contra o oponente com seu punho em chamas, atingindo-lhe uma série de socos muito rápidos

Percebendo que não fizeram efeito, ele corre pela lateral e então o chuta no lado de sua cabeça.

Como esperado, não houve dano.

Ele golpeia de novo e de novo.

Radagart age como se mal estivesse tentando acertá-lo, mas mesmo um tapa com as costas das mãos, que atinge apenas o ar, causa um estrondo, varrendo o que quer que esteja no caminho.

O que estou fazendo? — pensa o monge, apavorado. — Se um ataque desses, mesmo à distância, me acertar, já era. O punho dele partiu uma montanha e derrubou um gigante. Eu não deveria estar aqui.

Kore diminui a frequência de seus ataques, praticamente ficando apenas na esquiva.

Seus golpes, como o que qualquer outro, não completamente inúteis contra ele.

Então, algo semelhante à cordas mas feitas de energia brotam do solo, amarrando juntas as pernas de Radagart, subindo por seu tórax e então se enrolando em seus braços, prendendo-os.

Em baixo dele pode-se ver um círculo de magia, produzido por Algar, que tentava desesperadamente conter os movimentos do Titan.

Como se não fossem nada, Radagart apenas dá alguns passos para frente, desvencilhando-se das amarras de energia, que se arrebentam, desmanchando-se no ar.

— Não há nada que funcione com esse cara? — pergunta o anão, estupefato.

— KORE! — grita a elfa, temendo pela vida do amigo. — SAIA DAÍ! FUJA!

— Se fugir, eu irei atrás da princesa de Galvas. — menciona o monstro.

— Eu me rendo, Radagart! — responde Eril. — Pode me levar com você, mas deixe essa gente em paz.

O medo pela própria vida toma conta de Kore, mas ao mesmo tempo não pode deixar Eril nas mãos daquele monstro.

— Levarei você e a fera de Xibalba comigo. — anuncia, fitando Eril.

Ao ouvir isso, Kore ataca novamente, atingindo um forte soco no queixo do Titan, com tanta força que seu punho sangra, novamente sem causar qualquer dano ao inimigo.

— Sabe garoto, você já está começando a me encher. Geralmente não gosto de matar, muito menos gente fraca, mas vou abrir uma exceção.

Percebendo o perigo, ele corre de um lado para o outro rapidamente, utilizando toda sua velocidade para evitar os possíveis ataques de Radagart.

O Titan ergue a perna direita e, quando Kore está mais próximo, pisa com força no chão, destruindo uma enorme área do solo e abrindo uma cratera.

O impacto ergue pedras e grandes pedaços do solo, levantando junto o monge, que é atirado para cima.

— Você é muito ágil, mas não pode se mover no ar.

Enquanto cai, sem conseguir reagir, seu sangue gela por estar a mercê do Titan.

O Monstro fecha sua mão e prepara um soco.

Como um torpedo, o punho do monstruoso shamarg avança, cortando o ar, enquanto Kore parece enxergar tudo como se o tempo à sua volta andasse devagar.

O medo o congela completamente e tudo o que ele vê são vários momentos do passado passando em sua frente.

É como dizem: momentos antes da morte você vê sua vida passar diante de seus olhos e com ele não foi diferente.

Ele viu a morte de sua avó pelos malditos kemonos.

As lutas contra Aldrah, que ele tanto gostava em sua infância.

A surra que levou de seu pai, por erguer os punhos contra uma garota.

O dia em que foi levado para treinar com Lisica.

Sua entrada no monastério, quando conheceu seu melhor amigo Farkas.

O treino pesado, dia após dia.

A primeira vez que sentiu o mahou percorrer seu corpo, liberando o primeiro dos três selos.

O dia em que saiu do monastério com Eril.

O treino rápido, mas muito efetivo, com Lisica.

O recrutamento de Voughan para o time.

Quando conheceu o pai de Eril.

O dia em que Algar tornou-se membro do grupo.

Quando conseguiu liberar o segundo selo.

Todas as suas lutas.

Todas as suas vitórias.

Todas as suas derrotas.

Quando perdeu seu braço esquerdo, lutando contra o arcanjo.

O dia em que quase se declarou para Eril… Quase!

Tudo isso em um milionésimo de segundo, até que o punho do Titan finalmente o atinge em cheio o abdômen.

O golpe causa uma explosão de pressão de ar tão forte que derruba os bárbaros mais próximos.

Kore sente seus órgãos sendo esmagados. Ossos, que sequer foram atingidos pelo punho, se quebrando.

Tudo tão rápido que não houve tempo de sentir dor.

Com o impacto do golpe, seu corpo é arremessado à uma velocidade impressionante, colidindo contra árvores no caminho, que são derrubadas enquanto ele continua seu trajeto.

Mesmo rochas são destruídas pelo impacto com seu corpo.

Ele finalmente toca o chão, rolando mais alguns metros até finalmente parar, ficando à quase um quilômetro do local onde foi atingido, deixando para trás um rastro de destruição e sangue.


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Notas finais do capítulo

Opiniões e críticas construtivas são bem vindas.



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