ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 24
CAPÍTULO 23 | Avançando para o Próximo Nível


Notas iniciais do capítulo

Surge o pai da misteriosa Calime. Uma batalha complicada tem início no salão subterrâneo e Eril está prestes à romper seus limites.



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A longa escadaria parecia girar em uma espiral larga. Alguns dutos de ar podem ser percebidos próximos de cada tocha e as paredes, de pedra firme, era muito bem projetada. Obviamente não era o trabalho de um amador.

— Sabe bem que isso pode ser uma armadilha. — sussura Kore, no ouvido de Algar. — Podem estar nos levando lá para baixo para nos matar e nos transformar em mortos-vivos.

— Eu sei bem. Mas estou preparado para algo assim. Além do mais, em uma ocasião você me disse que se perecermos em uma situação tão trivial, seríamos incapazes de sobreviver na ilha de Xibalba.

— Isso não parece com algo que eu teria dito. Pelo menos não com essas palavras.

Quando a escadaria termina, uma série de corredores surgem em sua frente, mas a menina parece saber exatamente o caminho, adentrando em um deles.

Antes de prosseguir, Algar retira de sua luva um pequeníssimo pote, contendo um creme avermelhado. Ele esfrega o dedo no creme e então o passa na parede do corredor por onde vieram.

A mancha avermelhada na parede desaparece alguns segundos depois e eles continuam a seguir a menina.

Sem entender direito, Kore se aproxima de Algar, novamente sussurrando.

— Eu achei que aquilo era para marcar o caminho de volta, mas sumiu. Do que adianta?

— Use sua visão das trevas e irá enxergar a marca.

A menina morta-viva, que os guiava, olha para trás enquanto caminha.

— O que vocês estão cochichando?

— Estamos falando da decoração desse lugar. Ela é de muito bom gosto. — responde Kore, ironizando.

Algar lhe dá uma cotovelada de leve, repreendendo-o.

Eril decide se aproximar da menina e tentar conseguir alguma informação, antes de chegarem ao seu destino.

— Calime, que tipo de pessoa é o seu pai? Foi ele quem construiu esse lugar?

— Ele é uma boa pessoa. Mas não foi ele quem fez este lugar não. Este lugar era do “me mate”.

— Do “me mate”? — intrigada. — O que é isso?

— É o meu amigo.

— O nome dele é “me mate”?

— Eu acho que é.

Todos ficam sem reação ao ouvir a menina, imaginando quem seria aquela pessoa e o porquê daquele nome.

Eles continuam a caminhar, até que percebem que falta um integrante.

— Hei! — exclama Kore. — Onde está o Voug?

— Mas que droga. — reclama Eril. — Não acredito que aquele cara sumiu. Não é a primeira vez que ele faz uma coisa dessas.

— Não podemos deixar ele vagando por aí. Quem sabe que tipo de confusão ele pode arranjar. Eu vou atrás dele.

Quando Kore faz menção de voltar, a mão de Algar o segura pelo pulso.

— Espere! — enquanto tira algo do bolso.

É o pequeno construto voador, Acólito.

Algar move algumas engrenagens em uma direção específica e uma pequena parte da criatura se solta, sendo pega pelo anão, que a coloca no bolso.

— Leve o Acólito com você. Ele o guiará de volta até este sensor que vai ficar comigo, então você não irá se perder.

— Entendido! — correndo de volta para os diversos corredores do caminho, junto ao pequeno Acólito, preso ao seu ombro.

Vagando de corredor em corredor, Kore encontra alguns pedaços de mortos-vivos desmembrados. Estes, diferente dos esqueletos enfrentados antes, apesar de apodrecida, possuem pele na maior parte do corpo.

Um braço direito lhe chama a atenção e ele olha para o que sobrou do seu próprio, que fora decepado, soltando um suspiro em seguida.

Mais algum tempo e ele encontra um buraco em uma parede, provavelmente teria sido feito por um golpe de Voughan. Isso significa que Kore estava no caminho certo.

Ele ouve alguns sons e os segue, até que encontra Voughan enfrentando alguns mortos-vivos.

Mesmo golpeados de novo e de novo, eles sempre se levantam.

Quando são desmembrados, os pedaços tornam a se encaixarem de volta no corpo, mas Voughan parece ter descoberto uma forma para que não voltem.

Ele esmaga a cabeça de um deles contra o chão, pisando com muita força. O crânio é destruído, espalhando pedaços para todos os lados. Aqueles que são derrotados assim não tornam a se regenerar.

— Se divertindo sozinho, grandão?

— Cala a boca. É um saco enfrentar esses fracotes que ficam se regenerando. Ainda sim é melhor do que só ficar caminhando sem rumo com vocês.

Concentrando-se, Kore ativa o punho a alma novamente e então salta sobre os inimigos.

Cada um é derrotado com apenas um golpe.

Nisso, alguns pedaços que estavam no chão começam a se remontar, formando um enorme guerreiro orc morto-vivo.

— Esse aí ta dando trabalho, não consigo esmagar a cabeça dele. — referindo-se ao orc.

O monge avança na direção do inimigo, velozmente, e o golpeia com um soco no abdômen. O grandalhão cai de joelhos, mas, apesar de enfraquecido, ainda está se mexendo.

— Você é bem resistente, heim? Mas já pode descansar. — golpeando-o novamente com o punho da alma, atingindo-lhe a cabeça e derrotando-o de vez.

— Este era o último. Agora vamos ao encontro dos outros, Voug.

Voughan recolhe um braço de um dos mortos-vivos e o arremessa contra Kore.

— Toma aí! — gargalhando escandalosamente em seguida.

Kore fica visivelmente irritado, mas nada responde.

O pequeno Acólito voa, guiando os dois guerreiros pelos corredores afora.

Tudo parece correr tranquilo, até que a dupla ouve algo como um gemido de dor.

Ambos cessam sua corrida e se concentram em descobrir de onde vem o som.

Ignorando o chamado do Acólito para prosseguir, os dois guerreiros vasculham o local abrindo algumas portas para verificar de onde vinha o angustiante som.

A medida que eles avançam em uma determinada direção o som aumenta. Pode-se perceber que a voz diz algo, mas ainda não é possível distinguir o que é.

O som os leva até uma porta vermelha e, mesmo um pouco receoso, o monge leva sua mão à maçaneta, abrindo-a.

Ao adentrar, imediatamente seus olhos se arregalam e seu cérebro demora alguns segundos para processar o que acabara de ver.

Visivelmente uma sala de tortura, com uma figura presa à parede, totalmente desmembrado. Partes de sua pele arrancadas e, apesar de estar sem seus braços e pernas, seus membros estavam presos na parede ao seu redor, ligados à ele por alguns fios e canos.

Os membros se mexiam enquanto algumas agulhas os perfuravam.

A figura presa à parede parecia sentir as picadas em seus membros, mesmo eles estando separados de seu corpo.

Outras agulhas perfuram o tórax e pescoço, o que parece lhe causar uma dor excruciante, ao mesmo tempo em que uma máquina ao seu redor bombeia sangue para seu corpo.

Ele se contorce e seu olhar parece perdido, como se não enxergasse nada ao seu redor.

Entre um espasmo e outro, ele abre a boca, repetindo sempre a mesma frase:

— Me mate!

Um terrível embrulho no estômago arremete Kore, que quase vomita.

Até mesmo Voughan fica espantado com a cena.

— Mas… Quem faria algo tão horrível? — indaga o monge.

— Esse cara é um morto-vivo? — pergunta Voughan, confuso.

— Pelo jeito não. Aquela máquina ao lado dele parece ser o que o mantém vivo. É como se não quisessem que ele morra apenas para sofrer mais e mais.

— Então vamos matar ele. É o que ele está pedindo mesmo.

— Acho que, neste caso, sou obrigado a concordar com você. Não sei o que esse cara fez, mas acho que ninguém no mundo merece isso.

Kore se aproxima da máquina que bombeia o sangue e encontra sua fonte, desligando-a.

Ao mesmo tempo, Voughan se aproxima de um balcão com diversas lâmina e saca uma das maiores, se aproxima da figura na parede e então atravessa seu peito com ela.

Neste momento, seus olhos parecem voltar à realidade, ele olha para Voughan e sorri.

— Obrigado! — ele diz, pouco antes de desfalecer.

A dupla observa-o por alguns instantes, até que decidem partir.

— Precisamos encontrar os outros logo. Quem quer que tenha feito isso é capaz de qualquer coisa. Eles podem estar em perigo.

Acólito, que os aguardava na porta, segue adiante novamente, mostrando o caminho.

Eles correm em disparada, apressados.

— RÁPIDO, ACÓLITO! PRECISAMOS ENCONTRAR ELES. — ordena ao pequeno construto, que voa o mais rápido que pode.

Eles passam por alguns corredores e então descem uma pequena escadaria, até que se deparam com uma grande porta dupla.

Cada um empurra um dos lados, movendo a pesada porta e então avistam seus amigos.

Em frente à eles, um ser monstruoso.

Possui o rosto deformado, seus dentes à mostra, como se não possuísse lábios, apenas um dos olhos e sua pele exageradamente enrugada e num tom escuro, quase roxo.

Seu corpo é coberto de faixas, enrolado por inteiro, com apenas alguns pedaços à mostra, que revelam sua pele horrenda.

Em sua cintura um cinto dourado com ornamentos e um saiote, que parece ser uma vestimenta de um nobre.

Seu corpo é magro e ele possui mais de dois metros e meio de altura.

Sem pensar muito, Kore concentra a energia em seu punho, salta por cima de seus aliados e então golpeia o peito do oponente com um soco.

Estranhamente, ele não sai do lugar e parece mal ter sentido o golpe.

— Mas… Não pode ser! O punho da alma não funcionou.

— KORE! — alerta Eril. — Ele não é um morto-vivo. Saia já daí.

— O QUÊ!?




Cinco minutos atrás, enquanto Kore e Voughan ainda estavam na sala do “me mate”, Eril e Algar eram conduzidos por Calime, através de uma escadaria que dava em uma enorme porta dupla.

— Abram, por favor! — diz a menina, sempre agarrada à sua rena de pelúcia.

Ao seu comando, surgem das paredes uma uma porção de braços esqueléticos, que puxam a porta, abrindo-a completamente.

— Obrigada! — agradece, com um sorriso no rosto.

Ao passar pela porta, avistam um grande salão e a menina corre na frente, deixando os dois visitantes na entrada.

Ela desaparece por entre as sombras e os dois se perguntam o que estaria acontecendo, enquanto ficam atento à qualquer movimento suspeito ao seu redor.

Pode ser ouvido um som de uma roda girando e então, vindo de um quarto à frente, surge a menina, empurrando uma cadeira de rodas com uma criatura grotesca sentada nela.

Cheio de faixas e uma feição cadavérica e cabisbaixa.

— Este é o meu papai.

Pode-se notar que, junto à cadeira, existe um suporte com soro e um aparelho para medir os batimentos cardíacos, ambos ligados ao ser na cadeira.

Ao se aproximarem, o ser ergue sua cabeça, fitando com seu único olho esbugalhado os dois convidados.

Por sua boca sem lábios escorre um pouco de saliva e ele se contorce na cadeira, estalando quase todos os ossos no processo.

— O que vocês querem? — diz o moribundo, com uma voz rouca.

Algar e Eril ficam por um instante em silêncio, processando aquela situação, até que a elfa decide responder.

— Sua filha, Calime, disse que você precisava de ajuda.

— A não ser que algum de vocês saiba como ressuscitar por completo uma pessoal... — olhando para sua filha. — Não têm serventia alguma para mim.

— Sinto muito. Infelizmente não podemos ajudar. Mas também viemos aqui atrás de respostas.

Mesmo não possuindo pálpebras, é possível perceber a fisionomia da figura mudar, lançando um olhar desconfiado à dupla.

Ele se levanta da cadeira, ainda ligado aos equipamentos.

Mesmo suas costas sendo um pouco curvadas, com uma corcunda, nossos heróis precisam olhar para cima para encará-lo.

— Vou perguntar de novo. O que vocês querem? — agora com um ar mais hostil.

Eril dá um passo à frente.

— O que aconteceu com esta cidade? Ela não era assim até a poucos anos atrás.

— Querem saber se fui eu quem criou esses mortos-vivos? Sim, fui eu.

— Matou todas aquelas pessoas? — questiona Algar, começando a se irritar.

A figura hesita antes de responder e então são ouvidos passos, seguidos do barulho da porta dupla sendo aberta.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer outra coisa, Kore chega saltando por cima de Eril e Algar, golpeando, ainda no ar, o peito da figura enfaixada.

O golpe parece não surtir qualquer efeito.

— Mas… não pode ser! O punho da alma não funcionou.

— KORE! — alerta Eril. — Ele não é um morto-vivo. Saia já daí.

— O QUE? — saltando para trás em seguida, juntando-se aos demais. — Por isso o punho da alma não surtiu efeito.

— Mas que cara feio. — diz Voughan, insensível como sempre. — Pode não ser um morto-vivo, mas se parece com um.

— Onde vocês estavam? — questiona Eril.

— Voughan se distraiu com uns esqueletos. Mas o caso é que encontramos algo terrível no caminho. Encontramos a sala do “me mate”.

A menina e seu pai, ao ouvirem sobre esta sala, fitam Kore.

— Era horrível. — continua o monge. — Um homem preso à parede, aos pedaços. Sendo torturado sem parar por umas máquinas estranhas. Nem consigo imaginar o sofrimento dele, ao ponto dele pedir para que nós o matássemos. Ninguém merece um castigo daqueles. Se foi você quem fez aquilo, então você é um monstro. — apontando para o homem deformado.

— Que horror! E vocês o deixaram lá? — pergunta Eril.

— Não havia mais o que fazer por ele, então desligamos os aparelhos que o mantinham vivo e acabamos com o seu sofrimento.

Com uma pisada forte no chão, o anfitrião chama a atenção para si.

— Vocês fizeram o que? — com um tom de ódio.

— AAAAAAH! Eles mataram meu amigo. — se assusta Calime, chorando, enquanto aperta forte seu bichinho de pelúcia.

A figura grotesca estica o pescoço, ficando agora com a postura ereta e parecendo ainda mais alto.

Ele arranca os tubos e fios que estavam presos ao seu corpo, aperta os punhos e uma explosão de energia emana de seu corpo, semelhante à uma chama branca, agitada e descontrolada.

Ele ruge como um monstro e então seus músculos começam a inflar.

Mesmo com a aparência ainda magra, seus músculos agora são muito maiores e ele saca uma grande espada curva, que estava presa ao lado de sua cadeira de rodas.

— Acho que irritamos ele, Voug.

— Ah! Finalmente ação. — festeja o shamarg, estalando os dedos das mãos, apertando o punho direito com a mão esquerda.

A figura enfaixada avança na direção do time, fazendo com que Eril reaja lançando uma bola de fogo no inimigo.

Com as costas da mão, ele rebate a bola de fogo para longe, sem muita dificuldade.

Desta vez com o punho em chamas, Kore golpeia novamente o peito do oponente, que novamente não demonstra sentir o ataque.

— Não pode ser!

Não contente, ele lança uma chuva de socos em chamas, que atingem o alvo em cheio, que não se defende.

O adversário ergue o braço direito e então o abaixa, tentando cortar Kore ao meio com sua espada, mas ele desvia para o lado, afastando-se.

O golpe atinge o chão, abrindo uma pequena fenda.

— Ele é muito forte. Meus golpes não causaram dano algum.

— Não se engane, garoto. — alerta Algar. — Ele recebeu dano, mesmo que seja pouco. Apenas não demonstrou. Ainda sim ele parece muito forte.

Agora é Voughan que parte para o ataque, golpeando o abdômen do oponente com poderoso soco. Este é lançado para trás, mas não esboça nenhuma reação, partindo para cima do shamarg com a espada em punho.

O ataque com a espada é defendido por Voughan com o braço, mas lhe causa um profundo corte, que sangra muito.

— Mas que idiota, não pode ficar sempre defendendo lâminas com o braço. — repreende Kore.

Voughan desfere uma cabeçada na testa do oponente, que novamente não expressa dor e ainda revida também com uma cabeçada, empurrando Voughan para trás.

— Como é possível? — se espanta o monge. — Revidou a couraça de um shamarg apenas com pele e osso.

Irritado, Voughan continua desferindo socos, que atingem em cheio o oponente, mas é atingido no ombro pela espada.

Com a lâmina enterrada em seu corpo, o joelho direito de Voughan toca o chão, porém, mesmo assim ele continua a socar o abdômen do inimigo.

Após receber três golpes, finalmente parece começar a sentir o dano e curva um pouco o corpo.

Percebendo a cabeça do inimigo, agora mais baixa, Voughan o atinge com um soco de baixo para cima, acertando seu queixo, que estava exposto.

Suas pernas estremecem pelo golpe recebido, mas ele não cai, ficando ainda mais irritado.

Com sua enorme mão esquerda ele segura Voughan pela cabeça, erguendo seus quase seiscentos quilos no ar e então o atinge com a espada, abrindo um enorme corte no peito do shamarg, por onde seu sangue esguicha, manchando as faixas do homem deformado.

Aproveitando a distração, Algar lança três lâminas, que o atingem, ficando cravadas em seu ombro, braço e um em sua cabeça, mas não parecem terem sido fundas o suficiente para causar um dano alto.

Ele apenas balança o corpo, fazendo com que caiam, mas, ainda no ar, ao comando de Algar, elas explodem.

Suas faixas ficam chamuscadas, mas ele sequer se move do lugar.

— Mas do que esse cara é feito? — questiona o monge. — Nada do que fazemos fuciona com ele.

Kore se volta para Eril e percebe que ela está ajoelhada no chão, com os olhos fechados, como se estivesse meditando.

— Mas o que ela está fazendo em uma hora dessas?

— Não sei dizer, mas acho que a princesa vai tentar algo. Vamos dar cobertura à ela.

 

Dentro de sua mente, Eril se vê em um lugar vazio e está completamente nua. Seu cabelo dança no ar, como se estivesse embaixo d’água e ela flutua.

— Aqui estou eu novamente.

Ao longe, avista uma enorme caixa envolta por correntes douradas, porém, ao tentar chegar perto, diversas paredes surgem a sua volta, formando um labirinto.

Ela começa a nadar por entre os caminhos que se formaram, mas quando parece estar chegando em algum lugar, os paredes se movem, fechando algumas entradas e abrindo outras, alterando completamente o formato do labirinto.

O labirinto representa sua mente e ela entende que quanto mais confusa fica, mais complexo se torna o labirinto.

São suas incertezas que fazem com que ele se altere, impedindo-a de chegar ao seu objetivo.

Ela respira fundo e se concentra.

— Eu aprendi tudo o que precisava, lapidei minhas habilidades e assimilei todo o conhecimento necessário. Não tenho mais dúvidas de que consigo. Eu preciso chegar até lá e precisa ser agora. SERÁ agora.

Neste momento o labirinto se modifica novamente, mas agora se torna uma linha reta, em direção a gigantesca caixa.

Eril nada através do caminho até chegar na caixa.

— Você parece muito maior de perto. Deve ser umas três ou quatro vezes maior do que a caixa do segundo selo.

Ela passa a mão pelas correntes douradas, cujos elos tem a grossura de seus braços.

Segurando com firmeza, ela puxa a corrente com muita força, mas nada acontece.

Ela tenta de novo e de novo, mas o resultado é o mesmo.

— Finalmente cheguei até aqui, mas se eu não puder romper essa corrente não terá adiantado de nada.

 

Enquanto isso, do lado de fora, Voughan recebe um chute e é lançado para longe, muito ferido e sangrando muito.

Kore não está com nenhum corte, mas está ofegante.

Se eu receber um ataque desse cara, já era. — ele pensa. — Mas meus ataques não funcionam.

O oponente parte para cima dele com ataques de sua espada, enquanto o monge defende utilizando o elemento vento, que gira em torno de seu punho em alta velocidade.

Quando a espada atinge o ar em movimento, um som metálico pode ser ouvido e, apesar do ar suportar o impacto, Kore é empurrado para trás a cada golpe.

Enquanto avança, o gigante pisa em uma gosma que prende seu pé no chão. Armadilha lançada de um ponto cego seu, por Algar.

Isso vai atrasá-lo. — pensa Algar. — Mas não por muito tempo. Seja lá o que você está planejando, princesa, faça logo.

 

Na mente de Eril, ela ainda tenta romper, sem sucesso, as correntes douradas da gigantesca caixa.

— Isso não está dando certo. Preciso encontrar uma forma de abrir isso.

Ela pensa por alguns instantes e olha para trás, vendo o que antes era o labirinto de sua mente.

— A força bruta não é a resposta. Isso é óbvio.

Ela respira fundo, toca a corrente com sua mão esquerda e fecha os olhos.

Ao mesmo tempo, ergue sua mão direita e então uma energia surge em sua palma.

Quando ela reabre os olhos, sua mão esquerda agora está tocando um cadeado dourado, que segura as correntes e, em sua mão direita, surge uma chave.

Ela insere a chave na fechadura e gira.

No momento em que as correntes se desatam, a caixa brilha e começa a se abrir.

A luz a cega completamente e tudo começa a desaparecer ao seu redor.

 

De volta à realidade, Voughan, mesmo muito ferido luta contra o inimigo, que já conseguiu se soltar da armadilha de Algar.

Com um movimento rápido da espada, desfere mais um corte profundo no tórax do shamarg, lançando-o longe, sangrando cada vez mais.

Neste momento, Eril abre os olhos e começa a se levantar.

— Princesa! — exclama Algar, dando alguns passos para trás, prevendo que ela faria algo.

Sua expressão está calma e seus olhos brilham, como se uma chama tremulasse em sua íris.

Ela emana uma aura calma e alaranjada e pode-se sentir um grande calor vindo de seu corpo, como se estivesse em chamas.

— Até que enfim acordou do seu sono de beleza. — ironiza Kore. — Espero que tenha sonhado com a solução dos nossos problemas.

— Afastem-se! — ordena a garota, enquanto dá alguns passos para frente.

Ela ergue a mão espalmada na direção do oponente e concentra uma esfera flamejante.

— A bola de fogo novamente? — pensa Algar. — Não vai funcionar.

O gigante deformado parece não fazer questão de desviar.

Eril então lança a bola de fogo contra o inimigo, que cruza os braços para bloquear, porém, ao ser atingido, uma enorme explosão ocorre, lançando-o com muita força para trás.

Seu corpo é arremessado vários metros, até que colide violentamente contra uma parede, abrindo uma cratera na pedra.

Todos ficam espantados com o estrago de uma simples bola de fogo e com o novo enorme poder de Eril.

— Ela liberou o terceiro selo! — diz Algar, boquiaberto.


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Notas finais do capítulo

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