Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 9
Novo dono - parte II


Notas iniciais do capítulo

Estão gostando? Recebi mais um favorito!
Claro que vocês sabem que isso me deixa feliz né?
Mas vamos querer me deixar SUPER feliz? Da o seu favorito se está gostando, comenta.
Mais uma parte na perspectiva do Nickolas, se não gostou, ou se tem algum palpite para melhorar a história só comentar ou mandar um MP.
Sem mais delongas, boa leitura :)



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— Fiamma! Fiamma!

Ainda não respondia, inteiramente, àquele nome com que Avaritia decidira me batizar. A maioria das vezes, era necessário que me chamasse duas ou três vezes para que desse conta de que era para mim. Aparentemente, era muito vulgar para um item de sua coleção. Fiamma, que significa chama, era muito mais apropriado e exótico, segundo ele. Chamava a atenção e causava curiosidade, o que trazia visitantes e era mesmo isso que ele desejava

— Guardião?

O demônio apareceu na sala, sempre naquela pose previamente preparada e estudada.

— Hoje vamos receber uma visita especial - anunciou. – Tem de estar no seu melhor.

— Quem é senhor? - questionei, largando o regador que utilizava para tratar as espécies de plantas raras que Avaritia possuía.

— Outro Guardião, tem algo para me propor.

Meu coração saltou uma batida em falso. Outro Guardião? Seria ele?

— Para quando?

Avaritia se atirou para o caldeirão vermelho.

— Não sei. Aquele bastardo é imprevisível - respondeu, fazendo uma expressão de desagrado.

Sim, tinha de ser ele.

Senti uma grande necessidade de vestir outra coia, de me pentear, perfumar, de me arranjar para ele.

Mas não tive tempo. Acabara de pousar o regador quando ouvi a porta de frente abrir. Daí até uma sombra alta e escura, de asas fechadas sobre si mesma, entrar na sala, foi apenas um segundo.

— Seja bem-vindo, Guardião - Avaritia disse.

A altura.

O tamanho das asas.

Era ele.

Suas penas se moveram e foram lentamente recolhidas, num movimento fluido e felino, mostrando a cara do demônio.

E não era Nickolas.

Sim, era parecido com ele, de fato, mas não era a mesma pessoa. Este demônio tinha faces com um aspecto duro e olhos demasiado expressivos. Usava um sobretudo negro. Parecia uma avalanche de emoções. Parecia quase humano, fácil de entender. Um jovem. Quase... alegre.

— Poupe suas falsidades, Ganância - o demônio disse. – Quero despachar isto o mais depressa possível - o seu olhar se virou para mim, desconfiado, e sua expressão se tornou interrogadora. – O que tem aqui?

— Foi um anjo que me ofereceu. Não acha estupendo?

De repente, a cara do demônio recém-chegado se iluminou em entendimento e já não parecia tão seco como antes.

— Um anjo, você diz? - continuava me estudar, atentamente, como se tentasse decorar todas as condições de meu aspecto. Por reflexo, abracei meu corpo com os braços.

— Sim - Avaritia se levantou e se aproximou de mim. – E nem tive que pagar nada. Até achei estranho - tocou em meu cabelo com as pontas dos dedos. – Primeiro, pensei que tivesse sido conspurcada por algum anjo, provavelmente, por aquele de minha exposição - recolheu a mão. – Fiamma, querida, vá lá para cima, sim?

Tentando desviar o olhar do outro demônio, fiz o caminho até às escadas e subi-as, ligeiramente desapontada. Não era Nickolas. Nickolas não viria. Nickolas não sabia onde eu estava ou, se sabia, simplesmente, não queria saber. Não lhe interessava. Nunca lhe interessava. Meu plano estava correndo pior do que esperava. Não que Avaritia me tratasse mal, longe disso. Só me deixava fazer os trabalhos leves da casa e me submetera a um tratamento de beleza intensivo para, segundo ele "fazer sobressair a beleza e o toque exótico" que possuía, contudo, os poucos dias que levava naquela casa eram tão aborrecidos que tinha medo de morrer de inatividade.

Nickolas's POV

Os humanos gostam de dizer que o inferno é quente. Provavelmente, eu seria o melhor se para atestar a veracidade de tal afirmação, mas naquele momento, meu estado de espírito estava mais para o gelado do que para qualquer outra sensação relacionada com a temperatura. A primeira coisa que fizera quando chegara em casa, depois de abandonar o lar do anjo, fora empurrar Eliel para a parede mais próxima. Por quê? Poderia dizer: "sou o Guardião da Luxúria, é isto que faço!" e não seria mentira, mas não era a razão central para o ter feito, naquele preciso momento. Necessitava do alívio que só um corpo feminino consegue proporcionar, não um alívio qualquer, mas um alívio em branco, sem interessar a personalidade, a pessoa, que está dentro daquele organismo.

Precisava a esquecer. Precisava a apagar por completo de minha memória, de apagar seu toque da ponta de meus dedos e o cheiro de sua inocência e pureza de meu nariz. Precisava, urgentemente, de rasgar qualquer vestígio, qualquer prova da passagem de uma humanazinha por aquela casa.

Não estava conseguindo ou aquela não seria minha quinta garrafa de whisky, desde que ela partira. Não que fizesse muito efeito - ou qualquer, melhor dizendo.

— Fontes, não estou para atender ninguém! - gritei ouvindo passos irritantes se aproximando na porta do escritório.

Me questionei, novamente, sobre o porquê de a ter mandado embora. Oh, pois, ela estava se vinculando. Me olhara com aqueles olhos cheios de afeto e deitara aquelas palavras de quem se importa. Eu já previra esta situação, logo no dia em que o anjo a trouxera. Dissera-lhe isso, mas por algum motivo que de momento, não recordo - ou não quero recordar - esquecera esse argumento e a aceitara no seio de minha casa e, estrategicamente, no local certo para derrubar algumas barreiras que se mostravam cada vez mais frágeis. De volta à casa do anjo, também ela iria voltar se interessando por ele, como estava quando chegara. Ele era melhor do que eu. Seria melhor para ela.

A porta abriu e, num ato que era suposto parecer um reflexo, mas era, na verdade, uma descarga de frustração, atirei o copo que tinha na mão contra a parede ao lado da porta.

— FONTES, JÁ DISSE QUE NÃO ESTOU PARA NINGUÉM! - gritei.

— São poucos os que se atrevem a enfrentar você com o humor com que tem estado nos últimos dias - declarou Anael, Guardião do Lago Cocite, ou seja, do círculo da traição, o que era bastante irônico, visto que era o ser mais fiel que eu alguma vez conhecera. Fora uma de arte convencê-lo a abandonar a auréola, mas fora esta sua lealdade, pelo menos para comigo, o que o tornara em meu melhor amigo.

— Ah, é você - disse, com aborrecimento, me deixando relaxar na cadeira. – O que você quer? - inquiri.

— Saber como estão as coisas.

— Me poupe a essa conversa fiada - respondi, tirando a cigarreira prateada de dentro da gaveta e acendendo um cigarro. Descompressão em três, dois, um..

— Vi sua humana.

Me engasguei com meu próprio fumo, algo inédito para mim.

— Você o quê?

— Vi sua humana - ele continuou, num estado fingido de despreocupação. – É bonita e aquele cabelo...

— O que você foi fazer na casa de um anjo? - questionei, tentando mudar o rumo daquela conversa desconfortável.

— Oh, não foi em casa de nenhum anjo que a vi.

Olhei-o fixamente, esperando que prosseguisse, mas sua indecisão me obrigou a fazer um sinal de impaciente para que continuasse.

— Foi na casa de um Guardião, da Ganância.
Levantei de um salto, fazendo o cigarro saltar de meus dedos e me queimar em importância.

— Os anjos deram-na para Avaritia? - perguntei, perplexo, mesmo sabendo a resposta à minha pergunta. Era para o anjo ter ficado com ela! Era suposto ele cuidar dela para todo o sempre e a manter bem afastada de mim!
Anael acenou.

— É seu novo tesouro, a peça principal de sua coleção.

— Nunca confie num anjo para fazer o trabalho de um demônio - fiz o caminho até à porta com a determinação que a irritação me conferia.

— O que vai fazer? - questionou Anael.

— Buscar o que me pertence.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Cometa aqui embaixo o que achou. Comenta vai?
Beijão anjinhas, um abraço demôniozinhos. Nos vemos amanhã!



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