Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 25
Despedida


Notas iniciais do capítulo

Como prometido... Capítulo postado!
Feliz natal a todos! Hou hou hou
Esse tempo que fiquei sem postar foi muito produtivo, acabei de escrever toda a história. Então já ta tudo programado, as postagens dos capítulos vão ser dia 27, 29 e 31. Terminar essa história em 2016 hahah
Próximo capítulo terça!



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— Qual o ponto da situação, Anael?

Anael acabara de chegar.

Nickolas estava no meio da biblioteca, reunido Yeres e mais outros demônios cujos nomes eu desconhecia. Mesmo que, dentro daquela sala, tudo parecesse normal, se conseguia perceber uma tensão estranha, presente na ruga entre as sobrancelhas de Nickolas e no cabelo demasiado despenteado de Anael.

— Estão perto, muito perto. - respondeu o demônio da traição.

— Conseguimos ver a nuvem negra da casa da praia.

— E na outra direção já é possível ver o dos Cavaleiros do Paraíso. A coisa está ficando ruim.

— Ainda não estamos preparados. Nem pouco, mais ou menos. Não treinamos os humanos, os demônios não estão devidamente concentrados, ainda não tenho a certeza de que os anjos não fugirão quando chegar o momento... - Nickolas apoiou suas mãos na mesa, fazendo seus ombros parecerem duros como pedra. Seus olhos passavam de um lado para o outro, como eu sabia que faziam quando ponderava alguma coisa. — Chamem todos. Anjos, demônios, humanos, quer queiram quer não. Expliquem a eles a situação e digam que, sem ajuda, morreremos todos, sem exceção.

Os demônios assentiram com a cabeça e saíram pela porta, todos menos Anael, provavelmente, por ser amigo de Nickolas.

— Você sabe que não tem de fazer isso, não sabe? - perguntou.

— Diabos, claro que sei! - bateu com o punho na mesa. — Se ao menos Lúcifer estivesse aqui, fazendo a merda do seu trabalho eu não estaria nessa posição. Mas ele está sabe-se lá aonde. Disse que iria ajudar e sumira novamente. Se eu não fizer isto, quem fará?

— Tem razão. Vou tratar de chamar todo mundo. - sem querer olhar para mim, Anael saiu.

— Desculpa. - falou Nickolas, se aproximando. — Não queria me exaltar perto de você novamente. - disse se referindo a mais cedo. Quando chegamos, um grupo de demônios estavam na porta de entrada, exigindo respostas. Nickolas nunca fora o paciente. Dizer que gritou com eles seria um elogio. Vislumbrei o Nickolas de meses atrás, quando cheguei ao inferno.

— Não há problema. Sei que não é uma situação propriamente normal. - respondi, abraçando-o pela cintura.

Seus braços me rodearam e seus lábios beijaram meus cabelos.

— Tenho medo... - sussurrou.

Levantei a cabeça para o olhar.

— O quê? - inquiri, pensando que tinha ouvido mal. Era impossível para Nickolas dizer que tinha medo, era impossível para ele dizer que...

— Tenho medo. - repetiu.

Senti minhas sobrancelhas se franzirem.

— Por quê?

— Toda a minha existência, fui consciente de minha imortalidade e, agora, de repente, sou obrigado a rever todo o meu esquema de crenças. - olhar se perdeu em meus pensamentos. — Talvez se soubesse mais cedo, teria sido diferente. Teria sido menos narcisista e arrogante. Teria procurado fazer o bem. Teria sido melhor para você e não te teria obrigado a ir ao inferno torturar aqueles humanos. Sei que detestou. Mas não é isto que me dá medo. Não tenho medo por mim. Não sei o que vem a seguir mas, provavelmente será o vazio total. O vazio não é mau. Tenho medo por você. - finalmente, me olhou. — O que acontecerá com você? Talvez fique aqui, sozinha sem ninguém que a proteja... - afagou meu rosto com os nós dos dedos. — Ou talvez, eu não consiga proteger você e acabe por ir para algum lugar escuro, ao vazio.

— O vazio não é mau. - repeti o que ele dissera, ainda que no fundo, estivesse tão assustada quanto ele descrevia. A morte nunca antes me afligira, porque acreditava piamente na existência de um lugar no paraíso para onde iam as almas. Mas, e se Nickolas tivesse razão e tal lugar não existia?

— E eu não vou deixar que vá para lá. - pegou em meu braço e me conduziu para fora da biblioteca. O velho Nickolas voltando. Sua face emoldurando inexpressividade.

— A resistência já chegou. - anunciou Anael, quando passamos por ele.

— Ótimo. Trás o profeta até lá embaixo.

— Lá embaixo onde? - questionei, mas ninguém me respondeu. Nickolas continuou me arrastando atrás dele. Na cozinha, pegou numa mochila que estava em cima da mesa e começou descer as escadas que davam até a cave. Para onde vamos?

Mas eu já sabia. Já estivera ali antes.

Paramos antes da porta e Nickolas colocou a mochila em meus ombros. Era pesada.

— O que é que está fazendo? - perguntei, ainda que começasse tendo uma ideia exatamente do que ele estava fazendo.

Me observou atentamente, atentamente demais, como se quisesse gravar minha imagem em sua mente para todo o sempre.

— Não... - murmurei, numa voz fraca e com os olhos úmidos.

Ele emoldurou meu rosto com suas mãos quentes e me beijou. Não com carinho ou com paixão, mas com necessidade, com medo e com uma saudade que ainda nem seques tivera desculpas para ser real, mas era e se conseguia notar pelas lágrimas que molhavam nossas faces e que eu nem sequer sabiz dizer, com certeza, de quem eram.

— Humanazinha...

— Não...

— É o local mais seguro. Ali estará a salvo. Você e o moleque. Com ele, saberá o que se passa. Espere, pelo menos, sete dias contando depois de amanhã para sair. Amanhã, já deve estar tudo terminado. Em sete dias, um novo mundo renascerá e você fará parte dele.

— Não!

— Sim. - ele disse, ainda me segurando o rosto. — Você viverá, Gabrielle, Me promete que viverá e que não sairá antes do tempo, por favor. - sua face se contorceu numa careta de dor. — Me deixe, ao menos fazer alguma coisa boa. Me deixe fazer isso bem.

— Não. - segurei seus braços com força. Talvez, se o segurasse com força suficiente, ele não conseguisse ir.

Nickolas juntou sua testa à minha.

— Eu amo você, Gabrielle. Nunca pensei que fosse sentir isso, um dia. Obrigada por me mostrar que amar alguém não nos torna fracos. - apesar de tudo, ele tinha um sorriso nos lábios. — Obrigada por ter arranjado coragem para me amar .

— Não, Nickolas. Fique comigo. Por favor... Não vá. - supliquei.

— Não posso. Tenho de ir. Eu é que juntei esses seres aqui e vou conduzi-los, nem que seja até a morte.

Me atirei contra seu peito e o abracei com todas as minhas forças, enquanto meu coração estava em estado de negação, me dizendo para não o largar, para o arrastar comigo, para mandar à merda o apocalipse e os cavaleiros. Por que é que eu não podia ser feliz? Por quê? Será que não merecia? Será que fizera assim tão mal?

— Não quero que vá - sussurrei.

— Eu sei, mas também sei que tem consciência de que tenho de ir.

Levantei a cabeça para o olhar.

— Não...

Com um sorriso, Nickolas brincou com meus cabelos, como fizera tantas vezes.

— É tão especial. Deveria ter adivinhado naquele dia. Você foi o melhor que me poderia ter acontecido. Melhor do que eu alguma vez mereci. Talvez, seja minha punição. Saber que tive tão pouco tempo com você.

Ouvi passos na escada e Anael e Ari apareceram. Nickolas se afastou de mim e se abaixou junto ao pequeno profeta.

— Vai com a Gabrielle para um lugar que poder ser assustador, então tem de tomar conta dela. Pode ser, moleque?

Ari assentiu, com uma expressão demasiado adulta para suas feições.

— Obrigada. Não deixe-a sair antes do momento certo, está bom? - continuou. — Tenho a certeza que saberá qual. - foi até à porta e a abriu, antes de se voltar para mim, novamente. — É agora, humanazinha. Pode parecer egoísta de minha parte, mas pensará em mim? De vez em quando? - inquiriu, com uma expressão inocente.

— Oh, Nickolas! - abracei-o, novamente, e senti-o quando inspirou o cheiro de meus cabelos. — Eu te amo tanto...

Afastou o rosto apenas para poder aproximar novamente para um último beijo.

— Eu também. Por isso é que estou fazendo isto. Agora, me prometa que não sairá antes. Sete dias a contar de amanhã. Me prometa.

— Não!

— Gabrielle...

— Não, não!

— Não percebe que a única maneira de eu morrer em paz é saber que você está bem? - gritou.

Parei no tempo, observando-o. Olhei para aqueles olhos escuros, para as faces esculpidas, para a boca... Não havia esperança para nós.

Se aquela seria a última vez que o veria. Então, faria questão que estivéssemos bem e que nunca mais me esqueceria dele. Como se isso fosse possível.

— Está bem, prometo.

Ele fez um sorriso aliviado.

— Se tiver problemas lá embaixo, mostra o anel. Ficará bem.

Assenti, ainda que tivesse um peso enorme no lugar do coração. Olhei para a porta. Ari já estava do lado de dentro. Caminhei para lá. Estava prestes a entrar quando me voltei para abraçar Anael.

— Tome conta dele. E de você também. - pedi-lhe.

— Pode deixar. - assegurou o demônio e, por alguma razão, isso me deixou menos aflita.

Voltei para Nickolas e o abracei, também pela última vez. Dei-lhe um último beijo e senti seus cabelos e a sua pele pela última oportunidade.

— Levarei sua lembrança para o vazio, Gabrielle. - ele sussurrou e as lágrimas retornaram a meus olhos.

— Não seja o herói, por favor, Nickolas. Não tem de ser...

— Esta é a minha última oportunidade para ser o herói, humanazinha. - fez um sorriso triste e me levou para dentro do recinto.

Deixou-me lá e retornou. Olhou-me uma última vez com pesar, e fechou a porta.


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Notas finais do capítulo

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