Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 23
Lua de mel


Notas iniciais do capítulo

Ei! Olá de novo. Não postei sábado por que não tive tempo para escrever.
Tem mais 3 ou 4 capítulos. Tem muitas emoções ainda hhahaha.
Bom sem mais delongas...
Boa leitura!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710900/chapter/23

Meus olhos deviam estar abertos como pratos, porque era a única reação lógica ao que acabava de ouvir.

— O quê? - perguntei, com a certeza de ter ouvido mal.

— Vamos casar. Aqui e agora. - Nickolas repetiu, com um brilho de divertimento em seu olhar.

— O quê?

Ele riu.

— Será que nunca ouve nada do que digo? - colocou a mão em meu rosto. — Mas hoje, terei todo o gosto em repetir: por milagre do destino ou,  quem sabe, de alguma entidade divina, você apareceu em minha porta, com aquele ar assustado, depois de ter capturado minha atenção, naquele dia, na rua. Então, deixou de ser tão assustada e eu deixei de ver você como uma humanazinha patética e passei a ver você como uma mulher que tinha tudo o necessário para me prender. E foi o que fez. Prendeu-me a você e eu me apaixonei. E agora, estamos aqui e eu quero casar com você e não aceito um não como resposta.

— Oh... Nickolas! - com lágrimas nos olhos, me atirei em seus braços, que me rodearam, com força.

— Por favor, humanazinha, case comigo. - sussurrou..

Afastei-me apenas o suficiente para encará-lo.

— Sim. - declarei e houve um suspiro de alívio geral.

Com um sorriso enorme, Nickolas me levou para a frente de Yeres, que também sorria.

— Estamos, aqui, hoje, reunidos para celebrar a união destes nossos irmãos...

Poderia descrever a cerimônia com exatidão. Sim, provavelmente poderia, mas para quê me focar em pormenores, quando o que era precio lembrar era apenas o "sim" de Nickolas, o meu e o beijo que trocamos no final, ao som dos aplausos de nossos amigos.

Nickolas arrancou o anel com seu símbolo de meu dedo, o substituindo por um em todo igual, mas com duas alianças cruzadas.

— Já não considerava você minha escrava há muito tempo, humanazinha, mas a partir de hoje, deixou oficialmente de ser - declarou. — É livre, como sempre desejou. Livre, mas ao mesmo tempo minha. Talvez não seja assim tão diferente.

Nickolas segurou meu rosto em suas mãos e pousou os lábios nos meus, com uma suavidade enorme e contida, como se achasse que, se ultrapassasse aquela barreira, talvez não conseguisse parar.

Alguém aclarou a garganta, atrás de nós.

— Desculpem interromper, mas é só pra avisar que vamos andando. - afirmou Anael.

— Já? - inquiri.

O demônio da traição assentiu.

— Queremos deixar vocês a sós. - sorriu e piscou um olho, me fazendo corar.

— Mesmo que o apocalipse esteja quase acontecendo, não quero ser incomodado nos próximos dias. - informou Nickolas, me enlaçando a cintura por trás.

— Tudo bem, chefe! - brincou Anael.

— Vamos? - sussurrou o demônio da luxúria junto ao meu ouvido.

— Espere. - me desembaracei dele e me aproximei de Anthonny. — Meus pais?

Os cantos de sua boca se torceram em algo contrário a um sorriso e vi-o trocar um olhar com Nickolas.

— Eles não quiseram vir. - anunciou.

Minhas sobrancelhas se enrugaram em incompreensão.

— Por quê? Por que é que não quiseram vir ao casamento da própria filha? - questionei, lutando para que minha expressão não se mascarasse em agonia.

Anthonny engoliu em seco.

— Eles não quiseram vir, porque não aceitaram que sua única filha esteja com um demônio. Especialmente com ele. - acenou para Nickolas..

Aguentei as lágrimas.

— Muito bem. Eles tomaram sua decisão. - voltei para junto de Nickolas, determinada a não permitir que nada, nada mesmo, destruísse aquelas que seriam minhas primeiras e, talvez únicas, horas de casada.

Fizemos o caminho para a cabana em silêncio, com a mão de Nickolas no fundo de minhas costas, de um modo reconfortante.

De fato, a cabana possuía muito pouco. Era mais um pequeno chalé com um ar acolhedor e uma lareira acesa, ainda que não estivesse muito frio.

Sem qualquer aviso, Nickolas me abraçou, com força. Não com luxúria ou paixão, mas com ternura e pesar.

— Desculpe. - murmurou.

— Por quê?

— É por minha culpa que seus pais não estão aqui.

Afastei-me para o olhar e segurei seu rosto em minhas mãos.

— É por seus preconceitos que eles não estão aqui. Não trocaria isto por nada.

Ele deu um sorriso fraco e me beijou.

Tudo estava começando.

~*~

— O que parece aquela? - perguntei.

— Um porco. - sugeriu Nickolas. — Com asas.

Coloquei a mão junto aos olhos para tapar o sol enquanto encarava a nuvem em questão.

— É mais um dragão. - declarei.

Ele riu.

— Acredite, aquilo não tem nada a ver com um dragão. Na verdade nem um porco. Está mais para um canguru.

Rolei em seu peito para o enfrentar. Estava bom o tempo e nós aproveitávamos para estar deitados, na relva junto à casa, olhando para o céu.

— Um canguru?

Ele riu novamente e beijou o topo de minha cabeça.

— Quem diria que Nickolas, o temível demônio Guardião da Luxúria, seria capaz de passar uma tarde deitado no chão olhando para as nuvens? - atirei.

— De vez em quando, penso que estou me tornando mole. - ele admitiu, talvez com algum pesar. — Mas, depois que vejo que vale a pena me tornar mole se é esta a recompensa. - entrelaçando os dedos com os meus, beijou minha mão. — Porém, só se aplica a você. - sussurrou e meu ouvido e sorriu.

— Não está se tornando mole. Viu bem o modo como me obrigou a casar com você?? Arrastou-me para aqui com mentiras e foi todo "você vai casar comigo e pronto". 

— Não gostou? - perguntou com uma sobrancelha levantada.

— Acho que aprecio essa dua faceta de homem das cavernas.

— Humanazinha, eu já estava aqui quando chegaram os homens das cavernas e acredite, eram um povo bastante civilizado.

— Mais civilizado do que você?

— Muito mais civilizado do que eu.

~*~

Era como viver numa bolha. Uma bolha frágil, mas acolhedora e que era o melhor local onde poderia estar. Passar aqueles dias com Nickolas, longe de tudo e de todos, dos problemas e das preocupações, era um sonho demasiado bom para ser realidade. Os momentos eram calmos e de descoberta. Nickolas me mostrava uma parte sua que me era estranha até então. Era romântico e carinhoso e, às vezes até demais, preocupado e ternurento. Parecia que a única coisa que desejava fazer era me manter alegre e satisfeita. Não podia culpá-lo.

O local era uma beleza, ainda que frio, durante a noite, mas para isso é que existia a lareira e meu aquecedor particular, o demônio que, no momento, dormia profundamente, debaixo dos cobertores.

Coloquei um xale nos ombros e saí de casa, para apreciar a paisagem. Nossas férias estavam chegando ao fim. Segui a linha da praia na areia, onde conseguia ver as ondas rebentarem contra as rochas. Um arrepio de frio passou por mim, me fazendo agarrar mais o xale.

Uma onda especialmente grande se aproximava rapidamente. Inclinei-me para a frente para a ver chocar.

Nickolas's POV

Sonhar era para os humanos. Para sonhar, era necessário um estado de paz, que era impossível para mim e para qualquer demônio. Já não via sonhar como uma fraqueza, apenas como um escape e uma dádiva oferecida aos humanos que invejava. Eu nunca sonhava, ou raramente o fazia. Na verdade, apenas havia feito uma vez, quando recebera a mensagem de que os Cavaleiros estavam prestes a se soltar de seus cativeiros. Talvez devesse temer os sonhos, já que da única vez em que fora acariciado com um, fora para anunciar o fim do mundo. Talvez devesse, mas como podia quando este último que recebia era a coisa mais maravilhosamente irreal de toda a minha existência? Como podia temer a sensação de uma vida de plenitude em que não estava nunca sozinho, mas acompanhado pelo ser mais perfeito à face da terra?

Sim, sonhei com ela. Mais do que uma vez, para ser sincero. Dentro daquela cabana, longe de tudo e de todos, meu subconsciente se permitia a voar para lá da realidade e me mostrava hipóteses que, quando acordado, sabia serem impossível. Sendo impossíveis, por que não aproveitá-los num estado de vigia serena?

Estava me tornando um romântico sentimentalista, porém, não me desagradava em um todo. Quem diria? Talvez, sempre estivesse amolecendo. Sim, tinha de estar amolecendo para sonhar com um pequeno Nickolas descendo a escada da mansão. Louco e mole. Tudo por causa dela.

Falando nela, já fazia bastante tempo que saíra. Senti ela se levantar e ouvira o barulho que a porta fizera ao fechar.. Ela podia pensar que não, mas eu conhecia cada um de seus movimentos. O tempo todo. Ou quase. Está vendo? Estou mole.

Afastei os lençóis e saí da cama. Com olhos ensonados percorri todo o quarto e, não a encontrando nem ouvindo qualquer sinal de sua presença na casa, apanhei um par de calças do chão e bati a porta ao sair.

— Gabrielle! - chamei, enquanto contornava o chalé à sua procura. Não havia comido, porque não havia cheiro quente característico das bolachas de pequeno almoço que ela ganhara o hábito de fazer. Para onde teria ido? — Gabrielle!

Até onde o horizonte chegava, sua presença não era conhecida. Não se via nada. Um frio atravessou minha coluna. Não. Não agora que nosso tempo já é tão escasso...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eiii! Vamos comentaaar! Quero saber sua opinião. Ainda mais nesses últimos capítulos! Por favor? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angels or demons" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.