Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 22
Mulher de um demônio


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Olha só, a história ta quase acabando, deve ter no máximo mais uns quatro capítulos.
Já tenho um final pensado. Obrigada a você que está lendo. :)
Boa leitura.
PRÓXIMO CAPÍTULO::: SÁBADO.



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— Quem é o Yeres, o demônio da heresia? - questionei, apertando o cinto, com força, antes de sair do armário das vassouras, com Nickolas pela mão.
— Um demônio complicado. - ele respondeu. — Nem sei se posso chamar de demônio. Começou sendo um humano, um homem, um sacerdote ou algo assim. Celibatário. Dizem que morreu virgem, o pobre coitado. Dizem, também, que praticava milagres. Quando morreu e apareceu no paraíso, foi um grande escândalo. Foi a primeira e única vez em que um homem morreu e foi para junto dos anjos. Para ser sincero, nunca entendi porque veio conosco para o inferno.
— Ele me defendeu, em frente ao Beijamim. Aliás, todos os demônios o fizeram.
Nickolas parou no lugar.
— O Beijamim está aqui? - começou se afastando, com uma expressão de fúria. Coloquei uma mão em seu braço para o impedir.
— Não é preciso. Ele não vale uma luta com os anjos, especialmente se isso os levar embora.
— Tenho a certeza que o Domínio concordará comigo, assim que souber.
Cruzei os braços e lancei um olhar de censura.
Ele pareceu frustado, por um momento, contudo, acabou por me puxar para si e me abraçou.
— Como é que é suposto eu conseguir dormir sabendo que aquele desgraçado está sob o mesmo teto que você? Envolvi sua cintura com os braços e pousei a face em seu peito.
— E aí tem mais uma desculpa para me manter bem trancada em seu quarto, a seu lado, onde poderei estar sob seu olhar atento.
Nickolas segurou meu rosto entre as mãos, sorrindo, antes de espetar um beijo suave em meus lábios.
— Ah, vocês estão aí.
Virei nos braços de Nickolas para encarar um Anael despenteado e ligeiramente ruborizado.
— Diz uma coisa, querido, já que você é o demônio da Luxúria, o Anael não está com o aspecto de quem acabou de se dar bem? - perguntei, tentando conter o sorriso.
— Eu diria mais, humanazinha. Ele está com aspecto de quem se deu muito bem - confirmou Nickolas. — Ainda que não tão bem quanto eu.
— Okay, podem parar. - pediu Anael, visivelmente envergonhado. — Pensam que só vocês é que podem se divertir e o resto de nós tem se contentar em ouvir e sonhar?
Senti minhas bochechas aquecerem.
— Ouvir?
— Sim, ouvir. Deixe-me que lhe diga que te você tem um par de pulmões excelentes.
Com os olhos esbugalhados, me virei novamente para Nickolas e escondi o rosto em sua camisa.
— Anael, isso não se diz a uma dama. - resmungou Nickolas, apesar de eu conseguir captar uma certa diversão em sua voz rouca. Provavelmente se sentia orgulhoso, ou algo assim.
Homens e seus egos do tamanho do universo.
— Declaro que esta conversa está oficialmente terminada. - afirmei, apesar de o som sair abafado pelo tecido da roupa do meu demônio.
Anael expirou.
— Apoiado.
Terminada a conversa constrangedora, Nickolas e Anael começaram a conversar sobre a reunião de mais cedo. E em um certo momento, me lembrei do demônio misterioso que encontrei mais cedo, quando estava indo para a cozinha.
— Nickolas, mais cedo eu encontrei com um demônio no corredor. Ele disse que não pôde falar com você. Pediu para que eu dissesse-lhe que ele veio ver como anda as coisas.
— Não lhe disse o nome? - perguntou Nickolas, intrigado.
— Não. Tinha pele branca, olhos e cabelos negros. Disse que era um amigo. Parecia ser importante.
Nickolas e Anael se entreolharam instantaneamente.
— Ele se atreveria a tal ponto? - inquiriu Anael.
— Ele poderia ser qualquer um. Com tantos demônios desconhecidos, seria fácil se misturar.
— Tem mais. Quando ele estava indo embora, pude ver que ele se transformou em algo diferente. Suas vestes mudaram e sua forma também, parecia outra pessoa.
— Era ele. - afirmou Anael. Seus olhos brilhando.
Eu estava os escutando argumentar, sobre o tal demônio, porém, não compreendia.
— Então sabem quem era? - perguntei.
Nickolas se levantou e soltou os braços que estavam cruzados, relaxando. Seus olhos estavam estreitos.
— Era Lúcifer.
Naquele momento eu parei. Não somente meu corpo. Minha mente e o tempo parou. O demônio a quem eu conversara mais cedo, que eu andara pelos corredores e a quem eu senti respeito era o Lorde do Inferno. O Ser a quem eu nunca deveria ter chegado perto. Minha boca ficou aberta, perplexa. Não sabia como reagir.
— E eu pensando que Lúcifer não viria por causa dos anjos! Esqueci-me de sua mutação! - Nickolas estava tão perplexo quanto eu. Porém ao notar minha confusão com a palavra "mutação", se apressou em explicar: — Lúcifer, assim como Anael, tem habilidades. No caso dele, é a mutação. Ele se transforma em quem quiser ser.
— Isso é bom? Quero dizer. Ele disse que você foi bem com a harmonia das raças.
— Ajuda de Lúcifer é mais do que bom, Gabrielle. Mas fique calma. Apesar de sua fama, ele nunca faria mal algum a você. Deixei bem claro na reunião que, se alguém a fizesse algum mal, eu o mataria.
— Bom, acho melhor deixar isso entre nós. Vazar esta informação seria um caos. Lúcifer, para todos os jeitos, ainda está desaparecido. O que não deixa de ser verdade.
Todos nós concordamos. E a conversa morreu ali. Cada um com um pensamento. Nickolas e Anael contentes com a ajuda do amigo. E eu, conformada.
Não sei dizer quando ou como tudo começou. Da calmaria suave de um encontro no armário às gargalhadas contagiantes de uma conversa tensa, eu acabara no quarto, sozinha. De repente, ao meio dia, a ecuridão invadiu todos os pontos, expulsando o sol quente que fazia naquela época do ano. Contudo, foi o som estridente que deu o sinal. Em poucos segundos, toda a casa estava em pavor. Anjos corriam, demônios voavam, humanos rezavam. Todos lutavam, lutavam contra um inimigo invisível, ainda que todos soubéssemos quem ou o que era.
Estava começando. Não queria acreditar que estava começando. Tinha de fazer alguma coisa, o que quer que fosse. Tinha, acima de tudo, e muito egoísta de minha parte, encontrar o Nickolas, porque aquele podia ser o fim, nosso fim muito precoce. Corri para a porta e agarrei a maçaneta. Estava quente. Muito quente. Estranhamente quente, tendo em conta que era feita de metal dourado frio ao toque.
Respirando fundo, voltei a segurar a maçaneta em minhas mãos, com força, para não cair na tentação de largar. Não esperei para tentar virar, então, sua recusa criou um solavanco que percorreu meu braço todo. Larguei o metal apenas para puxar a manga da camisola para que cobrisse a mão e voltei a tentar. A maldita porta não abria.
Praguejei e me censurei mentalmente, enquanto atravessava o closet até o outro quarto. Esta tinha de dar. Com mais cautela, encostei um dedo à maçaneta e agradeci a Deus pelo frio metálico característico. Sem pensar duas vezes, virei a maçaneta, com alívio ao senti-la ceder. Puxei-a para mim, mas minha mão escorregou e caí no chão, tendo se mantido a porta firmemente fechada. A maçaneta de fato girava, mas a porta não mostrava quaisquer sinais de desejar abrir.
Mas quem é que tinha me trancado ali? E por quê?
Um barulho exterior me recordou da existência de janelas. Sabia que nunca conseguiria sair por ali, mesmo que aquele não fosse o arranhacéus de Anthonny, mas talvez, conseguisse que alguém me resgatasse, ou apenas ver o que acontecia. Debruçada no parapeito, descobri que era noite cerrada sem estrelas ou lua, ou quaisquer iluminação que me deixasse ver o que se passava do lado de fora.
Como por magia, uma única estrela, muitíssimo grande, apareceu no céu, iliminando um ponto específico da luta que se desenrolava lá em baixo. Não me foi difícil distinguir o que acontecia. Há bem pouco tempo, preseciara algo idêntico.
Nickolas e um outro demônio numa dança mortal e sangrenta que eu não conseguia compreender, porque se estavam os dois do mesmo lado.
— Nickolas! Pare! - gritei, mas nenhum deles pareceu me ouvir. — Parem! Por favor! Nickolas, não!
Nenhum olhou para cima, ambos continuaram embrulhados numa batalha que, supostamente, não deveria acontecer.
— Por favor, parem! Ouçam! - o horror me consumiu ao mesmo tempo que o braço esquerdo do demônio lhe era arrancado do corpo, com uma facilidade tremenda, e Nickolas o erguia vitorioso. Meu estômago se revolveu, enquanto as lágrimas escorriam livremente, por meu rosto, não tanto pela tristeza, mas pelo susto. — Não! não conseguia identificar o momento em que minha respiração parara, mas sabia que fora, mais ou menos, na altura em que a caa começou tremendo, como se fosse um terremoto e, logo depois do demônio utilizar seu braço restante para entrar no tórax desprotegido de Nickolas como se fosse gelatina e sair de lá com dua bonitas ovais brilhantes, uma dourada e uma vermelha.
Nickolas caiu de joelhos o chão, com uma expressão de surpresa estampada no rosto, e minha respiração voltou apenas para liberar um grito horrível numa voz que eu não reconhecia como minha. Vi-o cair para trás, de olhos bem abertos, ainda com tanta vida.
— Nickolas. Não... Não...
Ele pareceu olhar para mim e fazer uma tentativa de sorriso. Como é que podia sorrir naquele momento? Como? O que ia ser de mim sem ele?
E o temor de terra aumentava cada vez mais.
Por que é que o demônio haveria de fazer uma coisa daquelas? Por quê? Já não estava tudo bem?
— Hamanazinha. - dizia a voz de meu demônio, ainda que seus lábios não se movessem. Talvez fosse imaginação minha. — Gabrielle!
Mas era tão alto!
— Gabrielle, acorda!
Acordei num sobressalto, sentada na cama, com o rosto molhado pelas lágrimas e o coração disparado, mas com um Nickolas assustado a meu lado.
— Foi só um sonho, humanazinha. Só um sonho... - ele disse, acariciando e limpando minhas bochechas.
Respirei fundo e me atirei para seus braços me embalarem.
— Aindaa bem que você está aqui! - exclamei. — Obrigada, Meu Deus! - apertei-o com força, dando gralas pelo calor que seu corpo despido emanava e pelo bater de seu coração que conseguia ouvir. Ele se limitou a me abraçar de volta, passando os dedos por meu cabelo de um modo consolador.
— Quer falar sobre isso? - o escutei dizer junto a meu ouvido.
Primeiro, abanei a cabela negativamente, contudo, as lágrimas voltaram a cair e me afastei para o encarar.
— Sonhei que... Você morria - minha voz tremeu.
Um qualquer sentimento passou por seus olhos, mas foi tão hábil a esconde-lo que não o consegui identificar. Voltou a me abraçar, desta vez com mais força.
— Foi só um sonho, humanazinha. Só um sonho.
Podia ter sido só um sonho como ele dizia, mas quase que conseguia ver uma ampulheta pairando acima de nós. E a areia caía...
Não consegui adormecer até que começou aquele frio típico das madrugadas e Nickolas puxou o cobertor sobre mim. Até lá, me mantive quieta, encostada no peito do demônio, que cheirava divinamente e me presenteava com uma sensação de segurança que me era mais do que agradecida. Sabia que nos próximos tempos não conseguiria dormir sem tocar nele, mas isso não seria m problema.
Quando acordei, na manhã seguinte, estava sozinha e o desespero me atingiu, mas só até me autocensurar porque não podia esperar que Nickolas andasse colado a mim todas as horas. Ele tinha um Círculo para comandar, uma guerra para vencer, um mundo para salvar.
Foi nesse momento que me dei conta de que Nickolas era um herói. Estava treinando, estudando, planejando tudo para proteger anjos, demônios e humanos da dizimação total.
Era um herói. Meu herói.
Não sabia bem quando deixara de pensar nele como meu amo, meu dono, para começar sendo meu herói, meu demônio.
Bocejando sonoletamente, coloquei os pés no chão e eles pisaram em algo áspero e com um som rugoso. Olhei para o tapete e vi um pedaço de papel:
Humanazinha, bom dia! Hoje vai ser um dia especial. Agora que você acordou, Yeres deve estar prestes a bater à porta. Vista o que ele trás e, ele trará você até mim.
Reli, várias vezes a mensagem com um sorriso nos lábios e, escrito e feito, uma batida suave antecedeu a entrada de Yeres no quarto, com um semblante tímido.
— Gabrielle? Bom dia. Espero que tenha tido ma noite agradável - nada em sua expressão dava a entender que estava a ser sarcástico ou minimamente malicioso.
— Bom dia. Sabe algo sobre isto? - mostrei o papel na minha mão.
Ele abriu um sorriso e caminhou, lentamente até o móvel alto, onde pendurou um cabide protegido por um saco de pano.
— O que é isso? - perguntei.
— Algo que deve vestir. E sim, sei algo sobre isto - passou as mãos pelo saco para o alisar, antes de se virar para mim. — Eliel estará aqui em vinte minutos, para ajudar você. Até lá, aconselho a que tome um banho quente e relaxe. Virei buscar você daqui a algum tempo. - caminhou até a porta.
— Você se importa de explicar o que está acontecendo?
Virou a cabeça para trás, para apenas sorrir, por cima do ombro, antes de sair, definitivamente do quarto.
Dei um salto e corri para o móvel. Procurei o fecho do saco e abri-o, deixando cair para mostrar um vestido branco, longo e com muitas camadas, feito de um tecido fluído e suave ao toque. Tinha duas alças groças, e eu sabia que, quando o vestisse, me sentirira uma princesa.
Com um sorriso nos lábios, ainda que não compreendesse o que se passaca, fui tomar banho. Quando saí, Eliel estava me esperando e deu saltinhos de excitação, enquanto me fazia sentar numa cadeira e andava à minha volta, me preparando para o que quer que fosse acontecer.
— Tenho ordens específicas para não maquiar você em demasia. - dizia. — O mínimo possível. E devo deixar seu cabelo solto.
Pouco tempo depois, estava me ajudando a colocar o vestido e um par de sapatos que trouxera e que combinavam. Depois colocou uma tiara de flores rosa claro, que desciam em cascata pelos meus cabelos soltos.
— Isto tudo é para quê? - questionei, pela centésima vez.
— Logo saberá. - colocou a mão em meus ombros e me empurrou até o espelho.
Prostei-me, olhando para meu reflexo. Era eu, sem dúvida era eu, e nem sequer era eu de uma forma distinta. Era, simplesmente, eu numa versão quase que endeusada. Era eu, mas melhor. Mais bonita, mas=is graciosa, mais perfeita, mais brilhante.
— O que é que você fez comigo? - questionei, ainda de queixo caído.
— Eu não fiz nada. - Eliel sorriu. — A felicidade fez tudo.
Uma série de golpes na porta.
— Está pronta? - inquiriu Yeres, espreitando.
— Sim.
— Está ótima - comentou.
— Obrigada. Será que agora já podem me contar o que está acontecendo?
Eliel e Yeres trocaram um olhar cúmplice.
— Ainda não - afirmou o demônio. — Mas podemos descobrir - me deu seu braço daquele modo tão cavalheiresco dele.
Aceitei-o e me levou para fora do quarto e, depois da casa. Estacionada junto à estrada estava uma carruagem totalmente negra, como aquelas que alguns anjos e demônios utilizavam, especialmente aqueles que se podiam considerar como parte da aristocacia, como era o cado de Nickolas. De fato, a porta da carruagem tinha o seu símbolo a relevo na madeira.
— Para onde vamos? - perguntei, mas não recebi qualquer resposta, se limitando Yeres a me ajudar a subir e a se acomodar no assento à minha frente. Decidi desistir de minhas perguntas, já que obviamente, pareciam não levar a lugar algum. Me dediquei a olhar para a paisagem por um tempo, mas acabei por ser distraída por uma questão feita em minha própria voz:
— Você acredita em Deus, Yeres?
Ele pareceu apanhado desprevinido
— Claro - confirmou.
— Então, por que é que você se tornou num demônio?
As linhas de seu rosto ficaram tensas, antes de deixar cair a cabeça contra o encosto.
— O problema não está em Deus, mas nos anjos. São uma elite narcisista. Agradeço ao Senhor a honra de me tornar num dos seus servos mais próximos, mas precisava de algo mais verdadeiro. Fico pensando o que teria acontecido se Lúcifer tivesse ganhado a primeira guerra angelical. Ele não queria o mal, o mal veio depois, quando Deus não se mostrou. Lúcifer sempre fora muito rancoroso e auto-suficiente. De qualquer forma, os demônios podem ser cruéis e insubordinados, mas são, surpreendemente, verdadeiros e honrados.
— Já dei conta disso - fiz uma pausa. — Então, Deus existe mesmo? Você viu-o?
Abanou a cabeça negativamente.
— Nunca O vi, mas que outra explicação para que um simples sacerdote como eu ter me tornado num anjo?
— Eu também acredito.
— "Bem aventurados os que não viram e creram. - não sabia que era possível um demônio recitar a Bíblia mas, se algum faria seria com certeza, o Yeres. — Chegamos. - me ajudou a descer da carruagem para o que parecia ser um espaço totalmente deserto, ainda que tivesse uma pequena casa, um pouco mais à frente, e um connjunto de árvores à esquerda. — Está preparada?
— Preparada para o quê?
Me guiou pelo braço para jnto da casa. O sol estava escondido atrás de algumas nuvens e o vento fazia meus cabelos esvoaçarem. Havia um odor salgado no ar, que nunca havia sentido, e um som que transmitia uma serenidade épica. Nos aproximamos da casa, porém, ao invés de entrar, contornamos e então eu soube de onde viham o som e o perfume.
Mar. Estávamos numa praia e, pela primeira vez, eu encarava aquilo sobre a qual lera, tantas vezes, em páginas de livros. O mar era mais azl do que eu pensara, mas ao mesmo tempo mais transparente e vivo. As ondas vinham contra nós e batiam, se esfumando.
— Isto é tão bonito... - murmurei.
— Isto ainda não é nada. - declarou Yeres e apontou para um local, um pouco mais afastado, onde um pequeno número de pessoas se virou para nós. Eram Anael, Eliel e Fontes. E Anthonny também estava lá. E Nickolas, no meio de todos, com um terno completo, todo negro, e um sorriso estampado nos lábios. Anthnny se aproximou de nós e ocupou o lugar de Yeres ao meu lado, enquanto ambos trocavam um olhar cúmplice. O demônio da heresia se adiantou, se juntando ao resto do grupo.
— Anthonny? - inquiri.
— Está tudo bem. - me assegurou e, recebendo um sinal de cabeça de Yeres, commeçou a me guiar até o grupo, num passo lento, ao ritmo de uma música calma que ou vinha da casa ou era fruto de minha imaginação fértil.
Não conseguia compreender nada. O por que de estarmos ali, o fato de Anthonny estar me levando, o sorriso demasiado grande que Nickolas tinha. Anael e Eliel estavam de um lado, Fontes do outro, Nickolas no meio e Yeres ligeiramente atrás de todos, mas centrado com Nickolas. Anthonny também estava bem vestido, totalmente de branco, com um de seus ternos bem talhados, mas meu olhar não conseguia se separar da figura alta de Nickolas, com sua presença quente e poderosa.
Chegamos junto a eles e consegui ver os sorrisos que todos traziam. Paramos e Anthonny, de frente para mim, colocou as mãos em meu rosto e beijou minha testa, de um modo fraternal. Sua boca estava, ligeiramente, torcido em algo que, talvez pudesse se considerar um sorriso.
— Acho que esta é a coisa mais certa que fiz em toda a minha vida. - murmurou, com emoção nos olhos. Se afastando, colocou minha mãoo na de Nickolas e se afastou para o lado de Fontes.
Nickolas nos aproximou mais de Yeres, segurou ambas minhas mãos e as beijou.
— O que significa isto? - perguntei, mais alto do que deveria.
Nickolas expirou e olhou em meus olhos.
— Significa que podemos todos estar mortos numa semana e, se seu Deus existe mesm, isto talvez absolverá você dos pecados que eu a obriguei a cometer nos últimos tempos e, assim, a sua alma irá para a parte do paraíso destinada a ela. Ou, talvez se torne um anjo. Você merece. Ninguém merece mais do que você. É claro que isto só acontecerá se eu falhar em minha missão de a proteger, o que, eu prometo, não vai acontecer. Minha alma já não tem salvação, mas a sua sim. - passou os nós dos dedos por minha bochecha. — Talvez consiga fazer o caminho de volta. Talvez eu esteja fazendo tudo isto por razões tremendamente egoístas, mas se isso significar não perder você, nem quem seja por ter uma pequena parte de mim contigo, então que seja.
Eu encarava aqueles olhos verdes, praticamente negros, que me observavam de volta com tanto carinho que revolviam meu interior. Carinho e...
— Eu te amo, Gabrielle e sei que você também. E vai casar comigo.


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Notas finais do capítulo

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